quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Comentário Bíblico Mensal: Janeiro/2018 - Capítulo 5 - A Conclusão do Sermão do Senhor Jesus




Comentarista: Anderson Ribeiro


Texto Bíblico Base Semanal: Mateus 7:1-5; 13-18; 24-29

1. Não julgueis, para que não sejais julgados.
2. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.
3. E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?
4. Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu?
5. Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão.
13. Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela;
14. E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.
15. Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores.
16. Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?
17. Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus.
18. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons.
24. Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha;
25. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.
26. E aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia;
27. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda.
28. E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou da sua doutrina;
29. Porquanto os ensinava como tendo autoridade; e não como os escribas.

Momento Interação

Estudantes da Palavra de Deus, chegamos ao final de mais um Comentário Bíblico Mensal, que foi aberto com o tema: O Sermão da Montanha - Ensinos Preciosos do Senhor Jesus. Vimos diversas lições, morais, éticas sociais e espirituais, das quais o Senhor Jesus Cristo agrega em nossas vidas, de modo à glorificarmos ao nome do Senhor. Estudaremos neste último capítulo o fechamento do Sermão do Monte falando sobre Juízo Prévio, a porta estreita e sobre as palavras de Jesus que devem ser ouvidas e cumpridas. Que o Senhor Deus abençoe os seus estudos e até o próximo Comentário Bíblico Mensal.

Introdução

Neste último capítulo deste mês estudaremos acerca da conclusão final do Sermão da Montanha, ensinado a nós pelo nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. É muito importante analisarmos os pontos fundamentais na conclusão deste sermão pois aqui se encontra a base fundamental da vida cristã: a observância em suas palavras de modo a não somente ouvirmos, como também devemos cumprir de tal maneira a sermos verdadeiros discípulos seus. Estudemos pois, a partir de agora, acerca da conclusão do Sermão da Montanha do Senhor Jesus.


I. O Juízo Temerário

Podemos entender qual é o significado desta expressão proferida por nosso Senhor Jesus Cristo: “Não julgueis, para que não sejais julgados”, pela razão que Ele apresentou logo a seguir: “Porque com o juízo com que julgais, sereis julgados; e com a medida com que medis vos medirão a vós.” Evidentemente não está proibindo a formulação de juízos, porque isto devemos fazer em todo o tempo, até mesmo pela necessidade de separar o que é vil do que é precioso; o aprovado do que é reprovado. A que tipo de juízo então, está o Senhor Jesus se referindo?
Obviamente ao de nos compararmos com os outros, pensando que somos diferentes deles, quanto a termos méritos para sermos justificados por Deus, ou por qualquer outro motivo comparativo que nos leve a desprezá-los como pessoas, passando-lhes um juízo condenatório final, como fazia o fariseu da parábola, que condenou o publicano, a qual Jesus narrou para mostrar o estado deplorável de justiça própria que cegava os religiosos do Judaísmo. É evidente que há réprobos, ímpios no mundo, e muito mais do que pessoas piedosas. Todavia, muitos terão a oportunidade de serem justificados pela graça, mediante a fé, segundo o dom de justiça que está sendo oferecido pelo evangelho.
E nisto devem ser ajudados pelos que estão tirando as traves do pecado dos seus próprios olhos, pela santificação na Palavra, pelo Espírito Santo, de modo que possam ser eficazes em suas orações e testemunho de Cristo em favor dos tais, para que também alcancem a vida eterna e sejam santificados.

Há lobos, segundo nosso Senhor, para o meio dos quais somos enviados, e dos quais devemos nos acautelar com a prudência das serpentes, que se desviam de ameaças potenciais; associada à simplicidade das pombas, que não reagem aos ataques que sofrem, tanto quanto fazem as serpentes, que também agridem quando são agredidas. Das serpentes portanto, somente é recomendada a prudência. No entanto, nunca devemos esquecer que todos somos pecadores e necessitados da ajuda e intervenção divina, para sermos livrados do terrível espírito de justiça própria, que nos leva a nos compararmos com outros, nos julgando melhores do que eles aos olhos de Deus, por algo supostamente bom que exista em nossa própria natureza pecaminosa. Se os julgamos um caso perdido, ou como pessoas que merecem ser desprezadas por conta do que são ou do que praticam, passamos um atestado de condenação para nós mesmos, porque decretamos que o pecador deve ser desprezado e condenado, esquecidos que somos também pecadores aos olhos de Deus, e que seríamos justamente condenados, não fosse a Sua misericórdia em nos justificar com a Justiça do próprio Cristo, para sermos livrados da condenação eterna.
Confiemos portanto nossas almas ao fiel Criador, continuando na prática do bem, ainda que soframos ataques injustos por causa da proclamação do evangelho, os quais inevitavelmente ocorrerão, porque isto foi predito por nosso Senhor; e ao mesmo tempo procurando nos guardar de toda forma de juízo condenatório, ao contrário, dando sempre lugar à ira de Deus, que é o Único Juiz que sempre julga retamente (Rm 12.17-21).

II. A Porta Estreita

Por que disse Jesus que a porta que leva a vida eterna é estreita ? Por que são poucos os que entram por ela ? Se são poucos , porque “muitas” pessoas se dizem salvas por Cristo? Sendo assim, então é difícil então se salvar e ser um cristão ? Essas perguntas só serão possíveis de serem respondidas se voltarmos ao conceito bíblico do que é verdadeiramente a salvação.
A palavra salvação vem da origem grega “soteria” que significa também libertação, redenção, restauração e cura. Quando não entramos pela porta que leva a vida eterna ,devemos ter a consciência que ainda NÃO SOMOS SALVOS e que estamos sendo encaminhados a uma porta larga, de fácil acesso(onde muitos entram)e que nos leva a PERDIÇÃO ainda maior que esta desta Terra, que é uma ETERNIDADE SEM DEUS.

Quando não conheçamos o Senhor andamos batendo em diversas portas e muitas vezes sofremos as consequências das portas erradas que entramos e das más escolhas que fazemos.
Infelizmente temos visto que o conceito que hoje muitos possuem da “salvação em Cristo” em nada se compara ao que era em tempos passados e daquilo que “biblicamente” nos foi ensinado nas Escrituras. Hoje é possível aceitar Jesus e não carregar a cruz, aceita-lo de boca e não de coração. A porta que nos leva a salvação em Deus vem por Jesus Cristo (Jo 10.7;9). E está acessível a todos. (Jo 3.16). Porém o caminho que leva ao céu é uma porta estreita.

Existe uma enorme diferença entre uma porta estreita e uma porta larga. A porta estreita por exemplo, ela é apertada tem pouca largura. Ela é limitada e restrita a um tipo de pessoa. Já a porta larga é folgada, tem extensão tanto em largura como comprimento. Não é restrita, nem limitada, podendo entrar todo tipo de pessoas com seus excessos.

Verdadeiramente são poucos os que se abnegam, que renunciam a sua própria vontade para seguir Jesus. O jovem rico foi um exemplo disso (Mt 19.16-22). Como já foi dito, porta estreita é apertada e não tolera excessos, nem bagagem extra. Na porta estreita o “eu” não tem vez, nem todo tipo de obra da carne que é o fruto desse ego humano. As obras da carne são o resultado da força humana e quem as pratica não herdarão o reino . Diz as Escrituras que uma classe de pessoas não entrará no Reino. Quem são eles: OS INJUSTOS: "Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus" (1 Co 6.9-10).

Muitos crentes acham que por terem aceitado Jesus e confessarem como o salvador de sua vida estão isentos dessa lista de reprovados. Mas a palavra é clara quando diz que aquele que não fez a vontade de Deus não entrará. A palavra do Senhor diz que nem todo aquele que diz Senhor, Senhor entrará no Reino, mas aquele que fez a vontade do Pai (Mt 7:21) Pode essa pessoa ter profetizado no nome de Jesus, expulsado demônios e feito maravilhas, mas se não fez a vontade de Deus esta pessoa estará TOTALMENTE FORA ! Não adianta nada dizer que tem fé em Deus se essa fé não resultar numa ação concreta.

A Palavra de Deus diz que a fé é justificada pelas obras, pois a fé sem obras é morta (Tg 2:17). O fruto de nossa vida de fé em Cristo resultará numa vida santa e agradável a Deus, não profana e desprezível. As Escrituras dizem que devemos ser “praticantes” e não somente ouvintes, pois são esses que há de ser justificados (Tg 1.22-23; Rm 2.13). Diz Tiago que aquele que “atenta” para a lei perfeita e nela persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas “fazedor da obra”, será bem aventurado no seu feito(Tg 1.25). Se aquele que aceitou Jesus não tiver um profundo arrependimento de suas obras passadas e as do presente, mas ao invés disso, um breve remorso do que lhe aconteceu, este se tornará um convencido e não um convertido cristão.
Há uma diferença enorme entre um ouvinte e um praticante da palavra , entre estar num templo e ser o templo do Espírito, entre se dizer cristão e ser um verdadeiro cristão, entre aquele que faz a vontade e aquele que não faz. E assim como existe diferença entre a porta estreita e a larga, assim é o convertido do convencido cristão. Só que infelizmente a diferença será que o convencido cristão não entrará na porta estreita e convertido sim.

III. Devemos Ouvir e Cumprir as Palavras de Jesus

Jesus utilizou essa parábola para concluir Seu sermão (Sermão da Montanha – Mt 5-7, ou Sermão da Planície – Lc 6), logo, diferente de outras parábolas em que Jesus se dirigiu apenas aos discípulos, essa, Jesus pronunciou para uma grande multidão.
As diferenças que podemos notar entre a descrição de Mateus e a de Lucas acorrem, sobretudo, pela distinção dos destinatários. Mateus escreveu para os judeus que viviam em Israel, enquanto Lucas escreveu para os gregos e helenos que viviam na Ásia Menor e na região do Mediterrâneo. Como Jesus, na ocasião, contou essa parábola para judeus, Ele utilizou elementos comuns aos judeus, ou seja, Jesus descreveu as técnicas típicas de uma construção rural na Palestina daquela época. Como Lucas escreveu para gentios de outra região, ele utilizou uma descrição das técnicas de construção que eram familiares às pessoas para quem ele escrevia. Além disso, ele também levou em consideração as diferenças climáticas e geográficas que existiam entre as regiões para melhor compor a parábola em seu Evangelho. Mesmo com todas essas pequenas diferenças, o significado da Parábola dos Dois Fundamentos permanece o mesmo.

Ao analisarmos as características das construções rurais dos dias de Jesus, podemos facilmente entender a ilustração que Jesus utilizou. As casas eram bem diferentes das construções que estamos habituados hoje em dia. As paredes não eram tão sólidas, ao contrário, eram feitas com uma mistura de barro endurecido, de modo que era comum que ladrões furassem as paredes para entrar nas casas (Mt 6.19). O telhado também era frágil, feito com uma mistura de terra e palha, podia tranquilamente ser aberto (Mc 2.3,4). Algumas pessoas preferiam construir suas casas bem longe do leito de um rio, porém isso também poderia ser um problema, pois era muito importante para o estilo de vida da época, ter um riacho nas proximidades da casa. Isso favorecia a criação de animais, as plantações, e o abastecimento da própria casa. Logo, era preferível construir uma casa perto do leito de um rio, mesmo que ele estivesse seco, pois quando a estação das chuvas chegava, o riacho que se formava garantia a água necessária até mesmo para atravessar o período de seca. Muitas vezes as tempestades também ocasionavam o transbordamento dos rios, principalmente com mudanças climáticas repentinas que são comuns naquela região.

Quando percebermos a fragilidade das construções da época, e consideramos o padrão climático da região, fica nítida a importância que havia no alicerce da casa. O construtor prudente escolhe bem o local onde sua casa será construída. Ele tira a terra solta, cava buracos profundos até encontrar a rocha, e, então, ele constrói o alicerce na rocha (Lc 6.48). Já o construtor insensato não faz nada disso. Ele edifica sua casa na terra árida e solta, em plena areia. O insensato não considera as mudanças climáticas. Ele se ilude com o sol brilhando fortemente no período de seca, e não pensa nas tempestades que certamente virão. A mensagem principal da parábola é bastante óbvia: o construtor prudente é o que constrói a casa sobre uma base sólida. O próprio Jesus, na introdução da parábola, explica que o significado figurativo do alicerce é “estas minhas palavras” (Mt 7.24; Lc 6.47). Podemos entender que essa expressão “estas minhas palavras”, não se refere apenas ao Sermão do Monte, mas a todas as palavras de Jesus, e, por extensão, a toda Escritura como a infalível Palavra de Deus. Visto que as Escrituras revelam Cristo como Filho de Deus, também é correto dizer que, no significado espiritual da parábola, o próprio Cristo é a Rocha (Is 28.16; 1Pe 2.6; Rm 9.33; 1Co 3.11; 10.4). Jesus também deixa claro que “praticar o Evangelho”, ao invés de apenas ser um “ouvinte”, diferencia o prudente do insensato.

Conclusão

Algumas pessoas interpretam essa parábola de maneira completamente equivocada. Eles tentam defender um possível mérito, ou colaboração do homem, no processo de salvação. Pensar assim é um erro, e fatalmente culminará em uma salvação por obras, uma doutrina completamente estranha às Escrituras. É fácil perceber que ambos os construtores utilizaram o mesmo material para levantar as paredes e fazer o telhado. Elas eram idênticas superficialmente, talvez eu não ficasse surpreso se a aparência da casa que foi construída sobre a areia parecesse ser mais sofisticada, já que seu tolo construtor não gastou tempo cavando para alicerçá-la na rocha. Mas perceba que não foi a construção em si que manteve uma casa de pé enquanto a outra desmoronava. O segredo estava no fundamento, no alicerce sobre a rocha. Um princípio claro dessa parábola é que o fundamento da bem aventurança eterna do homem não está no próprio homem, e, sim, em Cristo e Suas palavras. O ímpio confia em sua própria capacidade, e acha que isso o livrará. O prudente entende que nenhuma de suas realizações poderá livrá-lo do juízo que virá, mesmo que ele seja um exímio construtor. Diante das provações que vem sobre o justo e sobre o injusto, a capacidade humana é tão transitória quanto a areia. Apenas a Rocha poderá manter sua casa de pé. Apenas os méritos de Cristo poderão satisfazer a justiça de Deus no grande dia do juízo.

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