Por Leonardo Pereira
Salomão em seus últimos anos como rei em Israel já em idade avançada, escreveu o livro de Eclesiastes. Livro este que até hoje divide opiniões entre os estudantes da Bíblia acerca do seu conteúdo voltado para a realidade da vida humana que nos objetivos da pessoa, o seu fim é vaidade, e tudo o que fazemos e construímos durante nosso tempo de vida, de nada vale se o Senhor nosso Deus não estiver presente em todos os momentos fazendo valê-los a pena a cada instante.
Finalizado o livro de Eclesiastes no capítulo 12, Salomão, filho de Davi, retrata sobre a principal síntese do viver do homem (ser humano em geral), e do seu objetivo primordial aqui na terra: "De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau" (Ec 12.13,14). Interessante destacar que Salomão começa o livro falando de vaidades, e finaliza Eclesiastes falando de temor, características que contrapõem em muito com o viver do ser humano como se fossem contrárias (dificilmente uma pessoa muito vaidosa conserva em sua vida o temor, principalmente o temor com as coisas de Deus e com o próprio Deus). Mas o que Eclesiastes 12.13,14 se relaciona com a humanidade nos dias de hoje? 1
Basicamente, estes dois últimos versículos contrastam em muito com a humanidade no século XXI, especialmente sobre os temas ali inseridos como: audição objetiva, temor a Deus, conservação dos mandamentos do Senhor na vida do homem, a responsabilidade do ser humano, e temor pelo juízo vindouro. 2
O que Salomão deixa claro e objetivo neste livro é o versículo 13 que sintetiza praticamente a Bíblia Sagrada: "De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem". E aqui se encontram dois fatores fundamentais que está sendo abandonado pelo Pós-Modernismo e sendo deixado de lado: O que devemos realmente ouvir (escutar) e o dever de temermos ao Senhor.
Ouvimos muitas coisas no nosso dia-dia, no trabalho, na família, na rua, com os amigos, nos relacionamento eclesiásticos e em demais momentos. Alguém já mencionou que a "audição é a propaganda do ser humano". A Bíblia Sagrada recomenda estarmos prontos para ouvir (Tg 1.6). 3 Mas Salomão, inspirado pelo Espírito Santo, vai muitos além de filósofos gregos, cientistas americanos, pedagogos e psicólogos ao redor de todo mundo, e menciona que em meio a tudo o que nós ouvimos, existe um fim (um objetivo principal), e ele procede com uma ação, uma atitude que devemos tomar: temermos a Deus e guardar os seus mandamentos. E logo após isso, vem o versículo 14 do capítulo 12 de Eclesiastes.
Para o descrente, temer a Deus é temer o julgamento de Deus e a morte eterna, que é separação eterna de Deus (Lc 12.5; Hb 10.31). Para o crente, temer a Deus é algo muito diferente. O temor do crente é reverência a Deus. Hebreus 12.28-29 descreve muito bem: "Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor". Essa reverência e santo temor explicam exatamente o que temer a Deus significa para os crentes. Esse é o fator que deve nos estimular a nos entregar totalmente ao Criador do Universo. 4
Provérbios 1.7 declara: "O temor do SENHOR é o princípio do saber...". Até compreendermos quem Deus é, e até desenvolvermos um temor reverencial a Ele, não podemos obter sabedoria verdadeira. Sabedoria verdadeira tem sua origem apenas na compreensão de quem Deus é – que Ele é Santo, justo e correto. Deuteronômio 10.12, 20-21 afirma: "Agora, pois, ó Israel, que é que o SENHOR requer de ti? Não é que temas o SENHOR, teu Deus, e andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma... Ao SENHOR, teu Deus, temerás; a ele servirás, a ele te chegarás e, pelo seu nome, jurarás. Ele é o teu louvor e o teu Deus, que te fez estas grandes e temíveis coisas que os teus olhos têm visto". O temor de Deus é a base para andarmos em Seus caminhos, e para servirmos e amarmos a Ele. 5
Qual a forma de mostrarmos o amor aos nossos irmãos em Cristo? João respondeu que é quando “amamos a Deus e guardamos seus mandamentos” (1 Jo 5.2). “Mandamentos” aqui é os ensinamentos de Jesus em sua nova aliança – a sã doutrina dada a sua igreja.
A Lei de Moisés e os profetas se resumiam em dois grandes mandamentos: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22.37,39). Podemos fazer inúmeras coisas, mas se não tiver amor nas atitudes, nada seremos, como disse o apóstolo Paulo em 1 Coríntios 13. Este amor é o ‘ágape’, o amor sacrificial, o amor da ação; que age a favor e benefício do outro sem que ele mereça. Este é o amor que Deus exerceu sobre nós, pois não merecíamos, mas Ele nos amou e enviou seu Filho para morrer em nosso lugar para pagar a dívida que tínhamos com Ele. Jesus morreu na cruz para nos dar vida; e ressurgiu dos mortos para nos dar a esperança e a confirmação de nossa ressurreição no último dia. Amemos como Deus ama! 6
Muitos têm a tendência de minimizar o temor de Deus dos crentes a apenas "respeito" por Ele. Embora respeito faça parte do conceito, temer a Deus na verdade significa mais do que isso. O bíblico temor de Deus, para o crente, inclui a compreensão do quanto Deus odeia o pecado, assim como temer Seu julgamento do pecado, mesmo na vida de um crente. Quando crianças, o medo da disciplina de nossos pais preveniu, assim esperamos, algumas ações perversas. Assim também deve ser com o nosso relacionamento com Deus. Devemos temer Sua disciplina e, portanto, procurar viver nossas vidas de uma forma que O agrade.
FONTES:
1. MELO. João Leitão de. Eclesiates versículo por versículo. Rio de Janeiro: CPAD, Pág. 93.
2. BUNYAN. John. O Peregrino. Curitiba: Publicações Pão Diário, 2014. Págs. 10-13.
3. MELO. João Leitão de. Eclesiates versículo por versículo. Rio de Janeiro: CPAD, Pág. 94.
4. COSTA. Jefferson Magno. Provas da Existência de Deus. Rio de Janeiro: Central Gospel, Pág 23.
5. ROGÉRIO, Marcos. Provérbios - Conselhos para um Viver Vitorioso. São Paulo: Evangelho Avivado, 2015. Pág. 20.
6. https://www.gotquestions.org/Portugues/temor-de-Deus.html - Acesso dia: 24/04/2018.
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