Comentarista: Lucas Soares
Texto Bíblico Base Semanal: Filipenses 3.1-14
1. Resta, irmãos meus, que vos regozijeis no Senhor. Não me aborreço de escrever-vos as mesmas coisas, e é segurança para vós.
2. Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da circuncisão;
3. Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne.
4. Ainda que também podia confiar na carne; se algum outro cuida que pode confiar na carne, ainda mais eu:
5. Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fui fariseu;
6. Segundo o zelo, perseguidor da igreja, segundo a justiça que há na lei, irrepreensível.
7. Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo.
8. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo,
9. E seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé;
10. Para conhecê-lo, e à virtude da sua ressurreição, e à comunicação de suas aflições, sendo feito conforme à sua morte;
11. Para ver se de alguma maneira posso chegar à ressurreição dentre os mortos.
12. Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus.
13. Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim,
14. Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
Momento Interação
Os filipenses, assim como todo cristão devem ter em Jesus a sua fonte de alegria. Paulo não se cansa de repetir isso. Outro cuidado que eles deviam ter, era o de evitar os falsos mestres e a vaidade dos títulos e da aparência. Para isto, Paulo apresenta o seu próprio exemplo de judeu e fariseu. O seu novo nascimento em Cristo, o fez perceber o quanto seu “passado glorioso” de nada valia. Esse entendimento era tão profundo para o apóstolo, que ele diz: “considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por quem perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar Cristo”. Em filipenses 3, Paulo fala sobre a superioridade da salvação em Jesus Cristo e sobre a alegria, como fruto do relacionamento sincero com Deus. Exorta os irmão a fugirem da aparência e compara os cristãos a atletas de alta performance. Bons Estudos!
Introdução
Paulo desejava muito que os filipenses resistissem ao legalismo assim como ao antinomianismo (Fp 3.17-4.1). Eles precisavam viver na vida presente com os olhos fixos no objetivo do seu futuro, no retorno de Cristo. Na segunda parte da seção principal dessa carta, Paulo direcionou a atenção para os muitos erros que haviam entrado na igreja em Filipos. Para resumir tudo o que disse sobre uma vida digna de Cristo, Paulo acrescenta que vos regozijeis no Senhor. Este regozijo é no Senhor, não nas circunstâncias. Deus sempre está no comando, por isso, mesmo na prisão, Paulo pode regozijar- se. Consequentemente, ele não se aborrece (incomoda) de incentivar os filipenses a regozijar-se. Seria uma garantia para a conduta deles porque eles tomariam a atitude correta. A preocupação de Paulo era que os filipenses não caíssem na armadilha preparada por aqueles que estavam dentro da igreja e apoiavam a heresia, por isso o apóstolo disse que seus conselhos são segurança.
I. Guardai-vos dos Maus Obreiros
Nos tempos do Novo Testamento, cães eram animais odiados. O termo passou a ser usado como referência a todos os que tinham uma mente impura no que diz respeito à moral. Uma vez que o termo obreiros era usado ocasionalmente para identificar aqueles que propagavam uma religião, é provável que as palavras maus obreiros aludam a mestres que estavam espalhando doutrinas destrutivas. Empregando o vocábulo circuncisão, Paulo expõe de um modo sarcástico e específico aqueles que desejavam restabelecer práticas religiosas judaicas como sendo necessárias para a salvação. Ele escolhe um termo cujo significado literal é cortar. Ao fazer isso, o apóstolo sugere que essas pessoas sequer entendiam a verdade sobre a prática da circuncisão no Antigo Testamento, compreendendo-a simplesmente como um corte da carne.
A chave à nossa alegria deve estar "no Senhor" (Fp 3.1), e não nas nossas próprias obras. Devemos estar buscando "em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça" (Mt 6.33). Por este motivo, Paulo escreve aos filipenses mais uma vez "as mesmas coisas" que já ouviram dele em Cristo. É nossa segurança no evangelho que continuamos estudando as mesmas palavras do Senhor, ao invés de criar novos e "melhores" credos. Tudo que precisamos para sermos fiéis e piedosos já foi nos dado nas Escrituras (2 Tm 3.16-17; 2 Pe 1.3; Jd 3). Quando acrescentamos ou tiramos alguma coisa da vontade divina revelada, mostramos que nossa confiança está em nós mesmos e na nossa sabedoria e não na dele.
Alguns chegaram a Filipos ensinando coisas que não faziam parte do evangelho de Cristo. Falaram que os irmãos precisavam se circuncidarem e cumprirem a Lei de Moisés. Paulo explica que a circuncisão verdadeira é do espírito, e não da carne (Cl 2.11-14). É Cristo quem circuncida nosso coração e espírito quando, pela fé obediente, somos batizados nele. A falsa circuncisão tem ligação com Abraão apenas pela descendência física, mas a verdadeira circuncisão são aqueles que têm a fé de Abraão (Gl 3.7-14,26-29).
II. A Justiça que vem de Deus
Paulo mostra a futilidade de confiar na carne, usando o exemplo da própria vida dele. Se alguém poderia ter confiado na carne, seria Paulo. As coisas que ele conseguiu fazer, como judeu, eram notáveis. Mas, para Paulo, nada disso importava. Ele não somente considerava todas essas coisas perda, mas até as chamou de refugo. Até as maiores coisas que um homem pode conseguir aqui nessa vida não são nada quando comparadas com "a sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus" (Fp 3.8). Paulo considerava tudo refugo para não ser tentado confiar nas coisas que ele tinha feito. Ele sabia que precisava se conformar com Cristo na sua morte (Fp 3.10-11). Se houver algo que ameaça nos impedir de participar da ressurreição, precisamos considerar tal coisa refugo e jogá-la fora.
A justiça de Paulo, agora, não procedia da lei, antes vinha mediante a fé em Cristo. Paulo reconhecia que a salvação é baseada não em obras humanas de obediência à lei, mas inteiramente e exclusivamente na "justiça que precede de Deus", que é dada àqueles que estão unidos com Cristo (Rm 1.16-17; 3.21-26). Ela nos é dada mediante a fé em Cristo. Cristo é o objeto da fé (GI 2.16), e agora que Paulo confiava somente em Cristo, ele havia abandonado toda a confiança em suas próprias credenciais (Fp 3.7-8).
A fé é o meio, não a base, da salvação. Paulo declara que nós somos salvos por meio da fé, nunca que somos salvos por causa da fé. O mérito de Cristo é a base da salvação. A fé é o instrumento que liga os crentes a Cristo e seu mérito. Por isso que ela é baseada na fé. Essa frase pode ser traduzida "dada por Deus em resposta à fé". A fé recebe o dom de Deus da justiça (Rm 3.22; 5.17), e o exercício da fé precede o veredicto de Deus da justificação (Rm 4.3; 5.1; GI 3.6).
III. Prosseguindo para o Alvo
Dos versículos 12 ao 16 do capítulo 3 de Filipenses, ele vai falar do viver agora para o futuro. Paulo deixou o ataque aos legalistas para focalizar nos desafios de viver nesta vida tendo em vista o que Cristo trará no futuro. Embora os crentes já tenham recebido muito de Cristo, ainda há muito mais a ser experimentado nele.
Paulo não julgava que ele mesmo já tenha recebido ou alcançado tudo isso (Fp 3.10-11). Paulo ainda não tinha recebido todos os benefícios da salvação. Ele enfatizou esse ponto para contrastar com qualquer ideia de perfeição nesta vida (cf. Tg 3.2; 1 Jo 1.8) e a fim de expressar a grandiosidade de sua futura glorificação em Cristo.
O processo salvador que deverá ser consumado no dia de Cristo (Fp 1.6,10) e na ressurreição dos mortos (Fp 3.11) já começou, mas ainda não está completo. Assim, ele Paulo nos orientava a prosseguir para o alvo. O objetivo da batalha de Paulo prometia um troféu esplêndido: a salvação em toda a sua totalidade (cf. 1.28; Rm 13.11). Esse era o prêmio da soberana vocação. Deus já havia chamado Paulo (Rm 8.30; GI 1.15). Era porque Paulo havia sido "conquistado por Cristo Jesus" (Fp 3. 12) que ele prosseguia com vigor na direção do alvo da vida na glória (Fp 3.13-14). Todos, pois, que somos perfeitos ou que tenham alcançado maturidade. As primeiras palavras de Paulo no versículo 15 podem ter sido um tributo às pessoas que, de fato, pensavam e viviam de maneira perfeita. Paulo, na verdade, usou a palavra grega, aqui traduzida "perfeição", num sentido favorável (cf. Cl 1.28). Outro modo de interpretar isso é que Paulo devia estar usando de ironia para falar das pessoas que já se consideravam "perfeitas" (Fp 3.12), e a sua intenção era corrigir esse pensamento.
Se isso fosse diferente, isso também Deus esclareceria para eles. Seja o discernimento e o entendimento espiritual ou a concordância entre os cristãos que esteja sendo considerado aqui, a graça de Deus é necessária (Fp 1.19-11). Nesse meio-tempo, a conduta dos crentes deveria estar de acordo com o grau de percepção que Deus já concedeu a cada um (Fp 3.16).
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