sexta-feira, 8 de março de 2019

Comentário Bíblico Mensal: Março/2019 - Capítulo 1 - O Evangelho de Lucas




Comentarista: Matheus Gonçalves



Texto Bíblico Base Semanal: Lucas 1.1-4

1. Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram,
2. Segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde oprincípio, e foram ministros da palavra,
3. Pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelente Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio;
4. Para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado.

Momento Interação

Estudantes das Escrituras Sagradas, estamos prestes a iniciar o estudo do terceiro evangelho, o Evangelho de Lucas, considerado por muitos um dos evangelhos mais detalhados sobre o ministério do Senhor Jesus Cristo. É de grande importância nos atentarmos para este evangelho e encontrarmos informações precisas e importantes sobre o glorioso ministério terreno de Cristo Jesus e a sua preciosidade para nossas vidas. O comentarista deste mês é o irmão Matheus Gonçalves. Ministro do Evangelho, escritor, articulista e Membro-Diretivo do Ministério Evangelho Avivado. Que o Senhor abençoe os seus estudos acerca do evangelho do médico amado, o Evangelho de Lucas.

Introdução

O Evangelho de Lucas nos fornece um testemunho adicional de muitas verdades registradas por Mateus e Marcos e também possui um conteúdo exclusivo. O Evangelho de Lucas pode aprofundar o entendimento dos alunos sobre os ensinamentos de Jesus Cristo e ajudá-los a apreciar mais profundamente seu amor e sua compaixão por toda a humanidade, conforme manifestado durante seu
ministério mortal e por sua Expiação infinita.

I. Autoria

Lucas é o autor deste evangelho. Ele era médico (Cl 4.14) e “mensageiro de Jesus Cristo” (Lc 1.1). Lucas foi um dos “cooperadores” de Paulo (Fm 1.24) e companheiro de missão de Paulo (2 Tm 4.11). Lucas também escreveu o livro de Atos. Ele era prosélito e como supõem alguns, converteu-se ao cristianismo pelo ministério do apóstolo Paulo em Antioquia e, depois da vinda deste à Macedônia (At 16.10), foi seu companheiro constante. Ele se dedicava ao estudo e à prática da medicina; por isto, Paulo o chama de “Lucas, o médico amado”, (Cl 4.14). Lucas é um sírio de Antioquia, sírio pela raça, médico de profissão. Tornou-se discípulo dos apóstolos e mais tarde seguiu a Paulo até ao seu martírio. Tendo servido o Senhor com perseverança, solteiro e sem filhos, cheio da graça do Espírito Santo, morreu com 84 anos de idade, provavelmente na Bitínia. Já tendo sido escritos os evangelhos de Mateus, na Bitínia, e de Marcos, na Itália, impelido pelo Espírito Santo, redigiu este evangelho nas regiões da Acaia, dando a saber logo no início que os outros evangelhos já haviam sido escritos.

II. Data e Local do Evangelho de Lucas

Apesar de não sabermos exatamente quando Lucas escreveu seu evangelho, ele provavelmente foi escrito na segunda metade do primeiro século d.C. As fontes de Lucas para escrever foram pessoas que “viram desde o princípio” (Lc 1.2) o ministério mortal e a Ressurreição do Salvador. Não sabemos onde o evangelho de Lucas foi escrito. Tradicionalmente, a data de composição do Evangelho de Lucas é fixado antes dos eventos finais do livro de Atos, entre os anos 59 e 63 d.C.. O autor do Evangelho de Lucas reconhece a familiaridade com outros evangelhos anteriores (Lc 1.1). Embora o semitismo exista por todo livro, a obra foi composta em grego koiné.

III. A Mensagem do Evangelho de Lucas

Lucas dedica o seu Evangelho ao seu amigo Teófilo, não na qualidade de seu benfeitor, embora ele fosse um homem de honra, para proteger este texto, mas na qualidade de seu aluno, para estudá-lo, e agarrar- se a ele. Não se sabe ao certo quem era este Teófilo; o nome quer dizer amigo de Deus; alguns pensam que não se refere a nenhuma palavra em particular, mas a todos os que são amigos de Deus. Mas deve-se entender que se trata de uma pessoa em particular, provavelmente um magistrado, pois Lucas lhe atribui o mesmo título de respeito com que Paulo se dirigiu a Festo, o governador, kratiste (At 26.25), que ali é traduzido como “potentíssimo Festo”, e aqui como “excelentíssimo Teófilo”. Observemos que o Evangelho não destrói a civilidade e as boas maneiras, mas nos ensina, de acordo com os costumes no nosso país, a honrar aqueles a quem a honra é devida.

A intenção de Lucas era que seu evangelho fosse lido inicialmente pelo público gentio e apresentou Jesus Cristo como Salvador tanto de judeus como de gentios. Lucas direcionou seu evangelho especificamente a “Teófilo” (Lc 1.3), que em grego significa “amigo de Deus” ou “amado por Deus”. É aparente que Teófilo havia recebido instrução anterior a respeito da vida e dos ensinamentos de Jesus Cristo (Lc 1.4). Lucas desejava dar mais instrução ao fornecer um relato sistemático do ministério e da missão do Salvador. Ele queria que aqueles que lessem seu testemunho “[conhecessem] a certeza” (Lc 1.4) do filho de Deus — Sua compaixão, Expiação e Ressurreição.

Lucas é o mais longo dos quatro evangelhos e o livro mais longo do Novo Testamento. Algumas das histórias mais bem conhecidas do Cristianismo são exclusivas do evangelho de Lucas: as circunstâncias em torno do nascimento de João Batista (Lc 1.5–25, 57–80); a narrativa tradicional do Natal (Lc 2.1–20); a história de Jesus aos 12 anos no templo (Lc 2.41–52); parábolas como a do bom samaritano (Lc 10.30–37), o filho pródigo (Lc 15.11–32), o homem rico e Lázaro (Lc 16.19–31); a história dos dez leprosos (Lc 17.11–19); e o relato do Senhor ressurreto caminhando com Seus discípulos na estrada para Emaús (Lc 24.13–32). Outras características exclusivas são a inclusão dos ensinamentos de João Batista não encontrados em outros evangelhos (Lc 3.10–14); sua ênfase em o quanto Jesus Cristo orava (Lc 3.21; 5.16; 9.18, 28–29; 11.1); e sua inclusão do chamado, treinamento e do trabalho missionário dos Setenta (Lc 10.1–22). Além disso, Lucas é o único escritor do evangelho que registra que o Salvador derramou Seu sangue no Getsêmani e que um anjo ministrou a Ele (Lc 22.43–44). Uma vez que o evangelho de Lucas começa e termina no templo, ele também destaca a importância do templo como local principal dos tratados de Deus com a humanidade (Lc 1.9; 24.53).

Conclusão

O tamanho da beleza e riqueza de detalhes do evangelho de Lucas é do tamanho das dificuldades que perfazem a composição do texto. São muitas as questões textuais suscitadas por Lucas-Atos. Não há um versículo sequer que não problematize alguma questão. A riqueza de detalhes suscita variações textuais que desconcertam exegetas habilitados.

Não há como negar, o evangelho de Lucas é original. Dentre os Sinóticos, Lucas apresenta aproximadamente 500 versículos próprios. Enquanto Marcos e Mateus se concentram basicamente na vida de Jesus, Lucas divide seu trabalho em dois volumes: o Evangelho e os Atos. Lucas-Atos trata sobre o tempo de Jesus e os primórdios da Igreja. Em nenhum manuscrito conhecido encontramos os Atos dos Apóstolos logo depois do evangelho de Lucas. Sabe-se que para compor um primeiro compêndio canônico, no século II, o evangelho de Lucas foi separado dos Atos e anexado aos três outros evangelhos para construir um primeiro corpus. Se por um lado essa medida auxiliou a leitura sinótica, por outro, criou uma descontinuidade literária pretendida por Lucas-Atos.

Lucas dirigi-se aos cristãos, mas pensa também nos leitores profanos. O seu evangelho tem um enfoque universal. Mesmo ajustando-se aos esquemas de Mateus e de Marcos, o texto de Lucas tem um caráter missionário e apologético, é muito próximo das obras apologéticas dos Pais da Igreja do século II. Graças ao domínio do idioma e da riqueza do vocabulário, Lucas pôde polir o seu texto com especial esmero.

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