quarta-feira, 10 de abril de 2019

Comentário Bíblico Mensal: Abril/2019 - Capítulo 2 - Deus - O Exemplo Supremo de Evangelista




Comentarista: Anderson Ribeiro



Texto Bíblico Base Semanal: Gênesis 12.1-4; Gálatas 3.8,9

1. Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.
2. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção.
3. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.
4. Assim partiu Abrão como o Senhor lhe tinha dito, e foi Ló com ele; e era Abrão da idade de setenta e cinco anos quando saiu de Harã.
8. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti.
9. De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão.

Momento Interação

Deus, o Criador de todas as coisas, que deu início ao trabalho de evangelização, exige de cada um de nós uma atitude evangelística responsável e amorosa. Deus proclama, quer pessoalmente, quer através de seus profetas e apóstolos, a Salvação a todos os povos da Terra. Por conseguinte, a exemplo do Senhor dos Céus e da Terra, proclamemos com zelo o Evangelho de Jesus Cristo.
Bons Estudos!

Introdução

Enfocaremos, no capítulo de hoje, a experiência do patriarca Abraão, que ouviu, do próprio Deus, o anúncio do Evangelho. A partir daquele momento, caberia aos descendentes do patriarca, por meio de Isaque e de Jacó, preparar o mundo para a chegada do Messias. Vê-se, pois, que Deus se compraz em anunciar as Boas-Novas à humanidade caída e carente de sua graça. A chamada de Abraão evidencia-nos que a Bíblia é um livro evangélico com uma missão claramente evangélica. De Gênesis a Apocalipse, Deus proclama, quer pessoalmente, quer através de seus profetas e apóstolos, a Salvação a todos os povos da Terra. Por conseguinte, a exemplo do Senhor dos Céus e da Terra, proclamemos com zelo o Evangelho de Jesus Cristo.

I. O Evangelismo do Senhor a Abraão

Gênesis é o livro das origens. Ali aprendemos como surgiu o universo, como a humanidade foi criada e como o pecado entrou no mundo. Uma vez que a salvação do pecado, conforme o ensino de Jesus, "vem dos judeus" (Jo 4.22) , em Gênesis também aprendemos como se originou aquele povo, a partir da chamada de Abrão, o grande patriarca de Israel. 

A história de Abrão começa em Gênesis 11, onde é narrada a sua saída de Ur dos caldeus, na Mesopotâmia, rumo a Harã. No capítulo 12, a Bíblia diz que quando Abrão estava em Harã, Deus falou com ele e lhe disse o seguinte: "Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei. Farei de você um grande povo, e o abençoarei. Tornarei famoso o seu nome, e você será uma bênção. Abençoarei os que o abençoarem e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem; e por meio de você todos os povos da terra serão abençoados" (Gn 12.1-3) . Obediente à ordem divina, Abrão, aos 75 anos de idade, juntou todos os seus bens e partiu para Canaã, atual Palestina, onde chegou com Sarai, sua mulher, com Ló, seu sobrinho, e com outras pessoas de sua casa. Ali o Senhor lhe falou de novo, dizendo: "À sua descendência darei esta terra" (Gn 12.7) . Então, Abrão edificou um altar ao Senhor e seguiu viagem. Fixou-se por algum tempo entre Betel e Ai, onde construiu outro altar e, então, continuou sua jornada, sempre rumo ao sul.  A história da chamada de Abrão serve como base para duas lições importantes. Em primeiro lugar, por ela aprendemos que, no relacionamento entre o homem e Deus, é sempre Deus quem toma a iniciativa. De fato, no livro de Josué, aprendemos que Abrão pertencia a uma família pagã, que adorava falsos deuses (Js 24.2). Somente por iniciativa do Deus verdadeiro aquele homem virou as costas para a religião de sua família e se tornou obediente ao Senhor. 

II. Abraão e a Orientação vinda de Deus em seus Caminhos 

Dentre os vários exemplos de fé presentes na Bíblia, neste texto abordarei sobre uma característica marcante de Abraão: ter uma vida de tenda e altar. Quando lemos em Gênesis 12, vemos que Deus chama Abrão para uma nova terra. Porém, esse lugar não foi especificado por Ele, pois apenas disse: “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei” (v. 1). E a decisão de Abrão foi: “Partiu, pois, Abrão, como lho ordenara o SENHOR” (v. 4a). Naquela época, obviamente, não existia GPS, nem mesmo outros aplicativos de navegação. Abraão era guiado, simplesmente, pela voz do SENHOR, em que, pela fé, deixou tudo o que tinha e O seguiu. Vemos aqui uma lição para nós: não ficar analisando se pode ou não, se quer ou não, mas ouvir e reagir de acordo com a vontade de Deus – seguindo para onde Ele for.

A partir disso, foi Abrão guiado pelo SENHOR e onde ele parava montava a sua tenda e edificava um altar ao SENHOR, como é visto no versículo 8: “Passando dali para o monte ao oriente de Betel, armou a sua tenda, ficando Betel ao ocidente e Ai ao oriente; ali edificou um altar ao SENHOR e invocou o nome do SENHOR”. Mas o que significa ter uma vida de “tenda e altar”? À luz da Palavra e de livros espirituais, pude compreender que, primeiramente, uma vida de tenda é uma forma de exercitarmos a nossa fé. Para Abrão, era uma confirmação da promessa que Deus fez a ele “porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador” (Hb 11:10), ou seja, a terra onde ele estava não era a que Deus lhe prometera, mas apenas algo temporário. Onde eu quero chegar com essa definição? Quando nos achegamos a Deus e oramos por determinada coisa (uma faculdade, um emprego, um casamento, etc) nem sempre ela vem imediatamente. Daniel registrou no capítulo 10 de seu livro que desde o momento em que fez uma oração a Deus, Ele ouviu, mas apenas depois de vinte e um dias é que a oração se cumpriu (vs. 10-13). Que isso seja para nosso ânimo, pois uma oração feita em fé e no espírito é recebida pelo Senhor no momento em que é feita. A partir desse momento, Ele trabalha a nosso favor, nos mostrando “terras temporárias para montarmos nossas tendas”, isto é, Ele provê meios para chegarmos ao que pedimos em oração: uma terra com fundamentos!! Isso é maravilhoso!! Que tenhamos fé em aguardar nossos desejos!! E o que seria uma vida de altar? Vimos, anteriormente, que onde Abraão parava para armar a tenda, edificava ali um altar. Isso é uma demonstração de que ele adorava a Deus e que entregava a Ele tudo o que era e que tinha para servi-lo. Além disso, demonstrava gratidão e temor a Deus, pois aprendeu a seguir ao seu chamado e com isso não abandonava o SENHOR, e Ele não o abandonava. Além disso, no final do versículo de Gênesis 12.8, lemos que ele invocou o nome do SENHOR, indicando sua total dependência a Ele, porque via que o fruto das bênçãos que recebia provinha Dele! 

III. Deus - O Exemplo Máximo de Evangelista

A história do Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), dos Escritos (Josué a Cantares) e dos Profetas (Isaías a Malaquias), que formam o cânon do Antigo Testamento, é a extensão dessa Aliança de Deus com Abraão — essa é uma das razões pelas quais o Antigo Testamento é indissociável do Novo. Nesse sentido, além de Abraão e Moisés, a história de Israel, sua poesia e seus escritos proféticos são comprometidamente evangélicos. O povo de Israel foi forjado por Deus para dar testemunho da grandeza e da beleza do seu Reino a fim de convencer as nações daquele tempo de que havia um único Deus, o criador dos céus e da terra: o Deus de Abraão, de Isaque e de JacóSendo Deus o primeiro evangelista da História Sagrada, toda a sua palavra é amorosamente evangelizadora. E por isso que a Bíblia, ao contrário de outros livros tidos como sagrados, é lida e relida, sem jamais deixar de ser apaixonante. Embora concluída há mais de dois mil anos, ela é repleta de manchetes que, todas as manhãs, surpreendem-nos por sua graça, misericórdia e alvíssaras.

Do Gênesis ao Apocalipse, temos uma proclamação evangelística que, tendo início na criação, vai até a consumação de todas as coisas, inaugurando o Novo Céu e a Nova Terra. Deus se compraz em comunicar o evangelho. Quer pessoalmente, quer por intermédio de seus arautos, Ele conclama-nos à salvação. Até mesmo em seus juízos, entrevemos o inexplicável amor, que o constrangeu a entregar o Unigênito a morrer em nosso lugar. Que ninguém o acuse de injustiça, pois a sua natureza leva-o a proclamar a todos, em todo o tempo e lugar, as Boas-Novas de seu Reino. O Pai anseia por incluir-nos em seus domínios eternos.

Conclusão

Na criação dos céus e da terra, quando Deus montava o cenário para o drama de nossa redenção, seus anjos, antegozando o triunfo do Calvário, louvam-no exaltadamente (Jó 3 8.7). Eles sabiam que o nosso planeta não seria mais uma esfera entre outras esferas, mas o círculo que, na plenitude do tempo, haveria de se fechar com a morte de Cristo. Por isso, os santos anjos ensaiavam, naquele instante da obra divina, para celebrar o nascimento do Filho de Deus em Belém (Lc 2.13.14). A proclamação do evangelho evoca cânticos de júbilos. Ao descrever o regozijo dos exércitos celestes na conversão de um pecador, declarou Jesus: "Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento. Ou qual a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma dracma, não acende a candeia, e varre a casa, e busca com diligência até a achar? E, achando-a, convoca as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma perdida. Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende" (Lc 15.7-10). Deus evangeliza tanto trabalhando quanto proclamando. Ninguém melhor do que Ele sabe usar as palavras, pois a nossa linguagem nEle nasceu e nEle se desenvolve. Ele cria o mudo e o eloquente (Ex 4.11). Por intermédio de seu Espírito Santo, inspirou o Livro dos livros (2 Tm 3.16). E, pela boca de seus servos, narra as histórias mais belas, declama as poesias mais sublimes, anuncia as promessas mais escondidas e consola-nos, diariamente, com o cajado do Bom Pastor. A Bíblia não se limita a conter a Palavra de Deus. Ela é a Palavra de Deus que evangeliza e redime o pecador, guiando-o às regiões mais celestes (Ef 2.6). Todas as vezes que a Sagrada Escritura é lida, ouve-se o próprio Deus evangelizando. Por isso, quem rejeita o Filho, rejeita o Pai.

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