quinta-feira, 9 de julho de 2020

A Cura do Homem Hidrópico no Sábado




Lucas registra a cura de um homem hidrópico realizado por Jesus no sábado. Um dos principais dos fariseus convida Jesus a sua casa para comer pão, imediatamente aparece um homem enfermo com hidropisia, porém, o aparecimento desse homem era mais uma tentativa de os fariseus acusarem Jesus de quebrar o sábado.

Nesse presente texto, queremos fazer uma síntese de como Jesus agiu diante dos seus opositores e os princípios práticos contidos na passagem para a vida cristã.

Jesus na casa do fariseu

Aconteceu que, ao entrar ele num sábado na casa de um dos principais fariseus para comer pão, eis que o estavam observando (Lc 14.1).

Jesus foi convidado por um dos principais fariseu para comer no sábado na sua casa. Compartilhar refeições era algo importante na vida dos judeus e tonou-se uma parte importante da igreja primitiva (At 2.46). No Oriente, fazer as refeições juntos são um símbolo de amizade e um sinal de compromisso uns com os outros[1].  

Os fariseus viam Jesus como alguém que quebrava a lei, por curar no sábado, portanto trabalhava, e quebrava a lei. Segundo Barklay, “a lei tinha suas regras meticulosas e detalhadas a respeito das refeições no sábado. É obvio, não se podia cozinhar em tal dia, já que isso teria sido trabalhar. Devia-se cozinhar na sexta-feira; e se era necessário manter a comida quente, devia faze-lhe em tal forma que não cozinhasse mais”[2]. Dessa forma, “os fariseus e escribas” consideravam essas regras como religião verdadeira.

Lucas destaca que eles estavam observando Jesus, talvez para detectar qualquer violação da observância do sábado. Sobre isso, Henry comenta: 

“Este fariseu, como outros, parece que teve má intenção ao receber Jesus em sua casa, mas o nosso Senhor isso não lhe impedia de curar um homem, embora soubesse que suscitaria um murmúrio por fazê-lo no dia do repouso”[3]

O proceder de Jesus ensina-nos a prudência como ele se comportava diante de seus inimigos. Geralmente, as pessoas tendem a perder a paciência diante disso, mas Jesus permanecia sereno.

Jesus cura o homem hidrópico no sábado

Ora, diante dele se achava um homem hidrópico. Então, Jesus, dirigindo-se aos intérpretes da Lei e aos fariseus, perguntou-lhes: É ou não é lícito curar no sábado? Eles, porém, nada disseram. E, tomando-o, o curou e o despediu (Lc 14.2-4).

Nesse trecho, podemos destacar três pontos nessa passagem. Primeiro, Jesus diante de um homem hidrópico. Hidrópico ou hidropisia é uma doença que faz com que o corpo de uma pessoa inche bastante[4]. É curioso o fato de esse homem aparecer na casa do anfitrião, talvez os fariseus estavam preparando uma cilada a Jesus, por isso a “observação” (Lc 14.1). Segundo, a defesa de Jesus curar no sábado. Os escribas e fariseus consideravam-se como autoridades da lei, eles esperavam que Jesus curando esse homem no sábado caísse em seu poder. Diante disso, Jesus transferiu a responsabilidade a eles através de uma pergunta: “É ou não é lícito curar no sábado?” A lei condenava tais atos de misericórdia? O preconceito deles e propósitos malignos os impediram de admitir. Terceiro, Jesus curou o homem. Jesus estava consciente que o homem hidrópico não era partidário daquela trama dos fariseus, porém um inocente sofredor que estavam sendo usado pelo anfitrião da casa. Segundo Beacon, “o Mestre, sábio e bondoso como sempre, o curou e o despediu”[5]. Dessa forma, fica evidente a bondade de Cristo diante do problema daquele homem e o legalismo dos escribas e fariseus.

Jesus como intérprete da lei

A seguir, lhes perguntou: Qual de vós, se o filho ou o boi cair num poço, não o tirará logo, mesmo em dia de sábado? A isto nada puderam responder (Lc 14.5,6).

Jesus faz uma pergunta que os fariseus não foram capazes de responder. Eles sabiam que Jesus estava certo ao curar no sábado, na lei era permitido resgatar um animal quando caia em algum poço – algo que era muito comum na Palestina e muitas vezes causavam acidentes (Ex 21.33). Esses doutores da lei causavam mais preconceitos com suas doutrinas cheias de tradições humanas do que agir com misericórdia, levando a desconsiderar as necessidades dos seres humanos na época. Portanto, Jesus como intérprete da lei deixou claro que não estava quebrando o quarto mandamento, mas cumprindo, a lei não proibia ajudar o próximo. 

O texto deixa claro que nada a isto eles puderam responder (Vv 4). Jesus restaurou a saúde do homem que estava com hidropisia e silenciou os seus inimigos. Eles não podiam responder porque não tinham resposta alguma que incriminasse Jesus. Depois da cura, Jesus abriu uma brecha entre eles, aumentando assim a determinação daqueles homens de destruí-lo. Assim, podemos aprender que o legalismo leva as pessoas a obedecer mais às tradições humanas, Jesus se opôs a isso e nós devemos semelhantemente.

Conclusão

O que podemos aprender com essa passagem? Primeiro, as pessoas estão mais preocupadas em salvar animais que os seres humanos. Segundo, a prudência de Jesus perante os seus inimigos. Terceiro, o quarto mandamento foi um dia criado para praticar boas ações ao próximo. Quarto, o legalismo torna-nos insensíveis diante das necessidades das pessoas.    

 

Sidney Muniz

 

Notas:



[1] Comentário de Warren W. Wierbe - Conciso

[2] Comentário do N.T Barclay

[3] Comentário Bíblico de Matthew Henry

[4] Comentário da Bíblia Shedd

[5] Comentário Bíblico Beacon


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