sábado, 18 de julho de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Julho/2020 - Capítulo 3 - A Vigilância na Fé Cristã




Comentarista: Emanuel Barros



Texto Bíblico Base Semanal: Lucas 12.35-48

35. Estejam cingidos os vossos lombos, e acesas as vossas candeias.
36. E sede vós semelhantes aos homens que esperam o seu senhor, quando houver de voltar das bodas, para que, quando vier, e bater, logo possam abrir-lhe.
37. Bem-aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará assentar à mesa e, chegando-se, os servirá.
38. E, se vier na segunda vigília, e se vier na terceira vigília, e os achar assim, bem-aventurados são os tais servos.
39. Sabei, porém, isto: que, se o pai de família soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria, e não deixaria minar a sua casa.
40. Portanto, estai vós também apercebidos; porque virá o Filho do homem à hora que não imaginais.
41. E disse-lhe Pedro: Senhor, dizes essa parábola a nós, ou também a todos?
42. E disse o Senhor: Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor pôs sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração?
43. Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar fazendo assim.
44. Em verdade vos digo que sobre todos os seus bens o porá.
45. Mas, se aquele servo disser em seu coração: O meu senhor tarda em vir; e começar a espancar os criados e criadas, e a comer, e a beber, e a embriagar-se,
46. Virá o senhor daquele servo no dia em que o não espera, e numa hora que ele não sabe, e separá-lo-á, e lhe dará a sua parte com os infiéis.
47. E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites;
48. Mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá.

Momento Interação

O propósito da vigilância é o de guardar, o de manter-se acordado e de pé ante tudo o que possa nos furtar ou arrancar da posição firme em que nos encontramos. É exigido portanto daquele que vigia que esteja em atitude de alerta permanente, para que possa detectar os perigos que o rodeiam, e que não raro se encontram em seu próprio interior. Outra atitude importante para o que vigia é a de prudência. Sem prudência é impossível haver uma vigilância que seja eficaz.

A prudência nos leva a nos desviarmos do mal – a evitar o confronto direto em provocações incitadas pelo Inimigo para que percamos a nossa paz. A vigilância requer também que sejamos sóbrios, porque como poderíamos vigiar eficazmente estando embriagados e com nossa capacidade de observação prejudicada por estados de consciência alterados? Precisamos também ser disciplinados e criteriosos, para que sejamos determinados e constantes em nosso procedimento para preservar o bom depósito da fé que nos foi confiado por Deus para ser guardado. E ainda necessitamos de sabedoria para discernir entre o que é bom e o que é mau; entre o que é correto e incorreto; entre o vil e o precioso, de forma a tomarmos as decisões adequadas a cada situação que somos chamados a viver.
Por se encontrar numa guerra constante, de muitas batalhas e sem tréguas contra os poderes das trevas, o crente, como bom soldado de Cristo, deve estar sempre vigilante em seu posto, de maneira a não livrar somente a sua alma como também a de muitos que se encontrarem na mesma esfera da sua atuação. Esta é uma vigilância para usar com autoridade e poder todas as armas espirituais e componentes da armadura espiritual, quer de ataque (espada da Palavra de Deus, etc) ou de defesa (escudo da fé etc), sempre que for necessário. Esta é uma luta para ser vencida de joelhos e em oração constante no Espírito Santo.

E assim também nós necessitamos de vigilância e oração para não negarmos a Jesus não somente em nossas atitudes como em nossas ações, em relação aos mandamentos que Ele nos tem dado em Sua Palavra. Necessitamos de vigilância para perseverar até o fim, e por isso somos alertados pelo Senhor a termos todo o cuidado e empenho e vigilância especialmente para que sejamos achados dignos de sermos arrebatados por Ele em sua volta. Um grande peso de responsabilidade recairá sobre todos os crentes que ainda estiverem vivendo neste mundo por ocasião da proximidade do dia do arrebatamento da Igreja, porque são diversos os alertas da Palavra de Deus quanto à necessidade de santificação para que sejamos arrebatados.

Introdução

O ensino sobre a vigilância é constante no ministério de Jesus (Mt 26.41 ver Ef 6.18). Já vimos que a palavra “vigiar” significa: “estar atento”. O contrário da palavra “vigiar” é justamente “dormir” (Mc 14.37; Ef 5.14; Rm 13.11). Do ponto de vista bíblico, o sono espiritual, tem conotação negativa, pois leva o homem a um estado de invigilância. Jesus falou disto quando disse: “Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o senhor da casa; se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã, para que, vindo de improviso, não vos ache dormindo” (Mc 13.35,36). Foi quando as dez virgens cochilaram que chegou o esposo “E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, e adormeceram” (Mt 25.5). A “demora” da volta de Cristo se constitui num teste de resistência e fidelidade para aqueles que professam segui-lo. Por isso, somos exortados a perseverança (Mt 24.13; Lc 8.15; Rm 2.7; 1ª Tm 4.16; Ap 3.10-11). Devemos também exorta-nos uns aos outros (Hb 10.25).

I. Vigilância contra o Pecado

Conhecer e obedecer a Palavra de Deus nos ajuda a andar de maneira digna, protegendo-nos do pecado. Enquanto estamos discutindo a importância de conhecer a doutrina direita antes dever bem, vamos ver uma maneira conhecer a Bíblia nos ajuda a andar de maneira digna: protege-nos do pecado. De vez em quando você pode ouvir as pessoas que têm uma atitude fatalista em relação ao pecado, dizendo: "Eu não poderia me ajudar" ou "O Diabo me fez fazer isso." Tais desculpas são tolos para os cristãos para fazer uma vez que Deus nos deu os meios para resistir à tentação.

O salmista disse: "Tua palavra que eu tenho valorizado no meu coração, para eu não pecar contra Ti" (Sl 119.11). Sem conhecimento, estamos indefesos e vulneráveis. Sabendo-verdade de Deus por estudo e por nós aplicativo permite a dizer não ao pecado e sim a justiça. Qualquer pessoa que coloca sua fé em Jesus Cristo, mas que não guarda a Palavra de Deus constantemente na vanguarda de sua mente vai encontrar-se aprisionado em pecado novamente e novamente. Embora devemos conhecer a Palavra de Deus para nos defender contra o pecado e obedecer a vontade de Deus, há um perigo. Uma vez que sabemos Sua verdade, que são responsabilizados por aquilo que sabemos.

Pedro 2.21 fala de apóstatas, aqueles que sabiam a respeito de Jesus Cristo, mas retornou à sua antiga vida sem nunca comprometendo-se a Ele: "Seria melhor para eles não terem conhecido o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, afastar-se do santo mandamento que lhes." Tiago 4.17 diz: "Para aquele que sabe a coisa certa a fazer, e não fazê-lo, a ele que é o pecado." Então não saber é melhor do que saber e não obedecer. O que é melhor, é claro, é saber a Palavra e obedecê-la, porque é o nosso alimento espiritual: "Como crianças recém-nascidas, muito para que o leite puro da palavra, para que por ele vos seja dado crescimento no que diz respeito à salvação" (1 Pe 2.2). Para um cristão, negligenciando a Palavra é a fome espiritual.

II. Vigilância em Tempos de Apostasia

Um cristão vigilante é uma pessoa que tem plena consciência das realidades espirituais da sua vida em Cristo, e obtem a motivação e fôrça para a sua vida dessa fonte divina. Êle tem também consciência dos perigos espirituais contidos no reino oposto de Satanás, e resiste-lhes activamente. Tal batalha trava-se no reino espiritual das nossas vidas, pois nós não lutamos contra carne e sangue, mas sim contra um poder espiritual hostil e seus malévolos princípios (Ef 6.12). Quanto mais nos lembrarmos da realidade desse outro mundo invisível, mais vigilantes devemos estar. Quanto mais inclinados estivermos para o mundo secular, menos vamos considerar as realidades espirituais, desprezando assim ordenar as nossas vidas de harmonia com elas. Estar vigilante no sentido bíblico, requere que os nossos olhos estejam abertos a certas realidades e que tal conhecimento determine as nossas decisões e ações. Há três perspectivas espirituais que todo o cristão vigilante deve conhecer. O aumento do conhecimento dessas perspectivas habilitá-lo-á afinar a sua compreensão e a determinar quais as ações mais apropriadas:

A primeira é uma perspectiva dirigida para o alto, pois nós devemos manter sempre os  olhos no Senhor Jesus para O podermos seguir e caminhar segundo os mandamentos da Sua Palavra: “Ponhamos de parte todo o peso e o pecado que tão facilmente nos enreda, e corramos com perseverança a corrida que está à nossa frente, olhando para Jesus, o autor e consumador da nossa fé” (Hb 12.12). Os pecados e as preocupações e cargas que trazemos às costas podem facilmente perturbar o nosso relacionamento com Ele, e devem ser confessados e abandonados se desejarmos uma dedicação verdadeira ao nosso Guia e Salvador. Devemos ter constantemente em mente que Ele pode regressar a qualquer momento para pedir contas aos Seus discípulos das suas vidas depois de convertidos (Mc 13.33-37; Rm 14.10-12). Quando Cristo nos mostra o caminho na Sua Palavra e O seguimos diariamente, então faremos obras próprias de arrependimento, evitando assim a possibilidade de comparecermos de mãos vazias perante o trono do Seu julgamento (1 Co 3.9-16).

A segunda perspectiva é uma perspectiva dirigida ao interior, e diz respeito a um exame contínuo de nós próprios, de forma a podermos verificar sob a direção do Espírito Santo, se existe algum fermento de pecado nas nossas vidas (1 Co 5.6-8). Davi orou: “Sonda me ó Deus e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se existe em mim algum caminho mau e guia-me no caminho eterno” (Sl 139.23,24). Nós devemos acautelar-nos constantemente contra más atitudes e pensamentos que podem entrar nos nossos corações. Para o podermos fazer, devemos considerar cautelosamente tudo quanto lemos e vemos, que espécie de conversação usamos e qual a natureza das nossas amizades. “Vigiai e orai para não entrardes em tentação. O espírito por certo está pronto mas a carne é fraca” (Mt 26.41).

A terceira perspectiva, que devemos adotar, é dirigida ao exterior. A este respeito devemos considerar dois aspectos: Devemos poder discernir a necessidade espiritual de outras pessoas e fazer o necessário para lhes proclamar o evangelho de Cristo. Jesus disse: “Levantai os olhos e olhai para os campos, pois eles já estão brancos para a ceifa… De verdade a ceifa é abundante, mas os ceifeiros são poucos “(Jo 4.35; Mt 9.37). Nós devemos dedicar-nos ao serviço do Senhor e suprir as necessidades espirituais de outras pessoas. E, desta maneira, podemos fazer colheita para o Seu reino.
O outro aspecto desta terceira perspectiva, é tomarmos nota das estratégias e falsos ensinamentos do inimigo e evitarmos ser apanhados por armadilhas malignas através da sua astuta decepção. Os ignorantes que estão a seguir o mau caminho devem ser avisados, cuidando nós ao mesmo tempo de nós mesmos para não sermos enganados: “Irmãos, se algum homem for surpreendido n’alguma ofensa, vós que sois espirituais encaminhai êsse num espírito de mansidão, olhando por vós mesmos para que não sejais também tentados” (Gl 6.1). “Portanto, que aquele que pensa estar de pé tenha cuidado e não caia” (1 Co 10.12). Nós devemos confiar diariamente que o Senhor Jesus nos proteja contra as artimanhas do diabo, e procurar não perder a nossa perspectiva espiritual, pois isso levar-nos-ia a cair por não conhecermos as estratégias do inimigo.

III. Vigilância Sempre

O texto de Marcos 13.37 é muito enfático: “O que, porém, vos digo, digo a todos: vigiai”. A ordem para vigiar não está apenas no ensino de Jesus. Encontra-se também em Paulo, tanto no discurso dirigido aos presbíteros de Éfeso (At 20.31) como nas cartas endereçadas aos Coríntios (1 Co 16.13) e aos Tessalonicenses (1 Ts 5.6). Aos cristãos judeus expulsos de Jerusalém e espalhados pelo Ponto, pela Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia, Pedro escreve: “Sede sóbrios e vigilantes” (1 Pe 5.8) A igreja em Sardes recebe a mesma exortação (Ap 3.2). Depois de glorificado Jesus declarou que é: “bem-aventurado aquele que vigia...” (Ap 16.15). É exigido daquele que vigia atitude de alerta permanente (1 Ts 5.6; Rm 13.11). A vigilância na fé cristã pode ser entendida o ato de permanecer acordado (Lc 12.36- 38; 1 Ts 5.6). Estar alerta e acordado tem como objetivo evitar o comportamento negligente ou indolente que pode levar alguém a cair em alguma cilada ou ceder a alguma tentação que acaba enfraquecendo sua fé em Cristo (Mt 24.42; 25.13; 26.41; 1 Co 16.13; 1 Ts 5.6; 1 Pe 5.8; Ap 3.2; 16.15). Todos nós precisamos de vigilância espiritual, e são inúmeras as recomendações bíblicas acerca da importância da vigilância constante para o crente. Diariamente somos submetidos a diversas tentações, e diante disso o conselho Jesus é: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação” (Mt 26.41).

Conclusão

Ter consciência dos perigos espirituais contidos no reino oposto de Satanás, e resiste-lhes ativamente. Tal batalha trava-se no reino espiritual das nossas vidas, pois nós não lutamos contra carne e sangue, mas sim contra um poder espiritual hostil e seus malévolos princípios (Ef 6.12). Quanto mais nos lembrarmos da realidade desse outro mundo invisível, mais vigilantes devemos estar. Acerca disso Paulo diz: “Porque não ignoramos os seus ardis” (2 Co 2.11). Pedro também afirmou que: “o diabo […] anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pe 5.8). Quanto mais inclinados estivermos para o mundo secular, menos vamos considerar as realidades espirituais, desprezando assim ordenar as nossas vidas de harmonia com elas. Estar vigilante no sentido bíblico, requer que os nossos olhos estejam abertos a certas realidades e que tal conhecimento determine as nossas decisões e ações.



Sugestão de Leitura da Semana: GOMES, Eliezér. Maturidade Espiritual. São Paulo: Evangelho Avivado, 2019.

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