Comentarista: Gustavo Linhares
Texto Bíblico Base Semanal: Mateus 6.25-33
25. Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?
26. Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?
27. E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?
28. E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam;
29. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.
30. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?
31. Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?
32. Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas;
33. Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
Momento Interação
Os defeitos de caráter de uma pessoa se manifestarão com frequência quando essa pessoa receber poder, posição e riqueza. Uma pessoa de caráter, nos dá uma perspectiva do que todos os seres humanos costumam ser e o que a maioria de nós, no fundo, deseja ser. Falar de caráter cristão é um tema delicado e exige cuidados da nossa parte. Todos nós estamos na caminhada em busca de um caráter irrepreensível, e desenvolver isso em nós exige um esforço contínuo. Porém, se não desanimarmos na caminhada, alcançaremos os resultados que Jesus Cristo espera de todos nós.
Introdução
Todas as pessoas possuem uma personalidade. A personalidade é formada por um conjunto de características essenciais que inclui, por exemplo, caráter, temperamento e hábitos. A personalidade de alguém o diferencia dos demais; isso porque ela é sua identidade pessoal, sua originalidade, aquilo que define e se expressa em seu padrão de comportamento.
O caráter cristão é o tipo de caráter que é moldado à imagem de Cristo. A formação do caráter cristão ocorre quando o homem pecador, que se encontrava completamente dominado pelo pecado, experimenta o novo nascimento, onde ele é regenerado pelo Espírito Santo. Após nascer de novo ninguém é mais o mesmo. Se porventura o for, na verdade então é porque ainda tal pessoa não nasceu de novo.
O redimido possui uma conduta diferente, um caráter que aponta para Cristo, Aquele que o resgatou. Essa mudança é infalível, pois conforme escreveu o apóstolo Pedro, o próprio Deus é quem aperfeiçoa, firma, fortifica e fundamenta aqueles a quem Ele chamou (1 Pe 5.10). Neste estudo bíblico sobre caráter cristão, veremos como esse processo ocorre de acordo com a Bíblia Sagrada.
Se a personalidade é um conceito bem amplo do indivíduo, o caráter se refere a uma parte especifica de seu modo de ser. Isso significa que o caráter tem a ver com índole, com ética, uma vez que ele designa o aspecto da personalidade referente às características morais de alguém; algo que reflete diretamente em sua conduta, pois está diretamente ligado aos seus hábitos.
I. Sal da Terra e Luz do Mundo
Sabemos que o sal possui muitas características. Mas certamente ao dizer “vós sois o sal da terra” Jesus explora suas duas principais características. São elas: sabor e antisséptico.Uma das funções mais importantes do sal nos dias de Jesus era justamente o poder de preservar os alimentos. O sal era a melhor solução para impedir a deterioração dos alimentos. Além disso, ele também servia como tempero. Mas qual é realmente o objetivo de Jesus ao dizer que seus seguidores são o sal da terra?
Assim como o sal que possui a função de preservação, os cristãos verdadeiros devem estar constantemente combatendo a corrupção moral e espiritual da sociedade. De certa maneira o sal age secretamente, no sentido de que não podemos ver como sua ação preservativa age especificamente. Na maioria das vezes também não podemos distinguir pelo olhar um alimento que foi temperado com sal. Mas facilmente podemos senti-lo. Assim também acontece com a presença da Igreja neste mundo. Muitas vezes parece que a ação dos cidadãos do Reino de Deus no mundo é nula ou quase invisível. Porém, somente Deus é quem sabe o quão mais perverso e depravado seria este mundo ímpio sem a presença, o exemplo e as orações dos santos que são sal da terra.
A luz na Bíblia Sagrada aparece em diversas aplicações. De forma geral ela indica o genuíno conhecimento de Deus, a verdadeira felicidade, a justiça, a bondade, as bênçãos da salvação, o deleite etc. (cf. Sl 27.1; 36.9; 97.11; Is 9.1-7; 60.19; Mt 6.22,23; Lc 1.77-79; Ef 5.8,9). A Bíblia declara que Deus é luz (1 João 1:5). Cristo é a manifestação plena dessa luz (Jo 1.4,5; 8.12; 9.5; At 26.13). Por isso o próprio Jesus se apresenta dizendo: “Eu sou a luz do mundo” (Jo 8.12). Contudo, a luz de Deus manifestada em Cristo é também refletida nos redimidos, tanto coletivamente como Igreja quanto individualmente. Daí vem a declaração de Mateus 5.14: “Vós sois a luz do mundo”.
Isso significa que os cristãos não são luz em si mesmos. Na verdade eles são luz no Senhor (Ef 5.8). Eles não são a fonte da luz, mas são transmissores da luz. Quando Cristo declarou ser a luz do mundo, Ele mesmo explicou: “Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8.12). Perceba que Ele diz que seus seguidores recebem a luz. Então se Jesus Cristo é a verdadeira luz do mundo, os cristãos são também a luz do mundo por causa de sua conexão com Ele. Enquanto Cristo é a luz do mundo original, os crentes são a luz do mundo num sentido derivado. Um exemplo disso é a relação entre o sol e a lua. O sol é quem possui a luz, mas a lua brilha porque reflete a luz do sol. Os cristãos são luz porque refletem a verdadeira Luz do mundo.
II. Vivendo a Vontade de Deus
O testemunho bíblico como um todo aponta para o caráter bom, perfeito e agradável da vontade de Deus. Ainda que não entendamos, tudo ocorre de modo a trazer mais e mais glória para o nome do Senhor; seja na manifestação da sua graça, seja na manifestação da sua justiça; e isto não tem como não ser algo bom, perfeito e agradável. Também quando falamos sobre a forma como a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável, é importante entendermos que a Bíblia indica dois tipos da vontade de Deus. A Bíblia fala da vontade decretiva, e fala da vontade preceptiva.
A vontade decretiva é aquela que diz respeito à soberania de Deus no governo providencial de todas as coisas. Já a vontade preceptiva inclui tudo aquilo que Ele nos manda fazer; e que está claramente revelado nas Escrituras. Não há um único versículo na Bíblia que diga que a vontade de Deus não é essencialmente boa. Logo na narrativa da criação, podemos perceber como a vontade de Deus é boa. A Bíblia diz que depois de ter criado todas as coisas, viu Deus que era tudo muito bom (Gn 1.31). Nos textos bíblicos, sempre que alguém relaciona a vontade de Deus com algo mau, isto ocorre num contexto de punição pela impenitência do pecador. É nesse sentido que o próprio Deus diz nas Escrituras que Ele é quem forma a luz e cria as trevas, promove a paz e cria o mal (Is 45.7).
Um exemplo prático disso é o cativeiro do povo judeu na Babilônia. Foi da vontade de Deus que o povo fosse exilado; e isso aconteceu porque o próprio povo desobedeceu a vontade preceptiva de Deus revela em sua Lei. Claramente Deus advertiu o povo a não se envolver com a idolatria; Ele até enviou seus profetas para chamar o povo arrependimento. Porém, eles não escutaram, e veio o castigo divino. Então diante daquele mal temporal, muitos judeus identificaram que a vontade de Deus para eles não era boa. Mas eles estavam errados. A vontade de Deus, de fato, era purificar o povo e restaurar o remanescente fiel. Então aquilo que, naquele momento, parecia ser algo ruim aos olhos humanos, na verdade era a boa vontade de Deus se cumprindo.
A mensagem do Senhor através do profeta Jeremias no contexto do exílio explica bem essa questão: “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais” (Jr 29;11). A vontade de Deus é boa, e na aplicação da realidade humana, Ele sempre busca o bem dos seus filhos – ainda que eles não entendam.
III. Vencendo o Mal com o Bem
É muito comum em nossa sociedade termos uma maior divulgação de coisas ruins que coisas boas. Um jornalista e editor de um grande jornal disse que tragédias vendem mais jornais do que boas notícias. Desgraças, tragédias e notícias ruins chamam mais a atenção das pessoas que boas notícias. O problema não é o chamar a atenção, mas o quanto isso nos afeta. Quantos já perderam noites de sono preocupados com notícias ruins? Quantos se abateram com coisas ruins? A Bíblia diz para não nos deixarmos vencer pelo mal.
No texto de Filipenses 4.8, o apóstolo Paulo fala sobre o que deve ocupar o nosso pensamento. Não deixe o mal te vencer e ocupar sua mente e coração. Lute contra o mal trazendo à memória as misericórdias e a bondade do Senhor, levando sua mente totalmente a Cristo. Lembre-se: por pior que pareça a situação em seu redor, se você entregou sua vida a Jesus você nunca a enfrentará sozinho, Jesus estará ao teu lado, te orientará e ajudará.
As pessoas têm limites e frequentemente são pegas de surpresa, mas com Deus não é assim. Procure ouvir a voz Dele e saber o que Ele tem a falar sobre este mal que te sobreveio. O Salmo lido foi escrito por Davi num momento de muita aflição e sofrimento, ele estava se escondendo de Saul nas cavernas de Adulão (1 Sm 22.1,2). A resposta certa e definitiva vem de Deus. Não temos muitas opções quando o mal investe contra nós, ou quando a tempestade se levanta contra nossas vidas. Ou nos submetemos a Deus, descansamos e confiamos Nele para vencer o mal e acalmar a tempestade, ou seremos destruídos pelo mal e pela tempestade. Por mais difícil que pareça confie em Deus e deixe-O acalmar a tempestade.
IV. Crendo na Esperança da Vida Eterna
Avida eterna é vida sem fim, não limitada mais pelo tempo. Jesus oferece a vida eterna a todo aquele que crê nele como seu salvador. A grande esperança de todo cristão é a ressurreição para a vida eterna. Todos nós temos um tempo limitado neste mundo. Nossos corpos envelhecem e um dia acabamos por morrer. Não existe forma da escapar da morte (Rm 3.23; 6.23). O mundo todo está debaixo da maldição do pecado, que leva à morte.
Mas a morte não é o fim! Ainda há esperança além desta vida. Deus é eterno e Ele nos oferece a vida eterna. Podemos viver para sempre junto de Deus! Deus nos criou para vivermos mas, por causa do pecado, todos morremos. Ainda assim, temos o desejo de alcançar a eternidade (Ec 3.11). Procuramos formas de viver mais tempo ou de deixar um legado mas nada dura para sempre.
Também não há nada que podemos fazer para merecer a vida eterna. Nossas boas ações não compensam nossos pecados. Por mais que tentamos, no fim, estamos sempre em dívida. A única forma de termos a vida eterna é através de Jesus. Deus sabe que sozinhos não conseguimos chegar à vida eterna, por isso Ele enviou Jesus para nos salvar da morte (Jo 3.16). Jesus nunca pecou mas ele morreu na cruz para pagar por nossos pecados. Agora a dívida está toda paga!
Todos podem ter a vida eterna! Não importa quem você é nem o que você fez, Jesus ainda lhe oferece a salvação. Basta se arrepender de seus pecados e crer que Jesus é seu salvador (Rm 10.9,10). Jesus oferece a vida eterna de graça a todos que crêem nele (Jo 6.40). Crer em Jesus significa rejeitar a vida de pecado, pedir perdão a Deus, dedicando sua vida a Ele, e acreditar que Jesus perdoou seus pecados. Quando isso acontece, Jesus lhe dá uma vida nova, indestrutível! O Espírito Santo passa a morar dentro de seu coração, lhe dando a garantia da vida eterna. Assim, você não precisa mais ter medo da morte. Um dia, todos os salvos ressuscitarão, receberão um corpo novo e viverão para sempre (1 Co 15.51,52). Na vida eterna não haverá mais morte, nem dor, nem sofrimento. Vamos todos morar na presença de Deus, com alegria por toda a eternidade!
Conclusão
É possível ter certeza da vida eterna e da nossa salvação porque o próprio Jesus nos dá esta certeza. No texto de João 3.16, Jesus, conversando com um dos principais da Sinagoga, chamado Nicodemos, afirmou isso ao dizer que todo aquele que Nele crê tem a vida eterna. Deus, na Sua Palavra o diz, e Ele não pode mentir (Nm 23.19). Se Ele o diz, então posso ter esta certeza. Ele não diz que pode chegar ter a vida eterna, mas sim, que já tem, já possui, a vida eterna. A vida eterna é o presente que recebemos no momento da conversão. Ela é automática. Uma vez que reconheço o meu estado de pecador e que Jesus Cristo é o Filho de Deus, o salvador do mundo, e o aceito como meu salvador, já tenho a salvação garantida. Como a vida eterna é um presente, uma vez que recebemos, já é nosso, ninguém o pode tirar uma vez que é dado. Em João 10.28 Jesus dá a vida eterna e ninguém a pode arrebatar das Suas mãos, nem o Diabo o pode fazer. A vida eterna é real, não é só uma esperança, ela é uma garantia.
Sugestão de Leitura da Semana: PEREIRA, Leonardo. Batalha pela Fé. São Paulo: Evangelho Avivado, 2020.