Comentarista: Gustavo Linhares
Texto Bíblico Base Semanal: 2 Timóteo 3.1-5
1. Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos.
2. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos,
3. Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons,
4. Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus,
5. Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.
Momento Interação
Prezados irmãos, neste mês estamos iniciando mais um Comentário Bíblico Mensal. Nesta oportunidade, nos atentaremos sobre a temática da praticidade cristã. Vivemos atualmente em um período de divergências evangélicas muito fortes, resultando em negatividade bíblica e teológica para o Povo de Deus. Por isso, neste mês estamos estudando o tema: Tempos Trabalhoso. O comentarista deste mês é Gustavo Linhares. Ministro do Evangelho, escritor, professor de estudos bíblicos e professor da EBD da Igreja Bíblica Vida de São Paulo. Que neste mês pela Palavra de Deus possamos nós compreendermos a profundidade e a preciosidade do Santo Evangelho de Jesus Cristo.
Introdução
“Sabe, também, que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos.” (2 Tim 3.1). Estas palavras contêm uma advertência de perigos iminentes. E há quatro coisas nas mesmas: – Primeiro, a maneira do aviso: “Sabe.” Em segundo lugar, o próprio mal do qual são avisados: “tempos trabalhosos”. Em terceiro lugar, a forma de sua introdução: “sobrevirão”. Em quarto lugar, o tempo e a época dos mesmos: “nos últimos dias”. É dever dos ministros do evangelho prever e tomar conhecimento dos perigos nos quais as igrejas estão caindo. E o Senhor nos ajude, e todos os outros ministros, para sermos despertados para esta parte do nosso dever! Você sabe como Deus o define (Ez 33) na parábola da vigilância, para advertir os homens da aproximação de perigos.
O apóstolo Paulo na sua previsão escatológica previu por uma visão do Espírito que os últimos dias seriam pontilhados pela multiplicação de ações contrarias a Lei de Deus, e que os últimos dias seriam tempos trabalhosos ou terríveis, visto que, o sistema mundano se manifesta cada vez mais anarquista, desorganizado, sem ética, liberal e contrário a palavra de Deus. O período histórico, chamado pelos escritores bíblicos de "últimos dias", corresponde a era messiânica, e iniciou-se com a primeira vinda de Jesus Cristo, e se encerrará com a segunda e gloriosa volta do Senhor.
I. Um Período Difícil para o Povo de Deus
O ser humano desde a queda (Gn 3), vem incorporando características diabólicas em seu comportamento como indivíduo e sociedade. O apóstolo Paulo enumera esses tipos de comportamentos em número de dezenove, e faz menção sobre este tipo de pessoas como aqueles que tem as suas mentes corrompidas, são reprovados na fé e são opositores à Verdade. Esses estão se multiplicando e causando desconforto e insegurança a sociedade. Na verdade nós já estamos vivendo esses dias, dias de grande decadência moral e extrema corrupção, chamados biblicamente de tempos trabalhosos.
Paulo inicia falando dos tempos trabalhosos que sobreviriam nos últimos dias (v.1). Essa é uma nítida evidência de que estamos diante de uma profecia. Muitos alegarão que ele está a predizer um futuro distante, o que é verdade. Mas, especificamente, ele escreveu a Timóteo, o seu “verdadeiro filho na fé” (1Tm 2), ou simplesmente “meu amado filho” (2 Tm 1.2); com o objetivo de instruí-lo e exortá-lo a permanecer na “fé não fingida que em ti há” (2 Tm 1.5). Portanto, Timóteo estava sendo alertado quanto aos filhos de satanás que se infiltrariam na Igreja a fim de perverter o Evangelho, causando estragos à fé. Como dupla profecia, ela serviu de alerta para Timóteo e os irmãos da Igreja Primitiva, quanto para todos os crentes em todos os tempos. Logo, é um aviso para nós também, o qual não pode ser negligenciado nem desprezado.
II. Os Desafios da Igreja nestes Tempos Trabalhosos
Os tempos difíceis referem-se não ao ataque externo, daqueles que odeiam a fé cristã, e estão dispostos a persegui-la, destruí-la se possível; mas ao ataque sutil, malévolo, engenhoso, daqueles que se dizem crentes, têm um comportamento parecido com o de um crente, muitos se comprometem com a Igreja, até mesmo professam algumas verdades, mas, em seu íntimo, têm a mesma aversão e ódio que os de fora, e o intuito é o de igualmente destruir a fé cristã.
São traidores, ardilosos; lançam discórdias, plantam dúvidas, suspeitam de quase tudo, espalham uma crença vacilante com o propósito de implantar na Igreja a perplexidade, a ambiguidade; fazer a fé cristã parecer menos a revelação divina e mais um amontoado de pontos indistintos; claramente dispostos a engendrar a confusão, o ceticismo, a rejeição à Palavra. Ao dar ouvidos a espíritos enganadores e a doutrina de demônios, têm a consciência cauterizada, e se entregam a proclamar a mentira (1 Tm 4.1). Eles trabalham como se fossem “missionários” satânicos, a espalhar o anti-evangelho, convocando nas fileiras de bancos das igrejas uma nova tropa de apóstatas que se unirão a eles e batalharão pela guerra perdida do seu general, contudo, sem deixar de fazer sérios e grandes estragos.
III. O Cristão em meio aos Tempos Trabalhosos
Hoje, para escândalo do Evangelho, muitos ditos “irmãos” sequer se preocupam em manter as aparências. Eles não agem sutilmente, nem dissimuladamente. São explícitos e diretos em sua pecaminosidade. Fazem questão de mostrá-la em alto e bom som para que todos vejam o quanto a sua alma é degradada; e batem no peito, garantindo que não mudarão, que terão de ser “engolidos” assim como são. Demonstram claramente a que vieram, e porque estão ali: a arrogância e o desprezo a Deus. São verdadeiros “caras-de-pau”, mas ao menos conhecemo-los o suficiente, pois não deixam nenhuma dúvida quanto aos seus caracteres ímpios. “Destes afasta-te” (2 Tm 3.5). Mas, e quanto aos educados, tolerantes, encantadores, agradáveis, e revestidos de uma áurea inocente, com suas frases cheias de citações bíblicas, aparentando-se espirituais? Não são os mais difíceis de serem detectados? Aparentemente, sim. Contudo, Paulo os descreve precisamente: “estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé” (2 Tm 3.8).
Quanto mais nos afastarmos da Bíblia, como a revelação divinamente inspirada de Deus; quanto mais nos envolvermos com os conceitos anticristãos; quanto mais dermos ouvidos às sandices do mundo, tendo a necessidade de nos justificar perante ele e de mantermos uma “aliança” perigosamente mortal; enquanto considerarmos que o homem do presente século é muito diferente do homem de dois mil anos atrás; enquanto nos enganarmos com as promessas de que os tempos são outros, e de que a verdade pode ser relativizada e contextualizada ao ponto de não se crer na infalível palavra de Deus; enquanto não resistirmos a todas as tendências imorais, antiéticas e voltadas unicamente para os deleites do homem, como o objetivo premente, à revelia dos princípios bíblicos; enquanto a fé for subjetiva em detrimento da objetividade do Evangelho; enquanto estivermos mais preocupados com as aparências do que com os fundamentos; enquanto estivermos adormecidos, e os agentes do mal labutando; enquanto... Seremos facilmente enganados até ao ponto em que não reconheceremos mais a verdade, e seduzidos pelo engano, teremos a mentira por fé. Portanto, a Escritura, e somente ela, é a única capaz de revelar o inimigo, suas táticas, e a maneira segura de pô-lo em retirada.
Conclusão
A Igreja tem testemunhado muitos casos de apostasia entre os santos. À medida que se aproxima a vinda de Jesus, o número de apóstatas aumenta preocupantemente. O Evangelino da cruz, com o desafio de sofrer por Cristo (Fp 1 .29), de renunciar ao pecado (Rm 8.1 3), de sacrificar-se pelo Reino de Deus e de renunciar a si mesmo, vem sofrendo constantes e impiedosos ataques (Mt 24.12; 2 Tm 3.1-5; 4.3). A Bíblia afirma que, nos dias que antecedem a manifestação do Anticristo, ocorrerá uma grande onda de apostasias (2 Ts 2.3,4). É hora de redobrar a vigilância. Infelizmente, há muitos incautos dispostos a aceitar semelhantes blasfêmias. Não nos enganemos: Deus está no controle de tudo e não precisa de permissão humana para atuar, quer na história das nações, quer na vida de cada um de nós. Ele é soberano e tudo tem de ser feito de acordo com a sua vontade. Quanto ao Diabo, foi este vencido para sempre na cruz. Aleluia!
Sugestão de Leitura da Semana: SANTOS, Matheus. O Viver do Cristão. São Paulo: Evangelho Avivado, 2019.
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