quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Cordonizes no Deserto - Uma Lição para Nós

 


Por Leonardo Pereira


O grande pecado do povo de Deus é a murmuração, que é o pecado de se queixar de Deus, falar mal dos outros, reclamar de tudo, na verdade a murmuração é uma tentação difícil de evitar. Somos humanos, falhos, cheinhos de defeitos e com uma tendência natural a transferir a responsabilidade pelos nossos erros para os outros e “outros” pode ser qualquer um, até Deus.

Conhecendo Deus só pelo Ouvir

Deus já havia feito muitos milagres e maravilhas depois que tirou o povo hebreu do Egito, mas aquele povão todo só conhecia o Deus dos seus pais de ouvir falar. Israel era um arremedo de nação e apesar da nuvem de glória presente dia após dia com eles, como adoradores eles eram bons saudosistas. Certo dia, um cidadão qualquer, teve desejo de comer carne e este desejo se espalhou por todo o arraial do povo de Deus e eles disseram: “Quem nos dará carne a comer?” (Nm 11.4).  Eles começaram a murmurar, a se queixar por só ter o maná para comer e o maná era uma espécie de semente que nascia com o orvalho da manhã, que depois de triturado, servia para fazer bolos. O detalhe é que este maná foi um milagre de Deus e eles não podiam armazená-lo para o dia seguinte, porque ele se estragava. Era a lição do pão nosso de cada dia, mais tarde citada por Jesus no Pai Nosso.

Grande Murmuração

O povo hebreu começou a sentir desejo de comer carne e com este desejo veio a saudade das comidas no Egito, veja: “Lembramo-nos dos peixes que no Egito comíamos de graça; e dos pepinos, e dos melões, e dos porros, e das cebolas, e dos alhos. Mas agora a nossa alma se seca; coisa nenhuma há senão este maná diante dos nossos olhos” (Nm 11.5,6). Peixe de graça? Como assim? Eles esqueceram que eles, sim, trabalhavam de graça para os egípcios, eram escravos e Faraó não fazia mais que a obrigação dele em mandar uns peixinhos para não deixar seus escravos morrer.

Deus não gostou nem um pouquinho daquele chororô dos hebreus, e a ira do Senhor se acendeu contra o povo. Moisés não gostou e disse: “Por que fizeste mal a teu servo, e por que não achei graça aos teus olhos, visto que puseste sobre mim o cargo de todo este povo?” (Nm 11.11). Moisés já estava cansado de suportar a murmuração daquele povo e ficou muito bravo porque Deus acendeu Sua ira contra aquele povo.

Na verdade Deus também estava cansado daquela murmuração constante, por mais que Ele fizesse nada mudava o coração rebelde dos hebreus, mas o cansaço de Moisés era maior, ele estava revoltado com aquele deserto, com o povo cobrando até cebolas dele e então Moisés desabafou e disse ao Senhor: “Concebi eu porventura todo este povo? Dei-o eu à luz? para que me dissesses: leva-o ao teu colo, como a ama leva a criança que mama, à terra que juraste a seus pais? De onde teria eu carne para dar a todo este povo? Porquanto contra mim choram, dizendo: Dá-nos carne a comer; Eu só não posso levar a todo este povo, porque muito pesado é para mim” (Nm 11.12-14). Foi forte!

O Aviso de Deus

Deus mandou Moisés avisar o povo: “E dirás ao povo: Santificai-vos para amanhã, e comereis carne; porquanto chorastes aos ouvidos do SENHOR, dizendo: Quem nos dará carne a comer? Pois íamos bem no Egito; por isso o SENHOR vos dará carne, e comereis; não comereis um dia, nem dois dias, nem cinco dias, nem dez dias, nem vinte dias; mas um mês inteiro, até vos sair pelas narinas, até que vos enfastieis dela; porquanto rejeitastes ao SENHOR, que está no meio de vós, e chorastes diante dele, dizendo: Por que saímos do Egito?” (Nm 11.18-20). Deus estava tão revoltado com o povo que disse que eles iriam comer carne até rachar.

O Senhor continuava irado com o povo hebreu e a questão não era o desejo deles de comer carne, ou melões, ou peixes, a questão era bem maior. O cerne da questão era o coração rebelde dos hebreus, que apesar de terem sido libertos de uma escravidão de mais de quatrocentos anos e tendo recebido a promessa de uma terra que mana leite e mel, diante do menor obstáculo, lamentavam ter saído do Egito, choravam a saudade de uma terra que não era a deles e que os escravizou sem dó nem piedade. Deus cumpriu Sua promessa com o povo de Israel e no dia seguinte soprou um vento do Senhor que trouxe codornizes do mar, espalhando os bichinhos por todo o arraial e em volta do arraial. A Bíblia diz que havia codornizes caminho de um dia para todos os lados do arraial. Ah, sim! Codorniz é o mesmo que codorna, aquela avezinha que produz ovos  pequenininhos e que são vendidos nos supermercados. Pronto, se o problema era carne, estava resolvido.

Uma Carne Perigosa

O povo fez a festa, era codorniz por todos os lados, veja: “Então o povo se levantou todo aquele dia e toda aquela noite, e todo o dia seguinte, e colheram as codornizes; o que menos tinha, colhera dez ômeres; e as estenderam para si ao redor do arraial”(Nm 11.32). Tudo parecia lindo, só teve um probleminha, Deus não toma por inocente quem tenta a Ele, quem volta seu coração à rebeldia e, acima de tudo, quem é incrédulo por convicção, quem duvida do Poder do Deus Altíssimo. A rebeldia dos hebreus teve uma consequência imediata: “Quando a carne estava entre os seus dentes, antes que fosse mastigada, se acendeu a ira do SENHOR contra o povo, e feriu o SENHOR o povo com uma praga mui grande”(Nm 11.33). Eles tiveram uma enorme infecção e como não havia penicilina, nem antibióticos, naquele deserto foram sepultados todos os que se entregaram ao desejo de comer carne e voltar para o Egito.

A murmuração em todos os tempos nunca deu certo, ainda mais quando a este pecado se junta o pior de todos, a incredulidade, a dureza de coração, quando se passa a tentar a Deus com coisas que não são essenciais. A história das codornizes no deserto poderia ter terminado de outra forma, se o povo hebreu apenas tivesse desejado comer carne, não há qualquer mal em desejar comer alguma coisa, está escrito: “Agrada-te do SENHOR, e te concederá os desejos do teu coração” (Sl 37.4). Deus concederia o desejo do coração do Seu povo, mas eles se rebelaram contra o Senhor e quiseram até voltar para o Egito, não deu certo. Para nós fica a belíssima lição que aprendemos com os hebreus por contraste, aquilo que eles fizeram não pode ser repetido. Confie no Senhor, creia nas promessas Dele para a sua vida, pois Ele é o Deus que jamais falhou em todas as suas promessas.


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