quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Outubro/2020 - Capítulo 4 - A Defesa do Apostolado de Paulo

 



Comentarista: Maxwell Barbosa



Texto Bíblico Base Semanal: 2ª Coríntios 10.1-18

1. Além disto, eu, Paulo, vos rogo, pela mansidão e benignidade de Cristo, eu que, na verdade, quando presente entre vós, sou humilde, mas ausente, ousado para convosco;
2. Rogo-vos, pois, que, quando estiver presente, não me veja obrigado a usar com confiança da ousadia que espero ter com alguns, que nos julgam, como se andássemos segundo a carne.
3. Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne.
4. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas;
5. Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo;
6. E estando prontos para vingar toda a desobediência, quando for cumprida a vossa obediência.
7. Olhais para as coisas segundo a aparência? Se alguém confia de si mesmo que é de Cristo, pense outra vez isto consigo, que, assim como ele é de Cristo, também nós de Cristo somos.
8. Porque, ainda que eu me glorie mais alguma coisa do nosso poder, o qual o Senhor nos deu para edificação, e não para vossa destruição, não me envergonharei.
9. Para que não pareça como se quisera intimidar-vos por cartas.
10. Porque as suas cartas, dizem, são graves e fortes, mas a presença do corpo é fraca, e a palavra desprezível.
11. Pense o tal isto, que, quais somos na palavra por cartas, estando ausentes, tais seremos também por obra, estando presentes.
12. Porque não ousamos classificar-nos, ou comparar-nos com alguns, que se louvam a si mesmos; mas estes que se medem a si mesmos, e se comparam consigo mesmos, estão sem entendimento.
13. Porém, não nos gloriaremos fora da medida, mas conforme a reta medida que Deus nos deu, para chegarmos até vós;
14. Porque não nos estendemos além do que convém, como se não houvéssemos de chegar até vós, pois já chegamos também até vós no evangelho de Cristo,
15. Não nos gloriando fora da medida nos trabalhos alheios; antes tendo esperança de que, crescendo a vossa fé, seremos abundantemente engrandecidos entre vós, conforme a nossa regra,
16. Para anunciar o evangelho nos lugares que estão além de vós e não em campo de outrem, para não nos gloriarmos no que estava já preparado.
17. Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no Senhor.
18. Porque não é aprovado quem a si mesmo se louva, mas, sim, aquele a quem o Senhor louva.

Momento Interação

Com uma mentalidade militar, Paulo fala da milícia cristã, mas esta força militar não é para gerar a destruição, mas a construção ou a reconstrução de vidas derrotadas pelo diabo. Como eu sempre falo aos meus filhos, desde pequenos, que destruir, embora pareça mais atraente, por causa das superproduções cinematográficas, envolvendo grandes explosões e colisões fantásticas, é muito fácil e sem graça. O bom mesmo é construir. Toda construção requer trabalho, energia, força, garra, tempo e muita dedicação. Em 2 Coríntios capítulo 10, Paulo começa falando sobre as armas que têm utilizado na sua luta para pregar o Evangelho de Jesus. São armas espirituais poderosas em Deus para destruir toda e qualquer oposição. Ele não prioriza artifícios humanos, mas restringe a eficácia do seu ministério a intimidade com Deus. Ele continua dizendo que o motivo disso é que todos nós pertencemos ao Senhor Jesus. Portanto se alguém quer gloriar-se, glorie-se no Senhor.

I. Defesa contra os Falsos Apóstolos

Falsos apóstolos haviam aparecido em corinto que se opunham a Paulo. Ele defendeu o seu apostolado e advertiu com severidade os coríntios a seguirem os seus verdadeiros ensinamentos. Veremos doravante de 10.1 a 13.10 a defesa de Paulo conta esses falsos apóstolos. Nesses quatro capítulos, Paulo lidou com o problema dos falsos apóstolos (11.13) que haviam se oposto à sua autoridade. Mesmo com Tito tendo trazido as boas notícias sobre a resolução dos problemas anteriores em Corinto, esse problema adicional exigia a atenção de Paulo.

Paulo havia expressado confiança na igreja de Corinto como um todo (7.16), mas nem todos os coríntios foram totalmente persuadidos a apoiá-lo. Entre 9.12-15 e 10.1, o tom de Paulo mudou abruptamente de esperança e agradecimento para exasperação à medida que ele se vê forçado a defender a genuinidade do seu chamado como apóstolo. A atenção de Paulo dá a esse problema é dividida em três partes principais: o poder espiritual de Paulo (10.1-12), os seus motivos para gloriar-se (10.13-12.21) e uma advertência solene (13.1-10).

II. Poder Espiritual

Paulo desafiou os seus inimigos chamando a atenção deles para o poder divino que acompanhava o seu ministério. Paulo tinha a profunda preocupação de que os coríntios se lembrassem do ponto de vista cristão sobre a guerra espiritual. A guerra espiritual não é travada da mesma maneira que as nações do mundo guerreiam. Mesmo sendo homens, não devemos lutar da mesma maneira que eles, segundo padrões humanos – vs. 3. As nossas armas não devem ser humanas, mas poderosas em Deus para destruição de fortalezas.

Entre elas, a oração, a proclamação da poderosa Palavra de Deus e a autoridade para desviar oposições demoníacas (At 16.18; Ef. 6.10-18). Além disso, existia um tipo de autoridade apostólica poderosa que podemos vislumbrar ligeiramente nas confrontações de Pedro com Ananias e Safira (At 5.1-11) e com Elimaz (At 13.8-12). Essa autoridade apostólica tinha um poder irresistível quando era usada (Jo 14.13).

No reino espiritual (sobre o qual Paulo estava talando), a palavra "fortaleza" se refere a centros de oposição demoníacos ao evangelho (l Pe 5.8-9; 1Jo 5.19). Paulo reconhecia que os seus inimigos em Corinto eram servos de Satanás (11.14-15), mas esse conhecimento não o assustava, porque o poder do Espírito Santo dentro dele era muito maior. Falsa sabedoria e argumentos sofisticados eram algumas das armas usadas por aqueles servos de Satanás em seu ataque contra Paulo.

Paulo havia, anteriormente, falado sobre a diferença entre a sabedoria desse mundo e a sabedoria espiritual da mensagem da cruz, e ele havia advertido os coríntios quanto a serem iludidos pela sabedoria do mundo (1Co 1.18-2.16). Agora, Paulo via que os seus inimigos haviam feito alguns avanços com a falsa sabedoria à qual ele deveria se opor totalmente e, ao mesmo tempo, ganhar novamente a lealdade e a obediência dos cristãos coríntios.

III. A Defesa de Paulo

Se os coríntios cerrassem fileiras para se opuserem a esses falsos apóstolos, Paulo estava pronto para exercitar a disciplina na igreja quanto aos falsos apóstolos pelo mal que eles haviam trazido para a igreja. Paulo sabia que deveria se revestir da autoridade que Cristo havia dado a ele e advertiu os coríntios que ele estava disposto a exercer essa autoridade (vs. 4). Paulo não usava o tipo de oratória treinada e prezada pelo mundo e que era projetada para trazer glória para o orador. Os que foram influenciados pelos inimigos de Paulo desvalorizaram o ministério de Paulo porque ele não tinha, ou escolheu não usar, essa habilidade (cf. as notas sobre 1Co 1.17; 2.1).

Incentivados pelos "apóstolos" rivais, alguns coríntios influentes haviam começado a considerar esses homens como superiores a Paulo. Paulo foi julgado deficiente como orador (vs. 10; 11.5), que oscilava entre a firmeza enquanto ausente e a timidez quando presente (vs. 10-11), sem amor para com eles (ao recusar uma doação em dinheiro, o que, na visão deles, os desconsiderava como inferiores; 11.7-11; 12.14-18) e deficiente em algumas experiências religiosas de “poder" (12.1-5).

Paulo preferiu lidar com esse problema recusando-se a comparar-se com os seus inimigos de maneira direta, uma vez que os padrões de comparação escolhidos pelos coríntios (a sabedoria do mundo) eram imperfeitos. Em vez disso, Paulo comparou-se aos seus inimigos de uma maneira irônica, usando um tipo de comparação, mas que na essência mostrava o contraste absoluto que havia entre eles e ele próprio (11.16-12.10).

IV. Glorificação Adequada

Paulo começou a "gloriar-se" só para dizer o que Deus havia feito por meio dele, incluindo a conversão dos próprios coríntios. Deus havia enviado Paulo para trabalhar em Corinto - algo que Paulo deu a entender que não era verdade quanto aos seus inimigos. Paulo estava esperando que os coríntios repudiassem os falsos apóstolos e crescessem ainda mais na fé. Então, a igreja de Corinto proveria uma base perfeita da qual ele poderia iniciar uma outra viagem missionária na direção do Ocidente, para Roma e, posteriormente, para a Espanha (At 19.21; Rm 15.22-29). Porém, a situação cm Corinto deveria ser resolvida antes que ele pudesse fazer isso.

Nos vs. 17, Paulo cita Jr 9.24 "quem se gloriar, glorie-se no Senhor", em que o profeta esclarece que a glorificação era verdadeira somente quando reconhecemos a grandeza de Deus. Todos os motivos de orgulho mencionados por Paulo nessa epístola terminam do modo correto: dando glória a Deus e, desse modo, gloriando-se no Senhor. Novamente Paulo – vs. 18 - muda o foco da perspectiva humana (não é aprovado o que se gloria a si mesmo), meramente horizontal, para a perspectiva divina (cf. 5.11,16; 6.8-10), onde é louvado aquele que o Senhor louva.

Conclusão

Compartilhar o evangelho não é a única vez que vemos resistência. Também podemos enfrentar fortalezas demoníacas em nossas vidas, em nossas famílias e até mesmo em nossas igrejas. Qualquer pessoa que tenha lutado contra um vício, orgulho ou teve que "fugir das paixões da mocidade" sabe que o pecado, a falta de fé e uma visão mundana da vida são de fato "fortalezas". O Senhor está construindo a Sua Igreja, e as "portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16.18). Aquilo de que precisamos são soldados cristãos, totalmente devotos à vontade do Senhor dos Exércitos, o qual vai usar as armas espirituais que Ele mesmo oferece. "Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o nome do SENHOR, nosso Deus" (Sl 20.7).



Sugestão de Leitura da Semana: RIBEIRO, Anderson. 1ª Coríntios. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.



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