sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Novembro/2021 - Capítulo 1 - Salmos - O Livro da Adoração ao Senhor

 


Comentarista: Eliezér Gomes



Texto Bíblico Base Semanal: Salmos 51.15-19

15. Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca entoará o teu louvor.
16. Pois não desejas sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas em holocaustos.
17. Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.
18. Faze o bem a Sião, segundo a tua boa vontade; edifica os muros de Jerusalém.
19. Então te agradarás dos sacrifícios de justiça, dos holocaustos e das ofertas queimadas; então se oferecerão novilhos sobre o teu altar.

Momento Interação

Prezados estudantes da Palavra do Senhor. Neste mês de novembro, estudaremos acerca do livro de Salmos com a temática: Uma Vida de Adoração - O Padrão da Adoração de Salmos para nossos dias. O comentarista deste mês é Eliezér Gomes. Ministro do Evangelho, teólogo, escritor, professor de Estudos Bíblicos e autor do livro Batalha Espiritual e Maturidade Espiritual, ambos pelo Evangelho Avivado. Desejamos à todos os estudantes das Escrituras Sagradas um excelente estudo no Livro dos Salmos. Bons Estudos!

Introdução

Ler e ponderar o livro de Salmos pode aproximar os alunos de Deus e ajudá-los a sentir Seu amor. Salmos é uma fonte de inspiração para a adoração desde a Antiguidade e continua a ser muito usado no louvor e no estudo tanto por judeus como cristãos. Como uma coleção de hinos, súplicas e louvores poéticos da antiga Israel, o livro de Salmos pode tocar os alunos ao pensarem em maneiras de adorar o Senhor, pedir Sua libertação e agradecer por Sua ajuda. Estudar os princípios do livro de Salmos pode trazer paz aos alunos e inspirá-los a louvar a Deus e confiar Nele. Salmos é o livro do Velho Testamento mais citado no Novo Testamento, pois “nenhum livro do Velho Testamento é mais cristão em sua essência ou mais plenamente atestado como tal pelo seu uso do que os Salmos”. Muitos salmos contêm referências proféticas ao Salvador e fazem alusão a acontecimentos que ocorreriam na vida Dele (cf. Sl 22.1,7,8,16,18; 34.20; 41.9; 69.20,21).

I. Introdução ao Livro dos Salmos

Salmos é o livro de hinos e de orações do povo de Israel antigo. A maioria dos Salmos foi escrita e musicada para uso no Templo, nas reuniões de adoração. Em hebraico, o seu título é “Livro de Louvores”. A palavra “Salmo” é de origem grega e quer dizer “canção” ou “hino”. Dá-se o nome de “Saltério” à coleção completa dos Salmos. O livro de Salmos está dividido em cinco seções principais: Salmos 1–41; 42–72; 73–89; 90–106; 107–150. Cada uma delas termina com uma expressão de louvor [por exemplo, “Bendito seja o Senhor Deus de Israel de século em século. Amém e Amém” (Sl 41.13). Muitos salmos foram escritos originalmente como hinos a serem cantados em serviços religiosos. Esses hinos eram utilizados para adoração, louvor e meditação, e alguns textos apresentam semelhanças com poemas hebraicos. Alguns títulos “talvez sejam o nome de melodias conhecidas naquela época, com as quais os salmos deviam ser cantados”. 

Os vários autores que escreveram os salmos viveram em épocas diferentes, a maioria entre os anos 1000 e 500 a.C., aproximadamente. Não se sabe ao certo quando o livro de Salmos foi compilado em seu formato atual, mas acontecimentos mencionados no Salmo 137 indicam que esse processo só foi concluído após o exílio dos judeus na Babilônia: “Junto dos rios de Babilônia, ali nos assentamos e choramos, quando nos lembramos de Sião. (…) Pois lá (…) nos levaram cativos” (Sl 137.1,3).

II. Salmos - O Hinário de Israel

O Livro dos Salmos é o livro mais lido da Bíblia. Salmos são poemas com música que eram cantados durante o culto no templo ou nas festividades religiosas de Israel. Os Salmos lidam com as emoções humanas, por isso são tão apreciados. Os outros livros da Bíblia focalizam as ações, os Salmos focalizam com os sentimentos, algo que envolve a todos nós. Os seus 150 capítulos expressam praticamente todas as emoções humanas. Emoções de amor, alegria, tristeza, desespero, angústia, depressão, raiva, vingança, desespero, humildade e vitória, só para citar algumas, são abordadas no Livro de Salmos. Os compositores das letras e das músicas fizeram no passado exatamente o que os compositores de hoje fazem, transmitir a emoção por meio da letra, dos intrumentos e do canto.

Expressões verbais de louvor e ação de graças a Deus são encontrados em quase todos os Salmos. O louvor é algo eminentemente emocional. A escrita do livro de Salmos se estendeu por aproximadamente 1.000 anos. Davi escreveu a maioria dos Salmos, mas ele não foi o único autor. Outros compositores foram Asafe, Hemã, Salomão, Moisés e Etã. Doze Salmos foram escrito pelos filhos de Coré. Os filhos de Coré eram os cantores do templo. 61 dos Salmos são anônimos. O Livro dos Salmos é dividido em cinco hinários, mantendo assim uma correlação com a Torá, os cinco primeiros livros da Bíblia.

III. Salmos - Livro de Adoração ao Senhor

Salmos é um dos livros mais apreciados pelos cristãos. Quem nunca encontrou conforto e consolo em tempos de necessidade em suas páginas? Porém, sua autoria, teologia, interpretação e aplicação são temas que geram muitos debates que o tornam um dos livros mais complexos do cânon. Alguns Salmos parecem ser datados do segundo milênio  a.C. enquanto outros foram produzidos no período pós-exílico. Porém, a composição do livro de modo completo ocorreu apenas no período pós-exílico, isto é, após o ano 539 a.C.

A autoria de cada um dos Salmos é deduzida a partir do seu título. Apenas 34 Salmos não possuem título. Dentro do grupo de Salmos que possuem título 100 apontam seu autor. Dos 100 títulos que indicam o autor 73 são atribuídos a Davi. Outros autores são: Moisés – Salmo 90; Salomão – Salmos 72, 127; Asafe – Salmos 50, 73, 83; Hemã – Salmo 88; Etã – Salmo 89; Filhos de Coré – Salmos 42, 44 a 49, 84, 85, 87. O nome Salmos vem do grego Psalmoi, derivado da palavra psallo, que significa dedilhar, aludindo a um instrumento de cordas. Em hebraico o livro recebe o nome de Tehillîm, que significa cânticos de louvor. O livro de Salmos, segundo os estudiosos, pode seguir o mesmo conceito aplicado no livro dos Reis, isto é, alguém coleta e organiza materiais de diversas fontes de acordo com um propósito teológico, desta forma a mensagem geral do livro transcende a mensagem particular de cada Salmo.

Estudos comprovam que o livro de Salmos não foi completado de uma vez, pois suas partes I a III, encontradas nos manuscritos do Mar Morto (cerca de 150 a.C.), estão dispostas na mesma ordem que conhecemos hoje. Entretanto, os livros IV e V estão dispostos em outra ordem, o que pode significar que os livros I a III já estavam com sua ordem definida no fim do século II a.C., enquanto que os livros IV e V ainda estavam em processo de organização, concluído plenamente pouco antes do período de Cristo. Portanto, ao longo de quase mil anos, vários escritores compuseram suas poesias que foram organizadas em pequenas coleções em diferentes períodos da história com um propósito teológico. Com relação à forma os Salmos podem ser classificados em: louvor, lamento e sabedoria. Cada Salmo possui uma única forma, exceto o Salmo 22, onde os versos 1 a 21 são de lamento e os versos 22 a 31 são de louvor.

Conclusão

Os Salmos não eram exclusivos do povo hebreu, pois os povos mesopotâmicos também se utilizavam deste recurso literário para expressar suas emoções à divindade. A semelhança dos Salmos hebraicos com os mesopotâmicos se encontra na forma dos Salmos: o louvor e o lamento. Contudo existem diferenças consideráveis entre os Salmos hebraicos e mesopotâmicos, e uma delas é a abordagem do adorador mesopotâmico. Os Salmos de lamento mesopotâmicos tem a intenção de manipular a divindade, e para isto recorre a rituais de magia, pois entende que é culpado em todas as situações, mesmo que não saiba a razão. Como entende que a divindade mesopotâmica não seja justa e coerente o adorador apenas se propõe a aplacar a ira divina. O adorador hebreu pressupõe sua inocência e não tenta manipular a Deus com rituais de magia e encantamentos. Quando os Salmos indicam claramente a culpa do autor, como é o caso do Salmo 51, a ofensa a Deus é sempre de caráter ético, enquanto o lamento mesopotâmico é relativo ao sacrifício impróprio no culto.



Sugestão de Leitura da Semana: ROGÉRIO, Marcos. Livros Poéticos. São Paulo: Evangelho Avivado, 2019.



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