quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Pecado, Juízo, Arrependimento, Libertação e Queda - Um Retrato Vivo do Livro dos Juízes para os Nossos Dias

 


Por Leonardo Pereira


Os dias se passam em uma velocidade assustadora. De repente, de manhã já passamos para a tarde, e quando a noite chegar, tão logo nos colocamos à prepararmos para dormirmos para o próximo dia. Dependendo de pessoas, famílias ou mesmo a sociedade, a rotina pode mudar, permanecer ou mesmo encontrar variações no decorrer de nossas atividades diárias, em nosso cotidiano e em nosso relacionamento com Deus. Diferente de décadas atrás, com o advento da tecnologia e das redes sociais, nunca antes tivemos um acesso tão constante às informações regionais, nacionais e internacionais. O que nós admiramos em Deus e em sua poderosa Palavra é que mesmo com o passar dos anos, ainda que esteja ocorrendo a evolução da sociedade pela tecnologia, informações ou necessidades básicas, as Escrituras nos apresentam um íntegro padrão, um modelo autêntico de vida, para que possamos viver dignamente, na contramão do mundo, na contramão dos valores antibíblicos e anticristãos. A Palavra de Deus nos fala de uma obra entre as 66 escritas, sobre um povo que apresenta um padrão de vida desvirtuado, incongruente, imparcial, de conduta dupla e duvidosa. Esta conduta não fora somente um ano, dez anos, mas foram 350 anos de uma mesma condição moral, social e espiritual de uma nação, o Povo de Israel!

Um Pequeno Exemplo - Uma Pequena Reflexão

Imaginemos uma situação similar em nosso país durante o mesmo período: Diversas áreas da nação brasileira está sendo operada de maneira sofrível. A educação completamente destruída, a saúde inexistente, a segurança do país praticamente entregue à poeira, a igreja completamente alheia à tal condição do Brasil e a impunidade, a idolatria e a maldade reinando em pleno durante 80, 90 anos. Após este período tenebroso e aterrador, pessoas engajadas e comprometidas começam à realizar reformas maravilhosas dos mais variados setores da sociedade (do religioso ao social), de modo à recuperar o que estava em ruínas por mais ou menos 15,20 anos. No entanto, passando este período, novamente o país e a população é entregue a iniquidade e a imoralidade em praticamente todos os âmbitos da sociedade por um período de tempo de 100, 120 anos. Conseguem imaginar tamanho caos em que viveria a nação brasileira? Usando este pequeno exemplo, aí podemos traçar um paralelo entre este momento assustador que viveria o nosso país com a nação de Israel já estabelecida na Terra Prometida após a morte de Josué, porém sem dar um prosseguimento correto nas conquistas da porção que o Senhor outorgara aos descendentes do patriarca Abraão. O povo que já encontrava-se instalado na Terra da Promessa, aprouve ser melhor misturar-se com os povos que já ali habitavam do que entrarem em guerra e conquistar a terra que o Senhor lhes deu. Ali, deu-se o verdadeiro início de um dos períodos mais escuros da nação de Israel: o período dos juízes.

Por que este é um período tão tenebroso da Nação de Israel?

Para conhecermos melhor este período jurídico de Israel de aproximadamente de 350 anos, é importante realizarmos uma retrospectiva de como se decorreu o seu começo após a morte de Josué e a atitude das tribos de Israel quando adentraram-se na Terra Prometida. Após a morte de Josué, as duas tribos de Judá e Simeão continuaram à expulsar as nações estrangeiras da terra e continuaram as conquistas, obedecendo à voz de Deus. Judá e Simeão fizeram conforme o Senhor Deus de Israel: expulsaram e destruíram os estrangeiros de suas terras e a possuíram como herdade, e Calebe também recebeu como sua bênção á Hebrom como Moisés o dissera (cf. Jz 1.1-20). No entanto, as outras tribos recusaram à expulsar os outros povos. Muito pelo contrário, as outras tribos resolveram se misturar com eles e ajuntarem-se naquelas terras, o que depois o Senhor enviou o seu anjo repreendendo-os por tais atitudes (Jz 1.21,26-33; 2.1-5). O resultado foi o que encontramos no capítulo 2 do Livro de Juízes, quando resume muito bem o que se tornou o povo de Israel após a morte de Josué e da sua geração: "Faleceu, porém, Josué, filho de Num, servo do Senhor, da idade de cento e dez anos. E seultaram-no no termo da sua herdade, em Timnate-Heres, no monte de Efraim, para o norte do monte Gaás. E foi também congregada toda aquela geração a seus pais, e outra aquela geração a seus pais, e outra geração se levantou, que não conhecia o Senhor, nem tampouco a obra que fizera a Israel" (Jz 2.8-10). A conta chegou para a terceira de israelitas, que ao entrar na Terra Prometida, não mais conhecia à Deus ou a obra que realizara através de seus antepassados. Uma nação que desconhece o seu passado, caminha para o futuro rumo à escuridão. Um dos períodos mais escuros para Israel começavam bem ali, desconhecendo à Deus ou a sua atuação miraculosa até aquele presente momento.

O Comportamento de Israel durante os 350 Anos do Período Jurídico

Aquele pequeno exemplo que foi colocado no começo do artigo irá fazer mais sentido aqui quando compreendemos como vivia Israel no período dos Juízes. O autor deste livro vai nos informar que as atitudes do povo foram o catalisador para que houvesse um período de profunda obscuridade. Primeiro, nos é informado que o povo não conhecendo a Deus nem mesmo a Obra de Deus (Jz 2.10), deixaram de seguir à Deus para ir em direção aos outros deuses, para adorá-los e servirem como sendo os deuses verdadeiros deles (Jz 2.12,13). A ira do Senhor se ascendeu contra eles à ponto de entregá-los nas mãos dos outros povos que os roubavam e os deixavam em grandes apuros, de maneira que não poderiam reagir contra os seus roubadores, nem mesmo se reerguer (Jz 2.15). Assim se inicia o período dos juízes que de tempos em tempos, o Senhor Jeová levantava líderes destemidos e corajosos prontos à lutar por Israel e libertá-los das mãos dos tiranos governantes e roubadores que assaltavam a nação (Jz 2.16). No entanto, mesmo com os juízes em atividade para com Israel, haviam muitas pessoas que se prostituíam, se corrompiam, e idolatravam os deuses estranhos, sempre se desviando dos preceitos divinos (Jz 2.17). O resultado final da atitude do povo de Israel? quando o povo estava sofrendo agruras, opressões terríveis, eles clamavam à Deus por libertadores (juízes), de maneira à livrá-los daquela difícil situação. No entanto, após se libertarem do jugo opressor, quando os juízes faleciam, o povo se desviava dos caminhos do Altíssimo, indo adorar outros deuses e praticarem a apostasia, a idolatria, a prostituição e a corrupção de seus corações (Jz 2.18,19). Esta linha contínua de Israel na Terra Prometida sobre  pecado, juízo, arrependimento, libertação e queda continuou por 350 anos!

Retrato Vivo de Nossos Dias!

A história do Livro dos Juízes é a história de muitas pessoas e de muitas nações. A linha contínua da nação de Israel em seu período jurídico é a linha de uma história de vida de muitos sobre pecado, juízo, arrependimento, libertação e queda e assim se repete tudo de novo. O autor robustece ainda mais o conteúdo de sua obra quando acrescenta a condição moral e espiritual de seus patrícios quando ele mesmo diz: "Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada qual fazia o que parecia direito aos seus olhos" (Jz 17.6; 21.25). O que o autor do Livro de Juízes quer nos dizer? Claramente ele diz que cada um tinha o seu modo de viver, sendo má ou boa conduta. A nação de Israel naqueles dias não haviam uma ordem. Era uma verdadeira bagunça. Somente clamavam à Deus quando eles passavam por apertos, e uma vez mais libertos do jugo, voltavam à fazer novamente o que eles tinha por costume fazer: praticarem as iniquidades e fazerem o que bem entendessem. Assim, temos por base bíblica que o padrão de vida dos hebreus naqueles 350 anos, não deve de maneira alguma, permear as nossas vidas. Esta linha contínua da nação de Israel na Terra Prometida sobre  pecado, juízo, arrependimento, libertação e queda e sempre se repetindo não deve ser um modelo de vida. Isto significa nanismo bíblico e falta de maturidade espiritual. Por causa desta terrível conduta, Israel foi literalmente entregue aos seus opressores como advertência à não brincarem de intimidade com Deus. O Senhor busca um povo santo (1 Pe 1.15,16), e não de caráter duplo, que vive de circunstâncias da vida, no calor do momento. Vigiemos quanto ao nosso comprometimento com o Senhor e com as nossas responsabilidades diante do Altíssimo, o Criador dos Céus e da Terra! (Gn 1.1).


Referências:


1. Bíblia Sagrada. Almeida Revista e Corrigida. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.

2. BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.

3. HALLEY, Henry Hampton. Manual Bíblico de Halley. São Paulo: Editora Vida, 2000.

4. MUNIZ, Sidney. Panorama Bíblico Volume 2 - Livros Históricos. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.

5. PEREIRA, Leonardo. ...E Deus Levantou Juízes. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.


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