terça-feira, 26 de janeiro de 2021

A Liderança de Moisés e a Jornada de Israel pelo Deserto

 




Por Leonardo Pereira,



No próximo Comentário Bíblico Mensal, o do mês de Fevereiro de 2021, nós estudaremos um tema particularmente importante para a vida cristã no que se refere à experiências, legados, fé e esperança. Lições do Deserto é uma reflexão sobre como o povo de Israel se comportou durante a peregrinação de quarenta anos no deserto sob a batuta de Moisés, guiados pelo poder do Senhor passando pelos maiores desafios morais, éticos, sociais, psicológicos e espirituais das suas vidas. Ainda que o Pentateuco (os cinco livros escritos por Moisés) nos relate com detalhes primorosos o surgimento da nação hebreia partindo de Abraão quando saiu de Ur dos Caldeus (cf. Gn 12.1-3) ouvindo a voz de Deus e peregrinando aonde o Criador orientava-o, até quando o povo se instala no Egito sobre a segurança de José, governador da época nas terras de Faraó. O povo cresceu no Egito, a geração de José passou, um novo período na história do povo de Deus se despontava no horizonte e era chegado o tempo em que Israel teria o seu próprio lugar para adorar a Deus, agradecer e bendizer o seu nome, ser referência às nações da época, servi-lo com alegria e apresentar-se perante Ele de forma irrepreensível, santa e digna. Para tal momento, Deus preparava todo o cenário para estes acontecimentos. Moisés foi chamado por Deus para libertar o seu povo do jugo egípcio que clamava por salvação. A saída das terras de Faraó não seria fácil. O povo hebreu tinha dúvidas quanto à Moisés, Faraó tinha o seu coração endurecido para com as palavras de Deus por intermédio do filho de Anrão e Joquebede. Contudo, Deus libertou o eu povo com seu braço forte e mão estendida, abriu o Mar Vermelho, fez o povo da aliança com Abraão passar, fez os mesmos virem os egípcios perecerem no mar e ao serem libertados, louvaram ao Senhor com grande regozijo e confiança no Senhor. Era um novo momento para o povo de Israel em sua vida, peregrinando no deserto rumo à Terra Prometida.

A Difícil Peregrinação

Após a grande vitória que o Senhor lhes concedera diante dos exércitos de Faraó, Israel iniciou a peregrinação pelo deserto de maneira incrédula e murmuratória. Ao passo de três dias, a primeira reclamação do povo para com Moisés foi a escassez de água, algo um pouco contraditória para Israel, sendo que eles passaram pelo meio do mar como se estivessem em terra seca, com as águas partidas ao meio como se fosse um parede. Após esta murmuração, vários outros conflitos surgiram no deserto desde petições, idolatrias até disputas pelo poder. Israel dá-nos a entender que apesar de terem saído do Egito, viviam com os mesmos valores da escravidão, da idolatria e da incredulidade que outrora possuíam. A primeira geração hebreia pós-Egito era um povo infiel, incrédulo e que não possuíam escrúpulos algum com a intenção de matar Moisés e seu irmão Arão para satisfazer as suas próprias vontades. Viviam para seus próprios prazeres e não para Deus. Viviam como bem entendiam mas não cumpriam com tudo que tinha dito que cumpririam para com o Senhor. A iniciar a grande jornada durante os quarenta anos pelo deserto, Israel viveu completamente um crise de inversão de valores, já existentes naquele período. Em tão pouco espaço de tempo a nação hebraica se esquecera das leis, das promessas, das bênçãos e dos milagres que tantas vezes o Altíssimo outogou-lhes. Durante muito tempo, um dos maiores problemas da parte de Israel em sua jornada era a sua murmuração. O povo era inconstante, de tal maneira que Moisés, em certo momento, o homem mais manso da terra (Nm 12.3), irritou-se fortemente com o povo: "E aconteceu que, chegando Moisés ao arraial, e vendo o bezerro e as danças, acendeu-se lhe o furor, e arremessou as tábuas das suas mãos, e quebrou-as ao pé do monte; E tomou o bezerro que tinham feito, e queimou-o no fogo, moendo-o até que se tornou em pó; e o espargiu sobre as águas, e deu-o a beber aos filhos de Israel. E Moisés perguntou a Arão: Que te tem feito este povo, que sobre ele trouxeste tamanho pecado? Então respondeu Arão: Não se acenda a ira do meu senhor; tu sabes que este povo é inclinado ao mal" (Êx 32.19-22).

O Exemplo da Jornada de Israel para o Nosso Tempo

Dentre os que mais destacaram os reflexos da peregrinação da nação de Israel no deserto, encontra-se o doutor dos gentios, o apóstolo Paulo. Ele traça um paralelo deste período com a igreja de Corinto, citando o povo na jornada rumo á Terra Prometida como um modelo à não seguirmos pela sua incredulidade e murmuração durante o longo período da caminhada. Diz o apóstolo Paulo: "Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar. E todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar, E todos comeram de uma mesma comida espiritual; E beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo. Mas Deus não se agradou da maior parte deles, por isso foram prostrados no deserto. E estas coisas foram-nos feitas em figura, para que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram. Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles, conforme está escrito: O povo assentou-se a comer e a beber, e levantou-se para folgar. E não nos forniquemos, como alguns deles fizeram; e caíram num dia vinte e três mil. E não tentemos a Cristo, como alguns deles também tentaram, e pereceram pelas serpentes. E não murmureis, como também alguns deles murmuraram, e pereceram pelo destruidor" (1 Co 10.1-10). Paulo apresenta um resumo objetivo do povo quando eles adentraram, peregrinavam e prostaram-se no deserto. Podemos resumir que os hebreus da primeira geração viverem três períodos distintos rumo à Terra Prometida: regressar ao Egito, permanecer no deserto, e viver por sí só no deserto. Esta primeira geração enfrentou diversos desafios para serem superados, vencidos, tendo a confiança plena no Senhor e não em seu próprio braço. Infelizmente não foi assim que os hebreus interpretaram esta questão e por isso, muitos da primeira geração pereceram no deserto, por não compreenderem que devem confia no Altíssimo para superar o deserto, e não para se manterem sempre no deserto com as mesmas atitudes de antes, durante e depois da peregrinação. 

Conclusão
 
Mais que estudarmos e compreendermos a jornada de Israel pelo deserto na liderança de Moisés, guiado pelo Altíssimo para tamanha obra, é nós compreendermos os valores que o período de quarenta anos de peregrinação trazem em nossas vidas para o nosso tempo. Trazendo para a perspectiva bíblica, Israel saindo do Egito e entrando no deserto em sua caminhada não aprendeu ou mesmo desenvolveu um relacionamento especial e íntimo com o Senhor, mas sim, pelos seus pecados, idolatria e incredulidade, foram sepultados no deserto ainda em vida, por se afastarem dos caminhos do Senhor e do próprio Senhor. Trazendo para a perspectiva moral, o povo hebreu foi infiel ao Senhor em suas palavras e obras, não escutando-o através do seu servo Moisés, até mesmo pessoas como Datã, Corá e Abirão disputarem o poder da liderança do povo para com ele e seu irmão Arão. A falta de comprometimento de Israel para com o Senhor era visível em suas condutas e ações, levando Deus tomar a justa decisão de fazer entrar em Canaã a segunda geração, salvo Josué e Calebe. Na perspectiva espiritual, a dependência total e plena do Senhor em meio ao deserto é uma lição que todos nós devemos adquirir. Foi o Senhor quem lhes deu pão e água no deserto, não os fazendo perecer de sede ou de fome nas areias das terras áridas. Foi Deus quem lhes protegeu a noite pelo coluna de fogo (para não morrerem de frio) e uma coluna de nuvem (para não morrem pelo calor) em pleno deserto. Mais do que aprender nesta jornada com Moisés e o povo de Israel, é compreendermos a doutrina primária da fé cristã nos livros de Moisés: a nossa suficiência vem de Deus! (2 Co 3.5).



Referências:

ATAÍDE, Romulo; MUNIZ, Sidney; PEREIRA, Leonardo; ROGÉRIO, Marcos. Comentário Bíblico Evangelho Avivado Volume 1 - Antigo Testamento. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.

BARBOSA, Maxwell. Ações de Graças. São Paulo: Evangelho Avivado, 2020.

MENEZES, Walter. Liderança & Legado. São Paulo: Evangelho Avivado, 2018.

PEREIRA, Leonardo. Jacó - Um Patriarca nos Caminhos do Senhor. São Paulo: Evangelho Avivado, 2018.

RIBEIRO, Anderson. 1ª Coríntios. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.

ROGÉRIO, Marcos. Livros Poéticos. São Paulo: Evangelho Avivado, 2019.


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