sábado, 20 de março de 2021

Comentário Bíblico Mensal: Março/2021 - Capítulo 3 - Guiados pelo Fruto do Espírito

 




Comentarista: Emanuel Barros



Texto Bíblico Base Semanal: Gálatas 5.16-26

16. Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne.
17. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis.
18. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.
19. Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia,
20. Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,
21. Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.
22. Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.
23. Contra estas coisas não há lei.
24. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.
25. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.
26. Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros.

Momento Interação

Quando cremos que Jesus Cristo, sendo Deus se fez homem, morreu em nosso favor e ressuscitou dentre os mortos, nós somos salvos! (Rm 10.9-10). E com certeza a salvação é o que de mais importante pode acontecer na vida de qualquer pessoa, ser perdoado por Deus e receber o dom da Vida Eterna (Mt 16.26). A partir daí, existe algo que é obrigatório: a transformação de vida (Rm 12.2), afinal, se de fato houve uma conversão, significa que nós morremos para a vida que nós tínhamos (2 Co 5.14, Rm 6.2), incluindo conceitos, crenças e prioridades (1 Co 1.20,21, 2Co 5.17), para viver uma vida nova em Cristo (Rm 6.8-11).

Introdução

Muitas passagens do Novo Testamento ensinam que os seguidores de Cristo precisam remover o mal de suas vidas. Temos que crucificar a carne ". . . com as suas paixões e concupiscências" (Gl 5.24). Algumas vezes, as pessoas não entendem tais instruções e pensam que a vida de um cristão é vazia, despojada de todo o prazer. Mas Deus não tem intenção de deixar um vazio, de tornar nossas vidas vácuos sem significado. Quando ele nos diz que precisamos remover o pecado, ele também nos mostra outras coisas ­ que são muito melhores ­ para encher nossas vidas e fazê-las mais ricas. Por exemplo, quando Paulo disse a Timóteo: “Foge, outrossim, das paixões da mocidade”, ele imediatamente acrescentou esta instrução positiva para encher o vazio: "Segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor" (2 Tm 2.22). Ele tinha que remover o mal, mas imediatamente lhe foi dito que pusesse o bem no seu lugar.

Gálatas 5 torna esta distinção muito clara. Precisamos crucificar a carne, removendo suas obras de nossas vidas (versículos 19-21). Mas Paulo não parou aí. Ele continua essa lista de obras proibidas com uma descrição do "fruto do Espírito" (versículos 22-23). Aqueles que vivem no Espírito devem andar no Espírito. Devemos desenvolver cada uma destas qualidades como uma parte de nossa personalidade. O fruto do Espírito tem que ser produzido na vida de cada seguidor de Cristo. Consideremos as nove características do fruto do Espírito, para ajudar-nos a desenvolver estas atitudes quando procuramos viver e andar no Espírito.

I. Andando no Espírito

Paulo escreve em sua Epístola aos Gálatas no capítulo 5.16: "Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne". A bíblia descreve como carne, aquilo que mora dentro do homem, e se opõem contra Deus e sua vontade. Nosso "eu" é uma central que causa muitos sinais e ações, e que todos tem o destino de se poupar e proteger, ganhar honra e favorecimentos próprios e se promover com a ajuda de outros. Isso são as concupiscências da carne, que são sem fronteiras com suas exigências e expectativas. Até um certo ponto podemos dominar ele, de qualquer forma até onde compensa pro nosso "EU". Mas de outro, estamos sob essas forças, como pessoas: "Igual apenas somos pessoas", ouvimos com frequência quando essas propriedades que herdamos como pessoas vem a tona. Mas Paulo diz que não precisas seguir essas cobiças, ao andar em Espírito. Você pensa diferente e tuas ações são diferentes do que das outras pessoas, nas diferentes circunstâncias da vida.

Mudança radical, só acontece com um arrependimento sincero e verdadeiro. Onde você se sente mal por ofender a Deus, reconhece a morte de Cristo no seu lugar, e passa a viver para Cristo, todo dia se policiando para fazer a vontade do Senhor! E aqueles que reconhecem a Cristo, entendem que não estariam vivos se não fosse Cristo! Ou seja, devemos nossa vida a Ele! Uma dívida ETERNA. Por isso, viveremos para ele eternamente, começando de AGORA. Paulo diz qual resultado devemos produzir ao andar no Espírito: "Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei" (Gl 5.22,23).

Muitos pensam que andar no Espírito é expulsar demônio, fazer sinais e pedir oração por tudo, até se passar um gato preto, já estão pedindo oração! Dons e operações do Espírito Santo, não são dadas a todos, e também não são importantes para nossa salvação (Mt 7.21-23). Pensam que só estão fortes se estiverem “sentindo coisas na igreja”, (2 Co 5.7) chorando por qualquer coisa, ou até mesmo pulando e saltando! Quando não conseguem sentir nada, eles logo perecem e começam a imaginar um monte de bobagens. Deus não nos chamou para viver sentindo coisas, mas chamou para andar pela fé.

Outros pensam que só estão fortes quando estão recebendo “revelamentos, visões e sonhos” frequentemente, caso contrário, começam a murmurar e dizer que Deus esqueceu deles (Jr 29.8,9). Quando tem dúvidas, vivem correndo atrás de profetas, ao invés de um professor de bíblia, ou mesmo a própria bíblia. Falam muito de oração, mas precisam receber profecias para saber o que Deus tem para eles? Pela bíblia, você é forte quando esta andando no Espírito, ou seja, fazendo a vontade do Espírito! Em plena comunhão com Cristo, totalmente em PAZ COM DEUS. Se você esta assim, glorifique e louve a Cristo, esta tudo bem!

II. O Perigo das Obras da Carne

As obras da carne são pecados graves que resultam da natureza pecaminosa do homem. Foi o apóstolo Paulo quem apresentou uma lista uma lista de praticas denominadas por ele como “obras da carne” ao escrever para os cristãos da Galácia (Gl 5.20,21). Para entendermos o significado da expressão “obras da carne”, precisamos primeiramente entender a forma com que o apóstolo Paulo utiliza a palavra “carne” em suas epístolas. No Novo Testamento, “carne” o grego sarx, O apóstolo usa esse termo em pelo menos três sentidos: 1) Num sentido geral, se referindo simplesmente à humanidade. 2) Num sentido mais específico, se referindo ao aspecto físico e material da vida humana. 3) Num sentido ainda mais específico, se referindo à natureza humana depravada e corrompida pelo pecado. Neste caso inclui a mente e a alma do homem.  Falando sobre as obras da carne no capítulo 5 da Carta aos Gálatas, é evidente que Paulo está aplicando a palavra “carne” para se referir à natureza humana pecaminosa. Inclusive, ele estabelece um contraste especial entre “carne” e “Espírito”, do grego pneuma.

Precisamos entender que a lista apresentada na Carta aos Gálatas possui semelhanças com outras listas também elaboradas por Paulo em outras ocasiões (Rm 1.18-32; 13.13; 1 Co 5.9-11; 6.9; 2 Co 12.20,21; Ef 4.19; 5.3-5; Cl 3.5-9; 1 Ts 2.3; 4.2-7; 1 Tm 1.9,10; 6.4,5; 2 Tm 3.2-5; Tt 3.3,9,10). A referência de 2 Coríntios 12.20,21, por exemplo, possui notável semelhança com a lista apresentada em Gálatas 5.19-21, apesar de também haver algumas diferenças naturais. Na lista registrada em Gálatas, a qual estamos estudando aqui, o apóstolo mencionou quinze elementos reputados como “obras da carne”. Devemos também notar que esta relação é representativa, ou seja, não pretende ser exaustiva. Isto significa que o apóstolo selecionou algumas práticas pecaminosas para representar as obras da carne. Isto fica claro ao final da lista das obras da carne, quando o próprio apóstolo conclui dizendo: “e coisas semelhantes a estas” (Gl 5.21).

O apóstolo Paulo faz uma grave exortação quanto ao perigo das obras da carne. Sobre isso, ele escreve que “não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam” (Gl 5.21). Com isto o apóstolo está dizendo que quem não vive segundo o Espírito, ou seja, quem se entrega às práticas da natureza pecaminosa, não participará da consumação do reino de Deus quando Cristo voltar. Essas pessoas não serão excluídas do reino porque suas obras foram más, visto que a salvação não é por obras, mas serão excluídas porque suas obras demonstraram que na verdade elas nunca foram regeneradas verdadeiramente.

III. O Conteúdo do Fruto do Espírito

Um dos propósitos principais do Espírito Santo ao entrar na vida de um Cristão é transformar aquela vida. É a tarefa do Espírito Santo conformar-nos à imagem de Cristo, fazendo-nos mais e mais como Ele. Os frutos do Espírito Santo estão em direto contraste com as obras da natureza pecaminosa em Gálatas 5.19-21: "Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam". Gálatas 5.19-21 descreve a vida das pessoas, em proporções diferentes, quando elas não conhecem a Cristo e, portanto, não estão sob a influência do Espírito Santo. Nossa carne pecaminosa produz certos tipos de fruto (Gl 5.19-21), e o Espírito Santo produz outros tipos de fruto (Gl 5.22,23).

A vida Cristã é uma batalha entre as obras da natureza pecaminosa e os frutos do Espírito Santo. Como pecadores, ainda estamos presos a um corpo que deseja coisas pecaminosas (Rm 7.14-25). Como Cristãos, temos o Espírito Santo produzindo fruto em nós e o Seu poder disponível para nos ajudar a vencer as ações da nossa natureza de pecado (2 Co 5.17; Fp 4.13). Um Cristão nunca vai ser completamente vitorioso em sempre demonstrar os frutos do Espírito Santo. No entanto, um dos propósitos principais da vida Cristã é progressivamente permitir que o Espírito Santo produza mais e mais de Seu fruto em nossas vidas – e de permitir que o Espírito vença os desejos pecaminosos que se opõem aos Seus frutos.

Conclusão

Paulo estava enfatizando que o julgo e as restrições do legalismo não eram capazes de nos fazer obedecer à vontade de Deus e renunciar as obras da carne. Então ele ensina que somente Espírito Santo é quem pode nos capacitar a viver para Cristo da maneira correta. Ao falar sobre as obras da carne, Paulo também está nos advertindo sobre o equilíbrio entre a liberdade e a responsabilidade. Nós nunca devemos confundir a liberdade que desfrutamos em Cristo frente às restrições da Lei, com a libertinagem. Nós somos livres, mas jamais devemos ser libertinos. A verdadeira liberdade em Cristo pode ser vista no fruto do Espírito, enquanto a libertinagem pode ser vista nas obras da carne.

A lista das obras da carne é representativa. Portanto, ela representa todos os vícios e práticas comuns da natureza humana pecaminosa. Apesar disto, bons expositores do Novo Testamento concordam que o apóstolo mencionou esses itens específicos porque naquele contexto era necessário que fossem mencionados. Isto significa que alguns destinatários da Epístola aos Gálatas ainda lutavam contra a prática destes males.



Sugestão de Leitura da Semana: RIBEIRO, Anderson. A Mensagem de Cristo. São Paulo: Evangelho Avivado, 2020.


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