Por Leonardo Pereira
Uma das belezas da oração é o privilégio que ela oferece ao povo de Deus para ter comunhão com o Todo-Poderoso, buscando seu perdão. Muitos de nós negligenciam este privilégio, perdendo assim as bençãos que vêm com ele. Quando Jesus disse aos seus discípulos que orassem, “perdoa-nos as nossas dívidas” (Mt 6.12), ele deixou subentendidas várias lições para seus seguidores.
Primeira, ser cristão não nos isenta da tentação. Paulo expressou isto em sua carta aos irmãos gálatas: “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado” (Gl 6.1). Não temos intenção de desagradar a Deus, mas podemos falhar aqui e ali. Por exemplo, podemos ser tentados a pensar mal de alguém. Podemos ficar com raiva de um irmão, sem causa. Podemos, por raiva, falar com irreverência ou pecar deixando de fazer alguma boa coisa que sabemos fazer (Tg 4.17). Há conforto em saber que podemos ir a Deus em oração, em busca do seu perdão.
Segunda, o seguidor de Cristo que erra o passo ou peca, torna-se endividado com Deus. O termo dívida significa algo devido. Portanto, se um cristão transgredir, ele deve, pelo menos, uma desculpa a Deus pela sua atitude ou comportamento impiedoso. No Senhor não há nenhuma escuridão. Nossa desobediência não manifesta a imagem do Criador. O apóstolo João, guiado pelo Espírito, expressa a garantia ao povo de Deus que, se confessarmos nossos pecados diante dele, podemos receber o perdão e a limpeza (1 Jo 1.9).
O pecado produz culpa e vergonha; muitos reagem a isto retirando-se, escondendo-se e evitando contato com irmãos em Cristo. Esta pode ser a razão por que muitos cristãos param de se encontrar com os santos. Os cristãos não devem atolar-se nos pecados, mas confessá-los ao Senhor, afastar-se deles e receber a benção do perdão. Retirar-se das reuniões com outros cristãos é imprudente porque isso dá oportunidade a Satanás. Deus não quer isto. Portanto, como está subentendido neste modelo, ele nos oferece a alternativa de confiar em Deus e buscar seu perdão através da oração.
Terceira, o povo de Deus continua a necessitar de seu perdão. Perdão do pecado foi o verdadeiro propósito quando Cristo veio à terra e morreu pelo homem. “Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém” (Lc 24.46-47). Este fato deverá humilhar cada um de nós. Se alguém começar a pensar que é demasiado velho ou inteligente demais para precisar do perdão de Deus, a arrogância se manifesta e o provérbio será verdadeiro: “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda” (Pv 16.18). Tal espírito de orgulho impedirá que o homem se humilhe diante do Todo-Poderoso para buscar seu perdão.
Finalmente, o perdão de Deus pela dívida do pecado de alguém depende da atitude dessa pessoa quanto a perdoar aos outros. A única atitude aceitável é a de Deus e Cristo. “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” (Mt 6.14,15).
Quando um cristão ofendido deixa de estender o perdão a outro, ele deixa de exemplificar a imagem de seu Senhor. Ele mesmo foi perdoado por Cristo quando se submeteu ao evangelho. Quando Pedro perguntou a Jesus quantas vezes tinha que perdoar seu irmão que peca contra ele, Jesus respondeu: “até setenta vezes sete” (Mt 18.22). Jesus, além disso, ilustrou com a parábola do servo injusto a importância de perdoar aos outros.
Este servo injusto recebeu o perdão de uma grande dívida para com o seu senhor, mas quando chegou sua vez de perdoar um camarada que estava em débito para com ele, meteu-o na prisão, em vez de perdoá-lo. Quando o senhor soube do que tinha acontecido, pediu a presença do servo injusto, chamou-o de peverso e incompassivo e, por causa da raiva dele, entregou-o aos torturadores até que pagasse tudo o que devia.
Que lição para nós nestes dias! Lembramo-nos de orar desta maneira: “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores”.
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