Por Leonardo Pereira
Com a produção de Ricardo Feghali e Cleberson Horsth, Sem limites é o primeiro e terceiro (vou explicar o porquê depois) álbum antológico de Aline Kistenmacker Barros dos Santos, ou, simplesmente, Aline Barros. É um álbum de adoração, que marca o início da carreira de Aline, com apenas 18 anos de idade. E é a nossa recomendação musical do mês de maio aqui no Blog Evangelho Avivado.
É importante, antes de tudo, contextualizar para você, querido irmão, o momento de Aline e da música gospel naquele momentos, visto que este álbum, não só marcou a carreira dela (muitos cantores não tem tanto sucesso em seu primeiro álbum, como Aline teve em seu primeiro), mas também a música gospel brasileira. Aline, que é filha dos pastores Ronaldo e Sandra Barros, com ministério até então na Comunidade da Vila da Penha, desde cedo já vinha mostrando sinais de que seria uma promissora cantora. Com dois anos, já manifestou interesse pela música, das quais começou a ser alcançado em 85, quando ela começa a integrar o ministério de louvor da Comunidade.
Em pouco tempo, já começa a participar de várias gravações, sendo que aos 14 anos ela grava o seu primeiro solo: a música Tua palavra, no CD da Comunidade da Vila da Penha, lançado pela MK Music. Isso, em pleno início dos anos 90, faz com que ela fique durante 45 (quarenta e cinco) dias seguidos na parada de sucessos das rádios do Rio. Dois anos depois, com 16 anos, ela grava a música Consagração, que, por sua vez, ganhou duas proezas inimagináveis para ela e para todos: 9 (nove) meses seguidos em PRIMEIRO LUGAR nas rádios de todo o Brasil, além da música ser cantada em todas as igrejas do país. Isso selou de vez Aline como cantora evangélica.
Em 1995, pela gravadora Grape Vine, Aline grava seu primeiro álbum: o LP (é, ainda era disco de vinil) Sem limites, contendo dez canções, sendo várias composições de pessoas conhecidas da música gospel, além de algumas versões. Após ter lançado seu disco "Voz do coração", em 1998, em 1999 a gravadora AB Records, lançada pouco tempo depois do lançamento do álbum inicial, lança uma nova versão do álbum, agora em CD, contendo além das 10 canções originais, mais duas canções: os sucessos Consagração/Louvor ao Rei e Tua Palavra, além de faixa interativa.
Vamos começar a análise?
Teclas com sons mais eletrônicos, um pouco psicodélicos, combinados a percussões simples, mas precisas, fazem a base de Sem limites, música título, e que tem a assinatura de Marquinhos Gomes. A música tem uma batida mais leve e lenta, e o efeito “anos 90” na voz de Aline é muito legal. Esse conjunto torna a música inovadora – mostrando qual vai ser a linha desse álbum. A letra fala que Deus não tem limites para nos dar a vitória, mesmo quando achamos que tudo está perdido. Destaque para o solo de violão no meio da canção.
Uma das mais conhecidas da carreira de Aline é, sem dúvida, Sou feliz, com a autoria dela e seu pai, Ronaldo. Uma introdução muito legal, com as teclas em sons menos eletrônicos, mas não menos modernos, desembocando em uma batida muito legal da percussão. Nesse momento, vemos mais firmes os backings vocais, que dão um ótimo suporte a música. É um belo exemplo de que apenas teclas e percussão conseguem fazer uma ótima parceria.
Uma junção de piano e órgão são a base da canção Cidade Santa, hino 521 do Cantor Cristão, de autoria do pastor português Robert Moreton. Possui uma tocada típica das canções da Harpa Cristã ou do Cantor Cristão. E essa mesma “essência” é o que Aline usa. As participações dos backings, junto da voz excepcional de Aline, fazem dessa um exemplo de que as músicas antigas não precisam de muitas modificações para que continuem sendo lindas.
Quando a força de Cristo falar é, na verdade, uma versão da canção "Picture perfect", de Micheal W. Smith. É uma música com estilo bem moderno, assim como a sua letra. É um belo pop, que traz as guitarras e cordas pra esse CD. O jogo de vozes, ao longo da canção, da um toque bem diferente – assim como a letra, que fala das futilidades de querer se tornar bonito, se maquiar, usar a roupa da moda, se, no fundo, não guardamos e cuidamos do nosso coração, buscando mais a Deus.
Apenas os violões – suficientes – conduzem Família, original de Twila Paris. Música suave, mas muito linda, que fala do plano de Deus para com todas as famílias. Ele quer restaurar os lares e trazer paz a todos. Gosto da percussão simples ao longo da canção, dando um estilo diferente. A junção dos backings com a voz de Aline fazem dessa, pra mim, uma das mais legais do disco.
Prosseguimos com a famosíssima canção Para sempre te adorarei, de autoria de Alda Célia. Acho que é uma das melhores do álbum, não só pela letra maravilhosa, mas principalmente por estar com todos os instrumentos – teclas, cordas e percussão, de forma correta, sem nenhum se sobressaindo. A letra, não preciso comentar, pois é uma das melhores. Embora seja uma regravação de 1995, a música tem estilo mais atual do que outras – para se ter uma ideia, a original de Consagração (você pode achar no Youtube) é do ano anterior e não é tão moderna quanto essa.
Outra letra de Alda Célia, Deus do impossível, é uma das mais conhecidas de Aline. Os arranjos, de teclas e percussão, são diferentes em dois momentos da música, sendo o primeiro mais “atual” que o segundo. Acho que a letra, conforme está posta, é um bom pedido para que a música tivesse uma duração maior – poderia se explorar mais um pouco a letra, com repetições e etc. Versa sobre a grandiosidade do nosso Deus, que é capaz de abrir o mar, libertar prisioneiros, dar filhos à mulheres estéreis, dar vista aos cegos, entre outras proezas!
Jesus faz parte, de Marquinhos Gomes novamente, é o único momento em que os metais aparecem, com o saxofone. É um estilo mais rápido que as outras canções, mas que em compensação, é um pop comum para a época, mas inovador na música cristã. A canção é cantada, não só por Aline, mas por várias crianças. Embora não seja uma música com “apelo” infantil, ela é, acima de tudo, uma canção animada, com várias batidas eletrônicas, tanto em percussão quanto em acordes. É uma das minhas favoritas!
É de Aline a autoria de Jesus Cristo mudou meu viver, um estilo mais calmo, que me lembra um pouco a música título. Basicamente nas teclas, com algumas participações da percussão, é uma bela oportunidade de prestigiar a voz excelente de Aline. A letra versa a diferença que acontece na vida e coração daquele que conhece e aceita a Cristo como seu salvador.
Se clamares, que se firma na percussão e nas teclas, de forma mais simples, é uma música interessante, cuja estrofe tem estilo mais calmo, enquanto o coro é mais “agitado”. A voz de Aline, junto do backing no coro, canta sobre o que acontece quando clamamos a Deus, onde obtemos vitórias e a ajuda de Deus.
As duas canções que seguem são inéditas no CD de 1999
Tua palavra, pra mim é a melhor deste projeto e uma das melhores da carreira de Aline – não por isso, foi uma das que alavancou a carreira dela. É uma canção completa, pois possui teclados, percussões e cordas em estilos comuns aos dias de hoje – ou seja, é uma canção muito à frente da época em que fora lançada. Além disso, quem a ouve percebe porquê Aline se tornou o que ela é hoje. Arranjos excelentes, vozes fenomenais, além de uma letra maravilhosa, foram combinação para o sucesso. A letra fala do poder da palavra conosco, para curar os doentes, para evangelizar a todos, ser luz e lâmpada para nós.
Para encerrar com chave de ouro, temos Consagração/Louvor ao Rei, que, nesse CD ganha uma nova roupagem, com mais órgãos e percussões um pouco mais fortes. Além disso, a nova versão é um pouquinho mais rápida. A letra é maravilhosa – entendo tranquilamente porque se tornou sucesso, pois pra 1994 ela é uma página a parte da nossa música evangélica. O órgão no final, enquanto se canta “A honra, a glória, a força e o poder ao Rei Jesus, e o louvor ao Rei Jesus” é de arrepiar!
Esse é um dos CDs mais conhecidos e admirados na história da música evangélica brasileira. Foi o primeiro passo da carreira de uma das maiores e melhores cantoras do país!
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