Por Leonardo Pereira
Por muitos motivos, ficamos admirados, maravilhados, surpreendidos quando olhamos para as obras de Deus. Ao ver a majestade de uma montanha, a grandeza do mar ou a força de uma cachoeira, ficamos admirados com a natureza. Contemplando o tamanho sem medida do universo, a distância entre as estrelas, a perfeição da posição do nosso planeta em relação ao sol, ficamos maravilhados. Quando uma criança nasce, aprende andar, falar, raciocinar, cantar, jogar bola ou tocar um instrumento, ficamos admirados. As obras de Deus realmente são maravilhosas.
E quando Deus olha para nós, ele fica admirado? Muitos brasileiros têm opiniões sobre quem seria considerado o melhor jogador de futebol de todos os tempos. Pode assistir filmes de jogos deste atleta e ficar admirado com a agilidade, o domínio da bola, etc. Mas Deus criou o homem com todo este potencial. Deus fica admirado com a habilidade atlética de uma das suas criaturas? Não sei fazer nada em termos de música, mas já assisti a pessoas tocando piano com agilidade e rapidez impressionantes, os dedos voando sobre as teclas evidentemente sem esforço, cada nota gravada na memória. Fico maravilhado. Mas Deus criou o homem e sabe o que é capaz de fazer. Quando alguém toca bem ou canta bem, Deus aplaude do céu e fica admirado?
Cada vez que uso um computador, entro na Internet, uso um telefone celular, dirijo um carro ou faço uma viagem de avião, fico admirado com os avanços na tecnologia e com a inteligência e a criatividade do homem. Mas Deus criou o homem com este potencial e lhe deu todos os recursos naturais para fazer grandes invenções. Deus fica admirado com isso? Vamos ser sinceros e realistas. Diante do Criador do universo, somos capazes de fazer algo impressionante para Deus? Ele fica admirado conosco?
Jesus – Deus em Carne – Ficou Admirado, Sim!
A palavra grega frequentemente traduzida como admirar ou maravilhar significa: “1) admirar-se, surpreender-se, maravilhar-se” (Léxico de Strong). Esta palavra é usada para falar da nossa admiração por Deus (2 Ts 1.10). É usada várias vezes para falar da reação das pessoas às obras de Jesus (Mt 12.22,23; 21.20; Mc 2.12). Mas esta palavra é usada somente em duas ocasiões (3 versículos) para falar da reação de Jesus ao homem. Ele se admirou, mas não com as grandes invenções ou a capacidade mental ou física do homem. Ele ficou admirado com a incredulidade dos homens! Vamos considerar estes dois momentos:
A rejeição em Nazaré (Mc 6.1-6). Quando Jesus foi para sua própria terra, os ouvintes rejeitaram às evidências apresentadas por causa dos seus preconceitos contra um vizinho. Jesus “admirou-se da incredulidade deles” (Marcos 6:6). Como é que o homem olha para as provas de Deus e ainda rejeita o próprio Criador?!
A diferença entre um centurião e o povo de Israel (Mt 8.5-13; cf. Lc 7.1-10). O centurião acreditou no poder da palavra de Jesus, confiando que Jesus poderia “mandar” sua palavra para cumprir sua vontade. Jesus se admirou pelo contraste entre esta fé e a falta de fé do povo de Israel. Eles tinham tantas vantagens e tantas oportunidades, e ainda não creram!
Paulo Admirou-se com o Desvio de Cristãos
Paulo escreveu aos gálatas: “Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho” (Gl 1.6). Aqui a questão não é só a evidência da existência de Deus ou da divindade de Jesus; envolve também a confiança na palavra. Uma vez que temos estudado e conhecido o evangelho, é de admirar quando alguém aceita uma doutrina errada e abandona a palavra de Cristo. Não é por isso que o autor de Hebreus falou de cair e não voltar? (Hb 6.4-6). O que mais Deus pode fazer? Criou o mundo, mandou o Filho, enviou o Espírito para revelar a palavra. Se alguém rejeitar totalmente tudo isso, é de se admirar!
Nós Devemos Ficar Admirados!
Devemos ficar admirados com as obras de Deus, para que Deus não fique admirado com a nossa incredulidade!
Temos motivo de nos admirar com as obras do Criador. Este tema é frisado no Antigo Testamento em trechos como Salmo 19.1: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos.” É o argumento que destaca a grandeza de Deus em Isaías 40 (leia, especialmente, versículos 12-18 e 25-26). No Novo Testamento, o mesmo argumento é usado para mostrar que ninguém tem motivo justo para negar a existência de Deus: “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis” (Rm 1.20).
Defesas do mesmo tipo – argumentos teleológicos (que alguém desenhou ou alguém causou as coisas porque a existência delas mostra um propósito) – têm sido apresentadas por muitas pessoas ao longo dos séculos desde a época da Bíblia. Seja o exemplo de um relógio citado por Paley séculos atrás, ou livros das décadas recentes defendendo dentro das ciências a crença em Desenho Inteligente ou Projeto Inteligente (especialmente o argumento de Complexidade Irredutível apresentado por Michael Behe e livros por autores como Michael Denton, Lee Strobel, Jonathan Wells e outros), a evidência de um Criador continua levando homens à fé em Deus.
É interessante observar que o argumento fundamental, seja de observações simples de povos primitivos ou de investigação profunda por cientistas altamente qualificados, é o mesmo: Alguém superior a nós fez este mundo e nos fez, e podemos observar algumas coisas do caráter deste Criador da própria criação. Temos motivo, também, de nos admirar com Jesus. A existência do Criador aponta para a sua revelação especial ou verbal (Sl 19.1,7; Rm 1.20,17). Não há revelação mais especial do que a de Jesus em carne. Relatos de primeira mão testificam de Jesus ressuscitado (Jo 20.30-31; 1 Co 15.3-8). E quando refletimos sobre a história do amor e do poder de Deus em nos oferecer a esperança da salvação, temos motivo para ficar admirados com esta maravilhosa graça!
E se não ficarmos Admirados com Deus?
O salmista fala da loucura de negar as evidências, de não ficar admirado com Deus: “Diz o insensato no seu coração: Não há Deus” e continua comentando sobre a consequência prática desta rejeição das evidências: “Corrompem-se e praticam abominação; já não há quem faça o bem. . . . Todos se extraviaram e juntamente se corromperem” (Sl 14.1-3). Quando o homem rejeita seu Criador, a tendência natural é de viver sem as restrições de uma autoridade superior, e assim se corromper no pecado.
Outras pessoas afirmam crer em Deus, mas na hora de provação negam sua fé. Jesus falou da gravidade desta falha: “Porque qualquer que, nesta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos” (Mc 8.38). E quando nos lembramos da admiração de Paulo com os cristãos que desviaram da revelação do evangelho, observamos também as consequências graves. Ele disse que os falsos mestres perturbavam os discípulos, pervertendo o evangelho e conduzindo pessoas a se desviarem da verdade. Estes enganadores seriam amaldiçoados (Gl 1.6-9).
A paz do Senhor meu querido.
ResponderExcluirÓtimo artigo, parabéns...