sábado, 31 de julho de 2021

Comentário Bíblico Mensal: Julho/2021 - Capítulo 5 - Orientações Morais e Espirituais aos Tessalonicenses

 




Comentarista: Eliezér Gomes



Texto Bíblico Base Semanal: 2ª Tessalonicenses 3.11-18


11. Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes fazendo coisas vãs.

12. A esses tais, porém, mandamos, e exortamos por nosso Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando com sossego, comam o seu próprio pão.

13. E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem.

14. Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe.

15. Todavia não o tenhais como inimigo, mas admoestai-o como irmão.

16. Ora, o mesmo Senhor da paz vos dê sempre paz de toda a maneira. O Senhor seja com todos vós.

17. Saudação da minha própria mão, de mim, Paulo, que é o sinal em todas as epístolas; assim escrevo.

18. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós. Amém.


Momento Interação

Paulo finalizou a carta com uma bênção e a assinou. Paulo concluiu com uma bênção e acrescentou uma mensagem de próprio punho para validar a sua epístola. Esse título “Senhor da paz” era particularmente importante para os tessalonicenses, visto que eles enfrentavam perseguição. Enquanto eles estivessem vivendo neste mundo, Jesus era a fonte de paz dentro de seus corações (Fp 4.7; Cl 3.15). Além disso, ele era a esperança deles para um mundo futuro no qual a paz substituiria todas as tribulações, tanto as interiores como as exteriores (Rm 14.17). Embora o apóstolo Paulo tenha feito uso de amanuenses para redigir suas epístolas, ele muitas vezes escrevia uma saudação final ou uma bênção de próprio punho. Ele chamou a atenção para essa prática como um sinal adicional de autenticidade, para contra-atacar os falsificadores que já tinham aparecido em Tessalônica ou que poderiam vir a aparecer ali no futuro (cf. 1 Co 16.21; GI 6.11; Cl 4.18; Fm 19).

Introdução

Ainda que ciente da fidelidade e do amor dos irmãos tessalonicenses, Paulo ficou sabendo que estava infiltrando-se no meio deles irmãos que viviam desordenadamente, “porque a fé não é de todos” (v.2). A desordem quanto ao labor e ao serviço cristão provoca ociosidade, que é preenchida com preguiça e maledicência. Quando Paulo pediu oração para que o Senhor os livrasse “dos homens perversos e maus” (v.2), não se referia aos incrédulos, mas aos falsos crentes que disseminavam uma forma de vida contrária aos ensinamentos paulinos. Ao dizer: “convém imitar-nos” (v.7), Paulo não usou de soberba, mas da autoridade de quem vivia o evangelho de Cristo.

I. Exortações aos que não ouvem a Orientação Moral e Espiritual

Notem que Paulo não os exortou, nem os aconselhou, mas lhes deu uma expressa ordem, em nome de Jesus, para que eles se apartassem dos irmãos que não estavam buscando viver o evangelho; não somente com a finalidade de não sofrerem influência, mas também para que os irmãos infiéis, envergonhados, pudessem reconhecer o seu pecado. Paulo não os considerava como inimigos, mas como irmãos que necessitavam ser advertidos acerca de seu mau procedimento (v.15). A genuína conversão dos tessalonicenses os fazia viver piedosamente conforme o exemplo que encontramos no livro de Atos: “Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum” (At 2.44). Isto os unia, mas também era um risco à medida que alguns, aproveitando-se da generosidade dos fiéis, deixavam de trabalhar para viver às custas da liberalidade de outros, e ainda se achavam no direito de intrometer-se “na vida alheia” (v.11).

Precisamos levar em grande consideração o pedido inicial de Paulo, quando disse: “orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague e seja glorificada” (v.1), para que não só oremos pelos pastores e obreiros de nossa igreja, como também a nossa vida seja uma manifestação das verdades do evangelho, “por termos em vista” oferecer ao mundo “exemplo em nós mesmos” (v.9) para nos imitarem assim como buscamos imitar a Cristo. Eu sei que este é um padrão no qual nenhum de nós cogita conseguir alcançar, mas é justamente por isso que precisamos que “o Senhor conduza o [nosso] coração ao amor de Deus e à constância de Cristo” (v.5). E esta é uma obra do Espírito Santo. A nossa parte é apenas aceitar esta obra em nossa vida, “porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (Rm 5.5). “Quando, porém, vier o Consolador, que Eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dEle procede, Esse dará testemunho de Mim”, disse Jesus (Jo 15.26).

II. Evitando aos que não escutam as Recomendações

Quando alguém faz bem, é certo apoiar e incentivar que continue. Mas o desejo pela aprovação pode ser prejudicial, e até fatal. “Aquele que quer aprender gosta que lhe digam quando está errado; só o tolo não gosta de ser corrigido” (Pv 12.1). A correção é uma parte necessária do crescimento de qualquer um. Se ninguém corrigisse nossos erros de gramática, nunca aprenderíamos comunicar bem. Se ninguém mostrasse erros de adição, subtração e outras operações simples, nunca conseguiríamos fazer cálculos mais complexos. Não duvido que todos os alunos gostariam de tirar notas perfeitas na escola, mesmo se seu empenho não merece tal aprovação. E funcionários gostam de elogios e aumentos salariais, mesmo quando não há motivo que justifica esses gestos. Mas não aprendemos quando outros apoiam os nossos erros. Não aperfeiçoamos nosso desempenho em nenhuma área sem o benefício da correção.

A necessidade da correção para progredir se aplica, especialmente, nas questões espirituais. Filhos precisam de pais. Ovelhas precisam de pastores. Todos nós precisamos das orientações que Deus deixou nas Escrituras para nos ajudar a corrigir os nossos erros e acertar o caminho que ele tem traçado para nós. “Como o cão que volta ao seu próprio vômito, assim é o insensato que repete a sua tolice” (Pv 26.11). Com certeza, há bons motivos por trás do instinto que causa o cachorro a lamber seu próprio vômito, mas não sentimos o desejo de imitar seu comportamento. Entendemos que o vômito geralmente é provocado como medida protetora, o corpo expulsando algo que lhe faz mal. A pessoa que vive repetindo seus erros nunca se livra das consequências indesejáveis.

“Você viu alguém que é sábio aos seus próprios olhos? Há mais esperança para um tolo do que para ele” (Pv 26.12). A pessoa que não quer ser criticada e corrigida deixa de buscar conselho e confia cada vez mais na sua própria sabedoria. Ela se acha sábia e, consequentemente, só piora na sua insensatez. “Não havendo direção sábia, o povo fracassa; com muitos conselheiros, há segurança” (Pv 11.14). Bons conselheiros questionam, discordam e ajudam a aprimorar ideias, assim fortalecendo as pessoas que procuram sua ajuda. Quando procuramos ouvir de várias pessoas, pesamos os argumentos e ganhamos da experiência de todas. Mas quando agimos sozinhos, corremos maior risco de errar. Como recebemos a correção? Os sábios a recebem com gratidão!

III. Bênçãos Espirituais aos leitores da Epístola

As bênçãos espirituais nas regiões celestiais dizem respeito à obra de Deus nos eleitos, e é a fonte divina de todas as demais bênçãos na vida dos crentes. Então essas bênçãos espirituais nas regiões celestiais incluem três aspectos: passado (eleição), presente (redenção) e futuro (herança eterna). Na Bíblia, é o apóstolo Paulo quem emprega essa expressão ao declarar: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo” (Ef 1.3).

Algumas pessoas consideram que o Antigo Testamento coloca as riquezas materiais em maior valor que as riquezas espirituais. Isso porque é possível encontrar com frequência no Antigo Testamento as promessas de Deus prometendo bênçãos materiais ao povo de Israel como recompensa por sua obediência. Mas esse tipo de interpretação é um erro. Na verdade o Antigo Testamento ensina claramente o valor mais elevado das bênçãos espirituais (cf. Sl 37.16; 73.25; Pv 3.13). Além disso, o próprio Novo Testamento afirma que os verdadeiros crentes do Antigo Testamento tinham consciência da sublimidade das bênçãos espirituais. Na galeria dos heróis da fé, por exemplo, o escritor de Hebreus escreve que a esperança de Abraão não estava depositada numa cidade terrena, mas que ele viveu como estrangeiro e peregrino neste mundo, pois esperava pela cidade celestial, cujo Arquiteto e Edificador é Deus (Hb 11.9,10).

Mas de fato na antiga dispensação havia uma ênfase diferenciada acerca das bênçãos materiais quando comparada ao Novo Testamento e sua maior ênfase nas bênçãos espirituais. Deus, sendo sábio Pedagogo, sabia que naquele tempo era necessária a descrição circunstancial das bênçãos materiais a fim de que, por meio destas, como símbolos o Seu povo escolhido pudesse chegar à justa apreciação do espiritual. Então podemos dizer que as principais bênçãos materiais prometidas a Israel no Antigo Testamento apontavam para a sublimidade das bênçãos espirituais. Por exemplo: a terra de Canaã era símbolo do lar celestial que aguarda o povo de Deus. 

Paulo ensina que os crentes foram eleitos e consequentemente predestinados para a adoção. Através da graça mediante a fé, os crentes – que outrora estavam mortos em delitos e pecados e eram inimigos de Deus – foram ressuscitados espiritualmente e receberam o perdão superabundante de seus pecados. Agora tendo sido reconciliados com Deus, os crentes ainda recebem a garantia de que, de fato, são filhos e herdeiros de uma herança inviolável. Essa garantia é o próprio Espírito Santo.

Conclusão

Quanto a nós, não nos cansemos “de fazer o bem” (v.13), procurando seguir o incomparável exemplo de Cristo. E, tendo em mente que todos nós somos pecadores e que, igualmente, carecemos da graça de Jesus, nos acheguemos, “portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hb 4.16). Pois ali, no lugar Santíssimo do santuário celeste, Jesus, o nosso Sumo Sacerdote, intercede por todos nós, de onde está a assinatura de Deus, “de próprio punho” (v.17). “Este é o sinal” (v.17), que o Criador nos deixou nas “tábuas do Testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus” (Êx 31.18). Que quando for revelado “o homem da iniquidade” (2 Ts 2.3), nossa fé prática seja um testemunho de nossa aceitação e obediência “a toda a verdade” (Jo 16.16) e, seguindo os passos do Salvador (Jo 15.10), façamos parte do seleto grupo dos “que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (Ap 14.12).



Sugestão de Leitura da Semana: RIBEIRO, Anderson. A Mensagem de Cristo. São Paulo: Evangelho Avivado, 2020.



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