Talvez você já ouviu expressões como essas: “política e religião não se discutem”; “crente não deve entrar na política, pois os que entram, se corrompem”; “igreja não tem nada a ver com política e política com a igreja”.
Antes de tudo, devemos nos perguntar, se essas afirmações concordam com a Bíblia, não devemos firmar nossas crenças em conceitos que não concordam com as Escrituras. Diante disso, esse texto tem a finalidade de provar que essa afirmação não tem respaldo bíblico. Para isso, queremos mostrar “três razões” porque que esse pensamento está errado.
Sagrado vs Secular
A primeira razão, está no fato de a igreja pensar no sagrado e secular. Ou seja, tudo que está na igreja se torna sagrado, enquanto o que estiver fora da igreja não é sagrado, mas carnal. A princípio, esse pensamento surgiu no gnosticismo que considerava a matéria ruim e o espírito bom. O catolicismo aderiu esse pensamento e muitas igrejas protestantes acabaram seguindo o mesmo.[1] Por isso, encontramos as pessoas fazendo esse tipo de afirmação: “política e religião não se discutem”, porque foram influenciadas por essas ideias de sagrado e secular. Mas o que a Bíblia diz sobre isso? “Portanto, se vocês comem, ou bebem ou fazem qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus” (1Co 10:31). Tudo deve ser feito para a glória de Deus, inclusive a política. Lutero certa vez disse: “ainda que o seu trabalho seja o de um lavador de pratos ou de um menino que cuida do estábulo, a sua vocação é divinamente indicada, tão sagrada quanto a de qualquer pastor ou oficial da igreja”.[2] Como diz no Breve Catecismo de Westminster:
1. Qual é o fim principal do homem?
O fim principal do homem é glorificar a Deus, e gozá-lo para sempre.[3]
Servos de Deus que eram políticos
A segunda razão, é que muitos servos de Deus foram políticos. Moisés, Samuel, Neemias, Mardoqueu, Davi, Salomão e entre tantos outros, foram autênticos políticos que influenciaram o seu povo a viverem segundo os padrões da verdade de Deus, confrontaram o abuso de poder, lutaram pela paz social e liberdade. O próprio Jesus ensinou sobre os nossos deveres para com o Estado sobre o imposto (Mt 22:15-22); Paulo ensinou a igreja a obedecer às autoridades (Rm 13:1-7) e orar por elas (1Tm 2:1-8). Não há nenhum mal ou erro em um cristão ser político, desde que ele não abandone os seus princípios cristãos. Sobre isso Franklin Ferreira declarou: “o político cristão deve ter a capacidade e coragem para criticar a cultura, questionando suas motivações, mensagens e propostas. Com base em uma crítica da cultura fundamentada na Escritura, os que servem na esfera pública devem trabalhar para criar projetos de lei que estejam de acordo com a cosmovisão cristã – sem, porém, terem de necessariamente ser formulados pelo uso da linguagem da fé, como parece implicar a falta de menção do nome de Deus no livro de Ester – e devem se levantar contra leis e situações que contrariam a fé cristã”.[4]
A Bíblia é irrelevante para a política
Terceiro razão, esse pensamento torna a Bíblia irrelevante no sentido de ela não ensinar sobre política. Não podemos “separar o Estado do senhorio de Jesus Cristo, o Rei dos reis, não equivale apenas à teologia ruim, mas ao politeísmo prático”.[5] Esse pensamento que igreja e religião não tem harmonia, é um pensamento marxista que adentrou na igreja de Cristo. Sobre isso, o teólogo e filósofo R. J. Rushdoony explica:
“No mundo marxista, como evidenciado na União Soviética, a separação de igreja e Estado significa que a igreja deve ser totalmente separada de cada área da vida e pensamento. Não se pode permitir que ela eduque ou influencie a educação, tampouco o Estado. Visto que as crianças são vistas como propriedades do Estado, a igreja não pode influenciá-las ou ensiná-las”.[6]
Desse modo, vários cristãos foram influenciados por essa categoria de pensamento que é contrário as Escrituras. Os servos de Deus são chamados para serem o sal e luz desse mundo, Jesus deu a ordem a sua igreja de fazer discípulos de todas as nações (Mt 28:29,20), isto é, influenciar esse mundo em todas as áreas, inclusive a política.
Conclusão
Em suma, como disse Charles Spurgeon: “Só os tolos acreditam que política e religião não se discute. Por isso os ladrões permanecem no poder e os falsos profetas continuam a pregar”. Enquanto tivermos esse pensamento que política e religião, não se discute, permaneceremos na ignorância. A Bíblia é um livro que nos orienta em tudo, inclusive sobre a política, ela é a nossa regra de fé e prática. Dizer que religião e política não se mistura, é cair no marxismo que é completamente contrário as Escrituras Sagradas.
Sidney Muniz
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