segunda-feira, 27 de setembro de 2021

A Graça de Deus na vida de Pedro

 




Por Leonardo Pereira



Dá para imaginar o olhar fixo e confiante e a voz forte de Pedro quando, na noite antes de crucificação de Cristo, esse discípulo disse que jamais abandonaria Jesus. É um dos poucos episódios registrados em todos os quatro relatos do evangelho no Novo Testamento: “Disse-lhe Pedro: Ainda que venhas a ser um tropeço para todos, nunca o serás para mim” (Mt 26.33). “Disse-lhe Pedro: Ainda que todos se escandalizem, eu, jamais!” (Mc 14.29). “Ele, porém, respondeu: Senhor, estou pronto a ir contigo, tanto para a prisão como para a morte” (Lc 22.33). “Replicou Pedro: Senhor, por que não posso seguir-te agora? Por ti darei a própria vida” (Jo 13.37). E todos os relatos registram a mesma resposta de Jesus. Ele disse que Pedro o negaria três vezes naquela mesma noite (Mt 26.34; Mc 14.30; Lc 22.34; Jo 13.38). Pedro não aceitou essas palavras de Jesus, e insistiu que jamais negaria seu Mestre. Na hora da provação, Pedro negou Jesus três vezes! Ele fingiu ignorância sobre Jesus e chegou a jurar e maldizer nas suas negações enfáticas de Jesus (Mt 26.69-74).

Muita Diferença!

Pedro poderia ter cometido pecado maior? Depois de três anos acompanhando Jesus por perto, observando sua bondade, amor e perfeição moral e, especialmente, depois de confessar com convicção sua fé em Jesus como “o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16), como este apóstolo chegaria a negar conhecimento de Jesus? Será que o pecado de Judas, que admitiu conhecimento mas entregou Jesus aos seus inimigos, foi maior? É difícil ver muita diferença nos pecados destes dois apóstolos.

Fato Interessante

Lucas é o único dos quatro evangelistas a contar um fato especialmente interessante sobre aquela noite. Durante a série de julgamentos de Jesus, houve um momento em que Jesus “fixou os olhos em Pedro, e Pedro se lembrou da palavra do Senhor, como lhe dissera: Hoje, três vezes me negarás, antes de cantar o galo” (Lc 22.61). Jesus conhecia o coração de Pedro, e não precisava olhar para saber o que acontecia com esse apóstolo. Mas, naquele momento, Pedro sabia que Jesus olhava para seu íntimo e viu seus atos de traição. Quando Pedro enxergou o tamanho do seu pecado contra Jesus, ele saiu e chorou amargamente (Mt 26.75). Ele havia chegado ao fundo do abismo de afastamento do Senhor.

Depois da sua ressurreição, Jesus convidou Pedro a receber o perdão e se reconciliar com ele. Logo depois de sair do túmulo, Jesus mandou uma mensagem para os apóstolos e destacou Pedro (Mc 16.7). Pedro bem sabia que merecia a censura e até o castigo divino por seus atos, mas mesmo assim não tentou fugir do Senhor (essa é a grande diferença entre Pedro e Judas Iscariotes). Ficou com os outros apóstolos quando Jesus apareceu a eles (Mc 16.14). Durante seis semanas, Jesus andou com seus 11 apóstolos. Pedro viu novamente as provas da sua divindade e seu caráter misericordioso. Mas Jesus sabia que Pedro precisava ouvir as palavras de aceitação, e não deixou a terra antes de confirmar para Pedro a sua graça e perdão. O homem que negou a Jesus três vezes teve oportunidade de afirmar seu amor por ele três vezes, e ouviu três vezes a chamada do seu Senhor ao importante trabalho de apascentar as suas ovelhas. E aquele apóstolo, apesar de ter vacilado terrivelmente na noite dos julgamentos de Jesus, ouviu a afirmação do Senhor de que ele continuaria fiel até morrer por Jesus (Jo 21.15-19).

As Boas Novas do Senhor

Logo após a ascensão de Jesus, Pedro começou a pregar as boas novas do Senhor. Ele pregou sobre Jesus que se fez carne, viveu como homem sem pecar e morreu na cruz para estender sua misericórdia para todos que se mostram dispostos a se converter ao Senhor. Ele pregou o evangelho da graça de Jesus, porque ele mesmo recebeu esta graça. Pedro, um fraco e desprezível pecador, foi perdoado pela misericórdia de Jesus Cristo!



Referências:

LOPES, Hernandes Dias. Pedro - Pescador de Homens. São Paulo: Hagnos, 2015.

Bíblia Sagrada. Almeida Revista e Corrigida. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.

RIBEIRO, Anderson. A Mensagem de Cristo. São Paulo: Evangelho Avivado, 2020.


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