sábado, 27 de novembro de 2021

Comentário Bíblico Mensal: Novembro/2021 - Capítulo 5 - A Dedicação de Neemias para com Israel

 




Comentarista: Henrique Lins



Texto Bíblico Base Semanal: Neemias 13.1-12

1. Naquele dia leu-se no livro de Moisés, aos ouvidos do povo; e achou-se escrito nele que os amonitas e os moabitas não entrassem jamais na congregação de Deus,

2. Porquanto não tinham saído ao encontro dos filhos de Israel com pão e água; antes contra eles assalariaram a Balaão para os amaldiçoar; porém o nosso Deus converteu a maldição em bênção.

3. Sucedeu, pois, que, ouvindo eles esta lei, apartaram de Israel todo o elemento misto.

4. Ora, antes disto, Eliasibe, sacerdote, que presidia sobre a câmara da casa do nosso Deus, se tinha aparentado com Tobias;

5. E fizera-lhe uma câmara grande, onde dantes se depositavam as ofertas de alimentos, o incenso, os utensílios, os dízimos do grão, do mosto e do azeite, que se ordenaram para os levitas, cantores e porteiros, como também a oferta alçada para os sacerdotes.

6. Mas durante tudo isto não estava eu em Jerusalém, porque no ano trinta e dois de Artaxerxes, rei de babilônia, fui ter com o rei; mas após alguns dias tornei a alcançar licença do rei.

7. E voltando a Jerusalém, compreendi o mal que Eliasibe fizera para Tobias, fazendo-lhe uma câmara nos pátios da casa de Deus.

8. O que muito me desagradou; de sorte que lancei todos os móveis da casa de Tobias fora da câmara.

9. E, ordenando-o eu, purificaram as câmaras; e tornei a trazer para ali os utensílios da casa de Deus, com as ofertas de alimentos e o incenso.

10. Também entendi que os quinhões dos levitas não se lhes davam, de maneira que os levitas e os cantores, que faziam a obra, tinham fugido cada um para a sua terra.

11. Então contendi com os magistrados, e disse: Por que se desamparou a casa de Deus? Porém eu os ajuntei, e os restaurei no seu posto.

12. Então todo o Judá trouxe os dízimos do grão, do mosto e do azeite aos celeiros.

Momento Interação

Estando tudo pronto física e estruturalmente com a Casa de Deus reformada e bem assim a cidade com seus muros e demais construções. Estando aí também o povo de Deus que Neemias se empenhou em trazer para a cidade. Primeiramente, depois de tudo isso, foi feita a renovação da aliança com Deus e em seguida houve a dedicação do muro que culminou com grandes sacrifícios e extrema alegria (palavra repetida nesse versículo apenas em 5 oportunidades!) – 12.43. Agora sim, somente faltava uma coisa para ficar tudo completo e Neemias concluir seus objetivos. O último ato de Neemias foi reformar o povo de Deus.

A santificação do povo de Deus aconteceu principalmente pela exclusão dos estrangeiros (vs 1 ao 3) -, do serviço no templo – vs 4 ao 14 -, da observância do sábado (vs 15 ao 22) -, e do divórcio das mulheres estrangeiras (vs 23 ao 31). Veio à memória do povo por casa da leitura da Lei quando Esdras leu a Lei para o povo de Deus a possibilidade de corrupção do programa de restauração por causa dos estrangeiros. A promessa de obediência geral à lei de Deus (10.28, 29) acarretou a separação dos povos vizinhos para evitar a corrupção religiosa e a idolatria (10.28). O povo que tinha sido levado ao cativeiro e mesmo eles depois de retornarem haviam renegado esse aspecto da promessa. O que exigiu uma atitude bem enérgica da liderança e de todo povo.

Introdução

Na relação dos que assim fizeram essa aliança não consta – não se sabe o motivo – o sacerdote Esdras, embora este tenha desempenhado um importante papel em Neemias 8. Talvez Azarias seja uma variante de pronúncia do nome Esdras. O que se depreende do texto é que o seu trabalho foi concluído com êxito, pois vemos já em Neemias 9.3 que o próprio povo já estava lendo e compreendendo a lei. A lista dos que selaram, em sua maior parte, são de pessoas desconhecidas o que vem reforçar um tema central em Esdras-Neemias que é a participação do povo de Deus como um todo e não apenas os grandes líderes. O restante do povo, inclusive mulheres e filhos e filhas, todos os que tinham saber e entendimento (Ne 10.28,29), fez o juramento de obediência a todas as suas estipulações, renovando assim a aliança.

Eles, no vs 29, firmemente aderiram ou seja ratificaram a renovação da aliança de andarem na Lei de Deus, que foi dada por meio de Moisés, dando um destaque especial à proibição dos casamentos mistos por causa da transgressão que cometeram e que tinha marcado a nação. Dos versos 30 ao 32, eles se comprometeram, em aliança, jurando solenemente, a procederem segundo a Lei de Deus dada por meio de Moisés, servo de Deus para porem em prática todos os preceitos, decretos e ordens do Senhor. Com ênfase na Lei da segregação em assuntos matrimoniais (Ne 10.31; Ed9); a Lei do sábado como sinal da aliança (Ne 10.32); a Lei do jubileu ou do perdão periódico de dívidas, visando à justiça social (Ne 10.32). Além disso ainda se comprometeram (Ne 10.32-39), com preceitos cultuais, resumidos em tributos: primícias, dízimos e outras ofertas (Lv 27.30-33; Nm 18; Êx 44.30).

Naquela época não existia exposição do texto bíblico em aparelhos audiovisuais como os projetores de multimídia, nem havia condições de se fazer cópias ou gravar textos, áudios e vídeos sobre a Lei. Um era o que lia e todo o povo ouvia. Assim, a transmissão da Lei e das histórias era feita com habilidades de oratórias e pessoalmente, exigindo de todos silêncio e máxima atenção, pois do contrário teriam perdido o sentido e comprometeria a compreensão do texto lido. A habilidade de falar, de escrever, de gravar na memória era muito mais evoluída principalmente por conta da necessidade. Hoje, tudo está gravado e disponível de tantas formas que nossos dons e talentos intelectuais se atrofiaram ou mesmo se perderam ao longo dos tempos.

Toda a Bíblia, suas narrativas e forma literária de se expressar, leva em conta esse detalhe da oralidade e, na verdade, funciona muito bem, mas exige de nós esforços e muita concentração e paciência. Esdras leu. O povo ouviu. Os líderes, os sacerdotes, os levitas depois ainda explicaram ao povo toda a lei e eles entenderam. Então confessaram seus pecados, adoraram ao Senhor e renovaram a aliança diante de Deus e das autoridades civis e religiosas de Judá.

I. A Determinação de Neemias

Jerusalém foi preparada para a dedicação pelo seu repovoamento onde o capítulo 11 apresenta as pessoas comuns que repovoaram Jerusalém e os seus arredores e no capítulo 12, os sacerdotes e levitas que repovoaram Jerusalém. Dos versos 1 ao 36, do capítulo 11, encontraremos essa relação daqueles que viviam dentro ou perto de Jerusalém, sendo que os que habitavam Jerusalém vai dos vs 1 ao 19; os que habitaram nas cidades de Judá, dos vs 20 ao 24; e, os residentes nas aldeias, dos vs 25 ao 36. Era o desafio de Neemias, o governador, e de Esdras, o sacerdote, o repovoamento da cidade de Jerusalém. A sua preparação, com o templo reformado e com os muros já concluídos, davam ânimo e forças para aqueles que ainda estavam indecisos e não queriam largar uma vida certa no campo por algo duvidoso na cidade.

Assim, a dedicação dos muros seguindo um ritual de festas, consagrações davam ao povo motivo de alegria que os manteriam unidos em torno de um objetivo. Neemias e os principais líderes souberam explorar isso muito bem do povo de Deus. Ao mesmo tempo em que reedificavam a cidade física, também tratavam da parte espiritual e emocional do povo de Deus que tinha sofrido muito por causa da sua rebeldia. Haviam promessas específicas relacionadas à obediência que foram feitas em Neemias 10.10 a 39 e o povo aqui, dessa lista, logo a observou, principalmente fazendo ir para a cidade, o dízimo do povo (vs 1 e 2).

Era a luta de toda a liderança o repovoamento da “santa cidade” de Jerusalém (vs 1, 18; Is 48.2; 52.1). Essa santidade, sem a qual ninguém pode ver ao Senhor (Hb 12.14) havia se espalhado:

Nos utensílios santos (Ed 1.7; 8.28);
Nos sacerdotes santos (Ed 8.28);
No povo santo (Ed 9.2).
No lugar/santuário santo (Ed 9.8).
Nas portas santas (3.1).
Nos sábados santos (9.14).
Até que toda a cidade e tudo que nela havia tinha se tornado santo, a “Casa de Deus”, que o Senhor havia decidido reconstruir (Ed 1.2);
Estando assim a Casa de Deus completa, “santa”, a dedicação final poderia ser feita, conforme veremos a seguir em Neemias 12.27-43.

Eram novos tempos surgindo e novas esperanças. Se eles soubessem que dentro de pouco tempo haveria de estar ali naquelas cidades reerguidas por eles o Filho do Homem e Senhor das nações e do universo todo, haveriam de se alegrar ainda mais, mas não sabiam de nada.
E nós, no presente momento que aguardamos a vinda do Messias, como ele prometeu que voltaria, o que temos feito e preparado para a sua recepção? Ou isso é de somenos importância? Obviamente, somente pensariam nisso os que realmente o aguardam, os demais achariam tudo isso “normal!”.

II. Os Objetivos de Neemias

Jerusalém foi preparada para a dedicação pelo seu repovoamento onde no capítulo 11 vimos as pessoas comuns que repovoaram Jerusalém e os seus arredores e, agora, no capítulo 12, veremos até o vs 26, os sacerdotes e levitas que repovoaram Jerusalém. Agora, encerrando os preparativos para a dedicação, é feita a relação dos sacerdotes e dos levitas. São eles os que retornaram no tempo de Zorobabel. Essa lista vincula o final de Neemias com o início de Esdras, unindo, destarte, os trabalhos de Zorobabel, Esdras e Neemias. É preciso cuidado para não confundir o Esdras deste primeiro versículo com Esdras, o sacerdote, pois este somente veio depois, uns 80 anos após o regresso de Zorobabel. 

Dos versos 12 ao 21, vemos as listas de sacerdotes e levitas do tempo de Joiaquim, filho de Jesua, o sumo sacerdote do primeiro grupo a regressar do exílio. Há um paralelo entre essa lista de 12 a 21 e de 1 a 7, todas deste capítulo. A de 12 a 21 é uma repetição da de 1 a 7, com algumas variações: não inclui Hatus, citado após Amarias e Maluque – vs 2; traz variações de nomes: Reum, vs 3 é igual a Harim, vs 15; Miamim, vs 5 é igual a Miniamim, vs 17. O fato é que o estudo e o aprofundamento nessas listas e nas genealogias é um trabalho complexo, exaustivo e, confesso, frustrante, pois dificilmente se conseguirá a perfeição exata desses registros.

A redação desse trecho (Ne 12) está na primeira pessoa do singular o que seria um indicativo que isso fizesse parte das memórias de Neemias. Essa cerimonia que não poderia ser feita sem os levitas – vs 27 - primeiramente era feita para o muro e por extensão para toda a Casa de Deus – templo, comunidade, cidade – que agora já estava toda concluída. Uma representação de autoridades, sacerdotes e levitas sobe ao remate da muralha num ponto a oeste da cidade. Dai se movimentam processionalmente, um grupo para o sul e outro para o norte, dobram os dois para o oriente e tornam a girar para encontrar-se num ponto a leste, de onde descem para entrar no templo. O resto do povo acompanharia a procissão pela parte inferior da muralha ou esperaria na entrada do templo.

Quanto às disposições para o sacerdócio envolvendo a manutenção deles e dos levitas, o envolvimento era de todo povo de Deus. O cumprimento das promessas feitas em Neemias  10.30-39 se iniciou em Neemias 11.1 e continuou em Neemias 12.44-47. Esses versículos mostram que o povo não desamparou a Casa de Deus. Eles estavam todos empenhados, em unidade de propósitos e finalidades. Não eram apenas os grande líderes que eram essenciais para a realização do plano redentor de Deus, mas todos.

III. Neemias Remove os Problemas em Jerusalém

Estando tudo pronto física e estruturalmente com a Casa de Deus reformada e bem assim a cidade com seus muros e demais construções. Estando aí também o povo de Deus que Neemias se empenhou em trazer para a cidade. Primeiramente, depois de tudo isso, foi feita a renovação da aliança com Deus e em seguida houve a dedicação do muro que culminou com grandes sacrifícios e extrema alegria (palavra repetida nesse versículo apenas em 5 oportunidades! - Ne 12.43). Agora sim, somente faltava uma coisa para ficar tudo completo e Neemias concluir seus objetivos. O último ato de Neemias foi reformar o povo de Deus.

A santificação do povo de Deus aconteceu principalmente pela exclusão dos estrangeiros vs 1 ao 3 -, do serviço no templo – vs 4 ao 14 -, da observância do sábado – vs 15 ao 22 -, e do divórcio das mulheres estrangeiras – vs 23 ao 31. Veio à memória do povo por casa da leitura da Lei quando Esdras leu a Lei para o povo de Deus a possibilidade de corrupção do programa de restauração por causa dos estrangeiros. A promessa de obediência geral à lei de Deus (Ne 10.28,29) – acarretou a separação dos povos vizinhos para evitar a corrupção religiosa e a idolatria (Ne 10.28). O povo que tinha sido levado ao cativeiro e mesmo eles depois de retornarem haviam renegado esse aspecto da promessa. O que exigiu uma atitude bem enérgica da liderança e de todo povo.

Dos versos 4 ao 14, veremos que tanto as promessas de não desamparar a casa de Deus (Ne 10.39) como também as promessas com respeito aos depósitos e aos dízimos (Ne 10.37-39); (Ne 13.12) - haviam sido quebradas – vs 11 e a situação exigia uma reforma. Neemias precisou retornar à Babilônia no 32º ano de Artaxerxes, rei da Babilônia e, nesses tempos, Eliasibe, sacerdote encarregado da câmara da casa de Deus tinha se aparentado com Tobias e feito para ele uma câmara grande nos pátios da Casa de Deus. Era isso uma clara evidência da negligência da Casa de Deus que contrariava nitidamente a promessa feita em Neemias 10.39. Neemias ficou indignado com isso e fez que Tobias fosse expulso do templo e ai ordenou que se purificassem as câmaras e para ali tornou a trazer todos os utensílios com as ofertas de manjares e o incenso (Ne 13.9).

Neemias ainda soube que os quinhões dos levitas não estavam sendo entregues – veja as promessas feitas em Neemias 10.37. Os levitas não possuíam terras (Nm 18.20-24; Dt 14.29; 18.1), apesar de alguns, parece-nos, talvez terem uma fonte de renda particular (Dt 18.8). A dependência dos levitas do sustento que o povo fornecia pode explicar a relutância de muitos levitas de deixar a Babilônia (Ed 8.15-20; Ml 2.17; 3.13-15) uma vez que o repovoamento não era total, mas, inicialmente, apenas uma décima parte deles. Neemias acaba contendendo com os magistrados e os censura (Ne 11). 

A promessa de não desampararem a Casa de Deus havia sido quebrada (Ne 10.39). Não havia explicações razoáveis para o desamparo da Casa de Deus, nem da negligência para com os levitas. Assim, Neemias restaura a manutenção dos levitas evitando o êxodo deles para o campo. No verso 14, novamente Neemias, pela quarta vez usa a expressão “lembra-te” numa oração. Também é essa a segunda vez de quatro orações desse tipo feitas por Neemias. A partir do verso 15 até o 22, Neemias está procurando reformar o povo quanto ao sábado, pois a promessa de guardá-lo, feita em Neemias10:31, também, igualmente, havia sido quebrada. Era preciso reparar isso urgentemente.

Conclusão

Assim, Neemias limpou e reformou todo o povo tirando as coisas prejudiciais a eles que os comprometiam diante de Deus aos quais tinham se aliançado novamente. Encerramos a história desses três fantásticos líderes de Israel que enfrentaram momentos muito difíceis pelo que passava a nação de Judá. O recomeço de tudo não foi fácil. Foram tempos trabalhosos, de perseguições e de muita luta, garra e vontade de vencer,  mas triunfaram em nome do Senhor e para honra e glória de seu nome.

Quando todos estão unidos em um só propósito, o resultado da ação é orquestral e seu final esplêndido. Reparem numa orquestra, onde cada um é uma pessoa diferente com seus problemas e habilidades e ninguém sabe do dia daquele instrumentista ou cantor. Eles todos tocam ou cantam sob a regência de um maestro empolgado e vibrante e o resultado é a música que agrada os nossos ouvidos. Se alguém ali sai do tom ou não segue o maestro, logo tudo é prejudicado. Assim também aconteceu com o povo de Israel que estava ali sob as lideranças de Zorobabel, Esdras e de Neemias os quais souberam conduzi-los e levá-los ao cumprimento de seus objetivos. 

A restauração estava sendo completa: física, estrutural, social, emocional e espiritual. Naquele povo de Deus estava havendo unidade de propósitos.

Sugestão de Leitura da Semana: LINHARES, Gustavo. Tempos Trabalhosos. São Paulo: Evangelho Avivado, 2021.


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