sábado, 26 de março de 2022

Comentário Bíblico Mensal: Março/2022 - Capítulo 5 - Chamados a Viver Eticamente

 




Comentarista: Daniel Alcântara



Texto Bíblico Base Semanal: Salmos 103.1-13


1. Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome.

2. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios.

3. Ele é o que perdoa todas as tuas iniquidades, que sara todas as tuas enfermidades,

4. Que redime a tua vida da perdição; que te coroa de benignidade e de misericórdia,

5. Que farta a tua boca de bens, de sorte que a tua mocidade se renova como a da águia.

6. O Senhor faz justiça e juízo a todos os oprimidos.

7. Fez conhecidos os seus caminhos a Moisés, e os seus feitos aos filhos de Israel.

8. Misericordioso e piedoso é o Senhor; longânimo e grande em benignidade.

9. Não reprovará perpetuamente, nem para sempre reterá a sua ira.

10. Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos recompensou segundo as nossas iniquidades.

11. Pois assim como o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem.

12. Assim como está longe o oriente do ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões.

13. Assim como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem.



Momento Interação

Os princípios da ética cristã são extraídos das Escrituras Sagradas. A Bíblia é a infalível e inerrante Palavra de Deus, ou seja, o próprio Deus se revelou nas Escrituras. Por isso ela é totalmente inspira e possui autoridade plena para exortar, corrigir, ensinar e guiar o homem num modo de vida de acordo com a vontade do Senhor.  Em primeiro lugar, a ética cristã se fundamenta na realidade da existência de um único Deus. Esse único e verdadeiro Deus subsiste nas pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ele é santo e imutável, criador de todas as coisas. Ele criou o homem como um ser moralmente responsável, e lhe revelou o padrão moral que o agrada. Saiba mais sobre o que é a Trindade. 

Introdução

Dentre as características que nos identificam como seres humanos, destaca-se a necessidade de estarmos em sociedade, em grupos que se assemelham e diferenciam de modo a promover o enriquecimento das percepções de mundo e da existência. Essas relações possibilitam encontros e desencontros, semelhanças e diferenças, evidenciam a necessidade de desenvolvermos habilidades para esse coexistir, ou seja, um padrão comportamental, uma postura moral e ética. Enquanto a moral se vincula ao conjunto de normatizações e regras propostas por uma sociedade, dentro de uma cultura, e portanto situada em um recorte histórico, a ética diz respeito a como cada indivíduo, dentro de sua liberdade interior, decidirá pelo rumo de suas ações.

Um viver ético nos viabiliza uma coerência no existir. Aos olhos dos demais, o comportamento regido pela ética parece carecer de liberdade, mas isso é um grande engano, pois a liberdade sem a ética é falsa e parcial, na medida em que é danosa à liberdade dos outros. Como cristãos, somos chamados a viver a ética em tudo, principalmente nas pequenas coisas. A partir desses pequenos passos, seremos capazes de trilharmos longos caminhos. Não que atingiremos a perfeição, mas, se assim procedermos, seguiremos os passos do Senhor, e com cada gota de nossas ações, a água viva da bondade, da justiça, do bem poderá chegar a mais e mais pessoas, tão ressequidas bela brutalidade de nosso tempo.

I. Temor e Tremor Diante de Deus

O profeta Moisés alertou o povo dizendo: Não temais (Êx 20.20), porém, em Levítico ele reitera para que tivessem temor do Senhor: “Não te assenhorearás dele com rigor, mas do teu Deus terás temor” (Lv 25.43). Outro ponto intrigante é a recomendação do apóstolo Paulo: “De sorte que, meus amados, assim como sempre obedecestes, não só na minha presença, mas muito mais agora na minha ausência, assim também operai a vossa salvação com temor e tremor” (Fp 2.12). Para alguns, este é um caso de contradição. Outros tentam explicar a passagem como sendo uma contradição aparente, ou simplesmente nomeiam de paradoxo. Mas, o que a Bíblia tem a dizer? Seria somente um problema de semântica e etimologia?

Uma coisa é certa no alerta que Moisés fez ao povo de Israel: Deus não se relaciona com as suas criaturas através do medo “Não temais” (Êx 20.20). A relação que Deus sempre procurou estabelecer com as suas criaturas pauta-se pela confiança. Por que as criaturas de Deus devem confiar? Porque Deus é fiel e justo, atributos basilar para se estabelecer uma relação de confiança (1 Jo 1.9). Além de fiel, justo e imutável, Deus se relaciona com criaturas livres, pois onde o Espírito do Senhor está, aí há liberdade (2 Co 3.17). Nenhuma das criaturas de Deus deve temê-Lo, pois Deus ama indistintamente as suas criaturas, e o amor lança fora o medo “No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor” (1 Jo 4.18).

Ora, Deus é amor, e em Deus não há medo, receio, temor, antes o perfeito amor lança fora o temor. Deus é amor; e quem está em amor está em Deus, e Deus nele (1 Jo 4.16). Quem está em Deus é porque confia n’Ele (1 Jo 4.16). Qualquer que tem medo teme somente a pena, pois o medo não procede de Deus. O que procede de Deus é a confiança, pois ele é fiel, verdadeiro, justo, santo, imutável, amor, luz, etc. Deus não pode ser tentado com o mal, e a ninguém tenta (Tg 1.13), portanto, o medo não procede de Deus. Qualquer que tem medo é porque não é ‘perfeito’ em Deus, ou seja, não ‘conhece’ a Deus, não crê em Deus e não está em Deus, pois se confiasse entenderia que, tal Cristo é, são os que creem aqui neste mundo (1 Jo 4.15 -18).

II. O Relacionamento com Deus é Puro e Santo

Para ter um relacionamento com Deus você precisa crer em Jesus como seu salvador. Quando isso acontece, você tem acesso a Deus e pode aprofundar seu relacionamento com Ele lendo a Bíblia, orando e andando em Seus caminhos. Relacionamento é união. Ter um relacionamento com Deus significa ter união com Ele, partilhando sua vida com Ele. O relacionamento com Deus é um relacionamento de amor, proximidade e confiança. Como todo relacionamento, o relacionamento com Deus cresce com o tempo e com dedicação (Tg 4.8). À medida que você conhece mais de Deus e tem mais experiência com Ele, seu relacionamento se torna mais profundo e firme. Ninguém pode se aproximar de Deus se não for salvo, porque o pecado nos separa de Deus. Jesus veio para lhe salvar do pecado, lhe unindo novamente com Deus (Jo 14.6). Ele morreu em seu lugar, para pagar por seus pecados, e ressuscitou para lhe dar a vida eterna, junto de Deus! Para ser salvo e ter um relacionamento com Deus, você precisa se arrepender de seus pecados, decidindo que quer mudar de vida, e crer que Jesus é seu salvador, que pagou seus pecados. Não é difícil!

Quando você se converte, o Espírito Santo entra em seu coração e seu novo relacionamento com Deus começa (At 2.38). Agora você tem acesso direto a Deus, através de Jesus! Ele lhe ama e vai lhe ajudar a crescer em seu relacionamento com Ele. É muito difícil ter um relacionamento com uma pessoa que você não conhece! Na Bíblia você vai conhecer mais de Deus, quem Ele é, como Ele se relaciona com você e o que O agrada. A Bíblia é a palavra de Deus. Quando você lê a Bíblia, Deus fala com você (2 Tm 3.16,17). Se você quer ter um bom relacionamento com Deus, você precisa ouvir sua voz, que está na Bíblia! Outra parte muito importante de um relacionamento é conversar. Orar é conversar com Deus. Quando você ora, você convida Deus a fazer parte de sua vida e partilha seus pensamentos, suas emoções, preocupações, frustrações e alegrias com Ele (Fp 4.6,7). A oração lhe aproxima de Deus e ajuda a colocar Deus em primeiro lugar em sua vida. Quanto mais você ora, mais você cria intimidade com Deus e fortalece seu relacionamento.

Um relacionamento também é feito de convivência. Um relacionamento com Deus é prático. Quando você vive sua vida cotidiana tentando agradar a Deus, você descobre mais sobre Ele e se aproxima dele (Cl 1.10,11). Suas experiências de vida com Deus vão fortalecer seu relacionamento, porque você vai ver Deus em ação em sua vida. A vivência diária também lhe vai ajudar a ver as coisas como Deus as vê, ficando mais próximo dele.

III. O Relacionamento com Deus é para a Eternidade

Ter um relacionamento pessoal com Jesus começa no momento que percebemos nossa necessidade dEle, quando admitimos que somos pecadores, quando nos arrependemos de nosso pecado e pedimos a Ele que entre em nossos corações para ser a autoridade em nossas vidas. Deus, nosso Pai Celestial, sempre desejou estar perto de nós e ter um relacionamento conosco. Antes de Adão ter pecado no Jardim do Éden (Gn 3), ele e Eva conheciam a Deus de uma forma íntima e pessoal. Eles andavam com Deus no Jardim e falavam diretamente com Ele. O pecado do homem nos separou de Deus. Deus é perfeito e não pode viver no meio de pecado. Antes da morte de Jesus na cruz, as pessoas tinham que sacrificar animais quando pecavam, pois a Bíblia diz que o salário do pecado é a morte.

O que muitas pessoas não sabem, percebem ou se importam é que Jesus nos deu o presente mais maravilhoso – a oportunidade de passar a eternidade com Ele e o Deus Pai se acreditarmos, quer dizer, confiarmos, nEle. “porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor”(Rm 6.23). Deus enviou o Seu Filho para carregar o peso de nosso pecado, ser morto e ressuscitar, provando Sua vitória sobre o pecado e morte. “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). Ao aceitarmos esse presente, nós nos tornamos aceitáveis aos olhos de Deus e podemos ter um relacionamento com Ele.

Devemos incluir Deus em nossas vidas diárias da mesma forma que faríamos com um outro membro da família, sendo que Ele é muito mais importante! Devemos orar a Ele, ler Sua palavra e meditar nos versículos da Bíblia, com a intenção de conhecê-lO melhor e poder fazer Sua vontade. Devemos orar por sabedoria, que é a qualidade mais importante que podemos possuir. Devemos levar nossos pedidos a Ele, pedindo no nome de Jesus. Jesus disse: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda” (Jo 15.16). Jesus foi Quem nos amou tanto que deu Sua vida por nós, e Ele é o único que pôde construir uma ponte entre nós e Deus. Foi Deus quem enviou Jesus; Eles são um e os dois merecem nossa honra, adoração e louvor.

Conclusão

O Espírito Santo também é Deus. Ele é a “parte” que nos foi dada para ser o nosso Conselheiro. “Se me amais, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós” (Jo 14.15-17). Jesus disse isso antes de morrer, e depois de Sua morte o Espírito Santo se tornou disponível a todos que estavam realmente procurando a Ele. É Ele quem mora nos corações dos crentes e nunca vai embora. Ele nos aconselha, ensina as verdades e muda os nossos corações. Sem o divino Espírito Santo, não teríamos a habilidade de lutar contra o mal e tentações. Mas já que O possuímos, começamos a produzir o fruto que surge quando deixamos o Espírito nos controlar: “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gl 5.22,23).

Esse relacionamento pessoal com Jesus não é difícil de achar e não há nenhuma fórmula misteriosa para alcançá-lo. Quando nos tornamos filhos de Deus, recebemos o Espírito Santo e Ele começa o trabalho em nossos corações. Devemos orar sem cessar, ler a Bíblia e frequentar uma igreja que acredita na autoridade da Bíblia – todas essas coisas vão nos ajudar a crescer espiritualmente. Confiar que Deus vai nos ajudar diariamente e acreditar que Ele é quem nos sustenta é a forma de termos um relacionamento com Ele. Talvez não vamos ver as mudanças imediatamente, mas poderemos enxergá-las com o tempo, e todas as verdades se tornarão claras.

Sugestão de Leitura da Semana: BARBOSA, Maxwell. Andando como Ele Andou. São Paulo: Evangelho Avivado, 2019.


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