sábado, 9 de abril de 2022

Comentário Bíblico Mensal: Abril/2022 - Capítulo 2 - O Juízo do Senhor na Nação de Israel

 




Comentarista: Leonardo Pereira



Texto Bíblico Base Semanal: Sofonias 1.7-18

7. Cala-te diante do Senhor DEUS, porque o dia do SENHOR está perto; porque o SENHOR preparou o sacrifício, e santificou os seus convidados.

8. Acontecerá que, no dia do sacrifício do Senhor, castigarei os príncipes, e os filhos do rei, e todos os que se vestem de trajes estrangeiros.

9. Castigarei naquele dia todo aquele que salta sobre o limiar, que enche de violência e engano a casa dos seus senhores.

10. E naquele dia, diz o Senhor, far-se-á ouvir uma voz de clamor desde a porta do peixe, e um uivo desde a segunda parte, e grande quebrantamento desde os outeiros.

11. Uivai vós, moradores de Mactes, porque todo o povo que mercadejava está arruinado, todos os que estavam carregados de dinheiro foram destruídos.

12. E há de ser que, naquele tempo, esquadrinharei a Jerusalém com lanternas, e castigarei os homens que se espessam como a borra do vinho, que dizem no seu coração: O Senhor não faz o bem nem faz o mal.

13. Por isso serão saqueados os seus bens, e assoladas as suas casas; e edificarão casas, mas não habitarão nelas, e plantarão vinhas, mas não lhes beberão o seu vinho.

14. O grande dia do Senhor está perto, sim, está perto, e se apressa muito; amarga é a voz do dia do Senhor; clamará ali o poderoso.

15. Aquele dia será um dia de indignação, dia de tribulação e de angústia, dia de alvoroço e de assolação, dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens e de densas trevas,

16. Dia de trombeta e de alarido contra as cidades fortificadas e contra as torres altas.

17. E angustiarei os homens, que andarão como cegos, porque pecaram contra o Senhor; e o seu sangue se derramará como pó, e a sua carne será como esterco.

18. Nem a sua prata nem o seu ouro os poderá livrar no dia da indignação do Senhor, mas pelo fogo do seu zelo toda esta terra será consumida, porque certamente fará de todos os moradores da terra uma destruição total e apressada.

Momento Interação

Em Sofonias 1, o Senhor Deus faz o anúncio de uma grande destruição sobre seu povo. Mas qual o grande motivo? A idolatria praticada entre o povo de Deus, despertou a ira o Senhor. Fica muito claro na Palavra de Deus que o Senhor exige adoração exclusiva de seu povo. Como consequência ao comportamento idólatra eles teriam que enfrentar um grande juízo da parte de Deus. Em nossas vidas a adoração ao Senhor deve ser algo exclusivo. Imagens de esculturas, divindades, entidades, misticismo, enfim, cultos a outros deuses é algo que irrita muito ao Criador de todas coisas. Sofonias chama as pessoas a ficar em silêncio diante do Senhor Deus, mas este silêncio não é o tipo de silêncio que indica uma abertura do coração e da mente à voz de Deus, mas é por causa da expectativa acerca do Dia do Senhor.

Introdução

Enquanto vivermos nesta terra, seremos tentados à colocar diversos fatores de nossas vidas como prioridade ao invés do Senhor. As circunstâncias da vida, o dinamismo de nosso tempo diários, leva-nos à uma desafio que nos sobrevém por intermédio de uma pergunta: estamos colocando verdadeiramente o Senhor e Mantenedor de Todas as Coisas como prioridade de nossas vidas? Para o mundo pós-moderno, dedicarmos por inteiro a Deus é um sinal de um completo delírio. No entanto, para nós que cremos nas obras de suas mãos, pela Palavra do seu poder, compreendemos que não há maior prazer que nos encontrarmos na presença do Deus Vivo e Verdadeiro. Se não ouvirmos a voz de Jeová em um período de completa calamidade moral e espiritual da nação, o que será de nós e das próximas gerações? Restará somente um final de uma vida em completo estado de ruína, resultados da Ira Divina para com os incrédulos e com os infiéis. Portanto, vigiemos.

I. O Juízo de Deus sobre Judá

No capítulo 1 do Livro de Sofonias em seu início, conheceremos um pouco mais do contexto em que viviam os judeus e os outros povos. Deus estava inconformado com a situação do seu povo e a forma como eles se comportavam perante Ele. Assim sendo, o Senhor envia o profeta com a incumbência de exortá-los sobre o grande juízo que haveria de vir sobre eles. O alerta profético se torna de extrema necessidade pois o povo já não buscava ouvir a voz divina, muito menos as suas repreensões. Assim como foi para com os judeus na época de Sofonias, continua sendo hoje uma mensagem de alerta para toda a igreja do Senhor e para a nação brasileira: a conformidade com a situação moral, ética, social e espiritual da nação que ignora a mensagem divina provinda dos seus enviados.

1. Deus enviará a Disciplina ao seu Povo. Na primeira parte do capítulo encontramos Sofonias repreendendo o povo por parte do Senhor, pelas atitudes das quais os judeus haviam agregado aos seus costumes cotidianos. O comodismo, a idolatria e a incredulidade de muitos levou o Senhor à levantar o profeta como uma voz poderosa não de consolação ou correção, mas sim, de juízo. Nem mesmo os palacianos escapariam deste julgamento divino que haveria de vir sobre eles (Sf 1.8). Todos aqueles que estavam contrários à vontade do Senhor e o desonrando, receberiam do Altíssimo a justa medida. Deus não se deixar escarnecer em nenhum momento, muito menos pelo seu próprio povo.

2. Deus irá exercer o Juízo sobre o seu Povo. O período em que ocorre o ministério profético de Sofonias é de uma completa iniquidade por parte da nação de Judá. A adoração ao Senhor não era  mais uma prioridade magna do povo. As nações estrangeiras com os seus cultos místicos ganhavam guarida nos lares e corações dos muitos descendentes de Abraão. Unindo todas estas questões com o comodismo moral e espiritual do povo, Deus estava prestes a exercer um grande julgamento para o seu povo (Sf 1.9,10). Judá colocava sobre si mesma outras prioridades das quais o Senhor não era mais precioso para eles. Tudo aquilo que se coloca como prioridade em nossas vidas acima de Deus é considerado como idolatria, conduta abominável aos olhos do Senhor Deus de Israel (cf. Is 42.8). 

3. Deus tem um Limite de Paciência para o seu Povo. Judá e as demais nações vizinhas teve por pensamento próprio, viverem as suas vidas ao seu bel-prazer ignorando Deus como o Senhor Criador e Sustentador de Todas as Coisas, e deixando de lado o mais importante: o temor ao Senhor que é o princípio da sabedoria (Pv 9.10). Deus é mui paciente, contudo, a sua paciência dura um limite e não permite que a impunidade continue de maneira intensa e extensa. A paciência divina nos mostra a graça e o amor do Senhor em mostrar o caminho sobremodo excelente ao iníquo e transformá-lo em uma novo ser vivente. No entanto, para aqueles que não reconhecem a misericórdia e o amor do Altíssimo, lhes serão enviado um grande juízo como disciplina por não pararem com as iniquidades e continuar em uma vida cruel, pecaminosa e obscura: "Castigarei naquele dia todo aquele que salta sobre o limiar, que enche de violência e engano a casa dos seus senhores" (Sf 1.9).

II. O Juízo de Deus sobre Jerusalém

A segunda parte do capítulo 1 do Livro de Sofonias vai ser dedicado à um severo juízo contra Jerusalém. A Cidade Santa, a qual deveria ser referência para as demais capitais e nações do mundo conhecido na época era um local aonde se encontrava um número maior de pessoas cometendo gravidades contra o Criador. Por isto, Sofonias como uma voz profética, ergue-se como um enviado de Deus, guiado por Jeová para proclamar um juízo eminente na capital santa, que estava em completa crise moral, ética e espiritual da nação. Aonde estava uma capital idólatra e conformada com a atual condição de Judá, Sofonias exorta-os a uma vida de temor e obediência ao Senhor, para um período de grandes transformações abençoadoras para a nação.

1. A Crise em Jerusalém. Sofonias diz em sua obra profética que os cidadãos de Jerusalém tem o Altíssimo por irrelevante, e que muitos permanecem como bêbados, atônitos com a situação em que se encontravam: "E há de ser que, naquele tempo, esquadrinharei a Jerusalém com lanternas, e castigarei os homens que se espessam como a borra do vinho, que dizem no seu coração: O Senhor não faz o bem nem faz o mal" (Sf 1.12). A indiferença dos judeus para com o Criador traz-nos uma radiografia para os nossos dias. Assim como a idolatria provoca a ira de Deus por adorarem mais as criações que o Criador, a indiferença também provoca a ira do Senhor por ignorarem a sua mensagem e misericórdia e em detrimento da indiferença, buscam viver em conflitos constantes com o Senhor em sua forma de pensar e de viver. Devemos vigiar pois, assim como a idolatria desagrada ao Senhor, a indiferença também o desagrada e lhe provoca a ira do Altíssimo.

2. O Juízo em Jerusalém. O julgamento divino na cidade de Jerusalém em virtude da indiferença dos judeus para com o Senhor, será de uma gravidade sem igual, resultados dos seus pecados. Sofonias profetiza que o julgamento divino ocorrerá por etapas das quais afetarão tanto a vida social, quanto a moral: Bens serão saqueados de suas vidas, casas haverão de ser assoladas, arrasadas, e plantações de vinhas que serão cultivadas mas que não poderão usufruir do seu próprio cultivo (Sf 1.13). Os judeus seriam desprovidos de sua dignidade e moralidade em virtude das desobediências contra o Senhor. Seriam eles agora os julgados ao invés de julgarem ao Senhor e o chamarem de indiferente.

3. A Decadência Moral e Espiritual de uma Nação. A condição moral, social, cultural e espiritual de uma nação passa pelas prioridade as quais as pessoas tem colocado em suas vidas. Existem muitas pessoas que colocam como objetivos de suas vidas o  emprego, o dinheiro, a fama ou até mesmo a autoadoração, a personalidades humanas. A decadência moral e espiritual de uma nação passa por estes fatores. Quando colocamos outras prioridades, alvos de nossas vidas em alvos terrenos em detrimento de uma vida de intimidade e de grande relacionamento com o Criador. Quando uma nação busca adquirir o melhor da criação em preferência ao Senhor, surge uma inversão de valores e conceitos que não são do próprio Criador. Uma nação só será plenamente abençoada quando voltar-se para o Senhor, caso o contrário, ficaremos em ruínas conforme as palavras do salmista: "Os ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos dos homens. Têm boca, mas não falam; olhos têm, mas não vêem. Têm ouvidos, mas não ouvem; narizes têm, mas não cheiram. Têm mãos, mas não apalpam; pés têm, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta. A eles se tornem semelhantes os que os fazem, assim como todos os que neles confiam" (Sl 115.4-8).

III. O Dia da Ira do Senhor

Sofonias repete constantemente durante o seu livro a temática do "Dia do Senhor". No conceito profético do arauto palaciano, este dia é caracterizado quando Jeová enviará um grande juízo sobre o seu povo para os corrigir e discipliná-los. Para Sofonias, o julgamento do Senhor estava muito próximo e avisa aos judeus que se convertam e mudem de conduta, para que assim, voltem-se para o Senhor e também, o Criador irá voltar-se para o seu povo. Não mais os judeus veriam a Deus de Israel como um ser indiferente, mas como Criador de Todas as Coisas, o Deus Onipotente (aquele que detém todo o poder), Onisciente (aquele que conhce todas as coisas) e Onipresente (aquele que está presente em todo tempo e em todo lugar).

1. O Sentido Bíblico do Dia do Senhor. De Isaías ao Apocalipse, a frase "dia do Senhor" aparece em 25 versículos, e expressões semelhantes surgem em vários outros. A linguagem bíblica, freqüentemente citando "o dia do Senhor", é facilmente interpretada como se falasse de um só dia, talvez o dia final quando o Senhor voltará para julgar todas as pessoas. Mas o assunto não é tão simples assim. Esta pergunta serve para ilustrar bem uma regra fundamental de estudo bíblico: é necessário examinar palavras e frases em seus contextos. O dia do Senhor representa duas opções e dois destinos. É dia de destruição e de salvação. O mesmo dia que trouxe castigo aos opressores livrou os oprimidos. O mesmo dia que trouxe salvação aos que receberam a palavra condenou os desobedientes.

2. O Dia do Senhor está Próximo!  Considerando as citações bíblicas sobre o "Dia do Senhor", podemos ver que a mesma frase têm, pelo menos, quatro significados diferentes. Em cada caso, discernimos o sentido no contexto. Um dia de julgamento de pessoas, cidades, povos ou nações. Este é o sentido mais comum, especialmente nas profecias do Velho Testamento. Isaías falou desta maneira do castigo da Babilônia (Is 13.6,9). Jeremias descreveu o castigo do Egito como "o Dia do Senhor. . . dia de vingança contra os seus adversários" (Jr 46.10). Seu contemporâneo, Ezequiel, também usou a mesma linguagem ao falar sobre o castigo do Egito (Ez 30.3) e o de Jerusalém (Ez 13.5; Sf 1.7,14). Joel usa esta frase para falar do castigo do povo judeu (Jl 1.15; 2.1) e do julgamento de várias nações (Jl 3.14; Ob 15).

Conclusão

Duas características que encontram-se de maneira muito comum na nação de Judá em sua atualidade, mas que não pode sobrepor a vida do cristão é a indiferença e também a idolatria. Por conta destas duas características da convivência humana, Judá haveria de arcar seriamente com as consequências de seus atos, por ignorar a mensagem divina e tratarem a Deus como um ser irrelevante, sem importante para a história e o decorrer do povo como um todo. Devemos mantermos em sobriedade e vigilância para que não ocorra conosco o que ocorreu com Judá. Por isto, é-nos mui preciosa a orientação apostólica de Paulo quando se refere o objetivo primal de todo cristão, o seu alvo magno: "Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra" (Cl 3.2).


Recomendação de Leitura da Semana: ATAÍDE, Romulo. Panorama Bíblico Volume 4 - Livros Proféticos. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.


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