sábado, 21 de março de 2020

A Documentação da Bíblia Sagrada




Por Leonardo Pereira



Há atualmente muitos que têm a impressão de que as Bíblias que temos hoje em dia não são fiéis aos documentos originais. Além do mais, há alguns que ainda pensam que os seus vários livros não foram escritos quando esses próprios livros declaram ter sido escritos. Algumas pessoas pensam que os Evangelhos, por exemplo, não foram relatos de testemunhas oculares como declaram ser, mas são antes narrativas míticas escritas muito mais tarde de modo a estabelecer a doutrina dos cristãos. Perseguindo este tipo de questão, não estamos tentando estabelecer se a Bíblia é inspirada, mas se é autêntica: se o texto é fiel ao original, e se os livros originais foram escritos quando eles declaram ter sido. Neste artigo, olharemos para algumas das evidências que podem nos ajudar a responder a este tipo de questão.

Para se entender a evidência para a Bíblia, é necessário ter-se uns poucos conhecimentos. Primeiro, sabemos que a Bíblia é uma coleção de livros escritos num período de alguns séculos por aproximadamente 40 diferentes autores. Estes livros são divididos em duas seções principais, que chamamos o Velho e o Novo Testamento. Há um período de centenas de anos entre a escrita do último livro do Velho Testamento e o primeiro livro do Novo Testamento. Os estudiosos que se ocupam das questões relacionadas com a autenticidade da Bíblia aplicam a ela exatamente os mesmos testes que aplicam a todos os documentos antigos (ainda que tendam a aplicá-los um pouco mais rigorosamente a um livro que se declara ser inspirado por Deus). Estes testes cobrem uma variedade de assuntos, incluindo tanto evidência interna quanto externa. Evidência interna é a que pode ser determinada olhando-se dentro das páginas dos próprios livros. Evidência externa inclui evidência arqueológica e científica, evidência histórica e cultural, e evidência do manuscrito, que é um documento escrito à mão. Para nossos propósitos correntes, um manuscrito é um documento escrito antes do advento do processo de impressão mecânico (cerca de 1450 d.C.). Por causa das circunstâncias da escrita da Bíblia, o estudo da evidência do manuscrito é geralmente dividida em duas áreas separadas, uma para cada Testamento. No interesse do espaço disponível, examinaremos alguma evidência somente do Novo Testamento.

Primeiro, é interessante notar que os mais antigos manuscritos do Novo Testamento, ainda em existência, datam mais proximamente do tempo da autoria do que é o caso com outros livros antigos. Os mais antigos manuscritos dos escritos de Heródoto, por exemplo, datam aproximadamente de 1300 anos depois de sua morte; e isto não é incomum em livros antigos. Em contraste, há um fragmento do Evangelho de João na Biblioteca da Universidade John Rylands, em Manchester, Inglaterra, que é datado de cerca de 125 d.C. Uma vez que os estudiosos geralmente concordam que João escreveu seu Evangelho numa data mais tardia (entre 60 e 90 d.C.) do que os outros três escritores do Evangelho, este fragmento é especialmente significante. Mais ainda, há um fragmento do Evangelho de Mateus encontrado entre os manuscritos do Mar Morto, datando de antes de 68 d.C. – menos do que 35 anos depois da morte de Jesus! Somando-se a estes, há manuscritos contendo o Evangelho de João, a Epístola aos Hebreus, e a maioria das Epístolas de Paulo, datadas de cerca de 200 d.C. Há manuscritos de todos os quatro evangelhos, bem como outros livros do Novo Testamento, de 200 e tantos d.C. E na sala de manuscritos da Biblioteca Britânica está o manuscrito chamado Sinaiticus, que é datado de 350 d.C., o qual contém o Novo Testamento inteiro. Concluindo, a evidência do manuscrito aponta para a conclusão de que o Novo Testamento foi escrito quando ele declara ter sido escrito: entre cerca de 50 a 100 d.C.

Mas as datas dos vários manuscritos não são o único fator importante. A mera quantidade deles é nada menos do que impressionante. Os mais antigos manuscritos do Novo Testamento foram escritos em papiro, que é relativamente frágil e sujeito a deterioração, nisso não diferindo do papel. Se você viu um recorte de jornal de data tão recente como 1970, percebeu que ele mostra sinais de deterioração depois de apenas 30 anos. Com isto em mente, é uma maravilha que qualquer dos antigos manuscritos em papiro do Novo Testamento tenha sobrevivido a um período de 1500 anos ou mais. De fato, há cerca de 80 de tais manuscritos. E estes são apenas o princípio. No quarto século d.C., o pergaminho substituiu o papiro como o principal meio para cópias da Bíblia. Há próximo de 3000 manuscritos de pergaminho do Novo Testamento Grego, datando do quarto século até o décimo quinto século, quando a imprensa passou a dominar. Em contraste, temos apenas uma cópia manuscrita dos Anais de Tácito, que viveu certa de 55 a 120 d.C., a mesmíssima era dos escritos do Novo Testamento.

Até aqui, em nossa discussão, olhamos somente para os manuscritos do Novo Testamento em Grego, que é a língua na qual foram originalmente escritos. Somando-se aos gregos, há também uma grande quantidade de manuscritos que são versões, traduções para outras línguas. O simples fato que o Novo Testamento foi traduzido é impressionante quando consideramos que era muito incomum traduzir livros no tempo antigo. E o Novo Testamento não foi traduzido somente uma vez, nem foi muito tempo depois da escrita que as traduções começaram a aparecer. A Bíblia foi traduzida independentemente tanto para o Latim como para o Siríaco, algo entre 100 e 150 d.C. Foi traduzida para o Copta (um dialeto egípcio) nos anos 200, para o Armênio e o Georgiano nos anos 400, etc. No todo, há 5000 manuscritos do Novo Testamento ainda em existência. Com tão grande número de manuscritos, foi inevitável que aparecessem variações entre eles. A questão que fica, então, é a extensão e a significância destas variações. Para responder a esta questão, primeiro consideraremos mais alguns fatos a respeito das versões.

Cada uma das traduções, naturalmente, começou uma nova tradição. Por exemplo, quando fizesse cópias da Bíblia em Armênio, o copista geralmente não teria acesso ao manuscrito grego do qual a tradução original foi feita. Assim, ele teria que copiar diretamente da própria tradução armênia. E do mesmo modo, ao fazer mais tarde revisões da tradução: os revisores teriam que ir buscar a armênia existente, junto com quantas edições Gregas eles tinham disponíveis para eles; mas não teriam acesso ao manuscrito do qual a tradução tinha sido feita originalmente. E é assim com cada uma das línguas para as quais a Bíblia foi traduzida. Então, quando olhar para a tabela anexa, tenha em mente que cada uma das linhas verticais representa uma linha separada de transmissão. Ao determinar a exatidão do texto, então, os estudiosos modernos podem comparar cópias do Novo Testamento em um número de diferentes línguas, representando diferentes culturas e diferentes pontos de vista religiosos.

Quando consideramos as grandes diferenças entre as várias culturas representadas pelas traduções antigas, e o grande número das doutrinas variantes existentes nas religiões dessas culturas, esperaríamos haver tremendas diferenças nos textos bíblicos. Mas esse não é o caso. Ao contrário, mesmo com o enorme número de manuscritos e a diversidade das línguas, aproximadamente 85% do texto do Novo Testamento nem mesmo é questionado: em outras palavras, não há discordância entre os manuscritos para esta porção do texto. Quanto aos 15% para os quais existem interpretações variantes entre os manuscritos, a maioria dessas interpretações variantes é facilmente reconhecida como falsa, simplesmente por causa da esmagadora evidência dos manuscritos contra elas. Quanto à pequena porção restante, a maioria das interpretações variantes que não são facilmente descartadas como não autênticas, são tão insignificantes que não mudam substancialmente o significado das passagens nas quais elas ocorrem. De fato, o renomado estudioso da Bíblia F. J. A Hort estima que as variações “substanciais” (aquelas que afetam o significado da passagem) afetam apenas um milésimo do texto. E, ainda nestas poucas instâncias onde o sentido da passagem é afetado ela interpretação variante, o ensino atual da escritura continua incontestado.

Em conclusão, podemos notar que a evidência do manuscrito para o Novo Testamento é verdadeiramente avassaladora. Se abordarmos o assunto objetivamente, temos que admitir que toda a evidência do manuscrito aponta para a veracidade e autenticidade dos livros. Foram escritos quando declaram ter sido escritos, e por quem eles declaram ter sido escritos. E mais ainda, o texto que temos hoje é fiel aos documentos originais. Qualquer declaração, então, de que “a Bíblia foi mudada”, ou que “os Evangelhos foram escritos gerações depois do fato” é demonstrável como falsa. Em conseqüência, qualquer argumento ou doutrina construídos sobre uma tal declaração se desintegra. Sempre que pegamos uma tradução literal da Bíblia, temos em nossas mãos uma versão substancialmente apurada de alguns documentos antigos autênticos e muito importantes.



Obras Citadas: 

1 - International Standard Bible Encyclopedia. G. W. Bromily, redator geral. 1988. Wm. B. Eerdmans Publishing Co. Vol. IV, p. 818.

2 - Kenneth L. Chumbley. The Gospel Argument For God. 1989. Página 26.

sexta-feira, 20 de março de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Março/2020 - Capítulo 3 - Dons de Poder




Comentarista: Pedro Nunes



Texto Bíblico Base Semanal: 1 Coríntios 12.4,9-11.

4 - Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.
9 - e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;
10 - e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas.
11 - Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.

Momento Interação

Quando estudamos as Escrituras Sagradas, observamos que existem muitos assuntos para serem compreendidos. Entre eles, encontramos a temática que trata acerca da atuação do Espírito Santo. Entender à luz da Bíblia, como o Espírito de Deus atua, é crucial para nossa vida, haja vista que uma má compreensão resulta em conclusões erradas ou desfocadas e esses resultados geram implicações práticas erradas para nós. Por isso, estudar esse assunto é bastante importante! Hoje, falaremos um pouco da atuação do Espírito Santo no meio dos cristãos, à guisa de introdução, acerca dos Dons de Poder. Bons Estudos!

Introdução

A cura do corpo doente pela fé é um fruto da morte de Cristo Jesus na cruz do Calvário (cf Is 53.4,5; 1 Pe 2.24,25; Mt 8.16,17 e 9.35,36). Os dons de curar consistem em uma operação do Espírito Santo, pela qual o poder de cura que Jesus Cristo ganhou é transmitido ao doente de modo abundante, imediato, para a cura completa. [...] Esse dom não significa uma capacidade de curar quando e como a pessoa quer, porém é sempre uma transmissão de poder do Espírito Santo. Por isso, é indispensável que o portador do dom esteja ligado a Cristo Jesus e siga a sua direção. O dom é dado à Igreja e constitui uma confirmação de Deus à pregação da Palavra (cf. Mc 16.20; At 14.1-4; 10.38 e 5.11,12). 
Por esse motivo, Jesus Cristo deve sempre ser o único glorificado. Esses dons são concedidos à igreja para a restauração da saúde física, por meios divinos e sobrenaturais (Mt 4.23-25; 10.1; At 3.6-8; 4.30). O plural (“dons”) indica curas de diferentes enfermidades e sugere que cada ato de cura vem de um dom especial de Deus. Os dons de curas não são concedidos a todos os membros do corpo de Cristo Jesus (cf. 1 Co 12.11,30), todavia, todos eles podem orar pelos enfermos. Havendo fé, os enfermos serão curados. Pode também haver cura em obediência ao ensino bíblico de Tg 5.14-16 (cf. Tg 5.15).

I. Dom da Fé

O dom espiritual da fé é encontrado na lista dos dons do Espírito em 1 Coríntios 12. O versículo 9 diz que algumas pessoas recebem o dom da fé, mas esse dom não é especificamente explicado. Todos os verdadeiros crentes têm recebido de Deus a fé salvadora como o único meio de salvação (Ef 2.8,9), mas nem todos os crentes recebem o dom espiritual da fé. Como todos os dons do Espírito Santo, o dom espiritual da fé também foi dado para um "fim proveitoso", e esse fim é a edificação do corpo de Cristo (1 Co 12.7). O dom da fé pode ser definido como o dom especial através do qual o Espírito fornece aos cristãos uma confiança extraordinária nas suas promessas, poder e presença para que possam tomar posições heroicas para o futuro da obra de Deus na igreja. 

O dom espiritual da fé é exibido por alguém com uma confiança forte e inabalável em Deus, sua Palavra e suas promessas. Exemplos de pessoas com o dom da fé são os enumerados no capítulo 11 de Hebreus. Este capítulo, muitas vezes chamado de "o capítulo da fé", descreve aqueles cuja fé foi extraordinária, o que lhes permitiu fazer coisas extraordinárias e super-humanas. Aqui vemos Noé passando 120 anos construindo um barco enorme quando, até aquele momento, a chuva ainda não existia, e vemos também Abraão acreditando que seria pai de uma criança quando a capacidade natural de sua esposa já tinha terminado. Sem o dom especial da fé dado por Deus, essas coisas teria sido impossíveis.

Tal como acontece com todos os dons espirituais, o dom da fé é dado a alguns cristãos que, em seguida, usam essa habilidade para edificar os outros no corpo de Cristo. Aqueles com o dom da fé são uma inspiração para os seus irmãos na fé, exibindo uma confiança simples em Deus que se mostra em tudo o que dizem e fazem. Os que são extraordinariamente fiéis mostram uma humilde piedade e confiança nas promessas de Deus, muitas vezes tanto que passam a ser conhecidos por serem quietamente destemidos e zelosos. Eles são tão convencidos de que todos os obstáculos ao evangelho e aos propósitos de Deus serão superados e são tão confiantes de que Deus vai garantir o avanço de sua causa, que muitas vezes conseguem fazer muito mais na promoção do reino de Deus do que os pregadores e professores mais talentosos e eruditos.

II. Dons de Curar

O dom espiritual da cura é a manifestação sobrenatural do Espírito de Deus que milagrosamente traz cura e libertação de doenças e/ou enfermidades. É o poder de Deus que destrói o trabalho do pecado e/ou do diabo no corpo humano, tais como as curas que Jesus e os discípulos fizeram (Mt 4.24; 15.30; At 5.15,16; 28.8,9). O dom da cura dado à igreja é observado principalmente em 1 Coríntios 12, onde os dons espirituais são listados. Os dons espirituais são poderes, competências, habilidades ou conhecimentos dados por Deus através do Espírito Santo aos cristãos. 

Paulo diz à igreja que o propósito dos dons espirituais é edificar outros crentes e, de fato, glorificar a Deus. Deus dá estes dons para que possa trabalhar através dos crentes, mas na igreja de Corinto, eram aparentemente um tipo de símbolo de status sendo usado para indicar superioridade. Curiosamente, 1 Coríntios 12.9 refere-se a "dons" de cura no plural, o que pode indicar que existem diferentes dons de cura. Esses dons podem significar uma gama muito ampla de competências ou habilidades. Essas habilidades podem ser ordenadas desde o poder de curas milagrosas ou dramáticas, como fazer que os coxos andem, ao bom uso ou compreensão da medicina. Pode até ser a capacidade de empatia e mostrar amor aos outros ao ponto de curar uma ferida emocional.

Tem havido muito debate sobre o uso do dom espiritual de cura entre os cristãos. Alguns acreditam que o dom da cura e alguns outros dons de sinais não sejam mais operatórios hoje, enquanto outros acreditam que os dons miraculosos ainda estejam sim em uso hoje. É claro que o poder de curar nunca foi realmente da própria pessoa. O poder de curar é de Deus, e somente Deus. Embora Deus ainda cure hoje, acreditamos que a sua cura através desse dom pertencia principalmente aos apóstolos da igreja do primeiro século para que pudessem afirmar com confiança que a sua mensagem era de Deus (At 2.22; 14.3).

Deus ainda executa milagres. Deus ainda cura as pessoas. Não há nada que impeça Deus de curar uma pessoa por meio do ministério de outra pessoa. No entanto, o dom miraculoso de cura, como um dom espiritual, não parece estar funcionando hoje. Deus certamente pode intervir de qualquer maneira que achar melhor, seja na forma "normal" ou através de um milagre. A nossa própria salvação é um milagre. Estávamos mortos em pecado, mas Deus entrou em nossas vidas e nos fez novas criaturas (2 Co 5.17).

III. Dom de Operação de Maravilhas

É o segundo dos três dons de poder, precedendo os dons de cura em importância, como relata claramente o versículo 28 do primeiro livro de Coríntios, capítulo 12. Por isso, propomo-nos a tratá-lo como o segundo dom de poder. Ele tem sido entendido de várias maneiras, como outros dons do Espírito: para incluir experiências que não são expressamente sobrenaturais e costuma ser confundido com os dons de cura. Como já dissemos, um dom não se sobrepõe ao outro. Cada dom é separado e diferente dos outros, assim como as velas estão destacadas no castiçal. Podemos dizer que é a demonstração sobrenatural do poder de Deus pela qual as leis da natureza são alteradas, suspensas ou controladas (com exceção é claro, na esfera da doença). 

Porque era utilizado como um sinal de presença e do poder de Jeová, e o profeta realizava um milagre estabelecia sua autoridade divina diante do povo. A Moisés foi concedido esse dom como credencial ao ser enviado pelo Senhor à corte de Faraó (Êx 2.1-10).  As curas predominam, sem dúvida, porque o Senhor tem-se revelado em Cristo como o Deus do amor, e o amor sempre se preocupa com os sofrimentos dos homens e das mulheres. Os milagres demonstram o poder do Altíssimo, e as curas demonstram Seu amor e Sua compaixão. 

Eis um exemplo de destaque: quando Israel se voltou para adorar a Baal e, espiritualmente, apostatou da pura adoração a Jeová (Jz 2.13), Deus levantou o grande profeta Elias. Após trazer um terrível seca sobre a terra, ele reuniu as pessoas no monte Carmelo e pediu que decidissem, a partir de um sinal milagroso de fogo vindo do céu, se Baal ou Jeová era o verdadeiro Deus. Os sacerdotes e profetas de Baal erigiram seu altar, e Elias construiu o seu para o Deus de Israel. Após horas de orações infrutíferas, os adoradores de Baal não produziram fogo algum. Elias, confiante no Todo-Poderoso, fez sua simples oração, crendo: "Ó SENHOR, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, manifeste-se hoje que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo, e que conforme a tua palavra fiz todas estas coisas. Responde-me, SENHOR, responde-me, para que este povo conheça que tu, SENHOR, és Deus e que tu fizeste tornar o seu coração para trás (1 Rs 18.36b,37). Então, um clarão de fogo riscou através da formação de sombras do céu vespertino e consumiu o altar, o boi, as pedras e a madeira; e o povo gritou: Só o SENHOR é Deus" (1 Rs 18. 39). Esse é um exemplo extraordinário da operação de maravilhas.

Conclusão

O dom pode ser usado como um sinal da presença e do poder de Deus, a fim de prover uma necessidade temporal ou confirmar a Palavra pregada. Além disso, pode dar evidências de uma comissão divina, como no caso de Moisés e sua vara. As leis da natureza são alteradas pela operação de maravilhas. A lei natural, por exemplo, a qual faz o ferro afundar, foi invertida no caso da viga que Eliseu fez nadar (2 Rs 6.5,6). Ademais, seu grande predecessor, Elias suspendeu as leis da natureza por um tempo, e o fluir do Jordão cessou, até que ele e seu servo tivessem passado (2 Rs 2.8). Moisés também controlou as leis da natureza quando o Egito foi infestado pelas pragas. 



Sugestão de Leitura da Semana: CAMPOS, Ygor. Panorama Bíblico - Volume 5: Os Evangelhos. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.

domingo, 15 de março de 2020

Honra na Família




Por Leonardo Pereira



Peço licença para transcrever um texto em um artigo do estimado articulista e teólogo americano Mike Bozeman, cujo princípios desenvolvo mais abaixo. 

Há princípios críticos para o sucesso na família. Considere alguns:

1: O plano de Deus é sempre melhor. Como criador da família, Deus tem a autoridade e sabedoria para fazer leis e dar liderança para os melhores relacionamentos possíveis.

2: Esforçando-se para o ideal. Devemos esforçar-nos para deixar as nossas famílias o mais próximo possível do ideal, em vez de procurar brechas ou exceções como desculpas para nossas preferências ou falhas

3: Eu sou responsável por mim. O plano de Deus é baseado em cada indivíduo fazer o melhor. Cada um deve cumprir com suas responsabilidades pessoais independente daquilo que cônjuges/filhos/pais/sociedade... fazem.

4: Olhar para os outros. A chave para relacionamentos bem-sucedidos e satisfatórios é considerar que os outros são mais importantes do que nós mesmos. Ter a segurança pessoal capaz de sacrificar pelos outros é a única base certa para uma família ideal..

5: Com Deus, todas as coisas são possíveis. Pela deterioração da família na sociedade pareceria que é impossível ter uma família devota. Mas o cristão acredita em Deus, não em si mesmo. Confiar em Deus e seguir seus planos é o único caminho ao sucesso verdadeiro.

Quando esses princípios são negligenciados, famílias falham

Quando uma família cresce e prospera não é por acaso. Da mesma forma quando famílias falham não é por acaso. Muitas vezes é porque algum princípio na palavra de Deus tem sido negligenciado. Um princípio crítico para o crescimento espiritual de uma família, no entanto frequentemente negligenciado é o da honra. Os apóstolos ensinaram que os cristãos deviam honrar uns aos outros. “Igualmente vós, maridos, coabitai com ela com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida...” (1 Pe 3.7 Rc). “Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa), para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra” (Ef 6.1-3). “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros” (Rm 12.10).

A definição de honra

No Velho Testamento, a palavra honra literalmente significava “pesado”. No Novo Testamento, honra significava “um apreço”. O apóstolo Pedro disse que o sangue do Filho de Deus era pesado, extremamente precioso e muito mais valorizado do que “coisas corruptíveis, como prata ou ouro” (1 Pe 1.18). Honrar a Deus é colocar um valor maior nele do que em qualquer coisa na terra ou no céu. Da mesma forma, quando “honramos” uma pessoa falamos que ela é extremamente valiosa aos nossos olhos. Dizemos que quem ela é e o que ela diz tem um peso grande. O apóstolo Paulo disse, “e os que nos parecem menos dignos no corpo, a estes damos muito maior honra” (1 Co 12.23). Paulo disse aos filipenses sobre Epafrodito, “Recebei-o, pois, no Senhor, com toda a alegria, e honrai sempre a homens como esse” (Fp 2.29).

A definição de desonra

O oposto aplica-se à desonra. Podemos, pelo o que falamos e a maneira que tratamos uma pessoa, comunicar a ela que ela é de pouco valor para nós; que as suas palavras e seus esforços tem “pouco peso” no nosso modo de ver. A palavra desonra nos dias de Jesus significava “neblina” ou “vapor” que sobe de uma panela de água fervente. Era a coisa mais insignificante para os gregos. Uma grande ilustração de desonra está em Mateus 27.9,10: “…Tomaram as trinta moedas de prata, preço em que foi estimado aquele a quem alguns dos filhos de Israel avaliaram; e as deram pelo campo do oleiro, assim como me ordenou o Senhor” (a palavra preço era a mesma palavra grega que honra). Em outras palavras, eles colocaram o valor do precioso Filho de Deus em trinta moedas de prata. A desonra está no preço. Seu valor para Judas era apenas um pouco mais do que o vapor que sobe de uma panela de água. Ele não tinha valor para Judas.

Ilustrações de desonra na família 

A gora vamos fazer algumas aplicações concretas na família. Uma pesquisa foi feita com famílias nos Estados Unidos e perguntaram às pessoas “Quais são os dez atos mais desonrosos no lar?” Aqui estão os resultados: 

1. Ignorar ou não considerar as opiniões, os conselhos ou as crenças de outras pessoas.

2. Envolver-se na televisão ou no jornal enquanto outra pessoa tenta se comunicar conosco.

3. Fazer piadas sobre as fraquezas ou falhas de uma outra pessoa.

4. Fazer ataques verbais regulares contra um amado: criticar severamente, julgar, dar broncas sem carinho.

5. Não dar a devida importância à família do cônjuge ou a outros parentes no seu planejamento e comunicação.

6. Ignorar ou simplesmente não expressar gratidão por atos bons feitos para nós.

7. Praticar hábitos de mal gosto em frente da família – mesmo quando pedem que paramos.

8. Comprometer-nos exageradamente com outros projetos ou pessoas de maneira que tudo fora do lar pareça ser mais importante do que aquilo dentro do lar.

9. Lutas pelo poder que deixam uma pessoa se sentindo que é uma criança ou que está sendo severamente dominada.

10. Falta de vontade de admitirmos que estamos errado ou de pedir perdão.

E se as pessoas não merecem honra?

É verdade que algumas pessoas possam não merecer honra devido a sua conduta. Talvez um cônjuge agiu com ódio ou sem amor, ou um filho foi rebelde. Mas é interessante o que Pedro disse: “tratai todos com honra” (1 Pe 2.17). Ele continuou a dar exemplos de quem devemos respeitar. Ele disse “Servos, sede submissos, com todo o temor ao vosso senhor...também ao perverso” (1 Pe 2.18). Ele disse “Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio marido, para que, se ele ainda não obedece à palavra, seja ganho, sem palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa,” (1 Pe 3.1). Parece que Pedro estava indicando que nossa obrigação a mostrar honra aos outros não depende da maneira que eles nos tratam.. Paulo disse a Timóteo “Não repreendas ao homem idoso” quando ele precisasse de correção (1 Tm 5.1), e para “Todos os servos que estão debaixo de jugo considerem dignos de toda honra o próprio senhor, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados” (1 Tm 6.1). As pessoas talvez não mereçam honra, mas nossa preocupação com Deus e sua glória nos levará a tratar até as pessoas desonrosas com respeito.

Vale a pena observar que o próprio Deus nos deu valor quando não merecíamos nada. “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8). Isso torna todos os homens iguais. Somos todos pecadores. Nenhum de nós merece honra pela virtude de obediência perfeita ao Senhor. O apóstolo João disse, “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros” (1 Jo 4.10,11). Apenas quando nos vemos como receptores do favor não merecido de Deus, podemos decidir a amar e honrar as pessoas da nossa família mesmo que elas não “mereçam” nosso amor.

Olhando para várias famílias na Bíblia Sagrada

No Velho Testamento, muitas vezes, Deus nos deixou olhar pela janela de várias famílias – Adão e Eva, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, Davi. Suas janelas freqüentemente eram deixadas abertas para que pudêssemos ver como elas foram abençoadas quando obedeciam a Deus e como tiveram dificuldades quando desobedeciam. Frequentemente sofreram porque não estavam olhando para as coisas uns dos outros, mas apenas para as próprias. Às vezes, pelo fato de não honrarem uns aos outros, havia amargura, ciúmes e até assassinato. O que uma pessoa veria se olhasse pela sua janela? Mais importante ainda é: o que Deus vê quando observa os pais e filhos no seu lar? Ele vê amor, respeito, consideração, valorização e honra? Se não, você deve considerar o primeiro princípio mencionado neste artigo – o plano de Deus é sempre melhor. Se queremos famílias fortes, saudáveis e felizes, teremos de reconhecer que o plano de Deus é o melhor, implantar esse plano nas nossas próprias vidas e depois dividir esse plano com os outros na nossa família.




Referências:


ATAÍDE, Romulo; MUNIZ, Sidney; PEREIRA, Leonardo; ROGÉRIO, Marcos. Comentário Bíblico Evangelho Avivado - Volume 1 - Antigo Testamento. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.

NEVES, Natalino das. Cobiça e Orgulho. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.

RENOVATO, Elinaldo. A Família Cristã e os Ataques do Inimigo. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.

ROGÉRIO, Marcos. Família Cristã. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.