sexta-feira, 13 de março de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Março/2020 - Capítulo 2 - Dons de Revelação




Comentarista: Pedro Nunes



Texto Bíblico Base Semanal:  1 Coríntios 12.8,10; Daniel 2.19-22.

1 Coríntios 12

8. Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;
10. e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas.

Daniel 2

19. Então foi revelado o segredo a Daniel numa visão de noite; e Daniel louvou o Deus do céu.
20. Falou Daniel e disse: Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre, porque dele é a sabedoria e a força;
21. ele muda os tempos e as horas; ele remove os reis e estabelece os reis; ele dá sabedoria aos sábios e ciência aos inteligentes.
22. Ele revela o profundo e o escondido e conhece o que está em trevas; e com ele mora a luz.

Momento Interação

Neste estudo falaremos a respeito dos dons de revelação. Estes dons são concedidos à Igreja a fim de que ela seja edificada. Estamos vivendo "tempos trabalhosos", necessitamos da sabedoria que vem do alto, do poder de Deus. Sigamos o exemplo de Paulo, pois sua oração em favor dos crentes de Éfeso era: “Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação" (Ef 1.17). Deus deseja nos outorgar os dons de revelação, a fim de que sejamos edificados e jamais venhamos a cair nas astutas ciladas do Maligno. Os dons de revelação divina são indispensáveis à igreja da atualidade, pois vivemos em um tempo marcado pelo engano.

Introdução

Os dons de revelação constituem parte da revelação de Deus, concedida ao homem salvo, para que, por eles, a “multiforme sabedoria” divina seja manifestada no meio da Igreja, e os crentes em Jesus sejam protegidos das sutilezas do Adversário e das maquinações humanas contra a fé cristã. Precisamos, de maneira indispensável, dos dons espirituais, tanto para cumprirmos a missão confiada por Cristo, quanto para lutar e vencer “as hostes espirituais do mal nos lugares celestiais” (Ef 6.12). Pois nós não estamos lutando contra seres humanos, mas contra as forças espirituais do mal que vivem nas alturas, isto é, os governos, as autoridades e os poderes que dominam completamente este mundo de escuridão. Ef 6.12 (NTLH). Sem os dons, a igreja local não passa de uma comunidade humana, uma associação religiosa, com um “vale de ossos”. Transformados em corpos com tecidos humanos, mas sem vida. Tem estruturas humanas, ministeriais, denominacionais, intelectuais, políticas e administrativas, mas não com o poder de Deus em sua vida institucional. Os dons espirituais propiciam a provisão divina para a igreja cumprir a sua missão , concedida por Cristo, de proclamar o evangelho por todo o mundo e a toda criatura.

I. A Palavra da Ciência 

É manifestação da ciência ou do conhecimento de Deus, concedido ao homem salvo. Pode ser dado por sonho, por visão, por revelação especial, por voz de Deus na mente, operando na esfera humana, no seio da igreja; sendo um conhecimento sobrenatural propiciado por Deus. Paulo fala de “todos os mistérios e toda a ciência” (1 Co 13.2). Mas tudo isso só têm valor se for sob a graça do amor de Deus. Poderia ter o dom de anunciar mensagens de Deus, ter todo o conhecimento, entender todos os segredos e ter tanta fé, que até poderia tirar as montanhas do seu lugar, mas, se não tivesse amor, eu não seria nada. (1Co 13.2 - NTLH). Através desse dom, o crente penetra nas profundezas do conhecimento de Deus (Ef 1.17). A Palavra de Deus mostra exemplos desse dom. 

Quando Jesus pregava para a mulher samaritana, soube detalhes da vida dela, que o conhecimento humano não teria condições de alcançar naquela circunstância de um encontro inesperado. A palavra da ciência não é adivinhação nem expressão de tentativa de erro e acerto. É dada pelo Espírito Santo E peço ao Deus do nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai glorioso, que dê a vocês o seu Espírito, o Espírito que os tornará sábios e revelará Deus a vocês, para que assim vocês o conheçam como devem conhecer. Ef 1.17 (NTLH). O dom da palavra da ciência não visa servir a propósitos triviais, como o de descobrir o significado dos tecidos do Tabernáculo ou a identidade da mulher de Caim, etc. Isto é mera curiosidade humana, e o dom de Deus não foi dado para satisfazê-la. A manifestação sobrenatural deste dom tem a finalidade de preservar a vida da igreja, livrando-a de qualquer engano ou artimanha do maligno.

Esse dom revela coisas que não são percebidas pela visão natural. É uma revelação sobrenatural do Espírito Santo ao ser humano de fatos e informações que seriam impossíveis de serem conhecidos se não fossem liberados da mente de Deus e pode envolver pessoas, lugares e objetos. É uma palavra de conhecimento do presente ou de alguma coisa do passado que Deus quer revelar, para que seu nome seja engrandecido e glorificado. Ao profeta Eliseu foram revelados os planos de guerra do rei da Síria. Quando o rei sírio pensou em atacar o exército de Israel, surpreendendo- o em determinado lugar, o profeta alertou o rei de Israel sobre os planos inimigos (2Rs 6.8-12). Outro exemplo foi a revelação de Daniel acerca do sonho de Nabucodonosor, quando Deus descortinou a história dos grandes impérios mundiais ao profeta (Dn 2.2,3; 17-19).

II. A Palavra da Sabedoria

Sabedoria é a “capacidade de tomar decisões corretas”. Este mesmo pastor transcreveu o que diz a respeito a Bíblia de Aplicação Pessoal, que ora transcrevemos: “Sabedoria significa ‘discernimento prático’. Começa com o respeito a Deus, conduz a um viver correto, e resulta em habilidade aumentada para dizer o que é certo ou errado. Deus possui toda a sabedoria e todo o conhecimento. Ele sabe tudo, mas nunca revela tudo quanto sabe; simplesmente nos dá uma palavra daquilo que sabe. Por isso não é dom da sabedoria e sim o dom da palavra da sabedoria que Deus revela ao homem. A palavra da sabedoria é uma revelação sobrenatural pelo Espírito de Deus, no tocante ao plano e propósito divinos na mente e na vontade de Deus. 

Embora na Antiga Aliança os dons espirituais não fossem plena e claramente evidenciados como na Nova, alguns episódios do Antigo Testamento vislumbram o quanto Deus conferia aos homens sabedoria do alto para executar tarefas ou tomar decisões. Um exemplo disso é a revelação e a interpretação dos sonhos de Faraó através de José, o filho de Jacó (Gn 41.14-41). A palavra de sabedoria é de grande valor na tarefa do aconselhamento pessoal e em situações que demandam uma orientação no exercício do ministério pastoral. Entretanto, tenhamos cuidado para não confundir a manifestação desse dom com o nosso desejo pessoal. Lembremo-nos de que Deus manifesta os dons em nossas vidas segundo o conselho da sua sabedoria, não da nossa. Tenhamos maturidade e cuidado no uso dos dons!

III.  O Discernimento dos Espíritos

Como as palavras da ciência e da sabedoria, o dom de discernir os espíritos é uma capacitação sobrenatural do Espírito Santo que permite conhecermos a natureza e o caráter dos espíritos. Ajuda o crente a separar o falso do verdadeiro, o puro do impuro, o santo do pecador, o joio do trigo e, especialmente, a intenção dos corações. O profeta Elizeu, homem de Deus, desmascarou o espírito de engano em seu servo que desejou tomar de Naamã um talento de prata e duas mudas de roupa, como pagamento da cura de sua lepra. O pobre Geazi herdou apenas a lepra.Os que compram e vendem os dons de Deus morrem leprosos, mesmo que esta doença não seja visível no corpo, inunda a alma com a imundície deste pecado, chamado de simonia (2 Rs 5.20-27). 

É no Novo Testamento que este dom se manifesta em todo o seu vigor, revelando os espíritos maus e enganadores dos últimos tempos. Em Atos 16.16-18, Paulo enfrentou uma situação na qual precisou discernir os espíritos. Ele conheceu a origem daquela bajulação e expulsou o demônio em nome de Jesus Cristo. Os crentes precisam exercer este dom na atualidade, quando o espírito de mentira está em muitos lábios, tanto ou mais que nos dias dos apóstolos. Ao longo das Escrituras podemos destacar três origens das manifestações espirituais no mundo: Deus, o homem e o Diabo. Uma profecia, por exemplo, pode ser fruto da ordem divina ou da mente humana ou ainda de origem maligna. Como saber? Aqui, o dom de discernir os espíritos tem o papel essencial de preservar a saúde espiritual da congregação.

O dom não é uma permissão para julgar a vida dos outros. Esta habilidade conferida pelo Espírito Santo para reconhecer a identidade dos espíritos que estão envolvidos nas atividades terrenas, bons ou maus. É um dom que traz clareza a igreja do Senhor, traz a luz as confusões e orienta. Tem como propósito proteger, guardar, guiar e alimentar os Filhos de Deus. Hoje estamos passando por manifestações sobrenaturais e muitas vezes o povo de Deus não sabe de onde vem, se de Deus ou do diabo. Nem todo milagre está vindo de Deus pois Satanás também é um espírito sobrenatural.

A Palavra de Deus nos ensina que os espíritos devem ser provados. Toda palavra que ouvimos em nome de Deus deve passar pelo crivo das Sagradas Escrituras, pois o Senhor Jesus nos advertiu sobre os falsos profetas. Ele ensinou-nos que os falsos profetas são conhecidos pelos “frutos que produzem”, isto é, pelo caráter (Mt 7.15-20). Jesus conhece o segredo do coração humano, mas nós não, e por isso precisamos do Espírito Santo para revelar-nos a verdadeira motivação daqueles que falam em nome do Senhor.

Conclusão

A Igreja de Jesus necessita dos dons de revelação para discernir entre o certo e o errado, entre o legítimo e o falso. Os falaciosos ensinos e as manifestações malignas podem ser desmascarados pelo dom do discernimento dos espíritos. Que Deus conceda à sua igreja dons de revelação para não cairmos nas astutas ciladas do Maligno. Deus em Cristo Jesus continue vos abençoando.



Livro de Sugestão para Leitura: RIBEIRO, Anderson. 1ª Coríntios. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.

sábado, 7 de março de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Março/2020 - Capítulo 1 - E Deus Dons aos Homens




Comentarista: Pedro Nunes



Texto Bíblico Base Semanal: Efésios 4.1-13

1. Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados,
2. Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor,
3. Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.
4. Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação;
5. Um só Senhor, uma só fé, um só batismo;
6. Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós.
7. Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo.
8. Por isso diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro,e deu dons aos homens.
9. Ora, isto - ele subiu - que é, senão que também antes tinha descido às partes mais baixas da terra?
10. Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas.
11. E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores,
12. Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;
13. Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo.

Momento Interação

Os dons devem ser utilizados com um propósito específico, a fim de que o nome de Criso seja glorificado. Quem deseja os dons necessita compreender que toda a nossa capacidade e habilidade vem do Senhor. É uma capacidade sobrenatural, não é inata. Estas habilidades são resultado único da graça divina em nossas vidas. No uso dos dons, o crente também precisa conscientizar-se de que o Corpo de Cristo é formado por vários membros, com funções diferentes, mas isso não significa que um é mais importante que o outro. Todos têm o seu valor e devem funcionar em harmonia, visando o bem de todos. Não existe um dom que seja superior aos outros, eles se complementam para a glória do Senhor. Neste mês, estudaremos sobre os dons ministeriais e espirituais. Depois da morte e ressurreição de Cristo, acreditamos que os dons são um dos assuntos mais relevantes do Novo Testamento para a Igreja de Cristo. Os dons espirituais e ministeriais são dádivas divinas para a Igreja atual.

Introdução

Depois da morte e ressurreição de Cristo, acreditamos que os dons são um dos assuntos mais relevantes do Novo Testamento para a Igreja de Cristo. Os dons espirituais e ministeriais são dádivas divinas para a Igreja atual. Alguns erroneamente afirmam que os dons foram apenas para a igreja do primeiro século. Esta afirmação contraria a Bíblia, que diz em Joel 2.28 " E há de ser, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, vossos filhos e filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões". Os dons são para a Igreja de Cristo até a sua Segunda Vinda. O apóstolo Paulo declarou aos coríntios que não devemos ser ignorantes a respeito dos dons (1 Co 12.1).

Na Palavra de Deus, encontramos três listas principais que tratam a respeito dos dons. As três listas se completam. Podemos encontrar a primeira lista em Romanos 12.4-8. Aqui estão relacionados os dons de serviço. A segunda lista está em 1 Coríntios 12 e nela encontramos listados os dons espirituais. A terceira relação se encontra em Efésios 4.11, onde encontramos os dons ministeriais. Tanto os dons de serviço quanto os ministeriais e espirituais têm como propósito a edificação do Corpo de Cristo.

I. Os Dons distribuídos à Igreja de Cristo

Os dons devem ser utilizados com um propósito específico, a fim de que o nome de CRISTO seja glorificado. Quem deseja os dons necessita compreender que toda a nossa capacidade e habilidade vem do Senhor. É uma capacidade sobrenatural, não é inata. Estas habilidades são resultado único da graça divina em nossas vidas. No uso dos dons, o crente também precisa conscientizar-se de que o Corpo de CRISTO é formado por vários membros, com funções diferentes, mas isso não significa que um é mais importante que o outro. Todos têm o seu valor e devem funcionar em harmonia, visando o bem de todos. Não existe um dom que seja superior aos outros, eles se complementam para a glória do Senhor. Os dons é um assunto tão importante para a igreja, que Paulo exorta aos Coríntios a que todos sejam instruídos no assunto (1Co 12.1). A falta de conhecimento leva ao fanatismo, gerando sérios problemas. A cidade de Corinto era marcada pela idolatria. O Brasil também tem uma diversidade religiosa grande, muitos irmãos em nossas igrejas vieram de religiões idólatras, onde o uso de "poderes místicos" é comum. Precisamos estudar, à luz da Palavra, a respeito dos dons a fim de que venhamos discernir os verdadeiros dons do ESPÍRITO. A falta de ensino contribui para surgimento de muitas heresias.

II. O Propósito dos Dons Espirituais

Deus propiciou a redenção da humanidade, com a promessa da “semente da mulher” (Gn 3.15), que haveria de ferir a cabeça da serpente, o Diabo e seus seguidores. Jesus, a maior dádiva de Deus à humanidade, nasceria de uma mulher (cf. Is 7.14), para ser morto, em sacrifício pelo homem perdido, e tornar-se o vencedor do pecado, da morte e do Diabo. A salvação foi o maior dom de Deus ao mundo (Jo 3.16). O dom da vida eterna, em Cristo Jesus.

Na Nova Aliança (Novo Testamento), como parte do plano de Deus, em Cristo Jesus, Ele resolveu dar “dons aos homens” (Ef 4.8), após sua vitória sobre a morte e sobre todos os poderes do mal. Indo além dos “dons naturais”, Jesus resolveu capacitar seus servos, integrantes de sua Igreja, dando-lhes dons {carismas), que são postos à disposição de todos os salvos, no seio da comunidade cristã. Os dons são “ferramentas”, por assim dizer, à disposição da igreja, para que essa exerça sua missão profética, de proclamadora do evangelho de Cristo, de modo eficaz, contra “...os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef 6.12), usando a “armadura do salvo”, na guerra espiritual sem tréguas a que todo salvo é submetido. Neste estudo, veremos o que são os dons, seu propósito e sua classificação, e como são postos à disposição dos salvos em Cristo Jesus.

Nunca foi tão necessária a manifestação dos dons do Espírito Santo, como nos dias atuais visto que estamos vivendo numa sociedade corrompida pelo pecado e enganada por falsos milagres e ensinamentos que contradizem o verdadeiro evangelho de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Existe em toda a Bíblia Sagrada pelo menos quatorze palavras para referir-se a dons, cinco delas em hebraico e nove em grego. Porém o apóstolo Paulo emprega a palavra charisma, para indicar os dons do Espírito Santo, as suas graças, gratuitamente conferidas para a obra do ministério (1 Co 12.4,9,28,30,31). A Palavra Charisma é usada por dezessete vezes no Novo Testamento, com certas variedades de aplicação.

As habilidades dadas a cada pessoa pelo Espírito Santo são chamadas de dons espirituais. E capacita a quem os recebe para ministrar às necessidades principalmente do Corpo de Cristo que é a Igreja. Nesta análise, de natureza introdutória, chamamos de “dons de Deus” a todos os carismas concedidos por Deus, de diversas formas, como recursos de origem divina, que têm o propósito de capacitar os salvos em Cristo Jesus, como membros da Igreja, para que esta alcance sua Missão e seus objetivos, definidos pelo seu Senhor, Cabeça e Mestre.

III. Os Dons Glorificam à Deus

A fim de sermos mais didáticos e eficientes no estudo a respeito dos dons, dividiremos este assunto em três categorias principais: Dons de Serviço, Dons Espirituais e Dons Ministeriais. Esta divisão acompanha a classificação dos dons conforme se encontra nas epístolas paulinas aos Romanos, 1 Coríntios e Efésios, respectivamente. Insistimos, porém, que esta classificação é apenas um recurso didático, pois quando o apóstolo expõe o assunto em suas cartas, ele não parece querer exaurir os dons em uma lista, antes, preocupa-se em exortar os irmãos a buscá-los e usá-los para encorajar, confortar e edificar a Igreja de Cristo, bem como glorificar a Deus e evangelizar o mundo.
Em Romanos 12 o apóstolo Paulo admoesta a igreja, lembrando-a de que o membro do Corpo de Cristo não pode se achar autossuficiente. Assim como um membro do corpo humano depende dos outros para exercer a sua função, na igreja necessitamos uns dos outros para o fortalecimento da nossa vida espiritual e comunhão em Cristo. Por isso, a categoria de dons apresentada em Romanos 12 traz a ideia da manutenção dessa comunhão dos santos, pois ao falarmos de serviços, subentende-se que quem serve está prestando um serviço para alguém. Observe os dons de serviço listados por Paulo em Romanos: Ministério (ofício diaconal), exortação (encorajamento), repartir, presidir e exercer misericórdia. Note que esses dons estão relacionados com uma ação em prol do outro, do próximo. Portanto, se você tem um dom, deve usá-lo em benefício da Igreja de Cristo na Terra.

Conclusão

O estudo dos dons de Deus aos homens é amplo e nos apresenta recursos pelos quais podemos servir ao Senhor e à sua Igreja. Esses dons são para os nossos dias, pois não há na Bíblia nenhum versículo que diga que os dons espirituais deixaram de existir com a morte do último apóstolo. Portanto, busquemos os dons do Espírito Santo, pois estão à nossa disposição. Eles são um exemplo da multiforme graça de Deus em dispensar instrumentos espirituais para a Igreja na história.



Sugestão de Leitura: 1ª Coríntios - Anderson Ribeiro. São Paulo: 1ª Edição - Evangelho Avivado, 2017.

quinta-feira, 5 de março de 2020

A Cura da Mulher Encurvada




Lucas é o único dos Evangelhos a registrar a cura de uma mulher encurvada. Apesar de passar dezoito anos com uma enfermidade causada por um espírito maligno, ela encontrou alivio para seus problemas na pessoa de Cristo. É importante observamos como ela venceu suas dificuldades e o porquê de Jesus cura-la. Em síntese, essas são as partes que serão analisadas nessa passagem.

A cura da mulher encurvada

“Numa sábado, Jesus estava ensinando numa das sinagoga. E chegou ali uma mulher possuída de um espirito de enfermidade, havia já dezoito anos; ela andava encurvada, sem poder se endireitar de modo nenhum. Ao vê-la, Jesus a chamou e lhe disse: Mulher, você está livre da sua enfermidade. E, impondo-lhe as mãos, ela imediatamente se endireitou e dava glória a Deus” (Lc 13.10-13).

Quais os fatos que ocasionaram a cura da mulher encurvada? Primeiramente, Jesus estava na sinagoga ensinando as Escrituras. Esse local era uma espécie de igreja judaica, “originou-se entre os judeus exilados da Babilônia pela necessidade que sentiam ao estar longe do Templo, de orar e se edificarem em comum”. Segundo, pela dificuldade em que encontrava-se. Lucas descreve que a mulher era “possuída de um espirito de enfermidade”, dezoito anos convivia com essa ação maligna que lhe causava dor e sem poder se endireitar. Triste era a sua situação. Terceiro, Jesus cura a sua moléstia. Cristo ao vê-la na sinagoga disse: “Mulher, você está livre da sua enfermidade. E, impondo-lhe as mãos, ela imediatamente se endireitou e dava glória a Deus” (Vv12,13). É interessante notarmos que, “a mulher não pediu para ser curada”, Jesus que tomou a iniciativa – diferente de outros milagres encontrado nos Evangelhos. Quando Cristo disse “está livre da sua enfermidade”, ele estava indicando que a “sua libertação era um fato consumado”. Assim, esses foram os fatos que desencadearam a cura daquela mulher.

A indignação do chefe da sinagoga

“O chefe da sinagoga, indignado por ver que Jesus curava no sábado, disse a multidão: Há seis dias em que se deve trabalhar. Venham nesses dias para serem curados, mas não no sábado” (Lc 13.14,15).

O chefe da sinagoga ficou completamente indignado pelo fato de Jesus curar no sábado. O chefe da sinagoga era o encarregado da organização do culto, por escolher pessoas que fariam a leitura da Escritura ou conduziria as orações. O motivo da sua indignação era que curas não poderiam ser efetuadas no sábado, mas em outros dias da semana. Dessa forma, o líder daquela sinagoga passava um pensamento extremado sobre a guarda do sábado, pensamento que a lei e os profetas nunca ensinaram, nunca proibiram uma cura no dia do descanso, isso era apenas conceitos humanos.

A resposta de Jesus ao chefe da sinagoga

Disse-lhe, porém, o Senhor: Hipócritas, cada um de vós não desprende da manjedoura, no sábado, o seu boi ou seu jumento, para leva-lo a beber? Por que motivo não se deveria livrar deste cativeiro, em dia de sábado, esta filha de Abraão, a quem Satanás trazia presa há dezoito anos? (Lc 13.15,16).

Jesus refuta as ideias do líder da sinagoga. A princípio, Jesus revela a sua hipocrisia. No sábado Jesus afirma que eles desprendem os animais para beber ou lavá-lo, por que não poderia libertar aquele mulher que sofria a dezoito anos com uma enfermidade maligna? Com isso, Jesus deixa claro que ele estava mais preocupado com a tradição do que com a restauração da mulher. Além disso, Jesus demonstrava que o sábado era um dia para se fazer o bem. Entretanto, a liderança judaica estava colocando esse dia como um peso para as pessoas. Portanto, Jesus refuta o líder da sinagoga mostrando sua hipocrisia e contradições sobre o dia do descanso.

A alegria do povo

Tendo ele dito estas palavras, todos os seus adversários se envergonharam. Entretanto, o povo se alegrava por todos os gloriosos feitos que Jesus realizava (Lc 13.17).

Por que o povo se alegrava em Cristo? Primeiramente, ao ouvir as palavras de Cristo contradizendo o pensamento do chefe da sinagoga sobre o quarto mandamento e refutando sua hipocrisia. Todos os seus adversários se envergonharam, porque sabiam que estavam fundamentados nas tradições, em vez de estarem exercendo misericórdia com o próximo. Será que você leitor se encontra em semelhante situação? Obedecendo mais preceitos religiosos criados por homens e esquecendo de exercer misericórdia para com próximo? Segundo, pelos feitos que Jesus realizava. Uma das razões da alegria estava nos milagres realizado por Cristo, o povo contemplava as profecias messiânicas sendo cumpridas na íntegra, eles encontravam em Cristo esperança para os seus problemas. Logo, esses eram um dos motivos da alegria do povo.  

Conclusão

Portanto, concluiremos essa passagem bíblica com três reflexões de Charles Simeon sobre este episódio:

“Primeira, quanta cegueira e hipocrisia existem no coração humano! Segundo, como é desejável abraçar cada oportunidade de esperar em Deus! – esta mulher recebeu a cura porque participava fielmente das reuniões na sinagoga. Terceiro, com que conforto e esperança podemos confiar os nossos problemas a Jesus!”

Sidney Muniz




[i] Bíblia de Estudo de Genebra
Pequena Enciclopédia Bíblica – Orlando Boyer
Comentário Bíblico – Beacon