domingo, 25 de novembro de 2018

Comentário Bíblico Mensal: Novembro/2018 - Capítulo 4 - As Ilustrações pelas Parábolas ao Fim dos Tempos




Comentarista: Carlos Vagner



Texto Bíblico Base Semanal:Mateus 25.1-13

1. Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo.
2. E cinco delas eram prudentes, e cinco loucas.
3. As loucas, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo.
4. Mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, com as suas lâmpadas.
5. E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, e adormeceram.
6. Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro.
7. Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas.
8. E as loucas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam.
9. Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e a vós, ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós.
10. E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta.
11. E depois chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos.
12. E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não conheço.
13. Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir.

Momento Interação

As parábolas que o Senhor Jesus Cristo ilustrou aos Seus discípulos servem de modo à nos deixar preparados para o que vem até nós. Um dos pontos fundamentais do Sermão Profético é acerca da preparação dos que são fiéis à Ele. A preparação é fundamental em todos os momentos e em todas as circunstâncias. A preparação nos mostra quem somos perante o Senhor e perante aos homens. Estejamos vigilante e preparados quando o Senhor da Seara vier. Bons Estudos!

Introdução

Existem 39 parábolas contadas por Jesus registradas nos Evangelhos. A Parábola dos Talentos é contada exclusivamente por Mateus, sendo incluída também neste capítulo a Parábola das Dez  Virgens (Mt 25.1-13). Ambas as parábolas nos ensinam que os servos do Senhor devem ser fiéis administradores do que lhes foi confiado até ao dia do ajustes de contas. Ensina também que devemos estar ocupados até a volta do Senhor.

I. A Parábola das Dez Virgens

A Parábola das Dez Virgens é uma das parábolas de Jesus mais conhecidas pelos cristãos. Embora seja tema de muitos sermões, sem dúvida ela é uma das parábolas mais difíceis de interpretar. A Parábola das Dez Virgens está posicionada no Evangelho de Mateus imediatamente após o Sermão Escatológico de Jesus. Na última parte do sermão (capítulo 24), Jesus faz um alerta sobre a separação entre os bons e os maus (santos e ímpios) que haverá por ocasião de sua repentina vinda. Já no capítulo 25, tal separação é ainda mais detalhada em três parábolas: a Parábolas das Dez Virgens (Mt  25.1-13), a Parábola dos Talentos (Mt 25.14-30) e a Parábola da Separação das Ovelhas e dos Bodes (Mt  25.31-46). Jesus utilizou a descrição de um típico casamento judaico da época nessa parábola. Era costume que o noivo fosse, acompanhado de seus amigos, tarde da noite, à casa da noiva. Lá, a noiva o esperava com suas damas de honra (as virgens), que, ao serem avisadas da aproximação do esposo, deviam sair com suas lâmpadas para iluminar o caminho do noivo até a casa, onde haveria a celebração das núpcias.

Sobre a escolha do número de dez virgens, acredita-se que, geralmente, esse cerimonial era composto por dez damas, isso pelo fato de que as formalidades judaicas eram realizadas com o comparecimento de ao menos dez pessoas, ou seja, a quantidade de “dez” era significativa em certas ocasiões.

Ao longo dos anos, grandes teólogos aplicaram interpretações diferentes sobre a Parábola das Dez Virgens. Todos concordam que o Noivo é Cristo. Sobre o direcionamento da parábola, alguns defendem que ela se aplica exclusivamente aos judeus, enquanto outros acreditam que ela se refira a todos os que professam a fé cristã (verdadeiros e nominais). O principal argumento utilizado por quem defende a aplicação exclusiva aos judeus, é que a Igreja é a noiva e não as madrinhas. Também defendem que a voz que anuncia o Noivo é a voz dos profetas que proclamaram que o Messias viria. Sob este aspecto as virgens loucas são os judeus que acreditavam que sua religiosidade seria suficiente e não se prepararam para Ele, enquanto as prudentes seriam os judeus que reconheceram que Jesus é o Cristo e, estes, pertencem então aos remanescentes que serão salvos (Rm 9.27). Ainda dentro da linha que defende ser esta uma parábola direcionada ao povo judeu, estão os que acreditam que essa parábola será cumprida durante o período de Grande Tribulação, após um arrebatamento secreto da Igreja, onde haverá “ausência” do Noivo que estará nas bodas juntamente com a noiva (Igreja). Dentre os que defendem que a parábola se aplica aos cristãos, existe uma grande variação de interpretação que basicamente divergem entre si sobre o que representa os elementos principais da parábola. Por exemplo: alguns acreditam que as virgens loucas são verdadeiros cristãos que perdem a salvação pela apostasia, enquanto outros defendem que não se trata de cristãos verdadeiros, mas de crentes nominais.

A figura do azeite também é discutida, sendo que há os que acreditam representar o Espírito Santo, outros o amor e ainda outros a Graça de Deus. O sono que acometeu as virgens, para alguns se trata da morte física, para outros momentos de fraqueza espiritual, e ainda outros, defendem que o sono representa simplesmente a demora da volta de Cristo provando os que o esperam.

II. A Parábola dos Dez Talentos

Jesus ilustra a história de um homem, provavelmente rico, que se ausentando de seu país, chama alguns de seus servos e lhes dá talentos para que administrem enquanto estiver fora. Cada um desses homens recebeu uma quantidade. Aquele senhor, depois de muito tempo, volta e resolve acertar contas com os três homens que estavam incumbidos de administrar suas riquezas. Dois deles administraram muito bem, porém, aquele que recebeu menos foi duramente criticado e punido, pois não fez aquele talento que recebeu render durante todo aquele tempo.

Em um primeiro momento, a primeira coisa a esclarecer sobre essa parábola é que o “talento” que é mencionado aqui nada tem a ver com “talento” no sentido de dons e capacidades. O talento era uma espécie de peça de ouro ou de prata que era muito valiosa. Estima-se, fazendo uma comparação com os dias de hoje, que se um diarista ganhasse dez reais por dia de trabalho, um talento de prata valeria algo em torno de 60.000 reais. Apesar desse talento mencionado no texto ser dinheiro, creio que podemos, na interpretação do ensino dessa história, entendermos que Jesus Cristo é esse senhor da parábola e que Ele nos dá muitas coisas valiosas (dons, capacidades, possibilidades, oportunidades, etc, etc) para usarmos e multiplicarmos em nossa vida e, principalmente, para o Seu reino.

III. O Propósito destas Parábolas

Podemos tirar muitas lições da Parábola dos Dez Talentos:

Deus nos dá talentos conforme a nossa capacidade: Na parábola, os três homens ganham quantidades diferentes de talentos (e responsabilidades) segundo as suas capacidades. “A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro, um, a cada um segundo a sua própria capacidade; e, então, partiu” (Mt 25.15). O interessante é que ninguém recebeu pouco. Apesar de talentos diferentes, todos receberam talentos. Mesmo o que recebeu apenas um talento, recebeu algo precioso e de muito valor e podia fazer esse talento frutificar!

Deus deseja que multipliquemos os talentos que nos dá: No acerto de contas vemos que aquele senhor se alegra com os servos que multiplicaram o talento que receberam, sem distinção. O que recebeu menos foi honrado do mesmo jeito que o que recebeu mais. O que o senhor viu foi a fidelidade no uso daqueles talentos: “Então, aproximando-se o que recebera cinco talentos, entregou outros cinco, dizendo: Senhor, confiaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que ganhei. Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor” (Mt 25.20-21).

Deus nos cobrará pelo que fizermos com os talentos: Todos os três homens que receberam talentos foram cobrados pelo que fizeram com eles. Receber talentos é também receber responsabilidades. O último, apesar de ter apenas conservado o seu talento, recebeu dura cobrança por não tê-lo multiplicado. O senhor foi severo com ele, tirando dele aquele talento: “Respondeu-lhe, porém, o senhor: Servo mau e negligente, sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? (…) Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem dez” (Mt 25.26, 28).

Lições da Parábola das Dez Virgens:

Seja qual for a interpretação adotada nessa parábola, tais verdades não podem ser negadas:

Todas eram virgens: historicamente a virgindade sempre esteve relacionada à religiosidade e ao sagrado. Na parábola tanto as prudentes quanto as loucas eram virgens. Isso não significa que alguns perderão a salvação, mas que alguns nunca a tiveram. As virgens loucas em nenhum momento foram prudentes, e as prudentes em nenhum momento se tornaram loucas. A parábola começa e termina com cinco prudentes e cinco loucas. Se aqui a virgindade se refere à religiosidade, claramente podemos perceber então que tal religiosidade não poderá salvar ninguém. Não basta ser virgem, é preciso ter o azeite. As loucas eram virgens, tinham lâmpadas, mas saíram sem o azeite (Mt  25.3).

As aparências enganam: as dez eram virgens, possuíam lâmpadas e, pelo que o versículo 8 nos diz, saíram ao encontro do esposo com as lâmpadas acessas. Nesse momento talvez fosse praticamente impossível humanamente separá-las, pois aparentemente eram idênticas. Realmente é muito difícil conseguir separar alguns crentes nominais dos crentes verdadeiros. Eles frequentam as mesmas igrejas, ouvem os mesmos sermões e cantam os mesmos louvores. Alguns se destacam e acabam fazendo grandes prodígios. Eles oram fervorosamente, pregam eloquentemente, curam doentes, expulsam demônios e dizem levar o nome de Cristo. Eles enganam os homens, mas não enganam a Deus. Curiosamente na Parábola das Dez Virgens (vs. 12) Jesus usa praticamente a mesma expressão que Ele já havia utilizado em Mateus 7, “[…] Nunca vos conheci; apartai-vos de mim […]” (Mt 7.23). Nosso Deus é justo, e naquele dia não haverá intruso (cf. Mt 22.1-14).

As lâmpadas apagaram: se por um lado inicialmente é muito difícil perceber quem são os prudentes e quem são os insensatos, há um momento em que essa diferença se torna duramente visível: ao apagar das lâmpadas. O cristão nominal, com sua fé histórica, não conseguirá manter sua lâmpada acessa no momento em que o Noivo vier. Sua hipocrisia, sua religiosidade e sua aparência podem até iluminar o caminho de sua vida por um tempo, e de maneira tal que há quem o siga. Quando olhamos para a lua durante a noite ficamos admirados por sua luz, mas logo de manhã a verdade de que ela não possui luz alguma vem à tona. Ela reflete uma luz que não é dela. A fé histórica é assim, brilha por um tempo, mas nunca terá o brilho definitivo da verdadeira fé salvadora.

O azeite é pessoal: como já dissemos, nesse ponto os estudiosos defendem significados diferentes para a figura do azeite, porém seja a Graça de Deus ou a presença do Espírito Santo, ambos os significados são insubstituíveis, indivisíveis e notórios na vida do verdadeiro salvo em Cristo Jesus. Quando a Graça de Deus alcança o pecador ele é regenerado pelo Espírito Santo e passa conhecer a fé salvadora. Esse azeite não se pode dividir, é pessoal, suficiente apenas para os prudentes.

O azeite não pode ser obtido por esforço humano: talvez as virgens loucas da parábola não levaram consigo azeite porque acharam que o noivo viria rapidamente. Quando perceberam que o noivo tardou em vir, então desesperadamente tentaram comprar o azeite que lhes faltava. A parábola termina com as virgens loucas batendo à porta do Noivo, e sendo por Ele rejeitadas. Pode ser que elas queriam mostrar que se “esforçaram” para estarem ali, correram em busca de azeite para que pudessem participar das bodas, mas seus esforços nada puderam fazer por elas.

A prudência e a vigilância: muitos pregadores de maneira equivocada pregam apenas que as virgens loucas dormiram, mas as prudentes também dormiram. Como vimos anteriormente, existem diferentes opiniões sobre a natureza desse sono, mas uma coisa é certa: o sono não foi o sinal de loucura, ou seja, as virgens prudentes não passaram a ser loucas pelo fato de terem dormido. Isso quer dizer que a prudência não está relacionada ao sono, mas ao fato de ter ou não o azeite, isto é, ser prudente e estar preparado é possuir o azeite. A lição principal dessa parábola é o mandamento de “vigiar”. A vigilância prudente é aquela que nos prepara para uma longa espera. É fácil esperar pouco tempo. Na fila de um banco, quando o tempo de atendimento é curto, todos permanecem esperando, mas quando a fila é imensa e demorada muitos desistem. A demora da volta de Cristo separa os prudentes dos loucos, os sábios dos tolos. Precisamos ser zelosos todo o tempo de nossas vidas. O zelo temporário pela volta de Cristo não serve para nada. Precisamos estar prontos, e isso pode significar uma longa espera. Algumas pessoas acham que vigiar é esperar pela volta de Cristo a qualquer momento, mas na verdade vigiar é estar preparado para a volta dEle a todo tempo. Isso até parece ser a mesma coisa, mas acredite, não é. Essa parábola nos ensina tal diferença, as virgens néscias esperaram o Noivo a qualquer momento, mas apenas as prudentes esperaram a todo tempo. Elas tinham o azeite, elas estavam preparadas para uma longa espera, elas vigiaram.





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