quinta-feira, 4 de julho de 2019

Comentário Bíblico Mensal: Julho/2019 - Capítulo 1 - O Livro de Jó - Fidelidade, Sofrimento e Lealdade ao Senhor




Comentarista: Marcos Rogério



Texto Bíblico Base Semanal: Jó 42.1-6

1. Então respondeu Jó ao SENHOR, dizendo:
2. Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido.
3. Quem é este, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, e que eu não entendia.
4. Escuta-me, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás.
5. Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos.
6. Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza.

Momento Interação

Prezados estudantes da Palavra do Senhor. Depois de um grandioso estudo na Epístola a Tito, temos no mês de Julho a preciosa oportunidade de estudarmos acerca dos Livros Poéticos (Jó a Cantares de Salomão). Em meio aos perigos que rondam a Igreja e a vida do cristão, Satanás e os seus agentes no mundo estão procurando de todas as formas minar com a fé e com a esperança da glória que é Cristo. Nos livros poéticos, podemos compreender o valor e a grande importância de nos firmarmos em Deus, indo na contramão do mundo, indo em direção ao Senhor.

O comentarista do mês de Julho é Marcos Rogério. Ministro do evangelho, teólogo, escritor, articulista e membro da equipe educacional do Ministério Evangelho Avivado. Que Deus vos abençoe com esta meditação através dos livros poéticos: a genuína poesia exalando a glória de Deus.

Introdução

A Bíblia narra pelo menos duas reuniões entre Deus e Seus filhos em algum lugar no universo que não era a Terra uma vez que Satanás ao ser questionado pelo Senhor de onde ele vinha ele respondeu que veio da Terra e que passeava por ela e a rodeava (Jó 1.6-7; 2.1,2).  Nesse contexto, em ambas as reuniões Satanás se aproximou e pelo que dá a entender no texto ele não foi convidado, pois o próprio Deus o questionou perguntando-lhe de onde vinha. 

Deus aproveitou essa ocasião para mostrar a esse anjo rebelde a fidelidade de Jó. Esse anjo caído reprovado em sua consciência pela traição ao governo de Deus começou a justificar seus erros e insinuar que Jó só era fiel porque era abençoado por Deus e que se Deus lhe tirasse tudo ele blasfemaria contra Deus. Deus permitiu que Jó fosse provado para que os sofismas do inimigo fossem desmascarados diante do universo.

I. A Fidelidade e Integridade de Jó em meio as Aflições

A história de Jó escrita por Moisés no livro que leva seu nome e que assim como Provérbios e Eclesiastes faz parte dos livros de sabedoria do Antigo Testamento conta a história desse homem que foi afligido apesar da sua fidelidade. Entendemos equivocadamente que as provas, tribulações e aflições são consequências de nossos erros e pecados, mas esse relato nos ensina que pode ocorrer justamente o oposto. A Bíblia afirma que todos os que quiserem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos (2 Tm 3.12), então, o sofrimento pelo qual você esteja passando pode ser também consequências não de seus erros, mas de seus acertos ao tomar uma decisão ao lado do Senhor, despertando assim a ira do inimigo de Deus e dos homens.

O interessante no fato de não termos precisão histórica da escrita do livro de Jó é que isso acaba contribuindo para o aspecto atemporal da mensagem do livro. O livro de Jó conta a história de um homem da era patriarcal que perdeu tudo, família, riquezas e mesmo sua saúde e passou a lutar com a pergunta que aflige toda a humanidade: "Por que?"

Algumas pessoas carregam o peso da culpa entendendo que seus sofrimentos são uma punição da parte de Deus, outros entendem que Deus está sendo injusto para com eles e outros ao verem alguém sofrendo em vez de levar uma palavra de ânimo e conforto passam a acusá-los dos seus erros ou supostos erros. A obra de apontar pecado dos outros para acusá-los é demoníaca, pertence a Satanás (Ap 12.10).

II. Jó Conhecendo ao seu Senhor

A obra de visitação missionária é tão importante que Jesus a destacou em Seu Evangelho dizendo que os que visitam presos, enfermos e outros é como se estivesse visitando Ele mesmo, o Senhor Jesus, ao passo que os que se negam a visitar os necessitados são tidos como tendo negligenciado visitar o próprio Senhor Jesus (Mt 25.31-46). Por outro lado, as vezes é melhor não visitar uma pessoa do que visitar uma pessoa sem estar preparado para tão importante obra.

A Bíblia relata que os três amigos de Jó ao visitá-lo choraram. Quando visitamos uma pessoa enferma a qual pode estar psicológica ou espiritualmente abalada precisamos levar-lhe esperança, alegria e fé. Os sentimentos positivos auxiliam no processo de cura ou mesmo chegam a aliviar o sofrimento, ao passo que o choro pode ter efeito contrário. A pessoa é contagiada por sentimentos negativos perdendo a esperança e, às vezes passa a acreditar que seu caso é mais grave do que em realidade o é podendo ter um agravo na enfermidade devidos a influência no corpo produzida por pensamentos negativos. 

Nos capítulos 4 e 5 do livro de Jó vemos outro erro, após Jó desabafar no capítulo 3, Elias repreende a Jó e passa a incentivá-lo a buscar a Deus insinuando que Jó estava sofrendo por não buscar a Deus. No capítulo 8 vemos o outro amigo de Jó chamado Bildade também insinuando que Jó sofria devido a uma punição de Deus por seus erros.  Já no capítulo 11 Zofar, o terceiro amigo de Jó passa a acusar a Jó de iniquidade. No capítulo 15 Elifaz acusa a Jó de impiedade e perversidade, acusação semelhante fez novamente Bildade no capítulo 18 do livro. Zofar, no capítulo 20 insinua que Jó é perverso e descreve a sorte dos perversos da parte de Deus e no capítulo 22 Elifaz acusa a Jó de grandes pecados.  Certo pensador afirmou: "Nunca diga nada a não ser que tuas palavras sejam melhor que o teu silêncio!". Acredito que esse conselho deveria ter sido seguido à risca pelos amigos de Jó que era melhor nem terem visitado Jó. 

Que as acusações contra Jó eram falsas torna-se evidente pelos elogios que Jó recebeu do Soberano do universo em Jó 1.8 e 2.3.

III. Jó Sabe que seu Redentor Vive

"A reputação de Jó quanto à sua sabedoria e estatura moral era impecável. Tanto que, Jó não teve a opção de escolher quem viria consolá-lo durante a crise, foram seus amigos que tomaram a iniciativa. O líder sábio descobrirá, com a experiência de Jó, como pode ser destruidor um grupo de conselheiros negativos. Quando está sob pressão, o líder precisa de bons conselhos de colegas sábios. Conselhos negativos só irão agravar o problema" (Bíblia do Executivo, pg 460). O livro de Jó mostra-nos a importância de sermos fiéis ao Senhor mesmo em meio as mais severas provações. Ser leal ao Senhor mesmo sem entender o que está acontecendo e o porque é a lição do livro de Jó. 

Por lidar com o tema do sofrimento humano, o livro de Jó é um dos mais difíceis de ser interpretado. Ao mesmo tempo, este livro de sabedoria tem sido considerado uma das maiores obras-primas literárias do mundo. Usa linguagem altamente poética, com uma série de palavras que só ocorrem uma vez em toda a Bíblia. O livro de Jó tem personagens e discursos, mas não se restringe ao drama. Envolve também argumentos. Esse modo, seria mais bem definido como um tratado filosófico. Ensina que o sofrimento é um teste para a humanidade em um confronto cósmico entre Deus e Satanás.

Conclusão

O livro é enfático ao afirmar a retidão desinteressada de Jó. Mostra que nem sempre o sofrimento humano é merecido. A habilidade humana de compreender a origem do pecado e do sofrimento sofre limitações. A história de Jó não foi escrita na tentativa de dar resposta ao sofrimento humano. Em vez disso, seu propósito é mostrar a firme confiança de Jó em Deus, a despeito da dor e miséria imerecidas que enfrentou" (Bíblia de Estudo Andrews, págs 646-647). O quiasma se nota no livro observando como Deus termina a obra redentora que começou. O livro começa em Deus e termina em Deus.

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