quinta-feira, 5 de setembro de 2019

A Figueira sem Fruto



Jesus amaldiçoa uma figueira por não achar frutos nela. Com certeza, é o único milagre destrutivo apresentado nos Evangelhos, pois na maioria Cristo curava, ressuscitava ou expulsava demônios. Mas o que Jesus queria ensinar aos seus discípulos sobre a figueira sem frutos? Queremos deixar alguns pontos que o texto pode nos ensinar sobre isto.

Jesus teve fome após sair de Betânia

No dia seguinte, quando saíram de Betânia, teve fome (Mc 11.12).

Jesus sente fome após sair de Betânia. Betânia era uma região que ficava uns 3 km de Jerusalém. O texto descreve que ele teve fome, certamente isso aponta para sua humanidade. Apesar de Jesus ser o Deus encarnado, ele também foi homem como nós, a diferença que Cristo não pecou. Ele como homem sentiu sede (Jo 19.28); chorou (Jo 11.35); ficou cansado (Jo 4.6). Assim, a fome de Jesus nos mostra a sua humanidade.

Jesus amaldiçoa a figueira

E, vendo de longe uma figueira com folhas, foi ver se nela, porventura, acharia alguma coisa. Aproximando-se dela, nada achou, se não folhas; porque não era tempo de figos. Então, lhe disse Jesus: Nunca mais coma alguém fruto de ti! E seus discípulos ouviram isto (Mc 11.13,14).

Jesus amaldiçoa a figueira. Na palestina, as folhas aparecem nas figueiras em Março, e são acompanhadas de uma colheita de pequenos botões comestíveis que caem antes da formação dos verdadeiros figos, que amadurecem em Junho. A ausência de frutos indica que a árvore não daria figos. Por isso, Jesus condenou a figueira ao descobrir que ela não tinha nada além de folhas.

Essa ação de Jesus foi um simbolismo profético. Assim como a figueira trazia folhas, mas não estava dando frutos, os judeus, na observância dos seus inúmeros rituais, faziam uma bela apresentação de espiritualidade, porém não estavam produzindo os frutos que Deus esperava. Por causa disso, Jesus pronunciou uma sentença contra o templo de Jerusalém (Mc 13.2), no ano 70 os romanos entraram e destruíram o templo.

Portanto, isso nos ensina que não existe um cristianismo sem frutos. Tem você produzido frutos em sua caminhada cristã? Saiba que o que não produz será cortado e lançado no fogo (Mt 3.8-10).

O poder da Fé

E, passando eles pela manhã, viram que a figueira secara desde a raiz. Então, Pedro, lembrando-se, falou: Mestre, eis que a figueira que amaldiçoaste secou. Ao que Jesus lhes disse: Tende fé em Deus; porque em verdade vos afirmo que, se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que diz, assim será com ele. Por isso, vos digo que tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco. E, quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que o vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas. [Mas, se não perdoardes, também o vosso Pai celestial não vos perdoará vossas ofensas] (Mc 11.20-26).

Primeiramente, Pedro se lembra das palavras de Jesus ao lançar maldição sobre a figueira (Vv 20). Não há duvidas que, para os discípulos esse foi um milagre poderoso, a árvore secou até as raízes. Podemos aprender com isso, a lembrar-se das obras de Deus, Davi certa vez disse: “Lembro-vos das maravilhas que fez, dos seus prodígios e dos juízos de seus lábios, vós, descendentes de Abraão, seu servo, vós, filhos de Jacó, seus escolhidos” (Sl 105.5,6). O salmista convida o povo de Deus a “lembrar-se dos feitos poderosos do Senhor”, e a palavra “lembrar” nos dar a ideia de “meditação”. A prática da meditação tem sido pouco exercida no meio cristão, o que Davi fazia era meditar nos atributos de Deus, como seus feitos e entre outros. Dessa forma, devemos sempre se lembrar das obras de Deus feita em nosso meio, meditar na sua bondade e na sua santa palavra. 

Após verem a figueira seca, Jesus fala aos discípulos sobre a fé que remove montanhas. Jesus disse: “Tende fé em Deus; porque em verdade vos afirmo que, se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que diz, assim será com ele”. A montanha nessa passagem, não deve ser entendida no seu sentido literal, mas figurado. Jesus não estava se referindo uma montanha real no mar como se isso fosse ocorrer normalmente. Ninguém viu tal coisa acontecer por meio da oração. Na literatura judaica extra-bíblica, os rabinos que demonstraram habilidade incomum para resolver problemas muito difíceis foram por vezes referindo como removedores das montanhas. O ponto do Senhor aqui é que, a fé ajuda a pessoa vencer os problemas (montanhas) da vida. Portando, a fé que remove montanhas, não é uma fé estéril a semelhança da figueira amaldiçoada por Cristo, porém, viva, produtiva e que nos faz vencer as dificuldades da vida.

É preciso pedir com fé. Jesus ensina que não devemos duvidar ao pedir algo de Deus, porque a dúvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento (Tg 1.6). O autor de Hebreus disse: “De fato, se fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6). Nossos pedidos devem ser feitos de acordo com a palavra de Deus (Jo 15.7). Como disse o apóstolo João: E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve (1Jo 5.14). Logo, o que Jesus nos ensina é que não podemos duvidar em nossos pedidos a Deus por meio da oração, mas pedir com fé.

Temos que perdoar para sermos respondidos na oração. O perdão dos outros é necessário aos crentes para que a sua oração seja aceita por Deus. O perdão em vista aqui não é o que acompanha a salvação que não se baseia em obras, mas em graça. Cristo se refere nesse trecho ao perdão relacional, pecados que fazem parte do cotidiano dos cristãos e perturba o seu prazer de comunhão com o Senhor. Por outro lado, a Bíblia nos ensina a sermos “gentil com os outros, compassivo, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus em Cristo nos perdoou” (Ef 4.32). O cristão têm duas escolhas a fazer: guardar rancor ou ter suas orações respondidas. Dessa forma, a graça de Deus foi derramada sobre nós nos concedendo perdão, assim devemos liberar perdão porque um dia fomos perdoados por Cristo, fazendo isto, teremos nossas orações respondidas. 

Conclusão

Portanto, as lições que aprendemos com a figueira sem fruto são:

Primeiro, a humanidade de Cristo, Jesus é homem e Deus. Segundo, o simbolismo que a figueira apresenta. Ela era um símbolo da espiritualidade de Israel, uma religião de aparência e carente de frutos. Todos aqueles que foram alcançados pelo o sague de Cristo, produzirão frutos em sua vida cristã, com disse Charles Spurgeon: “A santificação é lado visível da salvação”. Terceiro, a fé que remove montanhas. A fé poderosa remove as montanhas das dificuldades da vida e nos leva a viver uma fé viva, frutífera e nos faz se lembrar das palavras de Cristo.

Notas:
Comentário John Macarthur – NT
Comentário Bíblico NVI – Antigo e Novo Testamento – F.F. Bruce

Sidney Muniz

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