terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Comentário Bíblico Mensal: Dezembro/2019 - Capítulo 4 - Justificação e Santificação




Comentarista: Emanuel Barros



Texto Bíblico Base Semanal: Romanos 8.9-18

9. Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.

10. E, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça.
11. E, se o Espírito daquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dentre os mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita.
12. De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne.
13. Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis.
14. Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus.
15. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai.
16. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.
17. E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo: se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados.
18. Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada.


Momento Interação

Entender a diferença entre justificação e santificação pode ser tão importante quanto entender a diferença entre salvação e condenação. Quando você entende o que elas são, você pode desenhar uma linha na areia e dizer, "Isto é o que salva. Isto é o que não salva". A Justificação é uma declaração legal que é instantânea, a Santificação é um processo. Onde a Justificação vem de fora, de Deus, a Santificação vem de Deus, porém; do nosso interior pelo trabalho realizado pelo Espírito Santo em concordância com a Bíblia. Em outras palavras, nós contribuímos com a Santificação através do nosso esforço concedido por Deus.
Em contraste, nós não contribuímos para a nossa Justificação através do nosso esforço. As Escrituras nos ensinam que devemos viver uma vida santa e evitar o pecado (Cl 1:5-11). Simplesmente porque somos salvos e eternamente justificados por Deus (Jo 10:28), que não há desculpas para continuar no pecado. Claro, que todos pecamos (1 Jo 1.8). Mas a guerra entre aquele que é salvo e o pecado continua (Rm 7.14-20) e não terminará até a volta de Jesus quando seremos libertos deste corpo de morte (Rm 7.24). Pecar continuamente e e usar a graça de Deus para desculpas é desonrar o Filho de Deus (Hb 10.29).

Introdução

As palavras justificação e santificação têm, em grande medida, deixado de ser usadas na cultura ocidental. Tristemente, elas também estão desaparecendo da perspectiva na igreja cristã. Uma das razões pelas quais esse declínio é angustiante é que a Bíblia usa as palavras justificação e santificação para expressar a obra salvífica de Cristo pelos pecadores. Ou seja, os dois termos estão no coração do evangelho bíblico. Então, o que a Bíblia ensina sobre justificação e santificação? Como elas diferem uma da outra? Como elas nos ajudam a entender melhor o relacionamento do crente com Jesus Cristo?
Tanto a justificação quanto a santificação são graças do evangelho; elas sempre estão juntas; e ambas lidam com o pecado do pecador. Mas elas diferem em alguns aspectos importantes. Primeiramente, enquanto a justificação se dirige à culpa do nosso pecado, a santificação se dirige ao domínio e à corrupção do pecado em nossas vidas. A justificação é a declaração de Deus de que o pecador é justo; a santificação é a renovação e a transformação de Deus em todo o nosso ser — nossas mentes, vontades, afeições e comportamentos.
Unidos a Jesus Cristo em sua morte e ressurreição, e habitados pelo Espírito de Cristo, estamos mortos para o reino do pecado e vivos para a justiça (Rm 6.1-23; 8.1-11). Portanto, somos compelidos a mortificar o pecado e a apresentar os nossos “membros, a Deus, como instrumentos de justiça” (6.13; veja 8.13).

I. A Justificação

Para colocar de forma simples, justificar significa declarar justo; fazer alguém justo diante de Deus. Justificação é quando Deus declara justo todo aquele que recebe a Cristo, baseado na justiça de Cristo sendo debitada às contas daqueles que O recebem. Apesar de que podemos achar justificação como um princípio por todas as Escrituras, a passagem principal que descreve justificação em relação aos crentes é Romanos 3:21-26: "Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos {e sobre todos} os que crêem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus."

Somos justificados (declarados justos) no momento de nossa salvação. Justificação não nos faz justos, mas declara nossa justiça. Nossa justiça vem de colocarmos nossa fé no trabalho completo de Jesus Cristo. Seu sacrifício cobre o nosso pecado, permitindo com que Deus nos veja como perfeitos e sem qualquer mancha. Por causa do fato de que como crentes estamos em Cristo, Deus vê a justiça de Cristo quando Ele olha para nós. Isso alcança as exigências de Deus para perfeição; portanto, Ele nos declara justos – Ele nos justifica. Romanos 5:18-19 resume esse conceito muito bem: "Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida. Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos." Por que esse pronunciamento de justiça é tão importante? "Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo" (Rm 5.1). É por causa da justificação que a paz de Deus pode governar em nossas vidas. É por causa do FATO de justificação que crentes podem ter a garantia de salvação. É o FATO de justificação que deixa Deus começar o processo de santificação – o processo pelo qual Deus torna realidade em nossas vidas a posição que já ocupamos em Cristo.


II. A Santificação

Jesus tinha muito a dizer sobre santificação em João 17. No versículo 16, o Senhor diz: "Eles não são do mundo, como eu também não sou", e isso é antes de seu pedido: "Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade." Santificação é um estado de separação para Deus; todos os crentes entram neste estado quando são nascidos de Deus: "É, porém, por iniciativa dele que vocês estão em Cristo Jesus, o qual se tornou sabedoria de Deus para nós, isto é, justiça, santidade e redenção" (1 Co 1.30). Esta é uma separação que acontece de uma vez por todas, eternamente a Deus. É uma parte intrincada da nossa salvação, a nossa ligação com Cristo (Hb 10.10).


A santificação também se refere à experiência prática dessa separação para Deus, sendo o efeito da obediência à Palavra de Deus na vida de alguém e deve ser ardentemente buscada pelo crente (1 Pedro 1:15, Hebreus 12:14). Assim como o Senhor orou em João 17, a santificação tem em vista a separação dos crentes para a finalidade pela qual foram enviados ao mundo: "Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo. Em favor deles eu me santifico, para que também eles sejam santificados pela verdade" (v. 18, 19). Que Ele se separou para o propósito pelo qual foi enviado é tanto a base quanto a condição do nós mesmos sermos separados para o motivo pelo qual fomos enviados (Jo 10.36). A santificação de Cristo é o padrão e o poder para a nossa. O envio e a santificação são inseparáveis. Por causa disso os crentes são chamados de santos, hagioi, no grego: "os santificados". Enquanto anteriormente o seu comportamento dava testemunho da sua posição no mundo em separação de Deus, agora o seu comportamento deve ser testemunho da sua posição diante de Deus em separação do mundo.

De acordo com as Escrituras, a palavra "santificação" tem mais um sentido. Paulo ora em 1 Tessalonicenses 5.23: "Que o próprio Deus da paz os santifique inteiramente. Que todo o espírito, alma e corpo de vocês seja conservado irrepreensível na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo." Paulo também escreve em Colossenses da "esperança que lhes está reservada nos céus, a respeito da qual vocês ouviram por meio da palavra da verdade, o evangelho" (Cl 1.5). Logo depois, ele fala do próprio Cristo como "a esperança da glória" (Cl 1.27) e então menciona o fato dessa esperança quando diz: "Quando Cristo, que é a sua vida, for manifestado, então vocês também serão manifestados com ele em glória" (Cl 3.4). Este estado glorificado será a nossa separação definitiva do pecado, ou seja, alcançaremos a santificação total em todos os aspectos. "Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser, mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, pois o veremos como ele é" (1 Jo 3.2).


III. Processos para um Autêntico Viver em Cristo

Paulo em Gálatas 2 verso 20 sintetiza a sua vida depois de conhecer a Jesus na estrada para Damasco: "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim". Tal pessoa passou pela experiência do novo nascimento. Ela tem um novo coração (no sentido espiritual). Ela tem uma nova vida. O novo nascimento é o maior dos milagres. A cura de um paralítico e a cura de um cego são milagres tremendos, mas seus valores são inferiores ao milagre do novo nascimento, que é operado pelo Espírito Santo na vida do não convertido, que assim passa pela experiência da conversão.

Todos pecaram e por isto estão afastados da Glória de Deus. Todos são devedores. Entretanto, aqueles que crêem em Jesus e no valor de seu sacrifício têm o seu pecado perdoado perante Deus. Não apenas isto, mas também são declarados justos diante de Deus, pois Jesus se fez justiça por aqueles que crêem nEle. Não anda mais segundo aquilo que vê. Tem certeza que alcançará as promessas de Deus. Obedece a um Deus invisível mesmo vivendo num mundo visível. A visão é orientada pelo celestial e não pelas coisas terrenas. O viver cristão é de fé em fé. No céu não haverá necessidade da fé, mas aqui, do início ao fim da carreira, a fé é extremamente necessária, pois só assim se agrada a Deus.
Quem vive em Cristo não vive mais para si mesmo. O egoísmo não é mais predominante. Ele visa viver para louvor e glória do Senhor. Jesus é o seu Senhor. Ele o adora em espírito e em verdade. Portanto, não apóia sua fé em coisas materiais ou pessoas, mas sim na Palavra de Deus. Alem disso, tem a marca da autenticidade. É uma pessoa genuína.


Conclusão

Para resumir, a santificação é sinônimo de santidade, a palavra grega para ambas significa "uma separação", de primeira uma separação posicional de uma vez por todas a Cristo em nossa salvação; em segundo lugar, uma santidade prática progressiva na vida de um crente enquanto aguarda o retorno de Cristo e, finalmente, uma separação permanente do pecado quando chegarmos ao céu. Uma vez que uma pessoa é justificada, não há mais nada que ela precise para ganhar entrada no céu. Já que a justificação vem pela fé em Cristo, com base em Seu trabalho em nosso nome, as nossas obras são desqualificadas como um meio de salvação (Rm 3.28). Existem vastos sistemas religiosos com teologias complexas que ensinam a falsa doutrina da justificação pelas obras. Entretanto, eles estão ensinando um "outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo" (Gl 1.6,7).
Sem uma compreensão da justificação apenas pela fé, não podemos verdadeiramente perceber a gloriosa dádiva da graça por Deus – o "favor imerecido" se torna "merecido" em nossas mentes, e começamos a pensar que merecemos a salvação. A doutrina da justificação pela fé nos ajuda a manter "pura devoção a Cristo" (2 Co 11.3). Manter a justificação pela fé nos impede de cair na mentira de que podemos ganhar o céu. Não há nenhum ritual, nenhum sacramento, nenhuma ação que possa nos tornar dignos da justiça de Cristo. É somente por Sua graça, em resposta a nossa fé, que Deus nos credita a santidade de Seu Filho. Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento dizem: "O justo viverá pela fé" (Hb 2.4; Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38).

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