domingo, 22 de novembro de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Novembro/2020 - Capítulo 3 - O Padrão Bíblico da Verdadeira Adoração nos Salmos

 



Comentarista: Eliezér Gomes


Texto Bíblico Base Semanal: Salmos 103.1-13


1. Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome.

2. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios.

3. Ele é o que perdoa todas as tuas iniquidades, que sara todas as tuas enfermidades,

4. Que redime a tua vida da perdição; que te coroa de benignidade e de misericórdia,

5. Que farta a tua boca de bens, de sorte que a tua mocidade se renova como a da águia.

6. O Senhor faz justiça e juízo a todos os oprimidos.

7. Fez conhecidos os seus caminhos a Moisés, e os seus feitos aos filhos de Israel.

8. Misericordioso e piedoso é o Senhor; longânimo e grande em benignidade.

9. Não reprovará perpetuamente, nem para sempre reterá a sua ira.

10. Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos recompensou segundo as nossas iniquidades.

11. Pois assim como o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem.

12. Assim como está longe o oriente do ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões.

13Assim como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem.


Momento Interação

O conceito de culto ou adoração nas Escrituras é inseparável da noção de serviço. Quando Jesus falou de adorar e dar culto a Deus (Mt 4.10), ele usou palavras traduzidas no texto do Antigo Testamento como temer e servir (Dt 6.13). Para o sincero adorador, esse serviço não é uma tarefa desagradável ou árdua. Os hinos de louvor, mesmo sendo sacrifícios (Hb 13.15), são oferecidos com júbilo, pois são cantados para honrar “o Rochedo da nossa salvação” que nos proporciona a segurança nas tempestades dessa vida. Ele é o único verdadeiro Deus.

Introdução

Adoração verdadeira começa com a Criação: “Fala o Poderoso, o Senhor Deus, e chama a terra desde o Levante até o Poente” (v.1). A real finalidade da Criação é louvar a Deus. É o que nos diz o Salmo 19.1: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos”. A verdadeira adoração sempre inclui e exprime a grandeza e a glória de Deus. Isso pode ser observado nas ocasiões em que Deus revelou-se aos homens de forma direta, em uma teofania. Quando o Senhor encontrou-se com Moisés, lemos: “Moisés escondeu o rosto, porque temeu olhar para Deus” (Êx 3.6). 

Isaías clama: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!” (Is 6.5). Elias “envolveu o rosto no seu manto” (1 Rs 19.13). Paulo caiu por terra e “tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que eu faça?” (At 9.6, Almeida Revista e Corrigida). Vemos, portanto, que a adoração verdadeira sempre tem a Deus como objeto, o que condiciona Seus adoradores a um legítimo temor diante da Sua santidade e a um estilo de vida santificado.

I. A Verdadeira Adoração consta nas Escrituras Sagradas

As ações de graças que agradam a Deus começam quando direcionamos nossos caminhos a partir da verdade revelada por Ele em Sua Palavra, quando passamos a viver conforme a Bíblia. Adoração verdadeira diz: “Pai, não a minha, mas a Tua vontade seja feita. Eu Te agradeço, independentemente dos caminhos pelos quais Tu me conduzes. Muito obrigado por Teus pensamentos serem pensamentos de paz a meu respeito, mesmo que eu não conheça o caminho por onde me levas. Agradeço por me guiares e por teres garantido me levar ao alvo”. Mateus 8.1-8 exemplifica uma oração que agrada ao Senhor. Esses versículos relatam dois milagres da graça de Deus: “Ora, descendo ele do monte, grandes multidões o seguiram. E eis que um leproso, tendo-se aproximado, adorou-o, dizendo: Senhor, se quiseres, podes purificar-me. E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo da sua lepra” (vv.1-3). “Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, apresentou-se-lhe um centurião, implorando: Senhor, o meu criado jaz em casa, de cama, paralítico, sofrendo horrivelmente. Jesus lhe disse: Eu irei curá-lo. Mas o centurião respondeu: Senhor, não sou digno de que entres em minha casa; mas apenas manda com uma palavra, e o meu rapaz será curado” (vv.5-8). Aqui encontramos três princípios da oração legítima. A fé declara: “Senhor, Tu podes!” O temor a Deus complementa: “Se Tu quiseres”. E a humildade acrescenta: “Não sou digno!”

A verdadeira adoração diz “sim” aos caminhos de Deus. Deus quer que oremos. E Ele quer atender nossas orações. Mas isso requer obediência à Sua Palavra e um estilo de vida santificado. Quando buscamos o Senhor, não devemos esquecer que, independente da forma com que o Senhor nos responde, o Nome do Senhor deve ser exaltado acima e antes de tudo. Sabemos muito bem que o Senhor faz milagres ainda hoje. Mas Deus nem sempre responde nossas orações da forma que gostaríamos. Essa situação é descrita em Atos 12. Tanto Tiago (vv.1-2) como Pedro (vv.3ss.) estavam na prisão. Os irmãos haviam orado intensamente pelos dois. Ambos sabiam estar sob a proteção e o abrigo do Senhor. Para um deles, Tiago, Deus disse: “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor” (Mt 25.21). Tiago foi decapitado. Ao outro, Pedro, foi dada a incumbência: “Vá para a vinha, pois a colheita está madura!” E Pedro saiu milagrosamente da prisão para ir trabalhar na seara do Mestre. As duas possibilidades são caminhos de Deus! Será que concordamos sempre quando Deus nos dirige, seja da forma que for?

Deus quer que oremos. E Ele quer atender nossas orações. Mas isso requer obediência à Sua Palavra e um estilo de vida santificado. Sabendo que Ele escuta e responde, podemos deixar a decisão da resposta com Ele, na certeza de que está sempre certo, independentemente da solução que nos proporcionar. A esse respeito, Deus diz: “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais” (Jr 29.11).

II. A Verdadeira Adoração é dedicada somente ao Senhor

Você, provavelmente, ouviu a história (talvez verdadeira, talvez não) do sujeito que visitou uma igreja e, durante o sermão, continuava dizendo "Louva o Senhor!" sempre que um ponto especialmente bom era dito. Mais tarde, um irmão carrancudo apareceu e repreendeu-o, dizendo: "Olhe, não louvamos o Senhor por aqui!" Ou, você alguma vez leu o relato de Davi dançando quando a arca era levada para Jerusalém, e instintivamente teve a mesma reação que Mical?  (cf. 2 Sm 6). Os Salmos 95-100 (e talvez 103) compreendem um pequeno grupo de salmos de adoração. Eles parecem ter sido escritos especialmente para serem usados na adoração pública no Templo.  E que esplêndidos cânticos eles são!  Eles oferecem louvor ao poder, glória, justiça e misericórdia de Deus, Dominador das nações e Protetor de Israel.

Os Salmos 100 e 103 oferecem ambos supremo louvor a Jeová, mas de diferentes perspectivas.  O Salmo 100, o mais curto destes cânticos de adoração, é um premente chamado para todas as nações da terra louvarem Jeová.  Eles deveriam vir diante dele com júbilo ruidoso de agradecimento.  Este é, certamente, um forte contraste com muitos salmos nos quais o julgamento é dado às nações, mas ele ilustra claramente que Deus não deseja "que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento" (2 Pe 3.9). O Salmo 100 é verdadeiramente universal em seu apelo ao homem ­  todo o povo pertence a Jeová, como "rebanho do seu pastoreio". Ele guia e alimenta todos eles (Mt 5.45). Antes de abençoar o nome dos ídolos vãos, eles deveriam entrar nos pátios de Jeová com louvor e agradecimento.

A este respeito, note especialmente que o versículo 5 exalta a "misericórdia" de Deus.  Misericórdia tem referência especial à bondade de Deus mantendo suas alianças.  Ele na verdade manteve sua promessa de abençoar todas as nações através da semente de Abraão (Gn 12.1-3), e:  "Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; pelo contrário, em qualquer nação aquele que o teme e faz o que é justo lhe é aceitável" (At 10.34). Em contraste com o estilo formal e o apelo a todos os homens para adorarem, encontrados no Salmo 100, o Salmo 103 é pessoal e emocional.  Escrito por Davi, é um dos mais belos de todo o livro.

O coração de Davi se comoveu quando ele contemplou o Senhor. e bradou:  "Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo que há em mim bendiga ao seu santo nome."  Se sua alma jamais foi estimulada pela meditação a proferir estas palavras, seu conhecimento de Deus e seu trabalho em sua vida estão verdadeiramente empobrecidos. Talvez você precise gastar mais tempo meditando sobre a palavra de Deus e suas dádivas a você, e menos tempo em queixar-se, discutindo com outros sobre suas faltas, ou procurando alcançar satisfação material. Neste Salmo, quatro grandes bênçãos são enumeradas para você considerar:  Deus perdoa nossas iniquidades, redime nossa vida da ruína, coroa-nos com misericórdia e benevolência, e satisfaz nossos desejos com boas coisas enquanto passamos pela vida.  Que mais você quer?  Como Tiago diz:  "toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto" (Tg 1.17). O quadro frequentemente pintado em sermões sobre um Deus despeitado, que está ansioso por destruir os homens pelo mais insignificante erro, é uma mentira!  Esteja certo de que Deus o julgará (18), mas ele está predisposto à misericórdia, não à condenação (cf. 2 Pe 3.9).

III. A Verdadeira Adoração mostra o Deus Verdadeiro para todos

A adoração a Deus é ativa e proposital. Davi chama os adoradores a saírem e se unirem a outros para oferecer louvores. No contexto do Novo Testamento, se torna especialmente claro que podemos adorar a Deus em qualquer lugar e momento, uma vez que esse serviço seja feito “em espírito e em verdade” (Jo 4.24), ou seja, com sinceridade e conforme as orientações que Deus nos dá nas Escrituras. Em Israel na época de Davi, porém, alguns atos de adoração foram oferecidos a Deus exclusivamente no local que o Senhor determinou como centro nacional da sua religião. Adoração no tabernáculo temporário, na época de Davi, ou no templo permanente edificado por seu filho nas gerações posteriores, fazia parte do serviço que Deus pedia do seu povo. 

Para participar no culto nacional, os israelitas saíam das suas casas e viajavam, às vezes grandes distâncias, para se reunirem em Jerusalém. O serviço a Deus não foi visto por esses adoradores, e não deve ser visto hoje, como algo passivo, feito com pouco ou nenhum esforço. O conceito de culto ou adoração nas Escrituras é inseparável da noção de serviço. Quando Jesus falou de adorar e dar culto a Deus (Mateus 4.10), ele usou palavras traduzidas no texto do Antigo Testamento como temer e servir (Dt 6.13). Para o sincero adorador, esse serviço não é uma tarefa desagradável ou árdua. Os hinos de louvor, mesmo sendo sacrifícios (Hb 13.15), são oferecidos com júbilo, pois são cantados para honrar “o Rochedo da nossa salvação” que nos proporciona a segurança nas tempestades dessa vida. Ele é o único verdadeiro Deus. Devemos expressar gratidão ao nosso Criador, Redentor e Pastor na adoração contínua, evitando os pecados que levaram milhares de israelitas à morte no deserto. “Vinde, cantemos ao SENHOR, com júbilo”. 

Conclusão

Deus repreende a trágica rebelião de Seu povo: “Mas ao ímpio diz Deus: De que te serve repetires os meus preceitos e teres nos lábios a minha aliança, uma vez que aborreces a disciplina e rejeitas as minhas palavras? Se vês um ladrão, tu te comprazes nele e aos adúlteros te associas. Soltas a boca para o mal, e a tua língua trama enganos. Sentas-te para falar contra teu irmão e difamas o filho de tua mãe” (vv.16-20). Rebaixamos Deus ao mesmo nível em que nos encontramos. Muitos cristãos, quando exortados por seu comportamento errado, têm pronta a resposta: “Eu acho que estou certo, não vejo problemas com isso”. Mas, ao mesmo tempo em que se defendem, admiram-se que Deus não os ouve, agindo igual a Israel no passado. Deus, porém, não pode ouvi-los! Deixaram de considerar que Deus condicionou Suas promessas a certos requisitos.

“Tens feito estas coisas, e eu me calei; pensavas que eu era teu igual; mas eu te argüirei e porei tudo à tua vista” (v.21). Chamamo-nos de cristãos mesmo tendo fabricado um Deus que não corresponde ao Deus da Bíblia, um Deus que espelha nossa própria imaginação e reflete nossos desejos pessoais. Portanto, não devemos nos admirar quando Deus se cala! A causa não está nEle; está em nós. “Considerai, pois, nisto, vós que vos esqueceis de Deus, para que não vos despedace, sem haver quem vos livre” (v.22). Apesar de todo o ativismo religioso, Israel esqueceu-se de Deus. Talvez nós também O esquecemos muitas vezes. Por isso, Ele se cala. Assim, não podemos ouvir Sua voz.


Sugestão de Leitura da Semana: SILVA, Oliveira. O Fundamento da Igreja de Cristo. São Paulo: Evangelho Avivado, 2019.




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