quinta-feira, 15 de abril de 2021

Preparados para a Resposta da Esperança

 




Por Leonardo Pereira



Estejam “sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós” (1 Pe 3.15) é uma ordem expressa de Pedro para os cristãos da Ásia do primeiro século, mas também para nós, nos dias de hoje. Será que para isso é necessário muito conhecimento e disposição para discutir com qualquer pessoa sobre qualquer assunto relacionado com a fé? Observe que Tiago desestimula a ambição ardente de sermos mestres (Tg 3.1). Examinemos o contexto deste mandamento para vermos que podemos obedecê-lo. 

A Ordem de Prontidão

A ordem para estarmos prontos para responder acha-se numa carta escrita a cristãos diferentes – diferentes do que tinham sido no passado e diferentes dos que os cercavam. Os seus antigos e atuais amigos estranhavam que eles não participassem com eles do pecado (1 Pe 4.4). Eram desprezados (1 Pe 3.16), rejeitados (1 Pe 4.14) e acusados de fazer o mal (1 Pe 2.12). Esse é o plano de Deus para os que lhe pertencem, para manifestar as excelências dele nas trevas do mundo (1 Pe 2.9). Hoje nada é diferente. O tipo de pergunta que geralmente surge é: “Por que você não quer sair com a gente como antes?”, “Você não diz mais palavrão?”, “Você ficou religioso ou qualquer coisa assim?”. Essas não são as perguntas teológicas complexas que imaginaríamos lendo 1 Pedro 3.15 fora de contexto.

“Estar preparado” implica prever as perguntas e estar afiado para responder. A carta de Pedro ordena, pelo menos, três tipos de preparo: 

1. O preparo do coração. “... Não vos amedronteis, portanto, com as suas ameaças, nem fiqueis alarmados; antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder” (1 Pe 3.14,15). É necessário coragem. Devemos ter uma idéia firme e clara de nossa identidade e nossa responsabilidade, não importa como encarem as nossas respostas. O medo de passar vergonha ou de sofrer perseguição não pode ter lugar na vida daquele cujo Senhor é Cristo. Só temos de prestar contas ao Filho de Deus; é só a ele que devemos temer (1 Pe 1.17). Participaremos do sofrimento de Cristo e não nos devemos envergonhar quando isso acontecer (1 Pe 4.12-16).

2. O preparo da vida. O nosso texto mostra que o nosso modo correto de vida já é, em si, uma grande proteção contra as situações vergonhosas: “com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo” (1 Pe 3.16). Se nos perguntam acerca do nosso comportamento, é claro que a nossa vida está sendo investigada pelas pessoas. A nossa vida, sempre, faz parte do nosso preparo. Fomos criados de modo distinto, não de acordo com “às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento” (1 Pe 1.14,15). O que dissermos com a nossa vida S o mau humor, a prática dos velhos hábitos ou qualquer coisa que não tenha sido sujeitada a Cristo S pode depor contra qualquer palavra que proferirmos com os lábios. “Amados, exorto-vos, . . . a vos absterdes das paixões carnais . . . mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas bos obras, glorifiquem a Deus” (1 Pe 2.11,12).

3. O preparo da mente. “Sede, portanto, criteriosos e sóbrios a bem das vossas orações . . . Se alguém fala, fale de acordo com as oráculos de Deus” (1 Pe 4.7,11). Junto com a nossa coragem e com uma vida exemplar, devemos estar munidos de uma mente sadia e equilibrada, pronta para trabalhar, centrada na nossa esperança (1 Pe 1.13) e pronta para dar uma resposta. Mas a que tipo de perguntas? 

Primeiramente, o que é mais provável, perguntas sobre o nosso comportamento. A nossa conduta se tornou visível e levou a uma reação. A nossa resposta deve explicar o nosso comportamento em relação ao senhorio de Cristo. “Não posso usar o nome de Deus dessa forma”, ou “de acordo com a minha crença em Jesus e segundo o que ele ensinou, entendo que não posso fazer isso”. 

Em segundo lugar, se as nossas respostas fizeram a atenção se voltar para o Senhor, podem-se seguir as perguntas simples sobre a fé e a obediência a Jesus. Não só para explicar a nossa esperança, mas também para atrair o interesse de um coração aberto, seria útil aprender uma pequena seqüência de conclusões como: o relato da vida de Jesus é preciso; Jesus ressuscitou de entre os mortos; ele só pode ser o Filho de Deus; devemos obedecer-lhe cuidadosamente; ele julgará o mundo um dia, etc. Esses mesmos fatos provavelmente foram os que nos motivaram a obedecer, e o preparo pode ser apenas aprender a ordem, treinar uma forma simples de falar sobre eles e aprender algumas referências bíblicas que os sustentam. As respostas simples são as melhores, já que poucas pessoas têm tanto conhecimento da Bíblia e é raro encontrarmos alguém que saiba fazer uma defesa lógica da fé.

Dando a Resposta

Outra ordem é dar a resposta “com mansidão e temor” (1 Pe 3.16). Ainda que sejamos ridicularizados, devemos seguir o exemplo de Jesus, “pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje” (1 Pe 2.23; 3.9). O modo de respondermos pode não apenas afastar a ira, mas também fazer parte de nosso modo de vida, que os outros observam. Temos a ordem de estarmos preparados para explicar a nossa esperança - não de sair vencedor na discussão ou de converter cada pessoa com quem temos contato. 



Referências:

Bíblia Sagrada. Almeida Revista e Corrigida. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.

CAMPOS, Ygor; PEREIRA, Leonardo; SILVA, Oliveira. Comentário Bíblico Evangelho Avivado Volume 2 - Novo Testamento. São Paulo: Evangelho Avivado, 2020.

HORTON, Stanley. Sempre Prontos. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.

PEREIRA, Leonardo. A Esperança da Salvação em Cristo. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.

SILVA, Oliveira. Panorama Bíblico Volume 7 - Epístolas Gerais. São Paulo: Evangelho Avivado, 2020.



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