quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Jesus ensinou com Autoridade

 




Por Leonardo Pereira



Quando Jesus terminou sua famosa pregação em um monte na Galileia, as multidões ficaram maravilhadas “porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas” (Mt 7.29). Se imaginarmos que esse comentário se refira à maneira confiante e eloquente de Jesus, em contraste com um estilo seco e didático dos rabinos do seu tempo, perderemos um ponto importante sobre Jesus. De fato, o contraste sugerido é nada menos que a diferença entre Deus falar a verdade e homens discutirem suas próprias opiniões. Nas décadas anteriores ao nascimento de Jesus, um dos mais influentes mestres ou rabinos judeus foi um homem chamado Hilel. Há um registro no Talmud de Jerusalém, uma explicação das leis e tradições dos judeus, sobre uma ocasião em que Hilel discursou um dia inteiro sobre um ponto de interpretação. Os outros rabinos só aceitaram a opinião de Hilel quando este disse: “Ouvi assim de Semaías e Abtalion” (dois rabinos, professores de Hilel na sua juventude). O comentário de Hilel bem representa a mentalidade dos mestres da Lei da época de Jesus, que frequentemente citavam a autoridade dos anciãos (Mateus 15.2 apresenta um exemplo disso).

Essa dependência nas tradições transmitidas de geração em geração serve como pano de fundo para os comentários feitos por Jesus no Sermão do Monte: “Ouvistes que foi dito aos antigos” (Mt 5.21, 27,31,33,38,43). Até os profetas do Antigo Testamento, recebendo mensagens diretamente do Senhor, fizeram questão de atribuir suas palavras à autoridade de Deus. De Gênesis até Malaquias, encontramos tais atribuições dezenas de vezes. Alguns exemplos: “Veio, pois, Moisés e referiu ao povo todas as palavras do SENHOR e todos os estatutos; então, todo o povo respondeu a uma voz e disse: Tudo o que falou o SENHOR faremos” (Êx 24.3). “Veio, pois, a palavra do SENHOR, por intermédio do profeta Ageu” (Ag 1.3). No seu livro, Ezequiel diz, em média mais de uma vez por capítulo: “Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo...”.

Os apóstolos falaram da mesma maneira, claramente atribuindo suas mensagens às revelações recebidas do Senhor. Paulo disse: “Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo” (Gl 1.11,12). Pedro afirmou que sua mensagem, como as mensagens de todos os profetas, veio por meio de revelação divina (2 Pe 2.16-21). Jesus foi diferente. Enquanto ele afirma sua concordância total e cooperação perfeita com o Pai, pois trabalham juntos desde a eternidade (Jo 5.17,18; 12.49; 14.24), há nas palavras de Jesus um tom de autoridade ausente nas declarações de homens fiéis. Quando apresentou contrastes com os ensinamentos tradicionais, Jesus simplesmente disse: “Eu, porém, vos digo” (Mt 5.22,28,32,34,39,44; 19:9; Mc 9.13; Jo 4.35). É interessante notar que essa expressão aparece somente nos evangelhos e em nenhum outro livro da Bíblia. Qual homem ousaria elevar sua própria palavra dessa maneira?

Isaías disse: “a palavra de nosso Deus permanece eternamente” (Is 40.8). Sabendo dessa posição elevada da palavra de Deus, qual mero homem teria coragem de falar o que Jesus disse em Jerusalém: “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão” (Mc 13.31)? Jesus falou como um que tem autoridade porque ele, de fato, a tem! Ele, como Deus em forma humana, falou com toda a sua autoridade divina. Ele não foi apenas um profeta ou rabino. Não veio apenas para esclarecer o ensinamento da Lei dada por intermédio de Moisés. Ele apresentou, com a autoridade da sua própria voz divina, uma nova doutrina (Mc 1.22,27). E foi com esta mesma voz de autoridade que ele nos advertiu: “Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue; a própria palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia” (Jo 12.48).

O próprio Pai disse: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi” (Mt 17.5). Devemos escutar e respeitar a voz de Jesus!


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