O censo de 2010
aponta que os evangélicos brasileiros somam 42.275.440 de pessoas. Sendo
22,16% dos brasileiros, um crescimento de 61,45% desde a última edição
do censo em 2000.
Crescimento ainda
mais espantoso apresentou o grupo de evangélicos que se declararam “sem
vínculo denominacional”. Nos dez anos separando os censos de 2000 e
2010 o numero de evangélicos assim declarados partiu de pouco mais de um
milhão de pessoas chegando a impressionantes 9.218.129 de crentes
brasileiros. Um crescimento de mais de 780%. Nenhum outro grupo de
evangélicos arrolados no censo experimentou crescimento semelhante. O
conjunto da população evangélica cresceu 61,45% e a denominação com o
maior crescimento foi a Assembleia de Deus com 46,28% (com 8,4 milhões
de fiéis em 2000 e 12,5 milhões de fieis em 2010).
O grupo
"evangélicos sem vínculo denominacional” foi o maior responsável pelo
crescimento da população evangélica brasileira e representa hoje 21,8%
do total dos evangélicos, sendo um grupo maior, portanto, do que a soma
de todos os crentes vinculados a denominações evangélicas de missão
(presbiterianos, metodistas, batistas, luteranos, congregacionais,
adventistas e outros), os quais, somam pouco mais de 7,6 milhões de
evangélicos.
Naturalmente, a linha “evangélica não determinada”
(ver tabela neste post) não inclui somente os desigrejados, mas também
os evangélicos nominais (pessoas que se declararam evangélicas por
tradição familiar, identificação social, etc.) um fenômeno antes apenas
característico do catolicismo, a religião dominante. Nesta mesma conta,
há também os evangélicos que transitam por diversas denominações, mas
que não estabelecem vínculos com nenhuma comunidade. Estão também
incluídos os respondentes que não souberam (ou não quiseram) informar o
seu vínculo denominacional, apenas se declarando evangélicos e, neste
caso, os microdados do censo 2010 sustentam a hipótese de que este deve
ser um dos maiores subgrupo da linha, incluindo respondentes
pertencentes a pequenas congregações independentes e a grupos de
cristãos que se reúnem em casas, condomínios, clubes, etc. Finalmente,
neste grupo há também quem se declare evangélico, mas viva, na prática
uma religiosidade com múltiplo pertencimento inclusive transitando
também por religiões não cristãs – fazendo jus à tradição do sincretismo
brasileiro, até então, associada à “tabelinha católico-espírita”. Vale
frisar que há outras linhas na tabela 1.3 do Censo contemplando múltiplo
pertencimento e religiosidade indeterminada.
Sem encerrar as
considerações acerca do surpreendente número de 9,2 milhão de
evangélicos sem vínculo denominacional é possível estabelecer que os
“desigrejados” são um dos principais subgrupos deste conjunto e, por
mais conservadora que seja a estimativa da participação destes nesta
população, esta será sempre absolutamente relevante. O nosso “educated guess”
(a expressão da língua inglesa para o famoso chute bem abalizado)
aponta para uma população de 4 milhões de desigrejados evangélicos. Isto
é mais do que a soma de todos os batistas, anglicanos, episcopais e
metodistas brasileiros! O que não é mais surpreendente do que constatar
que os 9,2 milhão de evangélicos sem vínculo denominacional, ou 4,8% do
total da população brasileira, testemunham peremptoriamente acerca dos
perigos da extinção de uma das características mais marcantes entre os
evangélicos brasileiros: o exercício religioso assíduo em congregações
locais com as quais o fiel mantém fortes laços de pertencimento.
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