Comentarista: Anderson Ribeiro
Introdução
A igreja de Corinto era uma igreja que havia sido muito abençoada por Deus em diversos aspectos. Quando Paulo inicia esta carta ele reconhece, no capítulo primeiro, que Deus havia abençoado a igreja com toda sorte de bênçãos espirituais, de dons espirituais, ao ponto de “não lhes faltar dom nenhum”. Corinto era uma igreja carismática no sentido bíblico da palavra, ou seja, tinha os “carismas” do Espírito de Deus, os dons, através dos quais desenvolvia seu serviço prestando culto a Deus e cumprindo a sua missão neste mundo. Infelizmente, por motivos que desconhecemos, esta igreja de Corinto, que havia sido fundada pelo apóstolo Paulo, com menos de três anos de fundada começou a desviar-se dos padrões de conduta e de doutrina que o apóstolo havia estabelecido por ocasião de sua fundação.
I. Divisões na Igreja de Corinto
Paulo estava no seu último ano de ministério na cidade de Éfeso, quando recebe informações de que a igreja de Corinto não estava indo muito bem. As informações eram muitas e poucas delas eram boas. Paulo soube que havia divisões na igreja, que estava dividida em 4 grupos. Grupos que se formaram em torno de personalidades, de pessoas que tinham tido uma participação no passado recente da igreja, com o próprio Paulo e Apolo (cap. 3:4). Havia até um grupo que talvez fosse o mais perigoso deles que era o “grupo de Cristo” (‘...e eu, de Cristo” Cap 1:12). Eles diziam que não eram seguidores de homem algum e sim de Cristo. Era como se dissessem: não queremos estar debaixo da orientação ou da instrução e autoridade de qualquer homem porque recebemos tudo diretamente de Cristo. Alguns estudiosos têm identificado este grupo como o “grupinho dos espirituais” que falavam em línguas e se gloriavam por terem experiências extraordinárias; que não aceitavam a autoridade de Paulo na igreja e outras coisas mais.
II. Paulo menciona os problemas dos coríntios
A igreja tinha todas estas divisões e além disso tinha problemas de ordem doutrinária. Um grupo não aceitava a ressurreição dos mortos (cap. 15). Havia um espírito faccioso naquela igreja; existiam problemas com respeito à doutrina da liberdade cristã ( 10:28). “Será que posso comer carne sacrificada aos ídolos”? Os “fortes” diziam que sim e subestimavam os “fracos”. Havia problemas com respeito às questões do casamento (cap. 7): O que é mais espiritual? Casar ou ficar solteiro?
A igreja estava dividida por uma série de problemas que se refletiam no culto. Os “espirituais” falavam línguas sem interpretação para a igreja e desta forma não edificavam (14:5); os profetas falavam, mas não havia ordem de quem deveria falar primeiro (14:29, 32); as mulheres entusiasmadas estavam querendo tirar qualquer sinal de que há uma diferença entre homem e mulher dentro da ordem da criação de Deus (11:8-9); na hora da Santa Ceia havia pessoas que até se embriagavam (11:21) e participavam do sacramento sem ter o espírito apropriado. Corinto era uma igreja com graves complicações. Mas, mesmo considerando isso, era uma igreja que se gloriava de ser “espiritual”. Afinal, muitos, na concepção deles, não tinham os dons que indicavam a presença do Espírito Santo? Muitos não estavam falando em línguas durante o culto (Cap. 14)? Outros não estavam profetizando e trazendo palavra de revelação? A igreja pensava que era espiritual e considerava-se assim apesar de estar toda minada de problemas.
III. A Pregação do Cristo Crucificado
Pregar a Cristo crucificado é a única maneira em que a Sua vida e o Seu ministério podem ser compreendidos. A glória da vida de Cristo foi, que para a glória do Pai e a salvação de pecadores Ele se tornou homem, e sendo feito homem, andou pelo caminho da humildade; sempre esperando, e finalmente suportando, a morte de cruz. Somente assim vemos o Cordeiro sem mancha e ruga. É assim que devemos pregar a Cristo crucificado; não excluindo a Sua vida, mas incluindo e verdadeiramente possuindo tudo que está em Cristo. Pois não pregamos a crucificação de Cristo, mas o próprio Cristo. Cristo, ontem, hoje e eternamente. Cristo como Profeta, Sacerdote e Rei; Cristo na Sua humilhação, e Cristo na Sua glória; Cristo o Cordeiro preordenado antes da fundação do mundo, profetizado pelos profetas, recebido pelos fiéis em Israel — a Pessoa, verdadeiro homem e, no entanto, verdadeiro Deus, em quem possuímos o Pai e por meio de quem recebemos o Espírito.
Ao pregar Cristo, devemos nos lembrar de três coisas; Cristo é absolutamente necessário; Cristo é absolutamente suficiente; Cristo é absolutamente acessível. A pregação moderna tem falta de poder principalmente neste ponto fundamental — Cristo é absolutamente necessário.
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