Comentarista: Alexandro Milesi
Introdução
Todos, sejam judeus ou gentios, precisam crer no evangelho de Jesus Cristo. É a tese enunciada por Paulo em Romanos 1:16 e defendida nos capítulos seguintes. “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego.”
I. A Depravação Total
Depravação total significa que o homem é depravado ou corrupto em todos os aspectos do seu ser. Não é uma questão de grau, mas sim de extensão. Não significa que qualquer homem seja tão mau quanto possa se tornar ou tão mau quanto Satanás. Contudo, o mal em potencial é quase o mesmo em cada homem. A Bíblia diz que não há diferença, “pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Romanos 3:23. Se não pecamos tanto quanto os outros é por causa da graça de Deus que nos restringe e não por haver algum bom em nossa natureza. Quando Jesus disse: “Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias” (Mateus 15:19), Ele não estava descrevendo um coração em particular, mas sim o coração de cada homem. John Bradford, um mártir, certa vez observou os oficiais levando um criminoso até o lugar da execução, e comentou: “Lá vai John Bradford, se não fosse a graça de Deus”. O ato da transgressão é somente uma parte mínima do pecado. Oito nonos de um iceberg ficam sob a superfície do mar. E, potencialmente, há mais pecado em cada um de nós do que aparece na superfície, numa transgressão real.
Existem graus na depravação. Todos os homens não são iguais no grau ou quantidade de pecado. Pingue uma gota de arsênico num copo de água e ela será totalmente afetada. Cada gota da água fica envenenada. Se colocar mais uma gota de arsênico, o veneno não alcança mais da água, mas se intensificará. O Veneno não vai ficar em mais partes da água, porque já está em toda parte, mas cada gota de veneno dará um grau maior. O mesmo acontece com o homem, que é o filho da ira por natureza (Efésios 2:3), o qual pode se tornar mais depravado.
O homem natural não é depravado em partes, mas no todo do seu ser. A mente carnal é inimizade contra Deus (Romanos 8:7); e o coração é “enganoso…, mais do que todas as coisas, e perverso” (Jeremias 17:9, Mateus 15:19); a vontade humana está presa ao pecado (João 5:40 e 6:44, Filipenses 2:13). A vontade humana não é melhor do que a mente e o coração que a controlam. O homem escolhe o que faz, por causa do estado de sua mente e coração.
A depravação total significa que o homem, como resultado do pecado original, está morto moral ou espiritualmente. E morto, como adjetivo, não admite comparação. Não há grau de morte; mas há grau na morte. Diante de nós está um morto. Há um dia que está morto. Ele está morto totalmente em todas as partes físicas. Eis outro morto. Ele está morto há uma semana. Ele não está mais morto do que o outro, mas o corpo se encontra em uma condição pior. A Bíblia apresenta o homem natural como um corpo morto moral ou espiritual. Vemos uma moça, dezesseis anos, linda, alegre e charmosa. Ela não entende nada da vida de um prostíbulo. Mas essa moça, sem Cristo, está morta moral ou espiritualmente! Ela não tem amor a Deus nem ao próximo. Sua natureza depravada se manifesta na ostentação do que veste, no orgulho da beleza, na desobediência aos pais, na falta de interesse pela palavra de Deus e rejeição ao Senhor Jesus Cristo. Eis outro morto moral. É uma mulher do prostíbulo; sua virtude se foi. Acha-se abandonada a uma vida de pecado e vergonha. Bebe, diz palavrão, fuma, mente, rouba e destrói lares. Porém, não está mais morta do que a de dezesseis anos, mas na morte moral se encontra numa condição pior.
A morte não significa que o homem não existe como ser moral. A morte não significa extinção do ser, mas um estado ou condição do ser. O homem sem ser regenerado realiza ações morais, porém elas são más. Roubo, homicídio e mentira são todos atos de um ser moral, porém são atos maus.
II. A Ira de Deus
O resto do primeiro capítulo da Epístola aos Romanos mostra o motivo de Deus em ficar irado com o pecado do homem. Note os pontos principais neste trecho:
Deus se revela. A vontade dele se revela na palavra das Escrituras, mas o caráter e o poder de Deus se revelam pelas obras da criação (17-20). Este fato traz a responsabilidade sobre todos de buscar a Deus, e deixa os desobedientes sem desculpa.
- Um erro leva a outros. Uma vez que o homem nega a existência de Deus ou perverte a verdade sobre a natureza do Criador, outros pecados brotam dessas raízes (21-25). Pessoas impressionadas com a sua própria inteligência e capacidade de raciocinar inventam deuses feitos à imagem de homens, ou até de animais. Assim, negando a santidade e a perfeição do Deus justo, justificam todo tipo de perversidade, incluindo relações homossexuais. Esses versículos mostram que falsas doutrinas sobre Deus andam de mãos dadas com os pecados da carne.
- Deus deixa os pecadores caminharem para sua própria punição. Deus não autoriza o pecado, mas deixa o homem praticá-lo, até piorando cada vez mais. A justiça nem sempre é imediata, mas os pecadores que não voltam para Deus receberão a merecida punição (26-27).
- Mentes corrompidas se entregam à morte. O primeiro passo foi desprezar o conhecimento de Deus. O destino é a morte. Os passos intermediários são vários. Nos versículos 29-31, Paulo cita vários exemplos das coisas inconvenientes que merecem a sentença de morte. Muitas pessoas consideram alguns desses pecados comuns e até aceitáveis, mas Deus disse que pessoas invejosas, avarentas ou desobedientes aos pais merecem a morte. Devemos pensar bem sobre a nossa conduta diante do Criador!
A resposta de Deus à necessidade de todos nós se encontra no evangelho
III. A Necessidade da Salvação aos Gentios
O evangelho é o poder de Deus. A mensagem pregada por Paulo e outros, no primeiro século, não foi invenção do homem. Veio de Deus como o meio escolhido para salvar pecadores.
A salvação é para aqueles que crêem. Embora o evangelho inclua mandamentos para serem obedecidos (2 Tessalonicenses 1:8; 1 Pedro 4:17), ele não é um sistema de justificação por obras de lei. O contraste que Paulo introduz aqui e explicará nos próximos capítulos é entre lei e fé. Nenhuma lei jamais salvou um pecador. A salvação vem pela fé.
Para judeus e gentios. Deus trabalhou por meio da nação judaica para cumprir suas promessas, e a pregação do evangelho começou entre os descendentes de Abraão. Mas, o evangelho e a salvação que ele oferece são accessíveis a todos – judeus e gregos.
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