quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Lei e Graça


Muitos cristãos de hoje, não sabem a diferença entre lei e graça. Eu me lembro, quando congregava em uma certa igreja, eles ensinavam que, as pessoas do Antigo Testamento eram salvas por intermédio da lei; enquanto que as pessoas do Novo Testamento eram salvas pela graça, então cresci em um ambiente que acreditava dessa forma a respeito de lei e graça. Certo dia, me lembro de ter encontrado algumas passagens no Antigo Concerto falando sobre a graça de Deus, foi então que comecei a fazer alguns questionamentos de o porquê as pessoas ensinarem que a graça só aparece na Nova Aliança, à medida que, encontramos ela claramente nos Salmos; Pentateuco e outros livros do Antigo Testamento.

Portanto, vamos analisar o que as escrituras ensinam sobre esse tema tão importante.

1. Como as pessoas do Antigo Testamento eram salvas  

Como falamos agora pouco, muitos evangélicos creem que, os crentes do Antigo Concerto eram salvos pela lei. Analisando as escrituras, ela nos ensina que as pessoas do Antigo Testamento sempre foram salvas da mesma maneira das pessoas do Novo Testamento, através da fé. Vejamos o que Antigo Testamento ensina como Abraão foi salvo:

creu ele no SENHOR, e imputou-lhe isto por justiça (Gn 15:6). Aqui está claro Abraão sendo aceito diante de Deus por meio da fé. Agora vejamos como o Novo Testamento interpreta essa questão: Que diremos, pois, ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne? Porque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus. Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça (Rm 4:1-3). Fica evidente que, a Abraão não foi salvo por intermédio da lei, mas por meio da fé. E não somente Abraão, encontramos nessa lista de Romanos 4, Paulo fazendo menção de Davi que também foi admitido diante de Deus por meio da fé. O que dizer de Hebreus 11? Onde registra os heróis da fé, todos eles foram justificados através da fé e não pelas obras da lei.

2. A Graça no Antigo Testamento

Normalmente, os que acreditam na manifestação da graça na Nova Aliança, utilizam o Evangelho de João para provar sua crença: E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade (Jo 1:14). Por meio dessa passagem, eles querem dizer que a graça começa na Nova Aliança e não na Antiga. Se for assim, temos um problema com essa interpretação. Ela ensina dois sistemas de salvação, um pela lei e outro pela graça. Como vimos antes, a Bíblia ensina apena um sistema de salvação e não dois. 

Há textos no Antigo Testamento que fala da graça de Deus? Sim! E há várias passagens que fala da graça de Deus claramente. Vamos aqui citar dois textos que prova isto:

 Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor (Gn 6:8). Diante do contexto em que Noé vivia, se não fosse a graça de Deus ele não teria se salvado com sua família e nem teria sido uma pessoa íntegra.

 Porque a tua graça é melhor do que a vida, os meus lábios te louvarão (Sl 63:3). Aqui, percebemos o valor que o salmista dá a graça do Senhor. Essas duas passagens mostram de forma bem clara que, a graça aparece no Antigo Testamento e os autores davam total atenção e valor a ela, se não fosse por meio dela nenhum deles conseguiria viver uma vida santa.

3. A Função da Lei

Um dos temas controverso é falar sobre a lei, mas quero nesse texto deixar qual o objetivo dela de como a Bíblia ensina. A função da lei nunca foi salvar o homem de seus pecados, isso as Escrituras deixam mais do que evidente. Paulo escrevendo para a igreja da Galácia, disse que ninguém seria justificado diante de Deus pelas obras da lei (Gl 3:11), porque a lei coloca todos debaixo de maldição (Gl 3:10).

Entretanto, a lei tinha como o objetivo de nos conduzir a Cristo. Paulo ensina isto claramente: De modo que a lei se tornou nosso aio, para nos conduzir a Cristo, a fim de que pela fé fôssemos justificados (Gl 3:24). A palavra aio quer dizer instrutor, mas o sentido dela também é de um criado de confiança, encarregado de acompanhar e educar uma criança até que ela chegasse a maioridade. O que Paulo está querendo dizer aqui é: a lei revela a justiça de Deus, nos mostra que somos pecadores e merecemos a justiça divina sobre nossas vidas; e ela nos revela a necessidade de salvação que só encontramos em Jesus. Depois de alcançarmos a salvação pela fé em Jesus (que é maioridade) não estamos mais debaixo do aio como disse Paulo: Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio (Gl 3:25).

A lei continua sendo válida para os cristãos depois de salvos? Ela continua sim! Jesus disse: Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir (Mt 5:17). Jesus demonstra que não veio para abolir a lei, mas cumprir, ou seja, Ele tanto cumpriu todos aspectos da lei como também interpretou de forma mais profunda ela. Jesus na cruz aboliu toda maldição da lei contra nossa vida. Agora, nós precisamos entender qual parte da lei está em vigor para um cristão, porque os reformadores descavam que a lei estava dividida em três partes; cerimonial, civil e moral. A lei cerimonial não precisamos mais dela para os dias de hoje, porque Cristo cumpriu na sua morte e ressurreição. Contudo, a lei moral continua para os nossos dias e devemos obedece-la; ela revela a santidade e a vontade de Deus para todas as pessoas. Jesus e os apóstolos fizeram menção dos dez mandamentos no Novo Testamento. A lei moral para os cristãos serve como norma de vida e gratidão a Deus por tudo que Ele fez em nossas vidas através de Cristo, ela não é usada como instrumento de salvação.

4. Como a Lei e Graça se relacionam?

Quando não entendemos a relação entre lei e graça, corremos o risco de cair em dois extremos. Um é o antinomismo que, sustenta uma vida sem lei e que abre portas para a libertinagem. Na época da reforma protestante, os católicos romanos acusavam os reformadores de antinomistas, por dar muita ênfase na graça e não na lei; homens como Lutero e outros ensinaram claramente que a lei serve para o cristão como norma de vida. Outro extremo é o legalismo, por sustentar uma guarda da lei de forma rígida em detrimento da graça. O legalismo tenta alcançar a salvação por meios das obras, é a religião do mérito. Portanto, um cristão deve tomar todo o cuidado para não cair em um desses extremos.

Nós devemos compreender que, a lei e graça andam lado a lado em toda a Bíblia. De um lado a lei vai revelando o pecado do homem e de outro a graça vai salvando o homem do seu pecado revelado pela a lei. A lei demonstra que precisamos da graça de Deus, já a graça demostra que precisamos obedecer aos dez mandamentos que está na lei que é a vontade de Deus revelada ao homem. A lei para os que foram alcançado pela graça, serve como instrumento de santificação e gratidão, ela é amiga de todo aqueles que foram justificados por Cristo, porém, inimiga de todos que não foram justificados. Desse modo, podemos dizer que encontramos graça na lei e lei na graça. Entendendo dessa maneira a lei e a graça, não cairemos nem no legalismo e nem no antinomismo.   

Conclusão 
   
O que podemos tirar de aprendizado até aqui é que, ninguém no Antigo Testamento foi salvo por intermédio da lei, mas sim pela fé depositada no Messias que haveria de vir. A graça de Deus está claramente no Antigo Concerto e não somente na Nova Aliança, a diferença entre elas é que no Novo Testamento ela se revelou de uma forma mais ampla. A função da lei nunca foi salvar alguém, mas revelar o pecado. A lei tem tanto a função pedagógica como persuasiva. Pedagógica no sentido de ensinar a andar em retidão, persuasiva no sentido de mostrar o pecado do homem e de que ele precisa de Cristo. Entendendo como a graça e a lei se relacionam, evitaremos de cair no extremo do legalismo ou do antinomismo.


Sidney Muniz

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