terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Comentário Bíblico Mensal: Fevereiro/2018 - Capítulo 5 - Davi: O Homem Segundo o Coração de Deus




Comentarista: Matheus Santos

Texto Bíblico Base Semanal: 1 Crônicas 28.1-8

1. Então Davi reuniu em Jerusalém todos os príncipes de Israel, os príncipes das tribos, e os capitães das turmas, que serviam o rei, e os capitães dos milhares, e os capitães das centenas, e os administradores de toda a fazenda e possessão do rei, e de seus filhos, como também os oficiais, os poderosos, e todo o homem valente.
2. E pôs-se o rei Davi em pé, e disse: Ouvi-me, irmãos meus, e povo meu; em meu coração propus eu edificar uma casa de repouso para a arca da aliança do Senhor e para o estrado dos pés do nosso Deus, e eu tinha feito o preparo para a edificar.
3. Porém Deus me disse: Não edificarás casa ao meu nome, porque és homem de guerra, e derramaste muito sangue.
4. E o Senhor Deus de Israel escolheu-me de toda a casa de meu pai, para que eternamente fosse rei sobre Israel; porque a Judá escolheu por soberano, e a casa de meu pai na casa de Judá; e entre os filhos de meu pai se agradou de mim para me fazer reinar sobre todo o Israel.
5. E, de todos os meus filhos (porque muitos filhos me deu o Senhor), escolheu ele o meu filho Salomão para se assentar no trono do reino do Senhor sobre Israel.
6. E me disse: Teu filho Salomão, ele edificará a minha casa e os meus átrios; porque o escolhi para filho, e eu lhe serei por pai.
7. E estabelecerei o seu reino para sempre, se perseverar em cumprir os meus mandamentos e os meus juízos, como até ao dia de hoje.
8. Agora, pois, perante os olhos de todo o Israel, a congregação do Senhor, e perante os ouvidos de nosso Deus, guardai e buscai todos os mandamentos do Senhor vosso Deus, para que possuais esta boa terra, e a façais herdar a vossos filhos depois de vós, para sempre.


Momento Interação

Quando pensamos em Davi, logo nos vem a mente que ele era pastor, poeta, matador de gigante, rei e antepassado de Jesus ― em resumo, um dos maiores homens do Antigo Testamento. Mas existe uma outra relação junto a esta: traidor, mentiroso, adúltero e assassino. A primeira lista fornece as qualidades que todos nós gostaríamos de ter; a segunda, as que poderiam ser reais a nosso respeito. A Bíblia não faz esforço algum para esconder os fracassos de Davi. Ele ainda é lembrado e respeitado por seu coração voltado para Deus. Quando aprendemos que compartilhamos mais dos fracassos de Davi do que de suas fraquezas, deveríamos ficar curiosos para descobrir o motivo pelo qual o Senhor se refere a ele como “o homem segundo o meu coração”.

Introdução

Davi, apesar de suas fraquezas, possuía uma fé inabalável na fiel e poderosa natureza de Deus. Foi um homem que viveu com grande prazer. Ele pecou, mas foi rápido em confessar suas. Suas confissões eram de coração, e seu arrependimento genuíno. Nunca negligenciou o perdão de Deus ou tomou sua bênção como uma concessão. Em troca, o Senhor nunca lhe negou seu perdão ou as retribuições de suas ações. Davi experimentou a alegria do perdão mesmo quando teve que sofrer as conseqüências de seus pecados.
Nossa tendência é inverter os papéis. Na maioria das vezes preferimos evitar as conseqüências a experimentar o perdão. Embora tenha cometido um grande pecado, Davi deliberadamente não repetiu o mesmo erro. Ele aprendeu com suas falhas porque aceitou o sofrimento que estas lhe trouxeram.


I. Davi e sua Fidelidade com Deus

Davi sabia o que era uma Aliança. Ele fez alianças com várias pessoas como com Jônatas, uma aliança de amizade (1 Sm 18.3; 20.16; 23.18), com Abner uma aliança de troca para que trouxesse até ele sua esposa Mical (2 Sm 3.12,13), com o povo de Hebrom uma aliança real onde começou a reinar antes de dominar todo o Israel (2 Sm 3.21; 5.3; 1 Cr 11.3; 23.3). Em todos estes acordos com pessoas Davi sabia de suas obrigações e as cumpriu. Embora tivesse feito tantos acordos com homens, Davi ainda não tinha feito uma Aliança com Deus.

Davi era um adorador. Muito mais que pastor, músico, soldado, general ou rei, ele era um adorador. E seu maior sonho era construir uma casa para adorar a Deus. Para isso trabalhou muito e juntou muito ouro, madeiras raras, pedras e utensílios preciosos para construir um templo (1 Cr 22.2-5; 14). Contudo o Senhor não lhe permitiu construir o templo, mas lhe prometeu que seu descendente construiria. Davi queria ver o Templo de Deus, mas este não foi o sinal visível da Aliança de Deus com ele. O Senhor não permitiu por que Davi havia derramado muito sangue nas guerras (1 Cr 28.3) e para construir a casa de Deus deveria ser alguém pacífico como foi Salomão, que significa "paz" (1 Cr 22.9).


II. Davi Instrui seu Filho Salomão à ser Rei

"Obedeça ao que o Senhor, o seu Deus, exige: ande nos seus caminhos e obedeça aos seus decretos, aos seus mandamentos, às suas ordenanças e aos seus testemunhos, conforme se acham escritos na Lei de Moisés; assim você prosperará em tudo o que fizer e por onde quer que for, e o Senhor manterá a promessa que me fez" (1 Reis 2.3-4). Pouco antes de Davi morrer, chamou ao seu filho, Salomão, e lhe deu algumas orientações quanto ao sucesso de seu reinado (v.1-2). Recomendou-lhe obediência a Palavra de Deus (v.3-4), e também alguns procedimentos quanto a algumas pessoas que participaram da história de Davi:
Joabe, pela morte de inocentes, deveria ser punido (v.5-6), e foi o que Salomão cumpriu (v.28-35); Barzilai, por ter acudido Davi, quando este fugia de Absalão, usar de benevolência para com sua família (v.7); Simei, por ter amaldiçoado Davi durante a fuga de Absalão, deveria ser punido (v.8-9). Salomão fez conforme solicitação de Davi, não sem antes dar uma oportunidade para Simei (v.36-46). Outros dois que foram mortos por Salomão, tem a ver com a tentativa de Adonias de ser rei, por ser o irmão mais velho, mesmo sabendo que o trono havia sido prometido a Salomão, por parte de Deus: Adonias, por ter tentando possuir Abisague, que foi chamada para aquecer a Davi em sua velhice. Adonias tentou usar Bate-Seba, mãe de Salomão para conseguir os seus intentos, mas Salomão percebeu as intenções dele e mandou matá-lo (v.13-25); Abiatar, o sacerdote, por ter traído a confiança de Davi, e se postado ao lado de Adonias. Como ele foi fiel a Davi em momentos importantes da vida de Davi, Salomão lhe poupou a vida, mas o destituiu do sacerdócio, e o confinou as suas terras em Anatote.

No principio de seu reinado, Salomão foi fiel a Palavra de Deus, e o seu reinado muito prosperou. Aproveitou para fazer uma faxina com relação as pessoas que o cercavam, e procurou nomear pessoas de sua confiança para o assessorar. Deus abençoou muito ao reinado de Salomão por sua fidelidade. Deus sempre tem bênçãos para aqueles que Lhe são fiéis.


III. Cristo – Descendente da Linhagem de Davi

Ver seus descendentes era um sinal da Aliança para Eternidade que o Senhor fez com Davi. Ele viu vários de seus descendentes (1 Cr 3.1-9), criou filhos e conheceu alguns netos.
Mas Davi teve um descendente que ele não viu que foi Jesus Cristo. Tanto José pai terreno de criação de Jesus (Mt 1.12-16) como Maria mãe de Jesus (Lc 3.23-38), ambos são descendentes da família real de Davi. Foram 28 gerações de Davi até Cristo (Mt 1.17). Por isso Jesus era chamado de "Filho de Davi" (Mt 22.42). Jesus cumpriu definitivamente a promessa de que um descendente de Davi se assentaria no trono eternamente. Ele é o único que pode ser rei eterno por que é o Rei dos reis (Ap 19.16).

Os planos de Deus para Davi não eram apenas para aqueles tempos. Não era uma Aliança só para seus filhos e netos. Foram planos de uma Aliança para Eternidade. Do mesmo modo, Deus quer fazer conosco uma Aliança para a eternidade. Não importa se veremos acontecer tudo o que Deus tem para nós. O importante é que a Fidelidade de Deus excede ao nosso limite de tempo e espaço: “Porque eu bem sei os pensamentos que penso de vós, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais” (Jr 29.11).


Conclusão

Como Davi, devemos ser responsáveis em nossos compromissos com os homens, mas nunca perder o senso da Adoração a Deus e da intimidade com o Senhor. Certamente esse foi o caminho que Davi trilhou para chegar a ter uma Aliança com Deus.

A Aliança que Deus tem para nós, à semelhança de Davi, é uma Aliança para nossa Família, por que o Senhor não quer ver nossos entes queridos sofrendo e Ele ama aqueles que amamos. É uma Aliança de Misericórdia por que passamos por muitos problemas e em todos os momentos a Misericórdia de Deus é que nos assiste e não permite que sejamos consumidos (Lm 3.21,22). Também é uma Aliança para a Eternidade por que ultrapassa todos os limites humanos e vai além do que pedimos ou pensamos (Ef 3.21).

Comentário Bíblico Mensal: Fevereiro/2018 - Capítulo 4 - Os Problemas de Davi



Comentarista: Matheus Santos

Texto Bíblico Base Semanal: 2 Samuel 12.7-13

7. Então disse Natã a Davi: Tu és este homem. Assim diz o Senhor Deus de Israel: Eu te ungi rei sobre Israel, e eu te livrei das mãos de Saul;

8. E te dei a casa de teu senhor, e as mulheres de teu senhor em teu seio, e também te dei a casa de Israel e de Judá, e, se isto é pouco, mais te acrescentaria tais e tais coisas.
9. Por que, pois, desprezaste a palavra do Senhor, fazendo o mal diante de seus olhos? A Urias, o heteu, feriste à espada, e a sua mulher tomaste por tua mulher; e a ele mataste com a espada dos filhos de Amom.
10. Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste, e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para ser tua mulher.
11. Assim diz o Senhor: Eis que suscitarei da tua própria casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres perante os teus olhos, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com tuas mulheres perante este sol.
12. Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante o sol.
13. Então disse Davi a Natã: Pequei contra o Senhor. E disse Natã a Davi: Também o Senhor perdoou o teu pecado; não morrerás.


Momento Interação

Vivemos em uma época da História na qual muitos preferem falar de desculpas e não de deveres, e querem jogar suas responsabilidades para os outros ao invés de prestar contas por suas próprias decisões. Pode ser que tais desculpas sejam aceitas pelas nossas famílias, pelo governo ou pela sociedade em geral, mas o nosso Criador nos fez para reconhecer as nossas responsabilidades. Ele está disposto a nos ajudar a corrigir os erros e receber perdão, mas não nos dá o direito de fugir da responsabilidade ou tentar justificar o pecado. Somente quando descartamos nossas desculpas e enfrentamos nossos pecados podemos ser reconciliados com Deus (Tg 4.7-10).

Introdução

Desde Adão e Eva, o pecado tem corrompido nosso mundo e manchado nossas vidas. Deus ofereceu aos homens inúmeras oportunidades para serem limpos do pecado, mas as pessoas, egoístas, concupiscentes, continuam pecando. O problema é tão difundido que Paulo afirmou: "Pois todos pecaram e carecem da gloria de Deus" (Rm 3.23) e "...assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram" (Rm 5.12). Na verdade, aqui temos um problema.

O mais completo argumento da Bíblia sobre o assunto da culpa humana é encontrado nos capítulos da abertura do livro de Romanos. Paulo principia com a mensagem do evangelho da salvação para os judeus e gentios (Rm 1.16). O fato que os homens precisam de salvação implica em que eles estão perdidos, separados de Deus pela barreira do pecado (veja Isaías 59.1-2). Paulo desenvolve sua tese muito claramente, começando pelos gentios e então voltando para os judeus. Paulo disse que os gentios eram culpados porque tinham fechado seus olhos à evidência da existência e justiça de Deus. Eles não glorificavam a Deus, em vez disso adoravam a criatura antes que o Criador (Rm 1.25). Tal rejeição da pessoa de Deus levou rapidamente à rejeição de seus princípios: "Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames, porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza; semelhantemente, os homens também, deixando o contacto natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo em si mesmos a merecida punição do seu erro" (Rm 1.26-27). Não somente tais pessoas começaram a praticar o homossexualismo, mas também acrescentaram malícia, avareza, homicídio, desobediência aos pais e vários outros pecados dignos de morte (Rm 1.28-32). É com tristeza que vemos este antigo cenário sendo repetido hoje em dia. Numa época em que a evolução nega a existência de Deus, religiões politeístas e místicas estão se tornando crescentemente proeminentes e homens estão defendendo como "normal" toda a perversão da lei de Deus, desde a desonestidade à homossexualismo e ao adultério.

I. Davi comete Adultério

Qualquer desobediência da palavra de Deus é pecado. Jamais devemos sugerir que há pecadinho e pecadão. Mas, nesta vida, alguns pecados levam a conseqüências maiores. Alguns pecados machucam outras pessoas mais profundamente do que outros. Alguns causam sequelas desastrosas e irreversíveis. Não é por acaso que o adultério sempre se encontra entre os piores dos pecados, tanto nos olhos de Deus como entre os homens. Deus não nos deixa sem defesa contra este pecado destruidor de vidas. Além de várias advertências bíblicas, há diversos exemplos de como o adultério complicou a vida de pessoas que o praticaram, e de suas vítimas inocentes. Um exemplo clássico é Davi, o segundo rei de Israel. Vamos aprender as lições valiosas deste tropeço triste na vida dele.

Erros que levaram Davi ao pecado

Quando uma pessoa se entrega à tentação, pode se encontrar numa situação praticamente impossível, onde não tem força para resistir. É essencial aprender como evitar essas situações difíceis. O exemplo de Davi sugere algumas coisas que vão nos ajudar. (1) Devemos nos dedicar ao papel que Deus nos deu. Davi não se ocupou com seus próprios deveres. 2 Samuel 8 e 10 mostram que Davi era um guerreiro bem-sucedido. De fato, seu papel como um dos primeiros reis era de comandante do exército de Israel. Ele corajosamente conduziu suas tropas a vitória após vitória. Mas, num determinado ano, Davi ficou para trás e mandou Joabe e seus servos à batalha (2 Sm 11.1). Enquanto muitos dos homens de Israel arriscaram a vida na guerra, ele ficou na casa do rei em Jerusalém. Hoje, um dos fatores que contribui ao pecado é falta de ocupação e dedicação em nosso trabalho. Homens desempregados mostram uma tendência maior de se envolver numa série de pecados, incluindo adultério, abuso de álcool e outras drogas, etc. Jovens ociosos tendem a se envolver em coisas erradas, por ter muito tempo livre. Mulheres sem responsabilidade participam mais das coisas do Adversário (1 Tm 5.13-15). (2) Não devemos alimentar pensamentos errados. Uma vez que Davi se colocou no lugar errado, ele foi tentado. Ele viu Bate-Seba, uma mulher bonita, tomando banho (2 Sm 11.2). Neste momento, ele deveria ter virado os olhos para outra coisa, procurando não pensar mais na imagem do corpo da mulher de outro. Nós não devemos hospedar pensamentos maus, porque levam às consequências graves (Jr 4.14; 6.19). O domínio próprio, uma das características fundamentais do servo de Deus, inclui a disciplina para controlar nossos próprios pensamentos (Gl 5.22-23; 2 Pe 1.6; Fp 4.8-9; 2 Co 10.4-6). É bom lembrar que um passarinho pode passar por cima da nossa cabeça, mas não temos que o convidar a fazer ninho em nossos cabelos. (3) Devemos respeitar as advertências sobre o pecado. Davi ignorou, pelo menos, três advertências contra seu pecado, antes de ter relações com Bate-Seba. Primeiro, como conhecedor da palavra de Deus, ele sabia que sua cobiça e o ato de adultério são pecados contra Deus. Mesmo entre dois solteiros, tais relações são erradas. Segundo, ele já era casado, e o compromisso de casamento deveria ter sido mais um impedimento. Quantos homens têm evitado o pecado de adultério por causa de uma aliança ou fotografia da esposa, os lembrando do compromisso matrimonial na hora de tentação? Terceiro, ele sabia, antes de a convidar para casa, que Bate-Seba era mulher casada (2 Sm 11.3). Nós devemos sempre respeitar as advertências sobre o pecado e suas conseqüências, antes de cometê-lo. (4) Não devemos procurar circunstâncias que facilitam o pecado. Davi estava no lugar errado e pensou nas coisas erradas. Cada passo o levou mais perto do relacionamento pecaminoso que ia piorar a vida dele e de outras pessoas. Quando ele perguntou sobre Bate-Seba e a convidou para a casa dele, ele se colocou numa situação onde a tentação seria mais forte ainda. Ele já sentiu atração de longe, como resistiria quando estava a sós com ela? Há muitas lições aqui. A pessoa que sente a tentação de usar drogas deve ficar longe dos lugares onde as tem, e das pessoas que as usam. A pessoa tentada a beber deve evitar bares e festas onde servem bebidas alcoólicas. Um casal de namorados deve evitar lugares escuros e isolados, e jamais deve usar roupas sensuais ou participar de atividades que enfatizam o sexo.

Como Davi multiplicou o seu pecado

Uma série de erros e pecados mentais levou Davi ao ato de adultério. A Bíblia não oferece nenhuma cena romântica para justificar o erro. Simplesmente diz: “Então, enviou Davi mensageiros que a trouxessem; ela veio, e ele se deitou com ela” (2 Sm 11.4). Muitos filmes e novelas de hoje procuram colocar o pecado no contexto de romantismo e “amor” inegável. Procuram fazer do pecado alguma coisa bonita e agradável. Mas, as Escrituras relatam os fatos. Ela veio, e eles pecaram. Neste momento, Davi deveria ter sentido remorso profundo e tristeza sincera. Mas, ele não virou para Deus naquela hora. Achou que o pecado poderia ser escondido, e as conseqüências evitadas. Foi o começo de uma série de pecados que parecem tão estranhos na vida de um homem escolhido por Deus. Ao adultério, Davi acrescentou mentiras. Quando soube que Bate-Seba estava grávida, ele chamou Urias para descansar em casa com a esposa. Ele achou possível esconder seu pecado, enganando o próprio marido traído. Mas Urias não facilitou o plano de Davi. Um soldado dedicado, ele recusou tirar férias quando os colegas estavam na batalha. Frustrado, Davi avançou das mentiras ao homicídio. O próprio Urias levou a carta que selou a morte dele e de mais alguns soldados. Neste plano sinistro, o rei envolveu mais uma pessoa. Joabe, o comandante do exército, serviu de cúmplice sem saber os motivos de Davi. As tentativas de esconder o pecado geralmente levam o pecador ao fundo do poço. Davi, cujo coração costumava ser dedicado ao Senhor, se entregou ao pecado e à vontade do diabo.

Não escondeu nada de Deus

Talvez Davi conseguiu enganar os vizinhos, e até o próprio coração. Mas, ninguém é capaz de esconder de Deus. “E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas” (Hb 4.13). Deus mandou Natã, um profeta, para confrontar Davi com seu pecado (2 Sm 12.1-14). Ele contou a história de um homem pobre que perdeu sua única ovelha por causa da maldade do vizinho rico. Davi ficou bravo, e demandou o castigo duro do ladrão. Falou que este homem teria que pagar quatro vezes o valor da ovelha, e que seria morto pelo crime. Natã disse a Davi: “Tu és o homem.” Ele o acusou de pecados contra Deus, contra Urias, e contra Bate-Seba. Davi confessou o pecado, e Deus lhe poupou a vida.

II. Davi Comete Homicídio

Davi cometeu um homicídio triplamente qualificado, que merecia pena de doze a trinta anos de prisão. No caso de Davi, as consequências foram doze anos de intrigas e crimes dentro de sua própria casa. Nesta história, a personagem injustiçada é o fiel Urias. Urias significa “Jeová é minha luz”. Era heteu, ou seja, estrangeiro, pertencente a um império que em tempos idos dominou a vastíssima região Síria, sendo fragmentado no século XII a.C. 


Urias, a despeito da traição davídica e da infidelidade conjugal de sua esposa, mantém-se firme em sua postura e fiel até a morte. Sua declaração de fé (2 Sm 11.11) ecoa na galeria das grandes declarações de fé, como de Ananias, Misael e Azarias (Dn 3.17-18) e Rute (Rt 1.16-17). Urias só fala uma vez na Bíblia e, quando fala, declara sua fidelidade. Tão diferente de outras pessoas que falam apenas uma vez na Bíblia: a mulher de Jó (Jó 2.9), a mulher de Pilatos (Mt 27.19) só falam uma vez e sua fala é de mesquinhez e blasfêmia. Urias foi fiel a si mesmo (a seus princípios), ao seu trabalho (Davi era seu chefe), ao seu amigo (Davi era seu amigo), a seu casamento (Bate-Seba) e a Deus. Urias era um homem fiel.

Após adulterar e receber a notícia da gravidez de Bate-Seba, sordidamente, Davi tenta promover a possibilidade da gestação de Bate-Seba ser oriunda de Urias, remetendo-o de volta à sua casa após trazê-lo da guerra. Urias prefere correr perigo de morrer a quebrar seus princípios de fidelidade aos amigos de guerra. Seus princípios eram mais forte do que as ordens do rei. Sem saber, Urias torna-se portador de sua pena de morte (2 Sm 10.14), evidenciando requintes de crueldade desesperada de Davi. Urias poderia pensar na importância de sua missão em levar a missiva e a confiança de Davi nele, a ponto de retirá-lo da guerra para esta ação. Davi foi o Judas de Urias. Davi, homem segundo o coração de Deus… Como isto é possível? “Há um leão dentro de cada um de nós e libertá-lo é apenas uma questão de oportunidade”. Davi comete três pecados (2 Sm 12.9): adultera, assassina Urias, e o faz por mãos de gentios. A transformação davídica ocorre quando ele despreza a palavra (2 Sm 12.9). Urias é morto. Davi traz Bate-Seba ao palácio (2 Sm 11.27). Natã é enviado por Deus para repreendê-lo. O filho que nasce morre. Bate-Seba fica novamente grávida. Deus lhe dá Salomão. Após mais de dois anos, a guerra contra os amonitas termina. Joabe e os valentes voltam. Veem Bate-Seba no palácio: tudo explicado, agora. Na lista de valentes, Urias é o último (2 Sm 23.39). Urias é o apêndice da memória davídica sobre o que a falta de vigilância é capaz de fazer. Urias foi exemplo de fidelidade.


III. Crise na Família pelo Pecado de Davi

Cedo ou tarde, o Senhor confronta-nos com nossos pecados. Bate-Seba engravidou e mandou avisar Davi que ele era o pai. Em vez de admitir seu pecado, Davi chamou o esposo dela, Urias, da batalha e lhe disse que fosse para casa. Davi queria fazer com que a criança parecesse legítima. Por respeito aos seus camaradas, Urias se recusou a passar a noite com sua esposa. Frustrado, Davi enviou um recado, pela própria mão de Urias, para o comandante do exército, Joabe, para metê-lo na frente da batalha e, então, retirar-se dele. Deste modo, Urias foi assassinado e Davi tomou Bate-Seba como sua esposa.

A melhor coisa a fazer quando pecamos é admitir e nos arrepender. Davi não o fez. Em vez disso, ele tentou encobrir seu pecado e fazer com que parecesse que nada de errado tivesse acontecido. Assim, o Senhor tomou medidas mais fortes para levar Davi ao arrependimento. O profeta Natã foi a Davi e o condenou por seu pecado. Ele advertiu a Davi que ele tinha cometido tanto adultério como assassinato e que o Senhor o puniria severamente: (1) a criança morreria; (2) a espada nunca se afastaria de sua família; (3) as suas próprias concubinas seriam violadas à vista de todos.

Até este ponto, Saul e Davi eram iguais. Ambos pecaram. Um profeta foi enviado a cada um deles para condená-los pelo seu pecado. Ambos os profetas (Samuel e Natã) anunciaram o julgamento contra eles. É aqui que a diferença entre os dois homens pode ser vista. Saul tentou desculpar-se e afastar a culpa. Davi disse: “Pequei contra o Senhor… contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos…” (2 Sm 12.13; Sl 51.4). Ele implorou perdão e restauração de sua relação com o Senhor (veja Salmo 51). Portanto, Deus perdoou a Davi (2 Sm 12.13). 

Que diferença o arrependimento faz! A vida posterior de Saul foi atormentada pela culpa, levando-o a paranoia, ciúmes e depressão. Seu reinado, começado tão esperançoso, terminou em suicídio. Davi, por outro lado, ainda que enfrentasse terríveis conseqüências de seu pecado (morte da criança, discórdia na família, estupro de suas concubinas), foi purificado de sua culpa e não foi atormentado pelos distúrbios mentais como Saul. Ainda que mortificado pelo horror de seu pecado, ele continuou a ter amizade com Deus e a servi-lo fielmente.


IV. Como Deus vê o adultério

O adultério tem se tornado um pecado comum e até glorificado em novelas, filmes, livros e revistas. Mas, desde a criação do primeiro par de seres humanos, Deus sempre tem ensinado a mesma coisa. As relações sexuais pertencem exclusivamente ao casamento lícito. Ele sempre condena a fornicação e o adultério. A vontade de Deus para os dias de hoje é bem clara: um homem pode casar com uma mulher, e os dois terão relações normais até a morte. Estude bem as seguintes passagens: Mateus 19.4-6; Romanos 7.2; 1 Coríntios 7.1-9; Hebreus 13.4. Enfrentamos tentações, como Davi as enfrentou. O próprio Deus considerou Davi “homem segundo o meu coração, que fará toda a minha vontade” (At 1.22). “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (1 Co 10.12). Quando respeitamos a vontade de Deus, receberemos as grandes bênçãos de felicidade nesta vida, e por toda a eternidade.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Comentário Bíblico Mensal: Fevereiro/2018 - Capítulo 3 - Davi e a sua trajetória




Comentarista: Matheus Santos

Texto Bíblico Base Semanal: 1 Samuel 18.6-16

6. Sucedeu, porém, que, vindo eles, quando Davi voltava de ferir os filisteus, as mulheres de todas as cidades de Israel saíram ao encontro do rei Saul, cantando e dançando, com adufes, com alegria, e com instrumentos de música.
7. E as mulheres dançando e cantando se respondiam umas às outras, dizendo: Saul feriu os seus milhares, porém, Davi os seus dez milhares.
8. Então Saul se indignou muito, e aquela palavra pareceu mal aos seus olhos, e disse: Dez milhares deram a Davi, e a mim somente milhares; na verdade, que lhe falta, senão só o reino?
9. E, desde aquele dia em diante, Saul tinha Davi em suspeita.
10. E aconteceu no outro dia, que o mau espírito da parte de Deus se apoderou de Saul, e profetizava no meio da casa; e Davi tocava a harpa com a sua mão, como nos outros dias; Saul, porém, tinha na mão uma lança.
11. E Saul atirou com a lança, dizendo: Encravarei a Davi na parede. Porém Davi se desviou dele por duas vezes.
12. E temia Saul a Davi, porque o Senhor era com ele e se tinha retirado de Saul.
13. Por isso Saul o desviou de si, e o pôs por capitão de mil; e saía e entrava diante do povo.
14. E Davi se conduzia com prudência em todos os seus caminhos, e o Senhor era com ele.
15. Vendo então Saul que tão prudentemente se conduzia, tinha receio dele.
16. Porém todo o Israel e Judá amava a Davi, porquanto saía e entrava diante deles.

Momento Interação

Samuel repreendeu Saul, contrastando sua primitiva humildade com a vontade própria e o orgulho que ele, então, estava demonstrando (1 Sm 15.16-18). Essa dura reprovação penetraria as defesas de Saul e faria com que ele se humilhasse e se arrependesse? Não, Saul endureceu seu coração. Ele reiterou suas desculpas, alegando que tinha de fato obedecido ao Senhor. Ele insistiu que não era sua culpa, uma vez que o povo é que tinha poupado os animais e que tudo, afinal, era para sacrificar. A consciência de Saul era impenetrável. Mais tarde Saul recitaria a palavra “Pequei”, mas somente porque ele queria que Samuel voltasse e o honrasse diante do povo, não porque estivesse arrependido de fato. Como resultado do coração impenitente de Saul (note Romanos 2.5), Deus afastou Seu espírito de Saul, e um espírito mau entrou nele. Dai em diante, a vida de Saul foi torturada e arruinada pela culpa. Ele se tornou paranoico, suspeitando de seu genro, Davi, e tramando matá-lo (veja Samuel 20.30-33). Ele assassinou 85 sacerdotes de Deus (1 Sm 22) e resolveu consultar uma feiticeira (1 Sm 28). Finalmente, ele se suicidou (1 Sm 31). Saul demonstra o que acontece a uma pessoa que se recusa a confessar e arrepender-se do pecado. A culpa leva à insanidade. Nesta capítulo estudaremos como se deu o desenvolvimento de Davi no meio do povo de Israel e como o ciume e os sentimentos de amargura e de inveja tomara conta de Saul levando a ruína.

Introdução

Quando o povo de Israel pediu um rei, Deus escolheu um líder no perfil que a nação desejava. Fisicamente, Saul era uma figura impressionante que seria respeitado pelos súditos e temido pelos adversários. Os desafios enfrentados pelo rei provaram, porém, que seu caráter não combinava com seu exterior formidável. Nas questões de reverência para com Deus, amor para com o povo e coragem diante dos inimigos, Saul fracassou. Deus escolheu um menino, Davi, para ser o futuro sucessor de Saul. Mesmo insatisfeito com Saul, o Senhor permitiu que ele terminasse seu reinado e determinou que Davi ascenderia ao trono de Israel somente após a morte desse primeiro rei. Quando Saul viu Davi crescendo em influência em Israel, ele começou a perseguir seu sucessor. Apesar da intenção de Deus, o rei achou possível matar Davi e garantir a continuação da sua dinastia. Colocou Davi em situações de guerra de alto perigo, mas este saiu ileso e continuou ganhando força. Davi não aproveitou oportunidades para ferir ou até matar Saul, mas o rei ainda o odiava e procurava matá-lo. Davi foi ajudado por pessoas da própria família de Saul. Mical, filha de Saul e mulher de Davi, tomou o lado do marido contra o pai (1 Sm 19.10-17). Jônatas, o primogênito que Saul queria por sucessor no trono, foi o melhor amigo de Davi e o apoiou contra Saul. 

Mas a ajuda mais importante que Davi recebia veio do Senhor. Nem o próprio Saul conseguia negar a presença de Deus na vida do seu rival: “Viu Saul e reconheceu que o Senhor era com Davi” (1 Sm 18.28). 

I. Davi na Corte Real

Estava tudo muito bom, tudo muito bem, todo mundo feliz, mas surgiu um probleminha. Quando Davi voltava vitorioso das batalhas, todas as mulheres, de todas as cidades de Israel, saíam ao encontro dos exércitos cantando, com instrumentos de música, uma musiquinha que dizia: “Saul feriu os seus milhares, porém, Davi os seus dez milhares” (1 Sm 18.7). As mulheres faziam isso na frente de Saul, que ficou muito indignado e aquela musiquinha soou aos ouvidos de Saul como uma afronta e disse ele: “Dez milhares deram a Davi, e a mim somente milhares; na verdade, que lhe falta, senão só o reino?” (1 Sm 18.8). A inveja tomou o coração do belo rei Saul e ele despertou para uma situação que começava a lhe preocupar: só falta o reino a Davi. Na verdade Davi já havia sido ungido novo rei de Israel, mas Saul não sabia disso, mas o diabo sabia e plantou no coração do rei um sentimento que viria a destruí-lo fácil.

Daquele dia em diante, Saul ficou suspeitando de Davi e do que Deus viria a fazer através da vida dele. No outro dia aconteceu um fato raro relatado pela Bíblia, um espírito mau vindo da parte de Deus se apoderou de Saul e ele profetizava no meio da casa, coisa de gente possessa mesmo.
Quando Saul cultivou a inveja em seu coração, deixou a porta aberta para o diabo agir em sua vida e Deus permitiu que isso acontecesse por causa da desobediência dele. O pecado da desobediência não foi perdoado a Saul e o reino foi rasgado dele, vamos dizer que o reinado de Saul estava só na banguela, ele já havia sido destituído por Deus, mas ele continuava no trono como se nada tivesse acontecido. Quando Saul ficava possuído pelo espírito mau, só Davi conseguia acalmá-lo tocando em sua harpa hinos de louvor a Deus, aí o diabo se escondia, mas continuava dentro de Saul, agindo em seu coração, comandando suas atitudes. A prova disso é que enquanto Davi tocava sua harpa, Saul atirou uma lança nele e por duas vezes, mas Davi se desviou nas duas vezes. Viu só o que o diabo faz com as pessoas? Saul estava ainda rei, mas o diabo usou a inveja de seu coração para tentar matar o ungido de Deus. Saul temia Davi, porque o Senhor estava com Davi e tudo o que ele fazia era bem sucedido, pior ainda, o Espírito de Deus tinha se retirado de Saul, por esta razão o rei Saul tomou a decisão de afastar dele Davi e o pôs por capitão de mil, assim Davi não parava em Israel, estava sempre entrando e saindo para as guerras.

A ideia de Saul não deu muito certo, porque Davi se portava prudentemente em todos os seus caminhos e o Senhor estava com ele e todo o povo de Israel e de Judá amava Davi, porque ele saía e voltava vitorioso diante de todo mundo, inclusive do "invejoso Saul. Como o plano A não deu certo, Saul recorreu ao plano B e chamou Davi e disse a ele que daria sua filha mais velha, chamada Merabe, a ele por esposa e só queria que ele se portasse como um filho para Saul e guerreasse as guerras do Senhor. Que bonitinho! Mas era balela, o que Saul queria mesmo era que os filisteus acabassem com Davi, assim ele (Saul) não teria que sujar as mãos com o sangue de Davi, porque isso seria mau aos olhos do povo que amava Davi. Davi se portou com humildade e disse: “Quem sou eu, e qual é a minha vida e a família de meu pai em Israel, para vir a ser genro do rei?” (1 Sm 18.18). Acabou que no tempo de Merabe casar com Davi, o próprio Saul a deu em casamento para Adriel, meolatita. Saul era bonito, mas não valia nada, não tinha palavra e era covarde.

II. Davi nas Guerras

Quando Samuel foi enviado por Deus para ungir a Davi, Rei de Israel, a palavra que Deus colocou no coração de Samuel como Profeta foi a seguinte: “Deus está te levantando como guerreiro para desarraigar os inimigos de Israel das fronteiras da Terra que Mana Leite e Mel”.

III. A Inveja de Saul

A inveja é um sentimento pernicioso, talvez o pior que assalta o coração do homem e é um sentimento extremamente democrático corrói os corações de A a Z, ricos e pobres, gregos, troianos, paulistas e paraibanos. A inveja é o tipo do mal que tanto prejudica quem sente, quanto quem é vítima, quem é o alvo da inveja dos outros.É a pior macumba que se pode sofrer.
A inveja transita com desenvoltura nos salões dos palácios, da mesma forma como frequenta as casas mais humildes. Houve um rei muito famoso que se deixou dominar pela inveja e isso foi o começo de sua ruína.

Davi havia sido ungido rei de Israel quando era só um adolescente que apascentava as ovelhas de seu pai e toca harpa, entoando cânticos ao Senhor. Para defender o rebanho, Davi matou um urso bem maior que ele, bem maior mesmo e um dia se viu diante de um gigante filisteu de três metros de altura, que desafiava os exércitos do Deus Vivo.

Todos os soldados do rei Saul se acovardaram diante do gigante Golias, mas Davi aceitou o desafio e matou o “homão” e ficou famoso por isso, não voltou para a casa de seu pai e Saul resolveu mandar Davi para frente de muitas batalhas e ele dava conta do recado, até que Saul o pôs como chefe dos soldados de guerra. Ninguém sabia, nem mesmo Saul, mas ali estava o novo rei ungido de Israel. Samuel manteve segredo sobre a unção de Davi, porque temia Saul e não era ainda a hora de Deus levantá-lo sobre toda a casa de Israel. Por causa da unção que só Deus, Davi, Samuel e o diabo sabiam, a mão do Senhor estava sobre ele e tudo o que ele fazia era bem sucedido, inclusive aos olhos de todo o povo. Depois chegou aos ouvidos de Saul que sua filha mais nova, chamada Mical, amava Davi e Saul teve outra “brilhante” ideia para acabar com Davi e disse Saul: “ Eu lha darei, para que lhe sirva de laço, e para que a mão dos filisteus venha a ser contra ele. Pelo que Saul disse a Davi: Com a outra serás hoje meu genro” (1 Sm 18.19). Como Saul conhecia o coração humilde de Davi, tratou de mandar seus servos falarem para ele que não havia necessidade de dote pela mão da filha de Saul e que o rei queria como dote de casamento cem prepúcios de filisteus. Como se vê, Saul continuava apostando todas as suas fichas nos filisteus e que eles matariam Davi. Davi não levou cem prepúcios de filisteus a Saul, porém levou duzentos prepúcios, o dobro que pediu Saul, então o rei ficou num beco sem saída e deu por mulher a Davi sua filha Mical. Todos estes planos frustrados fizeram Saul temer ainda mais a Davi, porque ele via claramente que a mão do Senhor agia a favor dele. Saul se tornou inimigo de Davi por todos os seus dias. Inveja mata, destrói, afasta as pessoas da vontade de Deus. Saul foi um exemplo do que faz a inveja no coração dos homens. É possível evitar a inveja? Sim e não. Sim, a gente pode evitar que a inveja cresça em nossos corações. Você não pode evitar que um pássaro pouse em sua cabeça, mas pode evitar que ele faça um ninho nela. O grande antídoto para a inveja é Jesus no coração, com Ele você vai impedir que seu coração se transforme num bagaço, numa coisa imprestável, numa porta aberta para o diabo entrar em sua vida.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Comentário Bíblico Mensal: Fevereiro/2018 - Capítulo 2 - Davi Enfrenta o Gigante




Comentarista: Matheus Santos


Texto Bíblico Base Semanal:1 Samuel 17.40-47

40. E tomou o seu cajado na mão, e escolheu para si cinco seixos do ribeiro, e pô-los no alforje de pastor, que trazia, a saber, no surrão, e lançou mão da sua funda; e foi aproximando-se do filisteu.
41. O filisteu também vinha se aproximando de Davi; e o que lhe levava o escudo ia adiante dele.
42. E, olhando o filisteu, e vendo a Davi, o desprezou, porquanto era moço, ruivo, e de gentil aspecto.
43. Disse, pois, o filisteu a Davi: Sou eu algum cão, para tu vires a mim com paus? E o filisteu pelos seus deuses amaldiçoou a Davi.
44. Disse mais o filisteu a Davi: Vem a mim, e darei a tua carne às aves do céu e às bestas do campo.
45. Davi, porém, disse ao filisteu: Tu vens a mim com espada, e com lança, e com escudo; porém eu venho a ti em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado.
46. Hoje mesmo o Senhor te entregará na minha mão, e ferir-te-ei, e tirar-te-ei a cabeça, e os corpos do arraial dos filisteus darei hoje mesmo às aves do céu e às feras da terra; e toda a terra saberá que há Deus em Israel;
47. E saberá toda esta congregação que o Senhor salva, não com espada, nem com lança; porque do Senhor é a guerra, e ele vos entregará na nossa mão.

Momento Interação

Uma das passagens mais lembradas pelos estudiosos das Escrituras Sagradas é o momento quando Davi enfrentou o gigante Golias. Se considerássemos a situação em que se encontrava, Davi tinha a tudo a perder naquele momento. Sua credibilidade, sua honra, e sua vida estava em jogo. Davi não estava lutando por ele, e sim em nome do Senhor dos Exércitos. O gigante da vida de Davi naquele momento não era Golias, e sim, confiar plenamente no Senhor ainda que as circunstâncias lhes sejam contrárias. Estudaremos hoje sobre o encontro de Davi com Golias.

Introdução

A batalha de Davi e Golias é uma das histórias mais bem-conhecidas em toda a Bíblia. Um campeão, Golias, saía do campo dos filisteus todos os dias durantes mais ou menos quarenta dias, desafiando o exército israelita para mandarem um competidor digno. Este gigante filisteu tinha mais ou menos três metros e usava pelo menos 55 quilos de armadura. Confiante na superioridade de seu equipamento e da sua força natural ele propõe uma competição em que o ganhador ficaria com tudo. Ninguém aceitava a proposta! O jovem Davi foi enviado por seu pai para levar grãos tostados, pães e queijo para os seus irmãos e o seu comandante na frente da batalha. Foi neste campo que a vida de Davi tomou um rumo diferente, e nunca seria a mesma. O resultado final, porém, não aconteceu por acidente. Davi fez quatro coisas que, para sempre, instruirão os jovens e os jovens de coração.

I. Os Inimigos do Povo de Deus

Os filisteus eram um povo vizinho de Israel, lutavam muito com os hebreus. O filisteu mais conhecido da Bíblia é o gigante Golias. Os filisteus desapareceram depois de serem conquistados pelo império babilônico. Os filisteus se instalaram na terra de Canaã, junto ao mar Mediterrâneo, depois que tentaram invadir o Egito sem sucesso. Construíram cinco cidades principais: Asdode, Gaza, Ascalom, Gate e Ecrom. Cada cidade independente e tinha um rei mas, quando iam para a guerra, as cinco se uniam.

Durante muito tempo os filisteus foram o povo mais poderoso de Canaã, porque eram os únicos que sabiam criar armas de ferro (1 Sm 13.19-20). Quando os hebreus conquistaram Canaã, não conseguiram expulsar os filisteus. Os filisteus viveram muitos anos em conflito com os hebreus.

Os Filisteus e os Israelitas

No tempo dos juízes, quando Israel ainda não tinha rei, os filisteus muitas vezes conseguiram derrotar os israelitas. Quando Sansão era homem, os israelitas estavam debaixo do domínio dos filisteus (Jz 15.20). Sansão se casou com uma mulher dos filisteus mas entrou em conflito com eles e matou muitos filisteus ao longo de sua vida. Anos mais tarde, quando o profeta Samuel ainda era jovem, os filisteus derrotaram os israelitas e levaram a arca da Aliança. Eles colocaram a arca no templo do seu deus Dagom mas a estátua de Dagom caiu e se partiu diante da arca! (1 Sm 5.1-4) Os filisteus foram atacados por uma praga de tumores, então decidiram devolver a arca da Aliança a Israel, junto com uma oferta. Quando Saul se tornou rei de Israel, ele guerreou muito contra os filisteus (1 Sm 14.52). Seu escudeiro Davi se tornou famoso por matar muitos filisteus, depois que matou Golias. Mas quando Saul ficou com inveja dele, Davi fugiu para a cidade de Gate, onde trabalhou algum tempo como mercenário para os filisteus (1 Samuel 27:1-3). Depois que os filisteus mataram Saul e seus filhos, Davi abandonou Gate e voltou para Israel.

O fim dos filisteus

Os filisteus atacaram Israel quando ouviram que Davi se tinha tornado rei de Israel. Mas Davi derrotou os filisteus e os subjugou (2 Sm 8.1). Os filisteus não conseguiram mais vencer Israel e apenas atacaram algumas vezes depois do reinado de Davi. Muito tempo depois, quando Nabucodonosor se tornou rei da Babilônia, os filisteus lutaram contra o império babilônico. Então Nabucodonosor destruiu as cidades dos filisteus e deportou o povo para outras partes do império. Os israelitas também foram deportados mas quando lhes foi permitido voltar para sua terra, os filisteus tinham desaparecido como povo.

II. O Inimigo de Davi

A guerra entre os filisteus e os israelitas durou séculos, afligindo o povo escolhido no período dos juízes e durante os reinados dos primeiros reis de Israel. Essa guerra envolve dois dos homens mais fortes, em termos físicos, da história bíblica. O briguento israelita Sansão foi um instrumento usado por Deus no início da guerra, e o arrogante gigante filisteu Golias tentou vencer os israelitas de uma vez por todas durante o reinado de Saul, nas últimas décadas do conflito. Nessa história de Golias aparece o número 40, identificando um período de desafio para os israelitas. Os dois exércitos se posicionaram nos lados opostos do vale de Elá, na região de Judá, ou seja, dentro do território de Israel. A capacidade dos filisteus de penetrar a fronteira e chegar até esse local já indica sua superioridade militar.

Os filisteus não se arremessaram contra os israelitas, e estes não mostraram coragem de atacar e expulsar os invasores, mesmo sabendo que Deus havia dado aquela terra para Israel, ordenando a expulsão dos outros povos. Assim, os dois exércitos ficaram parados, acampados dos dois lados do vale, durante quase seis semanas.

Houve, porém, movimento e discussões de táticas durante esse tempo. O movimento diário era de um soldado enorme que saía do acampamento dos filisteus para desafiar os israelitas. Esse campeão, um guerreiro experiente e enorme, ofereceu aos israelitas uma proposta simples. Ele sugeriu uma maneira de evitar uma batalha sangrenta, dizendo que o conflito poderia ser resolvido de uma vez por uma briga entre dois homens. Ele lutaria contra o campeão de Israel para decidir o vencedor, e o perdedor se entregaria para servir ao vencedor (1 Sm 17.1-10). Embora Israel não tivesse um guerreiro do tamanho de Golias, o próprio rei de Israel era um homem grande e experimentado em guerra. O tamanho de Saul foi um dos motivos que o povo queria que fosse seu rei. Ele “era o mais alto e sobressaía de todo o povo do ombro para cima”. Samuel disse sobre Saul: “Pois em todo o povo não há nenhum semelhante a ele” (1 Sm 10.24-25). Mas Saul não respondeu ao desafio de Golias. Ele não inspirou confiança nas suas tropas com belos discursos sobre a fidelidade e o poder ilimitado do Deus que lhes entregou a terra. Ele e seus soldados ficaram paralisados no seu acampamento, ouvindo a zombaria diária de um homem que não respeitava o Deus de Israel.
Quarenta dias. Quase seis semanas de blasfêmia. Quarenta dias de um homem lançando seus desafios: “Escolhei dentre vós um homem...”; “Dai-me um homem, para que ambos pelejamos” (1 Sm 17.8,10). Quarenta dias com Saul e seus homens tremendo de medo daquele homem. Mesmo quando o rei ofereceu grandes recompensas para qualquer soldado que matasse o gigante filisteu, os homens continuavam dominados pelo medo.

Davi mostrou que eram quarenta dias perdidos. Não precisavam tremer. Não precisavam se sentir ameaçados pelo gigante da Filístia. Apesar de ser ainda um garoto, muito jovem para se alistar no exército de Israel, Davi aceitou o desafio.

III. A Vitória de Davi

Davi não depositou sua confiança nas suas armas de guerra: uma funda e cinco pedras. Quando esse garoto encarou Golias, ele estava ciente da grande diferença entre os dois campeões que entraram em uma batalha injusta e desequilibrada. Davi respondeu aos insultos do gigante com uma simples afirmação de fé: “Tu vens contra mim com espada, e com lança, e com escudo; eu, porém, vou contra ti em nome do SENHOR dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado. Hoje mesmo, o SENHOR te entregará nas minhas mãos” (1 Sm 17.45-46).

1. Ele se aproveitou da sua oportunidade. Conhecemos Davi como um pastor, um músico, um salmista, um lutador e um rei. Mas a porta para uma carreira bem-sucedida como homem de Deus apareceu para ele no vale de Elá. Ao observar de primeira-mão a intimidação e guerra psicológica de Golias, Davi perguntou, “... aos homens que estavam consigo, dizendo: Que farão àquele homem que ferir a este filisteu e tirar a afronta de sobre Israel? Quem é, pois, esse incircunciso filisteu, para afrontar os exércitos do Deus vivo?” (1 Sm 17.26). Ninguém jamais consegue qualquer coisa de importância se não aproveitar de suas oportunidades. A covardia das forças armadas israelitas, incluindo o Rei Saul, era uma porta aberta para Davi. O mesmo menino pastor que havia matado um leão e um urso diria ao rei “este incircunciso filisteu será como um deles...” (1 Sm 17.36).

2. Ele não permitiu que a sua juventude o detesse. O irmão mais velho de Davi, Eliabe, falou com desdém: “Por que desceste aqui? E a quem deixaste aquelas poucas ovelhas no deserto? Bem conheço a tua presunção e a tua maldade; desceste apenas para ver a peleja” (1 Sm 17:28). Outros que minimizavam poderiam ter dito: “Ah, ele é jovem e inexperiente. É apenas a exuberância da juventude.” Mesmo hoje, os jovens na igreja naturalmente procurarão as pessoas mais velhas em posições de influência, mas isso não quer dizer que eles não tenham nada a oferecer. Um jovem piedoso pode fazer uma diferença!

3. Ele viu a vitória antes de lutar a batalha. Não se pode perceber algum traço de medo na voz de Davi neste episódio todo. Pelo contrário, a sua coragem espalha. Ele informou ao rei: “Não desfaleça o coração de ninguém por causa dele; teu servo irá e pelejará contra o filisteu” (1 Sm 17.32). Quando, enfim, aconteceu a batalha, Golias deu um ataque verbal: “Sou eu algum cão, para vires a mim com paus?” (1 Sm 17.43). Da mesma maneira que falar feio é uma parte feia dos esportes modernos, era uma parte da etiqueta das batalhas antigas. Tem-se a impressão, mesmo assim, que Golias estava genuinamente ofendido com o jovem bonito, não ameaçador, que estava diante dele. É o melhor que os israelitas podem oferecer? Pelo contrário, Davi ficou firme e envolveu o gigante verbalmente, mas não se orgulhou da mortal certeza da funda dele. “Tu vens contra mim com espada, e com lança, e com escudo; eu, porém, vou contra ti em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado...porque do Senhor é a guerra, e ele vos entregará nas nossas mãos” (1 Sm 17.45,47).

4. Ele foi movido por um propósito maior. Davi fala ao seu oponente que a vitória iminente tinha um objetivo maior: "e toda a terra saberá que há Deus em Israel” (1 Sm 17.46). O jovem Davi foi movido pela vingança do nome de Deus em um mundo ignorante. Você fica triste em pensar em quantos dos seus amigos e vizinhos não conhecem a Deus? Se isso te chateia, o que você fará? Davi não aceitaria sentar ao lado enquanto um filisteu incircunciso desafiou os exércitos do Deus vivo! Enquanto a verdade de Deus leva uma pessoa a indignação justa e confiança absoluta, como também preocupação pelas almas perdidas de outras pessoas, ela não poderá mais tremer em timidez. Ao invés disso, ela se levantará e agirá. Como Isaías, ela dirá “Aqui estou, envia-me”. Como termina esta história? “Assim, prevaleceu Davi contra o filisteu, com uma funda e com uma pedra, e o feriu, e o matou” (1 Sm 17.50). O resto, como dizem, é história.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Comentário Bíblico Mensal: Fevereiro/2018 - Capítulo 1 - A Vocação de Davi




Comentarista: Matheus Santos


Texto Bíblico Base Semanal: 1 Samuel 16.1-3; 11-13

1. Então disse o SENHOR a Samuel: Até quando terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? Enche um chifre de azeite, e vem, enviar-te-ei a Jessé o belemita; porque dentre os seus filhos me tenho provido de um rei.
2. Porém disse Samuel: Como irei eu? pois, ouvindo-o Saul, me matará. Então disse o Senhor: Toma uma bezerra das vacas em tuas mãos, e dize: Vim para sacrificar ao Senhor.
3. E convidarás a Jessé ao sacrifício; e eu te farei saber o que hás de fazer, e ungir-me-ás a quem eu te disser.
11. Disse mais Samuel a Jessé: Acabaram-se os moços? E disse: Ainda falta o menor, que está apascentando as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: Manda chamá-lo, porquanto não nos assentaremos até que ele venha aqui.
12. Então mandou chamá-lo e fê-lo entrar (e era ruivo e formoso de semblante e de boa presença); e disse o Senhor: Levanta-te, e unge-o, porque é este mesmo.
13. Então Samuel tomou o chifre do azeite, e ungiu-o no meio de seus irmãos; e desde aquele dia em diante o Espírito do Senhor se apoderou de Davi; então Samuel se levantou, e voltou a Ramá.

Momento Interação

O estudo sobre a vida e os feitos de Davi são muito importantes para todos nós, pois reflete a todo aquele que obedece e segue ao Senhor  um caminhar de erros e acertos de Davi, assim como toda pessoa tem em sua vida. Como meros humanos decadentes da graça de Deus (Rm 3.23) devemos sempre aprender com os nossos erros e acertos, de tal maneira a glorificarmos o nome do Senhor com a maneira de andarmos dignamente neste mundo. O Comentarista do estudo bíblico do mês de Fevereiro é o irmão Matheus Santos. Ministro do Evangelho, escritor e Professor de Escola Bíblica Dominical - RJ. Deus abençoe os seus estudos acerca do patriarca Davi.

Introdução

Davi foi ungido durante um momento de crise sobre a liderança do povo de Deus. (1 Sm 13.13,14). Sendo ainda um jovem humilde, e de boa aparência, jamais aparentava ser "O futuro rei de Israel" seus familiares jamais imaginavam que Davi poderia chegar em tão alto patamar hierárquico de seu estado. Porém observando o texto bíblico comprovamos que o Senhor jamais nos observa com olhares humanos. Davi, desde o momento de sua consagração como Rei, até o momento da promessa ser cumprida, levou alguns anos de preparação e durante esta trajetória o Senhor o aperfeiçoou, para o dia de sua posse.

I. As Circunstâncias em que Davi foi Chamado

O primeiro rei de Israel foi exatamente o tipo de líder que a nação queria. Saul, filho de Quis, era um homem alto e bonito da tribo de Benjamim. Os israelitas haviam visto os reis dos povos vizinhos e desejavam um homem impressionante que protegeria seus sujeitos e intimidaria seus inimigos. Deus também viu qualidades boas nesse homem, e lhe deu oportunidade para provar seu caráter depois de ser elevado à posição de responsabilidade sobre a nação escolhida. No começo do seu reinado, Saul mostrou uma atitude boa. Samuel, o profeta de Deus mais influente na época, disse que Saul era pequeno aos seus próprios olhos durante essa fase inicial (1 Sm 15.17). A humildade sempre facilita o serviço. Saul foi escolhido para servir a Deus e às pessoas de Israel de uma maneira especial, e seu pensamento humilde dava condições para ser um excelente rei.

Na sua primeira grande tarefa como rei, Saul se mostrou um excelente líder (1 Sm 11). Ele respondeu à chamada dos residentes da cidade de Jabes-Gileade, sitiada pelos amonitas. Deus estava com Saul e seus soldados, e livraram a cidade da agressão amonita. Com esta demonstração de competência, Saul ganhou o apoio da nação e foi bem aceito como rei.

Infelizmente, esse rei caiu no erro que destrói muitos homens poderosos. Ao invés de manter sua humildade diante de Deus como servo do povo, ele começou a se preocupar com sua própria posição e honra. Como os políticos de hoje que vivem ansiosos com as pesquisas de apoio popular, Saul dava ouvidos às opiniões do povo. Quando deveria ter olhado sempre para a vontade de Deus como o único padrão do seu procedimento, Saul baixou seus olhos para agradar aos homens e, ainda pior, para proteger sua própria imagem pública. Como Saul, Davi era humilde e justo quando foi escolhido para ser rei. Ele se tornou um governante popular e capaz, abençoado com vitórias militares e prosperidade. 

II. A Natureza da Vocação de Davi

A grandeza de caráter que distinguiu Davi de Saul não foi pelas circunstâncias externas de Davi nem nos seus atributos natos, mas na disposição escolhida pelo seu coração. Ele era um homem que buscava o coração de Deus. Quais atributos são sugeridos nesta frase incrível? Não há dúvida que a essência do caráter de Davi poderia ser descrita de várias maneiras, mas a história de sua vida indica, pelo menos, os seguintes requisitos, se for para sermos do mesmo calibre espiritual que ele.

Devemos genuinamente respeitar a vontade de Deus. Como um homem de fé, podia contar com Davi para confiar implicitamente na sabedoria de Deus, cumprir as instruções de Deus fielmente, e depender humildemente da ajuda de Deus. Ele mostrou o seu respeito pela pessoa de Deus levando a vontade de Deus com toda a seriedade, e esta disposição não é menos necessária por nós que por ele. É inútil almejar o caráter de Deus se você não estiver disposto, como Davi estava, a se mexer ao comando de Deus.

Devemos reverentemente arrepender-nos do pecado. A integridade de Davi nunca é vista mais claramente que naquelas ocasiões em que ele era confrontado com o fato do pecado em sua vida. Da mesma forma que ele entendia a necessidade da tristeza piedosa, Davi também compreendeu como aceitar a correção e fazer correções reais na sua conduta. Quando ele fez algo errado, fez o que era certo a respeito dos seus erros. Devemos recusar resolutamente a desistir de buscar a Deus. Como toda outra pessoa que já verdadeiramente entrou na arena, Davi conhecia o gosto das lágrimas da derrota. Porém uma coisa sempre podia ser dita em relação a ele: ele se levantou toda vez que foi derrubado. Levaria mais desencorajamento do que existe em todas as regiões do inferno para fazer com que um homem de tal coração desistisse de buscar a Deus. Jesus disse: “onde está teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6.21), e a vida de Davi é uma ilustração heroica deste princípio. As coisas que profundamente desejamos determinam o nosso caráter. Desejamos ser um povo que busca o coração de Deus, realmente e verdadeiramente? Então devemos, nos nossos próprios corações, desejar e valorizar os tesouros de sua vontade mais que as lembrancinhas do nosso próprio humor.

III. O Propósito da Vocação de Davi

Muitas profecias da Bíblia contam-nos que o Messias ou Cristo reinaria no trono de Davi (Am 9.11-15; Ez 37.22-28; Sl 89.3-4; Mt 2.1-6; Lc 19.37-40; 1.67-79). Muitas pessoas concluem que estas passagens estão falando de um futuro reino físico literal aqui na terra. Elas dizem que estas profecias e promessas ainda não foram cumpridas. Algumas pessoas que ensinam esta ideia até mesmo dizem que Jesus não conseguiu na sua tentativa para estabelecer seu reino na primeira vez que esteve aqui porque o povo o rejeitou. Elas sugerem, assim, que os homens pecadores frustraram o plano de Deus. A Bíblia ensina diferente. Jeremias profetizou que um descendente de Davi reinaria para sempre em seu trono (Jr 33.14-17). Mas no mesmo livro, quando ele falava do trono terrestre literal, ele disse que nenhum dos filhos de Jeconias se sentaria no trono de Davi (Jr 22.30). Jesus Cristo, um descendente de Davi e de Jeconias (Mt 1.6, 11) nunca poderia reinar no trono terrestre de Davi.

Conclusão

Aqueles que ainda esperam por Cristo para reinar no trono de Davi mal entendam as profecias e seu cumprimento. Pedro afirmou que as profecias sobre o trono de Davi foram cumpridas quando Jesus se levantou dentre os mortos e subiu ao céu para sentar-se à direita de Deus: "Sendo, pois, profeta e sabendo que Deus lhe havia jurado que um dos seus descendentes se assentaria no seu trono, prevendo isto, referiu-se à ressurreição de Cristo, que nem foi deixado na morte, nem o seu corpo experimentou corrupção. A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas. Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis. Porque Davi não subiu aos céus, mas ele mesmo declara: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por estrado dos teus pés. Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo" (At 2.30-36). Quando Jesus reinará no trono de Davi? Ele já reina!