quarta-feira, 23 de maio de 2018

Comentário Bíblico Mensal: Maio/2018 - Capítulo 4 - Os Escritos Apostólicos e o Combate às Heresias




Comentarista: Marcos Rogério


Texto Bíblico Mensal: Romanos 15.1-9

1. Mas nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos.
2. Portanto cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação.
3. Porque também Cristo não agradou a si mesmo, mas, como está escrito: Sobre mim caíram as injúrias dos que te injuriavam.
4. Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança.
5. Ora, o Deus de paciência e consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus,
6. Para que concordes, a uma boca, glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.
7. Portanto recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos recebeu para glória de Deus.
8. Digo, pois, que Jesus Cristo foi ministro da circuncisão, por causa da verdade de Deus, para que confirmasse as promessas feitas aos pais;
9. E para que os gentios glorifiquem a Deus pela sua misericórdia, como está escrito:Portanto eu te louvarei entre os gentios,E cantarei ao teu nome.

Momento Interação

Os escritos apostólicos mostram que os apóstolos deixaram registrados mensagens às quais o Senhor quis  que fossem passados à nós, de maneira que possamos compreender o que é o Evangelho do Senhor Jesus. Nesta semana estamos estudando à respeito dos escritos apostólicos, que defendem o verdadeiro evangelho do falso evangelho. Bons Estudos.

Introdução

Assim como os profetas ao escreverem os livros que conhecemos hoje como o Antigo Testamento refutaram as heresias, distorções, falsos ensinos e outros perigos espirituais, também os profetas foram usados por Deus para prevenir ou combater os mesmos problemas. Assim como Deus protegeu Israel pelo ministério dos profetas protegeu a igreja pelo ministério dos apóstolos.

É de suma importância conhecer os escritos apostólicos para entendermos como os mesmos abordam a questão do combate às heresias. Ao assim fazermos fica evidente que além da proclamação do Evangelho eterno ensinado por nosso Senhor, os apóstolos também se preocupavam em combater as heresias impedindo sua entrada na igreja mantendo assim, a doutrina pura ensinada pelo Senhor Jesus Cristo.

I.  Paulo – Um Defensor do Evangelho

A história do apóstolo Paulo é bem interessante e também diferente da história dos outros discípulos que foram nomeados apóstolos. 

Paulo se converteu em um contexto onde o próprio Senhor Jesus apareceu pra ele na estrada de Damasco onde Paulo transitava justamente combatendo a fé que posteriormente ele mesmo se tornou um dos mais ardorosos defensores (At 9.1-30). Na verdade, Paulo combatia a fé cristã acreditando ser essa fé uma heresia que ia contra as verdades reveladas por Deus ao Seu povo de Israel. Jesus era um mestre judeu e deu a verdadeira interpretação das Escrituras compostas pela Torá e os escritos dos profetas e, sendo assim, o cristianismo não era uma apostasia da fé judaica, mas a verdadeira fé e os judeus e não is cristãos estavam desviados do Evangelho que fora revelado à Israel através de figuras e símbolos no ritual do santuário com seus sacrifícios e o ofício sacerdotal que em si revelavam o sacrifício e ministério de Cristo e o plano da salvação. Tão logo Paulo se converteu e passou a defender a fé que outrora procurava destruir passou a proclamar nas sinagogas que Jesus é o Filho de Deus (At 9.20). Com o passar do tempo os judeus procuravam tirar-lhe a vida (At 9.23) a ponto de os discípulos o descerem por um cesto pelos muros da cidade (At 9.24-25).  Enquanto Paulo estava em suas viagens missionárias visitando as igrejas da Galácia descobriu que enquanto ele esteve visitando outros lugares os judaizantes prejudicaram a igreja da Galácia infiltrando a doutrina da observância da lei como meio de salvação. Temendo que o mesmo acontecesse em Roma antes que ele chegasse resolveu escrever-lhes uma carta.  Em Romanos 16.1-2 lemos que provavelmente Paulo tenha escrito essa carta enquanto esteve em Cencreia, próxima ao porto oriental de Corinto na Grécia.  Paulo era o missionário dos gentios e onde ele não conseguia chegar a tempo ou lhe era impossível visitar tal lugar ele lhes enviava suas cartas com conselhos, admoestações e prevenindo-lhes contra as heresias. Paulo é um dos missionários que tenho como modelo. Um dos maiores missionários da história do cristianismo.

II. Pedro – Um Combatente às Heresias

Pedro foi escolhido por Cristo para o apostolado junto com seu irmão André quando Jesus caminhava próximo ao mar da Galiléia enquanto eles lançavam as redes ao mar por serem pescadores. Jesus os convidou à defesa da fé dizendo que os faria pescadores de homens (Mt 4.18-19; Mc 1.16-17). Reanimado pelo Mestre, Pedro juntamente com outros irmãos permaneceu em Jerusalém aguardando a promessa do Pai de serem revestidos de poder (Lc 24.49)  para que testemunhassem ao mundo At (1.8). A promessa do Pai cumpriu-se por ocasião da festa do Pentecostes quando os discípulos receberam o poder do Espírito Santo (At 1.4). Posteriormente, Pedro escreveu duas epístolas.
Em suas epístolas Pedro aborda as virtudes cristãs, fala sobre família, autoridades e vários assuntos. Pedro combateu as heresias gnósticas e falou sobre as ameaças por parte dos falsos mestres, ameaças tão perigosas como a perseguição movida pelo Império Romano das quais Pedro também confortou os crentes nessas epístolas. Pedro afirmou que assim como houveram falsos mestres no passado, também haveriam falsos mestres no futuro (2 Pd 2.1-3).  Pedro alerta que os escritos de Paulo e as demais escrituras seriam distorcidas por pessoas ignorantes e instáveis que na sua sinceridade ou até de má fé estariam interpretando mal e para sua própria perdição os escritos sagrados.

De acordo com Pedro esses falsos mestres eram especialmente perigosos porque surgiriam no meio da igreja. Geralmente entendemos como falsos profetas pessoas de fora da igreja que se opõe à fé cristã, mas Pedro e Paulo alertaram que tais heresias movidas por falsos mestres estariam vindo de pessoas infiltradas na igreja (At 20.29; 2 Pd 2.1). Embora no contexto sociocultural das cartas de Pedro havia a perseguição externa movida pelo Império Romano que queria destruir o cristianismo, Pedro deu especial atenção às heresias que surgiriam como ameaça dentro da própria igreja. 

III. Judas – A Batalha pela Fé

A autoria da epístola de Judas é de irmão de Tiago e não de Judas, o Iscariotes. Logo no início da epístola o autor exorta os crentes a batalhar pela fé Jd 3 e prossegue dizendo que certos indivíduos se introduziram com dissimulação transformando em libertinagem a graça de Deus. Judas, assim como os outros autores do Novo Testamento também discorreu sobre as distorções do Evangelho por parte de ímpios, homens equivocados, escarnecedores, gnósticos e muitas outras coisas.

Os gnósticos eram praticamente ateus no que tangia o Evangelho. Transformavam em libertinagem a graça de Deus insinuando que os crentes poderiam pecar porque a carne seria destruída por ser má e o espírito salvo por ser bom não era contaminado pelo pecado da carne. A essência do Evangelho é que Cristo veio salvar o pecador de seus pecados (Mt 1.21) morrendo como sacrifício vicário substituinte no lugar do pecador (Is 53.4-6) e que em razão disso o homem deve se desvincular do pecado que tenazmente nos assedia (Hb 12.1) para nos levar à morte (Rm 6.23), mas que Deus nos dá a vida eterna por meio se Jesus Jo 3:16. A graça nunca deve ser usada para desculpar o pecado e a iniquidade. 

Sendo o pecado algo tão perverso e abominável à vista de Deus a ponto de dar Seu próprio Filho para morrer pelo pecador e livrá-lo do pecado e esses falsos mestres incentivando os cristãos ao pecado, Judas combateu essa filosofia imoral e herética mostrando em sua epístola o castigo final dos ímpios que não abandonaram o pecado aceitando Cristo como seu Salvador pessoal. Judas batalha pela fé contra essas heresias mostrando o castigo de Deus aos israelitas descrentes (Jd 5), aos anjos caídos (Jd 6), aos ímpios habitantes de Sodoma e Gomorra (Jd 7), aos incrédulos de seus dias (Jd 8), Caim, Balaão e os que se rebelaram contra Deus e contra Moisés, servo de Deus (Jd 11) e aos demais ímpios que serão julgados por Cristo (Jd 14-15). O salvo é salvo na obediência e não da obediência, ninguém é salvo para continuar pecando.

IV. Os Evangelhos

Os quatro Evangelhos conhecidos como os Evangelhos Sinópticos foram escritos por Mateus, Marcos, Lucas e João. Embora a história secular fale um pouco sobre Jesus, os relatos mais detalhados da vida de Jesus se encontram nos quatro Evangelhos.  Marcos e João não relatam o nascimento de Jesus. 20% dos escritos dos Evangelhos narram a última semana da vida de Jesus. João dedica metade de seu Evangelho para narrar os últimos eventos da vida de Jesus. Mais destaque é dada a morte de Jesus do que ao seu nascimento. A morte de Cristo e Sua ressurreição são essenciais à nossa salvação. Os estudiosos situam a data da escrita dos Evangelhos como sendo Marcos escrito por volta da década de 70 d.C., Mateus e Lucas por volta da década de 80 d.C. e João por volta da década de 90 d.C.

Não há uma forma simples de explicar a formação do cânon neotestamentário. Mesmo que as heresias tenham levado os cristãos a selecionar os livros canônicos, elas não foram a única força motivadora. Mediante a perseguição, os cristãos tinham a necessidade de saber por quais livros estariam morrendo, quais deveriam ser postos à disposição das autoridades imperiais e, além disso, era da maior importância definir com clareza quais documentos poderiam ser usados nas igrejas e para a edificação pessoal - esse desejo se intensificou quando os apóstolos começaram a morrer.

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