Comentarista: Leonardo Pereira
Texto Bíblico Base Semanal: Joel 3.1-10
1. Porque, eis que naqueles dias, e naquele tempo, em que removerei o cativeiro de Judá e de Jerusalém,
2. Congregarei todas as nações, e as farei descer ao vale de Jeosafá; e ali com elas entrarei em juízo, por causa do meu povo, e da minha herança, Israel, a quem elas espalharam entre as nações e repartiram a minha terra.
3. E lançaram sortes sobre o meu povo, e deram um menino por uma meretriz, e venderam uma menina por vinho, para beberem.
4. E também que tendes vós comigo, Tiro e Sidom, e todas as regiões da Filístia? É tal o pago que vós me dais? Pois se me pagais assim, bem depressa vos farei tornar a vossa paga sobre a vossa cabeça.
5. Visto como levastes a minha prata e o meu ouro, e as minhas coisas desejáveis e formosas pusestes nos vossos templos.
6. E vendestes os filhos de Judá e os filhos de Jerusalém aos filhos dos gregos, para os apartar para longe dos seus termos.
7. Eis que eu os suscitarei do lugar para onde os vendestes, e farei tornar a vossa paga sobre a vossa própria cabeça.
8. E venderei vossos filhos e vossas filhas na mão dos filhos de Judá, que os venderão aos sabeus, a um povo distante, porque o Senhor o disse.
9. Proclamai isto entre os gentios; preparai a guerra, suscitai os fortes; cheguem-se, subam todos os homens de guerra.
10. Forjai espadas das vossas enxadas, e lanças das vossas foices; diga o fraco: Eu sou forte.
Momento Interação
Prezados estudantes da Palavra de Deus. Chegamos ao final de mais um Comentário Bíblico Mensal. Estudamos muito à respeito do profeta Joel e o livro que leva o seu nome. No último capítulo deste Comentário Bíblico, estudaremos sobre o juízo de Deus sobre as nações que afligiam o povo de Judá. É importante para nós percebemos que o Senhor preza pelos seus e não deixa a iniquidade impune. Mas sempre age com justiça e juízo que são a base de Seu trono (Sl 89.14). Que o Senhor abençoe os seus estudos, e Deus vos abençoe! Até o próximo Comentário Bíblico Mensal.
Introdução
O capítulo 3 de Joel dedica-se a descrever a restauração final de Israel e o Julgamento das Nações, dois eventos que se darão no Final dos Tempos. Duas verdades muito claras e enfatizadas nessa passagem bíblica são que as nações serão julgadas pela sua impiedade e que esse julgamento incluirá também como critério a forma como as nações trataram Israel.
No caso específico do castigo divino sobre Tiro e Sidom, mencionado nos versículos 4 a 8, acredita-se que ele tenha ocorrido, pelo menos parcialmente, no quarto século a.C., quando as duas principais cidades da Fenícia, localizadas ao Noroeste de Israel, foram subjugadas pelo conquistador Alexandre, o Grande, e, pouco tempo depois, por Antíoco III. Esse castigo, aliás, fora predito também pelos profetas Amós (Am 1.9-10), Ezequiel (Ez 26) e Isaías (Is 23). Nos versículos 17 a 21 do capítulo 3, segue a descrição da restauração de Israel. Enfim, a grande lição desse capítulo é que Deus é o Senhor da História. O livro de Joel começa falando de destruição e termina falando de restauração; inicia com juízo e conclui com a bênção de Deus. A sua mensagem ao final é que a última palavra na história das nações pertence a Deus; que quem determina o destino final das nações não são os chamados grandes líderes mundiais, mas o Senhor do Universo. E, no final, o mal perecerá e o bem triunfará. Porque Deus está no controle de tudo.
I. A Restauração de Judá
O iminente Dia do Senhor incluirá julgamento contra as nações que se rebelaram contra Deus e perturbaram o seu povo. Começa-se o capítulo com a expressão naqueles dias e naquele tempo. Sinônimo de "naquele momento", essa frase marca o início de mais uma série de promessas para o povo de Deus (Jr 33.15; 50.4,20), onde o Senhor mudará a sorte deles que também pode ser interpretado como "trarei de volta do cativeiro" (cf. Jr 29.14).
A restauração também incluiria o julgamento dos inimigos de Israel ("todas as nações") por todas as injustiças contra o povo de Deus e contra a terra. As nações seriam ajuntadas e Deus as faria descer ao vale de Josafá, também conhecido como o "vale da Decisão" mencionado no vs. 14. O nome significa "o SENHOR julga" e é um símbolo do que estava para acontecer no Dia do Senhor. Não se trata de menção a um vale específico, mas seria ali que o Senhor entraria em juízo contra elas. Isso porque o seu povo e a sua herança havia disso espalhado e repartido entre eles e também, depois de os prisioneiros terem lançado sortes (Ob 11; Na 3.10), as crianças indefesas foram negociadas e vendidas para propósitos de libertinagem (Am 2.6).
II. O Castigo Divino sobre Tiro e Sidom
A acusação legal contra Tiro e Sidom (isto é, a parte costeira da Fenícia) e as regiões da Filistia (isto é, a parte costeira da Palestina; Js 13.2,3) refere-se ao seu envolvimento na captura e no tráfico de israelitas como prisioneiros de guerra. As duas regiões venderam israelitas como escravos para os gregos (vs. 6) e para Edom (Am 1.6,9). A prata e o ouro da Terra Prometida, assim como seus habitantes, pertenciam ao Senhor (Ag 2.8) e Tiro e Sidom haviam se enriquecido desse comércio ilegal.
Os judaitas vendidos aos gregos estavam tão longe de casa que era praticamente impossível localizá-los ou fazer a viagem para comprar a liberdade deles e mandá-los de volta para a Terra Prometida. No entanto, Deus agiria de forma espetacular realizando o grande milagre de trazê-los de volta à terra e o povo de Deus restaurado haveria de agir como mediador da punição de Tiro, Sidom e da Filístia. Em retribuição ao que fizeram, cairiam nas mãos dos judeus que não teriam piedade deles e semelhantemente venderiam seus filhos e filhas aos sabeus, mercadores da distante terra de Sabá (1 Rs 10.1-13; Jr 6.20). Isso viria do Senhor e quem poderia mudar? (Jl 3.8).
De modo amargamente irônico, Joel convidou à batalha aquelas nações que seriam derrotadas pelo Senhor. Eles deveriam forjar dos seus arados, espadas; e de suas foices, fazerem lanças. Depois dizerem ao fraco: "Sou um guerreiro!" – é interessante observar o contraste com Isaías 2.4 e Miquéias 4.3 que fala justamente o contrário. O lugar da grande batalha seria o vale de Josafá que é explicado no vs. 12, o verso seguinte, que diz que as nações deveriam se despertar e avançar para o vale de Josafá, pois ali Deus se sentará para julgar todas as nações vizinhas.
Tal como o grão pronto para ser segado (Is 17.5) e como as uvas a serem prensadas (Is 63.3), as nações extremamente pecadoras estavam prontas para serem colhidas (cf. Ap 14.15,18,20). O lagar estava cheio e os seus compartimentos transbordavam. O lagar cheio e os compartimentos transbordantes enfatizam o tamanho da impiedade das nações reunidas no vale para serem julgadas. Eram multidões e multidões no vale da Decisão, pois estava perto o Dia do Senhor. A iminência do grande Dia do Senhor, um dia quando ele trará vingança sobre as nações, é mais uma vez enfatizada (Jl 1.15; 2.1). O vale de Josafá é agora identificado como o vale da Decisão, o lugar onde o julgamento do Senhor será exercido sobre as multidões. A natureza responderá ao aparecimento do Senhor no dia do julgamento (Jl 2.10,31; Am 5.18). A linguagem cósmica normalmente figurada representa acontecimentos de importância nacional; porém, no dia final do Senhor, o próprio universo será realmente destruído e recriado (2Pe 3.7-12; Ap 21.1).
III. Bênçãos para o povo de Deus
Até o final do livro, agora veremos as bênçãos para o povo de Deus. Embora as nações sejam julgadas, o povo de Deus, arrependido, será abençoado para sempre no Dia do Senhor. E quanto aos que não se arrependerem? Somente restará para eles o mesmo juízo das nações. Por isso que o escritor de Hebreus exorta o povo a entrar e a se esforçar por entrar no descanso de Deus para não serem achados no engano da incredulidade. “Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência” (Hb 4.11).
Uma das expressões favoritas de Ezequiel aparece aqui também “saberão que eu sou o Senhor”. Em Ezequiel há cerca de 96 expressões dessas e sempre associadas ao juízo de Deus quando este não tinha mais jeito de se evitar. Aqui a expressão vem acompanhada com a explicação de que o Senhor habita em Sião. A experiência de Judá quanto à proteção de Deus – ele habitando conosco -, mesmo enquanto ele está irado, aprofundará a sua noção da realidade da presença de Deus em seu meio, ou seja, em Sião, o santo monte do Senhor (SI 46.4; Isa 8.18; 52.1-2; Zc 2.10; 8.3). O Novo Testamento explica que essa promessa será finalmente cumprida nos novos céus e na nova terra (Ap 21.3).
A cena final do drama (Jl 3.18) é de prosperidade e de bênçãos paradisíacas (cf. Jl 2.19-26), como uma fonte da Casa do SENHOR, como a nascente de um rio que dá vida (SI 46.4; Ez 47.1-12) e que rega até mesmo o vale seco e estéril onde crescem as acácias. O Novo Testamento prevê o cumprimento dessa profecia na volta de Cristo (Ap 22.1-2).
Nenhum comentário:
Postar um comentário