domingo, 29 de março de 2020

A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO À LUZ DA PSICOLOGIA

ENTENDENDO O PECADO E A PSICOPATOLOGIA

E disse: Um certo homem tinha dois filhos; E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda. E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente. E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades. E foi, e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos, a apascentar porcos. E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada. E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de  fome! Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti; Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros. E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.  E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés; E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos;  Porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se.


Lucas 15.11-24



Jesus nos diz na parábola do filho pródigo que a principal causa do pecado é o egoísmo. Ele nos mostra nesta passagem que o pecado resulta uma separação, ou seja, um relacionamento rompido, tendo como a salvação o momento em que este relacionamento rompido é renovado. O filho pródigo se mostra alguém independente, que parte para aproveitar a vida com seu dinheiro, acabando sozinho e sem o dinheiro. Quando decide voltar para a casa de seu pai, o filho se depara com um pai que não menciona a vida desregrada em que ele estivera e nem mesmo lhe diz que o seu comportamento mereça uma severa punição, pelo contrário, o filho vê um pai alegre, porque o relacionamento foi restabelecido. 

O egocentrismo situa-se dos problemas espirituais e psicológicos, porque ambos resultam da autopreservação a qualquer custo. A história do filho pródigo nos revela que tanto o pecado quanto a psicopatologia, são causados por relacionamentos rompidos e a salvação e a saúde psicológica acontecem quando esses relacionamentos são reconstruídos.  O ponto de vista da psicologia e da salvação é  reconhecer que necessitamos dos outros. Reconhecer que precisamos de Deus e também precisamos do relacionamento com o próximo, pois só através de nosso relacionamento com Deus seremos completos e só através do bom relacionamento com o próximo, teremos nossa saúde mental saudável. 

Embora o filho pródigo e indisciplinado tenha voltado para casa e insistia em afirmar para o pai o seu pecado, Jesus mostrou que o arrependimento na verdade não estava no sentimento de culpa expressado no filho, mas, na atitude que o filho teve: mudar de ideia e voltar para casa. Muitas pessoas confundem ressentimento com arrependimento. No ressentimento  existe uma  mágoa que se guarda por algo que fez ou recebeu- um rancor, como autopunição por te feito algo desagradável que não deveria ter feito.  No arrependimento o que ocorre é uma reação emocional para atos passados e comportamentais, ou seja, há uma mudança de atitude àquela tomada posteriormente. No grego a palavra arrependimento é entendida como metanoia, que significa conversão e mudança de direção e atitude. Entendemos então, que o pai não estava dando uma festa porque o filho se sentiu culpado, ressentido, mas, porque ele mudou de atitude e direção, restabelecendo o relacionamento antes rompido através do arrependimento. Na psicologia, para que a terapia desempenhe um resultado, é preciso que o indivíduo reconheça a necessidade de mudar. 





Bibliografia: BAKER,Mark, Jesus, o maior psicólogo que já existiu. Rio de Janeiro: Sextante, 2005.

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