segunda-feira, 23 de março de 2020

O Relógio está Certo?




Por Felipe Pereira



Reflexões preliminares: Escrito por volta de 940-950 a.C. o livro de Eclesiastes retrata a vida reflexiva de um dos reis mais sábios de Jerusalém, Salomão, no auge da sua carreira e prudência expõe na obra pensamentos de como proceder na vida e desfruta-la de forma sábia e produtiva, tendo também a consciência da morte e que o tempo está determinado. Assim como a mitologia grega, as histórias egípcias, os tempos nórdicos, os teatros e romances de Shakespeare não podendo esquecer-se das tragédias, tiveram o seu lugar no passado em que estavam situadas e ainda reverberam no presente com uma importância significativa. De forma bíblica vê-se a sessão de sabedoria sapiencial que são os textos de reflexões, poesias, composições, canções e meditações servindo até mesmo de devoção para muitos em nosso tempo e um incentivo a arte espontânea. Sua simbologia e relevância estão abertas e latentes. Pois se tratam de verdades que não vemos assim expostas em outros livros, mas ao mesmo tempo condizem com eles.

A mensagem para o seu público: Fala na assembleia dos jovens, um pregador sábio, bem vivido. Nascido num lar judeu, bem sucedido e ainda assim passa por suas dificuldades familiares com certa omissão do pai, que por mais estranho possa parecer era um homem que adorava como ninguém, e tinha o coração como o de Deus, amo mesmo tempo em que era um poeta, foi um feraz guerreiro invicto nas batalhas. Esse é o cenário de onde cresceu o agora velho pregador, que está quase no fim de seu reinado e se recuperando de uma repentina apostasia batendo e fixando em seu discurso numa ótica debaixo do sol, significado assim uma vida terrena, humana com sofrimentos e injustiças e erros, entretanto, com sabedoria, retidão, devoção e arrependimento. A eternidade está no nosso coração e essa é a esperança para além de tudo isso que se passa como um sopro, um vazio semelhante ao respirar de fôlego profundo para tomar um ar devido à agitação e correria do que é a existência. Vaidade das vaidades, tudo é vaidade!

Um toque de Atualidade: O advento da pós-modernidade afeta a todos na sociedade atual tanto em relações humanas, quanto em consumo de mercadorias, serviços e informações que me grande parte são rasas e instantâneas. Já não dispomos de muito tempo para ir profundo em nossas relacionamentos, por exemplo os diálogos são por meios de programas de androides e ios, tendo com isso pouco contato olho no olho. Relações duradouras, conversas sadias e produtivas já são preciosos em nossa época, além da agitação do dia a dia tem também a jornada de trabalho que é maçante para quem se desloca e sutilmente estressante para quem trabalha em casa. O avanço tecnológico é cada vez mais pulsivo, e agressivo no sentido de nos distanciar os que estão perto dando a sensação de estarmos mais integrados e atualizados. Não digo isso para que voltemos aos tempos antigos, nem tão pouco sendo saudosista ao ponto de querer voltar à internet discada ou aos telefones tijolão, contudo mostro o que acontece de fato na atualidade.

O tempo e o Profético: Em diversos momentos percebe-se que Deus através dos seus profetas se importa em comunicar a todos sobre o há de vir quando a um futuro bem perto ou distante. A proclamação deles era no fundo um convite a estarem atentos a isso, pois o prazo era limitado para se arrepender, suplicar, se humilhar, viver uma vida que vale a pena em função de sentido e significado sólido e até receber determinado juízo ou recompensa diante do que se plantou. Na literatura bíblica, desde o principio temos na entrelinha que haverá também um fim. Com isso, Deus vem descortinando a eternidade que é além do que nomeamos como temporalidade. A palavra tempo aponta também para as estações, isso é, fases em momentos específicos que não há como burlar ou pular etapas deixando de experimentar os amargos e os suaves amores; o fervor e a frieza das almas; a abundância seja do que for e a necessidade do que tanto se espera; os autos e os baixos das passagens; os dias quentes e frios; as vitórias e as frustrações, pois não se limita pelo fato de quem é o ser e sim que ele é humano, sujeito limitado ao tempo e a sorte.

Voltando as coisas mesmas: Retomo a pergunta inicialmente feita: o relógio está certo? Não tenho a coragem para te responder, porque é você caro leitor quem sabe. O relógio é um ciclo que antes era o sol que ditava, depois passou para as torres das igrejas, em seguidas veio parar nas fábricas e por fim está nas mãos das tecnologias com os seus moderníssimos relógios digitais bonitos e estilosos para variados gostos ou desgostos de alguns que sabem e nem querem lidar com isso, outros até se adaptaram, mas não sabem nem ver a hora no ponteiro. TIC TAC! Como a hora passa rápido ou você é que está devagar?

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