O que Jesus queria dizer com “vinde a mim?” E quem era os “cansados e sobrecarregados” no pensamento de Jesus? O que estava deixando essas pessoas cansadas e sobrecarregadas? O que Jesus quis dizer sobre o descanso?
Nesse texto, responderemos essas perguntas e suas implicações práticas para a vida cristã.
Vinde a mim
Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei (Mt 11.28).
“Vinde a mim”, é o primeiro imperativo no convite de Jesus. Quando disse essas palavras, ele estava estendendo o convite aos cansados e oprimidos. Ir a Jesus segundo Hendriksen, significa crê nele como está descrito em Jo 6.35: “O que vem a mim de modo algum terá fome, e o que crê em mim de modo algum terá sede.” Além do mais, a fé, sendo fruto do Espírito Santo produz o fruto do Espírito: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gl 5.22)[1]. Assim, podemos entender que esse convite de Jesus é lançado a qualquer pecador, somente ele tem autoridade para convidar os homens a fazerem parte do seu reino, Cristo convida de forma graciosa essas pessoas.
As pessoas que estavam cansadas e sobrecarregadas eram “os judeus” no contexto de Jesus. Mateus escreveu esse evangelho para o público judeu com objetivo demonstrar que Jesus era o Messias profetizado pelos profetas da Antiga Aliança. Jesus via essas pessoas como “cansadas,” isto é, intenso trabalho unido a aborrecimento e fadiga[2], isso que a religiosidade da época produzia. “Sobrecarregadas” era no sentido de oprimir alguém com ritos e preceitos humanos. Dessa forma, é evidente que Jesus queria libertar aquelas pessoas da religiosidade.
Os fariseus eram os grandes responsáveis de deixar aquelas pessoas cansadas e sobrecarregadas. Jesus disse sobre eles: “Atam fardos pesados [e difíceis de carregar] e os põem sobre os ombros dos homens; entretanto, eles mesmos nem com o dedo querem movê-los (Mt 24.4).” Segundo Beacon, “isso era uma referência aos judeus, sob o jugo da lei. A lei – escrita oral – como era interpretada e aplicada pelos rabinos, tornava-se um fardo excessivo para se carregar[3].” Assim, poderíamos entender que isso faz uma clara referência ao peso do pecado no homem, sobre o seu coração. Entretanto, esse convite também se aplica aos cristãos que estão cansados e fracos.
Por último, Jesus faz uma promessa graciosa: “e eu vos aliviarei.” Cristo se referia literalmente o “descanso”, ou seja, com a Minha presença. Ele é o verdadeiro pastor para fazer o homem repousar em pastos verdejantes, levar as águas tranquilas e trazer refrigero a alma (Sl 23.2,3).
Tomai o meu jugo
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma (Mt 11.29).
“Jesus convida a tomar o seu jugo,” que é o segundo imperativo do convite de Jesus. O que Jesus queria dizer “tomai sobre vós o meu jugo?” Segundo Carson, era um “jugo posto sobre animais para puxar cargas pesadas, é uma metáfora para a disciplina do discipulado. Embora Jesus não esteja oferecendo o jugo da lei nem a libertação de todas as restrições”[4]. Segundo Hendriksem, “Na literatura judaica, um jugo representava uma soma total de obrigações que, segundo o ensino dos rabinos, uma pessoa deve assumir.” Dessa forma, Jesus estava convidando aquelas pessoas a submeter-se ao seu jugo, isto é, um convite a obedecer ao Senhorio.
A razão de Jesus convidar a “tomar o seu jugo” é justamente porque o Seu jugo é suave, e Seu fardo é leve (Mt 11.30). O que Jesus queria dizer com “jugo suave” e “fardo leve?” Conforme Hendriksem, o jugo era uma armação de madeira, colocada sobre os ombros de uma pessoa a fim de tornar o volume ou fardo mais fácil de carregar, distribuindo o seu peso em proporções iguais aos lados opostos do corpo. Assim, para tornar agradável à tarefa de carregar, o jugo não tinha só de estar bem ajustado aos ombros, não provocando irritação, mas também a carga não podia ser demasiadamente pesada. No sentido figurado, Jesus assegura aquelas pessoas que estavam sendo oprimidas com as doutrinas legalistas dos fariseus, o seu jugo é agradável e seu fardo é leve, ou seja, aquilo que Ele requer de nós é leve. Jesus estava demostrando que a simples confiança nele e a obediência aos seus mandamentos, por gratidão a salvação conquistada na cruz, são deleitosos.
Aprendei de mim
Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma (Mt 11.29).
“Aprendei de mim,” é o terceiro imperativo no convite de Jesus. A princípio, a razão de Cristo convidar aquelas pessoas aprenderem dele, era justamente porque somente ele pode revelar o Pai (Mt 11.27). Além disso, Cristo as convida-a porque o mesmo é manso e humilde, ao contrário dos fariseus que não apresentavam tal característica. Mateus destaca a mansidão e a humidade de Jesus (18.1-10; 19.13-15), Jesus é servo messiânico profetizado pelos profetas no Antigo Testamento (Is 42.2,3; 53.1,2; Zc 9.9). Assim, Cristo demonstra que tem toda autoridade para convidar qualquer pessoa aprender dele.
“E achareis descanso para a vossa alma” são diretamente citadas de Jeremias 6.16. O descanso referido por Jesus é o “caminho antigo”, “o bom caminho”, ou seja, a Palavra de Deus, quem andar nela achará descanso para a alma. Jesus disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim (Jo 14.6).” Logo, o descanso prometido por Jesus é o cumprimento de Jeremias 6.16, toda a Escritura aponta para Cristo. Esse descanso, não está apenas para o mundo porvir, mas para o presente também.
Conclusão
Apesar de essa passagem ser aplicada muita das vezes as pessoas não convertidas a Cristo, Jesus tinha em (mente) indivíduos que conheciam a lei – povo de Deus.
Uma das lições deixadas nesse texto é sobre o legalismo. O legalismo tem deixado as pessoas cansadas e sobrecarregadas com suas doutrinas humanas e cheias de tradições. Jesus demonstra que somente nele o homem encontrará descanso, isso ele se referia um retorno as Escrituras (Jr 6.16). Portanto, essa passagem tem aplicação tanto para os cristãos, como para os não cristãos.
Sidney Muniz
Notas:
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