Comentarista: Éverton Souza
Texto Bíblico Base Semanal: Atos 7.1-14
1. E disse o sumo sacerdote: Porventura é isto assim?
2. E ele disse: Homens, irmãos, e pais, ouvi. O Deus da glória apareceu a nosso pai Abraão, estando na mesopotâmia, antes de habitar em Harã,
3. E disse-lhe: Sai da tua terra e dentre a tua parentela, e dirige-te à terra que eu te mostrar.
4. Então saiu da terra dos caldeus, e habitou em Harã. E dali, depois que seu pai faleceu, Deus o trouxe para esta terra em que habitais agora.
5. E não lhe deu nela herança, nem ainda o espaço de um pé; mas prometeu que lhe daria a posse dela, e depois dele, à sua descendência, não tendo ele ainda filho.
6. E falou Deus assim: Que a sua descendência seria peregrina em terra alheia, e a sujeitariam à escravidão, e a maltratariam por quatrocentos anos.
7. E eu julgarei a nação que os tiver escravizado, disse Deus. E depois disto sairão e me servirão neste lugar.
8. E deu-lhe a aliança da circuncisão; e assim gerou a Isaque, e o circuncidou ao oitavo dia; e Isaque a Jacó; e Jacó aos doze patriarcas.
9. E os patriarcas, movidos de inveja, venderam José para o Egito; mas Deus era com ele.
10. E livrou-o de todas as suas tribulações, e lhe deu graça e sabedoria ante Faraó, rei do Egito, que o constituiu governador sobre o Egito e toda a sua casa.
11. Sobreveio então a todo o país do Egito e de Canaã fome e grande tribulação; e nossos pais não achavam alimentos.
12. Mas tendo ouvido Jacó que no Egito havia trigo, enviou ali nossos pais, a primeira vez.
13. E na segunda vez foi José conhecido por seus irmãos, e a sua linhagem foi manifesta a Faraó.
14. E José mandou chamar a seu pai Jacó, e a toda a sua parentela, que era de setenta e cinco almas.
Momento Interação
Estêvão, o primeiro mártir cristão, era um homem dos quais escribas, fariseus e os principais dos sacerdotes não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito Santo que nele falava com ousadia e sabedoria. Fora o sacerdote que o provocara com a pergunta inicial “Porventura, é isto assim?” motivada pela falsa acusação contra ele. Aproveitando o ensejo, Estêvão vai e responde ao sacerdote e navega pela Bíblia mostrando e demonstrando que Cristo é o Messias que eles crucificaram e o mataram. Ele começa com Abraão, fala da descendência e se concentra em Moisés, em seu chamado, sua obra e ministério e, finalmente, sua palavra profética a respeito de um profeta semelhante a ele que seria levantado. A lei fora entregue ao povo judeu pelo ministério de anjos, mas não foi cumprida. Depois fala de Davi, de Salomão que seria aquele que lhe edificaria casa. Estêvão faz uma recapitulação sobre o surgimento e o desenvolvimento da nação de Israel, e é sobre este tema que trataremos no estudo desta semana.
Introdução
A história de Israel é muito longa e turbulenta. A Bíblia conta sobre as origens do povo e do país de Israel, desde a época de Abraão. Ao longo da História, Deus usou Israel para revelar Sua vontade e trazer salvação ao mundo. O povo de Israel tem uma história violenta e cheia de sofrimento, mas também com muitos milagres de Deus. Há cerca de 4000 anos atrás, Deus chamou um homem chamado Abraão e prometeu dar uma terra aos seus descendentes, que seriam o povo especial de Deus (Gn 12.1-3). Essa terra seria Canaã, onde Abraão viveu como estrangeiro pelo resto da vida.bAbraão teve um neto chamado Jacó, que teve seu nome mudado por Deus para Israel, que significa “ele luta com Deus”. Israel teve 12 filhos que deram origem às 12 tribos de Israel. Muito tempo depois, a terra de Canaã também teve seu nome mudado para Israel. Dos patriarcas ao decorrer do tempo, muitos eventos aconteceram ao se estabelecer por completo a nação de Israel em sua estrada histórica.
I. A Nação de Israel no Egito
A saída do Egito é uma passagem bíblica que está relatada no Velho Testamento, no livro de Êxodo, que justamente significa “saída”. Esta é considerada por muitos a passagem mais importante da história do povo de Israel, pois até então os israelitas viviam como escravos e essa libertação deu origem a primeira páscoa. De acordo com as escrituras, Deus escolheu Moisés para ser seu instrumento neste processo de libertação do povo. Moisés era um hebreu que havia sido criado pela filha do Faraó, que o encontrou ainda bebê dentro de um cesto boiando num rio; ele era inteirado da cultura e linguagem egípcias e capaz de falar ao faraó em sua própria língua. E apesar de ter sido criado como príncipe do Egito, não se conteve e defendeu um escravo hebreu, ao ver que este sofria uma agressão... a partir daí se tornou um foragido daquela mesma terra.
Anos mais tarde, já casado, vivendo na terra de Mídia, o Senhor teria chamado de Moisés durante uma tarde de trabalho no campo, falando a ele por meio de uma sarça ardente. No diálogo entre eles o Senhor encoraja a Moisés que retorne ao Egito, pois já havia morrido quem o perseguia; além de dar sinais a Moisés (com o cajado que se transformava em cobra, e a mão ora leprosa ora curada) que seria com ele. Vale ressaltar que este diálogo entre Moisés e Deus evidencia a compaixão de Deus, ao ouvir o clamor do povo escravizado, e a existência de uma aliança feita por Deus com Abraão, e seus descendentes Isaque e Jacó. O processo de retirada do povo israelita do Egito foi complicado, em vista da resistência do Faraó em autorizar a saída do povo. Um total de 10 pragas foram enviadas ao Egito para que o povo fosse libertado: as águas dos rios que se tornaram sangue, as rãs, piolhos, moscas, peste em animais, úlceras, chuva de pedras e fogo, gafanhotos, trevas durante 3 dias, até que culminou com a morte dos primogênitos de todas as famílias egípcias, incluindo os animais!
Neste dia, grande foi o pranto do povo egípcio e, quando finalmente Faraó consentiu em libertar o povo, saíram todos às pressas, carregando pertences e pães sem fermento. O ápice dessa trajetória ocorre diante do Mar Vermelho, quando Senhor fala com Moisés para tocar como cajado no mar e ele se abre, para o povo passar, já que Faraó, mais uma vez, havia se arrependido e estava com seus soldados atrás, tentando alcança-los para fazê-los voltar escravizados. Consta as Escrituras Sagradas que o mar se abriu e o povo passou (cf. Êx 15). Quando o mar novamente se fechou, os soldados de Faraó foram vencidos pelo mar. O povo então liberto passou a viver no Deserto, na expectativa de alcançar a terra prometida, ou seja, entrar em Canaã.
II. A Nação de Israel no Deserto
Uma jornada de semanas levou uma geração. Quando os escravos israelitas foram libertados do Egito, saíram com um destino já definido por Deus 400 anos antes. A terra onde Abraão morou seria a herança dos seus descendentes. Como podemos ver em um mapa da região, o caminho mais direto do Egito para Canaã levaria poucos dias, entrando em Canaã pelo lado Sudoeste, a região dominada, na época, pelos filisteus. Mesmo com milhões de pessoas de todas as faixas etárias e com rebanhos grandes, não seria uma viagem de mais de algumas semanas. Mas Deus não permitiu que fossem por esse caminho mais direto, sabendo que não estavam preparados para entrar em batalhas contra outros povos: “Tendo Faraó deixado ir o povo, Deus não o levou pelo caminho da terra dos filisteus, posto que mais perto, pois disse: Para que, porventura, o povo não se arrependa, vendo a guerra, e torne ao Egito” (Êx 13.17).
Deus sabia que o povo precisava se fortalecer espiritualmente para confiar nele diante dos desafios que enfrentariam, então ele conduziu os israelitas ao monte Sinai, onde teriam um ano de preparo antes de prosseguir para a terra prometida. Nesse tempo, eles receberam a lei do Senhor, prepararam o tabernáculo como um tipo de templo móvel e aprenderam sobre o papel dos sacerdotes e sobre sacrifícios e outros ritos religiosos. Deus estabeleceu ordem entre esse povo, até definindo a posição de acampamento de cada tribo e a sequência de saída em caso de batalha. Depois de sair do monte Sinai, o povo poderia ter começado a invasão da terra de Canaã em poucos dias. Mas tiveram atrasos no caminho por causa das suas atitudes rebeldes e ingratas.
Quando chegaram mais próximos ao destino, Moisés mandou doze homens para espiar a terra e voltar com relatórios da riqueza natural do lugar e informações que ajudariam na campanha militar contra os povos da região condenados por Deus. Os espiões foram, mas a maioria não foi fiel na sua missão. Apesar de todas as demonstrações do poder e da grandeza de Deus, fatos que ainda assustariam os povos pagãos 40 anos depois (Js 2.8-11), os israelitas achavam os gigantes humanos maiores do que o próprio Senhor. O problema não foi reconhecer sua própria pequenez (se achavam como gafanhotos diante dos homens enormes que habitavam em Canaã – Nm 13.33). O problema dos espiões e das pessoas que os seguiram foi a falta de confiança em Deus (Nm 14.5-9). Não acreditavam que Deus fosse maior do que os gigantes.
O livro de Números faz uma referência a esta passagem, trazendo um questionamento sobre a infidelidade do povo de Israel neste período e por este motivo, a conquista da terra prometida tenha demorado todo este tempo. Inclusive há um relato de que o Senhor perdoou o povo por intercessão de Moisés, mas ainda assim, somente dois dos que viram o povo sair do Egito pisariamem Canaã. Sãoeles Caleb e Josué. Uma outra referência a este período de espera e privação por parte deste povo está no Salmo 95.10, que diz: “Quarenta anos estive desgostado com esta geração, e disse: É um povo que erra de coração, e não tem conhecido os meus caminhos”. O velho testamento não é um livro formado por hipóteses, ou seja, não podemos afirmar como teria sido caso o povo tivesse mais obediência a Deus. Entretanto apesar de algumas “revoltas” e muita murmuração do povo, chegando inclusive a irritar Moisés, ou ainda o fato de parte do povo ter enfraquecido na fé e adorado um bezerro de ouro (durante um período em que Moisés subiu ao monte para falar com o Senhor), Deus se manteve fiel a suas promessas, e durante todo esse período proveu água e alimento, por exemplo, o maná que caía do céu.
III. A Nação de Israel na Terra Prometida
Sob a liderança de Moisés, deixaram o Egito mais de dois milhões de hebreus. Havia uma estrada que ligava o Egito a Canaã. Passava pela terra dos Filisteus, ao sul de Canaã (hoje faixa de Gaza). Por este caminho, Israel chegaria a Canaã em cerca de um mês. Entretanto, “Deus não os levou pelo caminho da terra dos filisteus, posto que mais perto, pois disse: Para que porventura o povo não se arrependa, vendo a guerra, e tornem ao Egito. Porém, Deus fez o povo rodear pelo caminho do deserto perto do Mar Vermelho” (Êx 13.17,18). Mesmo pelo “caminho do deserto”, Israel poderia ter chegado a Canaã em dois anos. Contudo, suas jornadas do Egito a Canaã levaram quarenta anos! Tal aconteceu porque, agravando-se a murmuração do povo, Deus os fez perambular pelo deserto por mais trinta e oito anos, até morrerem todos os que saíram do Egito com Moisés, exceto Josué e Calebe, que não murmuraram. As jornadas e acampamentos de Israel no deserto, suas murmurações e as extraordinárias provisões de Deus estão narradas no livro do Êxodo e resumidas em Números 33.
Calcula-se que Israel levou sete anos para conquistar Canaã. Moisés comandou a conquista das terras a leste do Jordão, e Josué os reinos do lado ocidental do Jordão. Algumas cidades e áreas somente seriam tomadas posteriormente por alguns heróis nacionais. Em seguida à conquista das terras a leste do Jordão, Moisés as deu por herança às tribos de Rubem, Gade e a meia tribo de Manassés. Josué, por sua vez, repartiu com as restantes nove tribos e meia os reinos conquistados do lado ocidental do Jordão (Js 13.7,8). A tribo de Levi, separada para o sacerdócio, não recebeu território, mas somente cidades (Js 13.7,8; 14.1-5; Js 21 e 1 Cr 6.54-81. Calebe e o próprio Josué receberam cada um uma cidade.
Antes de morrer, Josué reuniu todo o Israel e fez um discurso de despedida. Concluiu com este desafio: “Temei ao Senhor, e servi-o com integridade e com fidelidade […]. Porém, se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais […]. Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24.1-28). A bênção de Deus e a posse de Canaã dependeriam da fidelidade do povo a Javé, o Deus vivo e verdadeiro. Vale observar que, no Novo Testamento, Canaã é referida como Terra de Israel (Mt 2.20,21), Terra dos Judeus (At 10.39) e Terra da Promissão (Hb 11.9).
Conclusão
Quando Deus formou Israel seu propósito era que fosse um “reino de sacerdotes” para o Senhor, proclamando-o entre os gentios. Porém, depois dos reinados de Davi e de Salomão, os israelitas não foram fiéis à aliança. Por isso, Deus foi obrigado a discipliná-los, o que resultou na sua expulsão da terra, via exílio assírio (722 a.C.) e exílio babilônico (586 a.C.). Os profetas israelitas já haviam profetizado esses eventos, mas sempre acrescentavam que a nação seria redimida e restaurada à sua glória do passado por meio da vinda do Messias. Deus sempre guardou o povo escolhido, Israel. Protegeu-o das pragas do Egito, livrou-o do exército de Faraó, das picadas mortais das cobras no deserto. Em 1948, Israel, enfim, voltou para casa, mas continua incomodando o mundo. Embora os inimigos de Israel estejam sempre em seu encalço, a Bíblia diz que chegará um tempo em que os descendentes de Abraão serão restaurados, em sua plenitude, diante do Deus Todo-Poderoso, que prometeu: ”Desde o início, faço conhecido o fim, desde tempos remotos o que ainda virá. Digo: meu propósito ficará de pé e farei tudo o que me agrada” (Is 46.10).
Sugestão de Leitura da Semana: MENEZES, Walter. Liderança & Legado. São Paulo: Evangelho Avivado, 2018.
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