sábado, 21 de agosto de 2021

Comentário Bíblico Mensal: Agosto/2021 - Capítulo 3 - A Nação de Israel e os seus Períodos

 




Comentarista: Éverton Souza



Texto Bíblico Base Semanal: Isaías 9.8-19


8. O Senhor enviou uma palavra a Jacó, e ela caiu em Israel.

9. E todo este povo o saberá, Efraim e os moradores de Samaria, que em soberba e altivez de coração, dizem:

10. Os tijolos caíram, mas com cantaria tornaremos a edificar; cortaram-se os sicômoros, mas em cedros as mudaremos.

11. Portanto o Senhor suscitará, contra ele, os adversários de Rezim, e juntará os seus inimigos.

12. Pela frente virão os sírios, e por detrás os filisteus, e devorarão a Israel à boca escancarada; e nem com tudo isto cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.

13. Todavia este povo não se voltou para quem o feria, nem buscou ao Senhor dos Exércitos.

14. Assim o Senhor cortará de Israel a cabeça e a cauda, o ramo e o junco, num mesmo dia

15. (O ancião e o homem de respeito é a cabeça; e o profeta que ensina a falsidade é a cauda).

16. Porque os guias deste povo são enganadores, e os que por eles são guiados são destruídos.

17. Por isso o Senhor não se regozija nos seus jovens, e não se compadecerá dos seus órfãos e das suas viúvas, porque todos eles são hipócritas e malfazejos, e toda a boca profere doidices; e nem com tudo isto cessou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.

18. Porque a impiedade lavra como um fogo, ela devora as sarças e os espinheiros; e ela se ateará no emaranhado da floresta; e subirão em espessas nuvens de fumaça.

19. Por causa da ira do Senhor dos Exércitos a terra se escurecerá, e será o povo como combustível para o fogo; ninguém poupará ao seu irmão.

Momento Interação

Essa é a esperança de Israel: o trono de Davi! Parece que sempre foi assim. Quando Saul comandava Israel e Davi era seu general, todos desejavam Davi no governo. Quando governou, conduziu a nação ao auge e a tornou grande potência à sua época. Depois de sua morte, tornou-se o modelo da comparação dos reis subsequentes. Quando o rei era bom, era comparado a Davi! A despeito da rejeição ao trono de Davi pelos habitantes do Reino do Norte, por causa de Roboão que não lhes ouviu, a provisão futura de Deus para a sua libertação seria o grande filho de Davi que viria. No tempo de seu reinado (reinado de Davi), Israel não se dividiu e dificilmente se dividiria com ele, mas foi com seu filho que foi filho de Salomão, seu filho, que aconteceu a divisão da nação em reinos do norte e do sul. As primeiras cidades a sofrerem com os assírios – 732 a.C., (2 Rs 15.29) – foram Zebulom e Naftali, o capitulo 9 já começa com uma palavra de ânimo a essas terras. O juízo veio e foi necessário, por isso que foram essas cidades tornadas desprezíveis nos primeiros tempos, mas nos últimos, tudo seria diferente. Entre todos os que voltaram do exílio, muitos eram das tribos do norte (1 Cr 9.3). Deus abriria, a partir de uma situação onde anteriormente existiam apenas sombras (Is 24.11; 35.10; 51.3,11; 55.12; 61.7; 66.7), um novo futuro, uma nova oportunidade, para o humilde Reino do Norte que se houvera tão desprezível.

Introdução

Quando Deus chamou Abraão para que deixasse a parentela e fosse para uma determinada terra (Gn 12.1), este foi para Canaã. Ali, ele peregrinou e criou sua família. O Senhor prometeu que daria aos descendentes de Abraão "esta terra" (Gn 12.7), e repetiu a promessa para Abraão (Gn 13.14,15, 17; 17.8), Isaque (Gn 26.3,4) e Jacó (Gn 28.13). O Senhor explicou que o cumprimento ia demorar uns quatrocentos anos (Gn 15.13-16). De fato, 430 anos depois (Êx 12.40-41), o Senhor levantou Moisés que libertou o povo do Egito e o conduziu à terra prometida. Por causa da incredulidade do povo, a realização da promessa demorou mais uma geração (Nm 13-14). Mas finalmente, Israel entrou e conquistou a terra.

Israel tomou conta de toda a terra que Deus prometeu. "Assim o Senhor deu aos israelitas toda a terra que tinha prometido sob juramento aos seus antepassados, e eles tomaram posse dela e se estabeleceram ali ... De todas as boas promessas do Senhor à nação de Israel, nenhuma delas falhou; todas se cumpriram" (Js 21.43,45). O próprio Josué afirmou num discurso aos líderes de Israel: "Vocês sabem, lá no fundo do coração e da alma, que nenhuma das boas promessas que o Senhor, o seu Deus, lhes fez deixou de cumprir-se. Todas se cumpriram; nenhuma delas falhou" (Js 23.14b; 1 Rs 4.21; Ne 9.7,8).

Deus deu a terra para o povo de Israel de forma incondicional. Logo antes da entrada do povo na terra prometida, o Senhor explicou: "Não é por causa de sua justiça ou de sua retidão que você conquistará a terra delas. Mas é por causa da maldade destas nações que o Senhor, o seu Deus, as expulsará de diante de você, para cumprir a palavra que o Senhor prometeu, sob juramento, aos seus antepassados, Abraão, Isaque e Jacó" (Dt 9.5). Os israelitas receberam a terra apenas porque Deus havia garantido aos patriarcas que a daria aos seus descendentes. Mas eles iriam continuar na terra somente por sua fidelidade ao Senhor. Em Deuteronômio 28 e Levítico 26, Deus salientou as maldições que o povo ia sofrer caso quebrasse a aliança, inclusive a expulsão da terra: "Vocês serão desarraigados da terra em que estão entrando para dela tomar posse" (Dt 28.63b). Eles desobedeceram ao acordo que fizeram com Deus múltiplas vezes e apesar de longanimidade enorme, finalmente o Senhor concretizou as maldições contra a nação

I. O Período dos Juízes

O livro de Juízes conta, resumidamente, a história do período entre a morte de Josué e o início da monarquia de Israel, um total de mais de três séculos. Deus já havia revelado sua Lei para governar o povo e usou este período para tentar educar os israelitas na importância da obediência, reforçando o ensinamento comunicado por meio de Moisés no deserto.

Alguns trechos de Juízes frisam suas mensagens principais. Deus enfatizou o fato que os problemas enfrentados pelo povo nas gerações depois de Josué não vieram por infidelidade divina, e sim por desobediência humana: “Subiu o Anjo do SENHOR de Gilgal a Boquim e disse: Do Egito vos fiz subir e vos trouxe à terra que, sob juramento, havia prometido a vossos pais. Eu disse: nunca invalidarei a minha aliança convosco. Vós, porém, não fareis aliança com os moradores desta terra; antes, derribareis os seus altares; contudo, não obedecestes à minha voz. Que é isso que fizestes? Pelo que também eu disse: não os expulsarei de diante de vós; antes, vos serão por adversários, e os seus deuses vos serão laços” (Jz 2.1-3).

Ao longo do livro, geração após geração, Israel sofreu as consequências da sua própria incredulidade. Por não acreditarem na palavra de Deus sobre o perigo de se envolver com os povos idólatras que permaneciam na terra, criaram laços com esses povos e foram castigados, exatamente como o Senhor havia avisado. A expressão que melhor representa o período dos juízes é repetida algumas vezes no livro e serve como conclusão no último versículo: “Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto” (Jz 21.25; 17.6; 18.1; 19.1). 

II. O Período dos Reis de Judá

A capital do Reino do Sul continuou sendo Jerusalém. Diferentemente dos reis do reino de Israel que vinham de diferentes dinastias, os reis do reino de Judá eram todos descendentes da casa de Davi. A única exceção foi o período de pouco mais de seis anos em que Atalia usurpou o trono de Judá após Acazias, seu filho, ter sido assassinado. De modo geral o Reino do Sul teve reis que foram mais comprometidos com a vontade do Senhor. A adoração continuou centralizada no Templo em Jerusalém, conforme havia sido nos dias de Davi e Salomão. Mas ainda assim o reino de Judá também teve problemas com a idolatria. Então por várias vezes o impenitente Reino do Sul foi avisado pelo Senhor através dos profetas acerca do juízo iminente que seria derramado por causa do pecado.

Por ser mensagens espirituais, e não apenas registros políticos e históricos, os relatos dos reinados desses homens incluem avaliações dos seus governos e comentários sobre o caráter dos próprios reis. A fórmula comum para introduzir os reis foi a mesma na maioria dos registros: Nome, idade quando começou a reinar, duração do reinado e a avaliação (“fez o que era mau” ou “fez o que era reto perante o SENHOR”). Depois dessas introduções, seguiam mais informações sobre os atos do rei, encerrando com as circunstâncias da sua morte e o nome do seu sucessor. Encontramos exemplos dessas fórmulas em 2 Crônicas 34.1,2 e 36.9,10. Judá teve alguns reis bons que se preocupavam com a vontade de Deus, e muitos outros que conduziam a nação para mais longe do Senhor. Os resumos dos últimos reis antes da destruição de Jerusalém pela Babilônia (586 a.C.) ilustram essas diferenças significativas.

Depois da morte de Josias em uma batalha em Carquemis, Judá foi governado por uma série de reis fantoches durante os últimos anos do reino. Esses quatro últimos reis foram subordinados aos reis do Egito e da Babilônia, mas nenhum deles se dedicou ao Senhor (2 Cr 36). Politicamente, poderíamos comparar as últimas décadas da nação de Judá com as oscilações entre as principais tendências políticas nos dias de hoje. Se um partido conservador controlar o governo por alguns anos, é provável que um outro, mais liberal, tome as rédeas por um tempo. Assim, politicamente, Judá oscilava entre reis que buscavam acordos com outras nações e outros que confiavam em Deus.

O ponto importante, porém, é espiritual, não político. A ênfase está na distinção entre reto e mau. As oscilações espirituais são muito mais importantes e preocupantes do que os ventos políticos. Quando traçamos a história de cada rei, percebemos que cada um decidiu qual caminho seguir. Nem sempre os filhos seguem os pais. Nessa história, filhos se rebelaram contra pais, ou para pior ou para melhor. As decisões que tomaram tinham consequências. Reis bons conduziam a nação para tempos melhores, mas os reis maus levaram o povo à destruição. Não importa a nossa posição na sociedade, as nossas decisões sobre a vontade de Deus têm consequências. As decisões de governantes afetam nações inteiras (Pv 14.34).

III. O Período dos Reis de Israel

O livro de 2 Reis registra três séculos tristes na história dos reinos de Israel e Judá. Continuando a história contada em 1 Reis, este livro relata os reinados paralelos dos reis de Israel e Judá do nono século a.C. até a queda destes reinos. Israel caiu à Assíria em 721 a.C., e Judá caiu À Babilônia em 586 a.C. O final do livro acrescenta mais informações sobre o cativeiro, com a última anotação sobre a libertação de Joaquim em 561 a.C. Estes três séculos foram especialmente tristes, não somente pela queda destes dois reinos, mas pelos motivos que levaram o Senhor a determinar tal sofrimento para seu povo. Depois da divisão do reino, todos os reis do norte (Israel) foram rebeldes contra Deus. Alguns eram piores que outros, mas nenhum dos reis de Israel se mostrou fiel ao Senhor. Pouco mais de 200 anos depois da divisão dos reinos, Israel caiu. Vale a pena ler a explicação dos motivos deste castigo severo, registrada em 2 Reis 17.

As dez tribos do norte se unirão a Jeroboão e fizeram dele seu rei, dando início ao Reino do Norte que frequentemente é chamado de Reino de Israel. Durante o reino dividido a primeira capital do Reino do Norte foi a cidade de Tirza, mas depois passou a ser Samaria. Foi justamente nesse período que tiveram início a tensão que com o tempo se tornou numa grande rivalidade entre judeus e samaritanos. Ao longo de sua breve história, o Reino do Norte teve nove dinastias, totalizando dezenove reis. No geral os reis do Reino do Norte fizeram muitas coisas que desagradaram ao Senhor. Inclusive, muitos desses reis chegaram ao trono por meios violentos e perversos.

Politicamente o Reino do Norte foi marcado por muita conspiração, e religiosamente foi marcado por muita idolatria. O próprio Jeroboão, o primeiro rei do Reino do Norte, tão logo já esteve envolvido em idolatria e chegou a criar centros de adoração ilícitos em seu território. Apesar de a divisão política ter sido legítima, a divisão religiosa era errada. Os israelitas deveriam ter continuado adorando no Templo em Jerusalém. Talvez o auge da idolatria no Reino do Norte aconteceu durante o reinado do rei Acabe que foi profundamente influenciado por Jezabel. Nesse período Deus levantou o profeta Elias e o profeta Eliseu para denunciar a idolatria em Israel.

A corrupção política, social e religiosa do Reino do Norte também são claramente percebidas na profecia do profeta Amós. Outro profeta levantado por Deus para profetizar ao Reino do Norte foi Oseias. Inclusive, através das próprias experiências pessoais do profeta Oseias com sua esposa adúltera, Deus exemplificou o adultério religioso do Reino do Norte.

IV. O Período do Cativeiro Babilônico

Babilônia foi a nação usada por Deus para castigar o povo de Judá e destruir a cidade de Jerusalém em 586 a.C. Foi, também, o local do cativeiro dos judeus que sobreviveram a guerra contra a Babilônia. Nas colônias dos cativos, perto dos canais na Babilônia, os judeus lamentaram sobre sua separação do Senhor e ausência do local de adoração. Os assírios espalharam os hebreus de Israel (o reino do norte) quando destruíram sua capital, Samaria, em 721 a.C. Pouco mais de 100 anos depois, o império da Assíria caiu à Babilônia, e os territórios dominados pelos assírios passaram ao controle dos babilônios. A razão final por que o povo de Judá foi levado cativo para a Babilônia é descrita, com muita clareza, em 2 Reis 23.36–37; 24. Depois de séculos de rebeldia e de rejeição da aliança, os três últimos reis de Judá, Jeoaquim, Joaquim e Zedequias, colocaram a cereja final da maldade no indigesto bolo da apostasia do povo de Deus. A somatória dos anos de reinado desses três monarcas foi a gota d’água para o reino de Judá: “Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra: os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam de mãos dadas com eles; e é o que deseja o meu povo. Porém que fareis quando estas coisas chegarem ao seu fim?” (Jr 5.30,31).

Logo em seguida, a Babilônia começou a atacar Judá (o reino do sul). Levaram judeus de Judá cativos em três etapas: (1) 605 a.C. – Daniel foi entre os jovens nobres levados à terra dos babilônios; (2) 597 a.C. – Ezequiel foi levado com este grupo; (3) 586 a.C. – Neste ano, a cidade de Jerusalém foi destruída junto com o templo dos judeus, muitos dos judeus foram mortos e outros foram levados ao cativeiro na Babilônia. Alguns dos pobres foram deixados na terra, e ao profeta Jeremias foi dado a escolha de ir para a Babilônia ou ficar em Jerusalém. Ele optou por ficar com os pobres em Jerusalém. A Babilônia, por sua vez, caiu aos medo-persas, conduzidos por Ciro, em 539 a.C. Eles adotaram uma política diferente dos seus antecessores, permitindo que os povos dominados voltassem às suas terras. Especificamente, os judeus receberam autorização e apoio dos medo-persas para voltar para Jerusalém. 

O Profeta Jeremias denuncia o seu povo afirmando que “… a palavra do SENHOR é para eles coisa vergonhosa; não gostam dela” (Jr 6.10). Por essa razão, o caminho de destruição e miséria espiritual estava aberto. Judá descia cada vez mais a ladeira da perversão e, esquecendo-se do Senhor, buscava outros deuses e se afastava do verdadeiro Deus. As descrições dos últimos reis de Judá nos dão ideia de como eles ampliaram o caminho para a idolatria e a perversão. E, de acordo com Paulo, quando os homens negam o verdadeiro Deus, a derrocada deles é algo esperado e progressivo (Rm 1.18-32). À medida que se tornam mais rebeldes contra o conhecimento de Deus, mais ineptos se tornam, incapazes de compreender a vida e as realidades divinas (1 Co 2.14). Ezequiel 9.9 afirma: “A iniquidade da casa de Israel e de Judá é excessivamente grande, a terra se encheu de sangue, e a cidade, de injustiça; e eles ainda dizem: O SENHOR abandonou a terra, o SENHOR não nos vê”. Assim era a tentativa inútil do povo de se esconder do Senhor. Esta esquiva era uma prova de que ignoravam as Escrituras e tudo aquilo que os seus pais lhes havia legado.

V. O Período Pós-Cativeiro Babilônico

Ciro foi o rei da Pérsia que governou aproximadamente entre 559 e 530 a.C. A história do rei Ciro ficou conhecida na Bíblia por ele ter sido o instrumento que Deus usou para libertar o povo judeu do cativeiro babilônico. Por esse motivo seu reinado foi profetizado muito antes pelo profeta Isaías. Na história, Ciro é conhecido como Ciro, o Grande, e como Ciro II. Então é importante não confundi-lo com Ciro I que reinou na região da Pérsia antes dele. Na verdade Ciro I foi o pai de Cambises I e, portanto, avô de Ciro II.

Babilônia era uma cidade muito fortificada, com muralhas intransponíveis. A Babilônia era tão rica e fértil ­ – com o rio Eufrates passando por dentro da cidade – que poderia produzir alimentos internamente, tornando qualquer sítio da cidade algo praticamente inútil. Mas de forma muito inteligente Ciro conseguiu conquistar a cidade sem sofrer qualquer resistência. Os estudiosos dizem que o rei Ciro posicionou seu exército tanto na entrada como na saída do rio que atravessava a cidade. Seus homens conseguiram desviar o curso do rio possibilitando que os soldados medo-persas entrassem na Babilônia com o leito do rio praticamente seco.

Então enquanto os babilônios davam uma festa, o exército medo-persa marchava silenciosamente pela cidade. Assim, em outubro de 539 a.C., a Babilônia caiu perante o exército persa liderado pelo general Gobryas. Aqui vale lembrar que a queda da Babilônia foi avisada por Deus. Inclusive, a Bíblia diz que durante a noite em que a Babilônia foi conquistada, a festa blasfema de Belsazar foi interrompida quando apareceram dedos de uma mão que escreveram na parede a misteriosa inscrição: “Mene, Mene, Tequel e Parsim”.

O período que envolve o pré-cativeiro, o cativeiro e o pós-cativeiro foi marcado por uma grande atividade literária, onde notáveis profetas do Senhor se destacaram, como: Habacuque, Ezequiel, Jeremias, Obadias, Daniel, Zacarias e Ageu. Foi nesse período também onde surgiu o conceito de sinagoga. A totalidade dos que voltaram do exílio atingiu o número de 42.360 homens, além dos seus 7.337 servos e servas; havia entre eles 200 cantores e cantoras. Possuíam 736 cavalos, 245 mulas, 435 camelos e 6.720 jumentos. Quando chegaram ao templo do Senhor em Jerusalém, alguns dos chefes das famílias deram ofertas voluntárias para a re­construção do templo de Deus no seu antigo local. De acordo com as suas possibilidades, deram à tesouraria para essa obra quinhentos quilos de ouro, três toneladas de prata e cem vestes sacerdotais. Os sacerdotes, os levitas, os cantores, os porteiros e os servidores do templo, bem como os demais israelitas, estabeleceram-se em suas cidades de origem.

Quando chegou o sétimo mês e os israelitas já estavam em suas cidades, o povo se reuniu como um só homem em Jerusalém. Então Jesua, filho de Jozadaque, e seus colegas, os sacerdotes, e Zorobabel, filho de Sealtiel, e seus companheiros começaram a construir o altar do Deus de Israel para nele sacrificarem holocaustos, conforme o que está escrito na Lei de Moisés, homem de Deus. Apesar do receio que tinham dos povos ao redor, construíram o altar sobre a sua base e nele sacrificaram holocaustos ao Senhor, tanto os sacrifícios da manhã como os da tarde. Depois, de acordo com o que está escrito, celebraram a festa das cabanas com o número determinado de holocaustos prescritos para cada dia. A seguir apresentaram os holocaustos regulares, os sacrifícios da lua nova e os sacrifícios requeridos para todas as festas sagradas determinadas pelo Senhor, bem como os que foram trazidos como ofertas voluntárias ao Senhor. A partir do primeiro dia do sétimo mês começaram a oferecer holocaustos ao Senhor, embora ainda não tivessem sido lançados os alicerces do templo do Senhor.

Conclusão

Algumas pessoas pensam que Deus tem-se comprometido a dar a terra a Israel hoje por causa da promessa a Abraão: "Toda a terra de Canaã, onde agora você é estrangeiro, darei como propriedade perpétua a você e a seus descendentes; e serei o Deus deles" (Gn 17.8). A noção da perpetuidade da possessão da terra leva algumas pessoas a concluir que o judeu ainda tem o direito a esta terra hoje. Porém, a palavra 'perpétua' no Antigo Testamento não significa algo que nunca cessa. Se fosse assim, os anos que Israel ficou fora da terra no exílio e no intervalo entre 70 e 1948 teriam violado a promessa. 'Perpétuo' em hebraico significa um bom tempo. 

Notemos que a circuncisão era 'aliança perpétua' (Gn 17.13), mas sabemos que hoje circuncisão não tem mais nada a ver com nosso relacionamento com Deus (Gl 5.1-4; 6.15). Também o sábado era 'aliança perpétua' (Êx 31.16), mas hoje o sábado não faz mais parte das nossas obrigações perante o Senhor (Cl 2.16,17). Os sacerdotes levíticos eram 'sacerdócio perpétuo' (Nm 25.13), mas o sacerdócio hoje está mudado porque foi impossível alcançar a perfeição por meio do sacerdócio levítico (Hb 7.11,12). Então a idéia de perpetuidade no Velho Testamento se limitava a continuidade naquela época.

Outras pessoas notam as profecias que dizem que o povo de Deus viverá na terra para sempre; por exemplo, "Viverão na terra que dei ao meu servo Jacó, a terra onde os seus antepassados viveram. Eles e os seus filhos e os filhos de seus filhos viverão ali para sempre, e o meu servo Davi será o seu líder para sempre" (Ez 37.25). Os profetas geralmente expressaram as bênçãos espirituais em Cristo em termos ligados com as coisas já conhecidas.

Sugestão de Leitura da Semana: MUNIZ, Sidney. Panorama Bíblico Volume 2 - Livros Históricos. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017. 


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