Comentarista: Gustavo Linhares
Texto Bíblico Base Semanal: 2 Coríntios 1.3-14
3. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda a consolação,
4 que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, pela consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus.
5 Porque, como as aflições de Cristo transbordam para conosco, assim também por meio de Cristo transborda a nossa consolação.
6 Mas, se somos atribulados, é para vossa consolação e salvação; ou, se somos consolados, para vossa consolação é a qual se opera suportando com paciência as mesmas aflições que nós também padecemos;
7 e a nossa esperança acerca de vós é firme, sabendo que, como sois participantes das aflições, assim o sereis também da consolação.
8 Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois que fomos sobremaneira oprimidos acima das nossas forças, de modo tal que até da vida desesperamos;
9 portanto já em nós mesmos tínhamos a sentença de morte, para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos;
10 o qual nos livrou de tão horrível morte, e livrará; em quem esperamos que também ainda nos livrará,
11 ajudando-nos também vós com orações por nós, para que, pela mercê que por muitas pessoas nos foi feita, por muitas também sejam dadas graças a nosso respeito.
12 Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência, de que em santidade e sinceridade de Deus, não em sabedoria carnal, mas na graça de Deus, temos vivido no mundo, e mormente em relação a vós.
13 Pois outra coisa não vos escrevemos, senão as que ledes, ou mesmo reconheceis; e espero que também até o fim as reconhecereis;
14 como também já em parte nos reconhecestes, que somos a vossa glória, assim vós sereis a nossa no dia do Senhor Jesus.
Momento Interação
Todos são chamados para pregar a palavra de Deus! Você pode pregar de várias maneiras diferentes; não existe uma única fórmula para pregar (Mc 16.15). No entanto, a Bíblia dá vários conselhos sobre como pregar a palavra de Deus. Pregar significa anunciar, expor ou explicar a palavra de Deus. Algumas pessoas são chamadas para pregar com sermões e estudos bíblicos mas todos podemos pregar de outras maneiras. A Bíblia deve ser a base e o centro de toda pregação (2 Tm 3.16,17). Você pode usar outras histórias e exemplos para ilustrar situações mas a mensagem principal deve ser sempre fundamentada na Bíblia. Somente a palavra de Deus tem autoridade suprema. Procuremos fundamentar suas ideias e argumentos na Bíblia. Nosso objetivo principal ao pregar é revelar e explicar a palavra de Deus, para que outros ganhem entendimento e sejam edificados.
Introdução
Você já pensou em ser missionário? Se você não pensou, saiba que Deus tem planos missionários em sua vida. Pode ser onde você está. Pode ser do outro lado do mundo. O lugar é com Ele. A sua parte é ter o coração pronto para obedecer. Vamos ouvir a voz de Deus? Quando entendemos nosso papel de testemunhas, começamos a perceber as muitas oportunidades que temos para servir ao Senhor. “Aproveitai as oportunidades” (Cl 4.5). Quando analisamos a Palavra de Deus, nela nós percebemos que o primeiro gesto missionário de Deus aconteceu na criação. Depois de ter criado todas as coisas através da Palavra. Deus decide criar o ser humano. Mas esta criação se dá de forma especial.
A missão vai ter sempre o seu início naquele que é o missionário por excelência, o próprio Deus. Neste caso, precisamos entender com clareza que “a missão é anterior ao povo de Israel e a Igreja; ela começou com Deus em sua interação de Criador e com o seu amor” . A missão nasce então, do envolvimento de Deus com sua criação, trata-se de um envolvimento profundo, um envolvimento de amor cuja finalidade é a promoção do ser humano. O que deve mover o ardor missionário e com ele a evangelização, não é o desejo de encher a igreja de membros, mas o amor pelas almas associado ao desejo de promovê-las. Isto é, elevar seu nível e qualidade de vida. Trata-se aqui de pensarmos em missão num sentido integral, cuja finalidade é a promoção total do ser humano, envolvendo-o e transformando-o no âmbito religioso, social, político, étnico e ético.
I. A Perseverança nas Missões Evangelísticas
Qual é, portanto, o grande plano e propósito de Deus? Uma das respostas mais concisas a essa pergunta é dada por Paulo. Deus “revelou o mistério da sua vontade, de acordo com o seu bom propósito que ele estabeleceu em Cristo, isto é, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, celestiais ou terrenas, na dispensação da plenitude dos tempos” (Ef 1.9,10, NVI). Quando Paulo fala da “vontade de Deus”, ele (normalmente) não se refere à orientação pessoal de Deus para nossa vida individualmente, mas a seu grande propósito cósmico para todo tempo e espaço. E Paulo diz: o plano de Deus é trazer cura e unidade para toda a criação em e através de Cristo. A missão de Deus é redimir toda a criação, ferida pelo pecado e pelo mal, em uma nova criação, povoada pelos redimidos de todas as culturas, através da cruz e da ressurreição de Cristo. Penso que é isso a que Paulo se referiu ao dizer “toda a vontade de Deus” (At 20.27). É o plano de Deus desde Gênesis até Apocalipse. Ele inclui toda a grande narrativa bíblica: criação – queda – redenção – nova criação, centrada em e unida em Cristo.
Missão, portanto, é fundamentalmente a atividade de Deus, levando adiante toda a história e trazendo-a à sua gloriosa conclusão. Toda a Bíblia revela a missão de Deus de trazer unidas sob Cristo todas as coisas, no céu e na terra, reconciliando-as através do sangue da sua cruz. No cumprimento da sua missão, Deus transformará a criação ferida pelo pecado e pelo mal em uma nova criação na qual não exista mais pecado nem maldição. Deus cumprirá sua promessa a Abraão de abençoar todas as nações na terra, através do evangelho de Jesus, o Messias, a semente de Abraão. Deus transformará o mundo partido formado pelas nações espalhadas sob o juízo de Deus em uma nova humanidade, de toda tribo, nação, povo e língua, redimida pelo sangue de Cristo, reunidos ali para adorar nosso Deus e Salvador. Deus destruirá o reino de morte, corrupção e violência quando Cristo voltar para estabelecer seu reino eterno de vida, justiça e paz. Então, Deus, Emanuel, habitará conosco, e o reino do mundo se tornará o reino do nosso Senhor e do seu Cristo e ele reinará para sempre e sempre.
E o nosso papel? Quem somos nós e para que estamos aqui? Qual é a missão do povo de Deus? A declaração acima deve pelo menos nos preparar para esperarmos que a resposta seja claramente ampla, pois se a Bíblia nos mostra que a grande missão de Deus é tão abrangente em escopo, então a missão da igreja deve ter uma amplitude análoga. Não no sentido de que possamos fazer tudo o que Deus faz. Deus é Deus e nós não somos! Mas no sentido de que quando Deus nos chama para participar com ele no cumprimento do seu grande propósito para a criação e a humanidade, ele nos chama de fato para uma tarefa realmente grande.
II. O Progresso das Missões Evangelísticas
Todo missionário tem um período de visita às igrejas. Ofereça hospedagem, chame para uma refeição. Você pode abençoar muito a família missionária, e sua família será grandemente abençoada também. É comum os missionários voltarem do campo esgotados e cansados, precisando de amigos, refúgio, cuidados e férias de verdade. Os que têm filhos precisam de tempo como casal. Enfim, os missionários têm necessidades como todas as pessoas e, quando estão fora do campo, precisam recarregar as forças emocionais e físicas, e renovar a visão. Aproxime-se, seja sensível. Abra seu coração e sua casa para acolher os que têm dado a vida no campo missionário.
Na igreja primitiva, os cristãos entendiam que tudo o que tinham, inclusive as casas, era para serviço ao Senhor. Os lares estavam sempre abertos para oração, comunhão e refeições (At 2.42-47). A sua casa pode ser um local de refúgio para os vizinhos angustiados e corações abatidos. Você pode abençoar muitos com estudos bíblicos, em pequenos grupos. Gastamos muito tempo cuidando de coisas, mas o Senhor nos chama para cuidar de pessoas. Por isso é preciso planejar, separar tempo, convidar pessoas e investir em relacionamentos. Não precisa ser nada muito elaborado e nem caro. O objetivo é desenvolver relacionamentos e estar aberto ao que Deus quer fazer. Faça um bolo e chame algumas vizinhas para um chá à tarde, leia um texto bíblico, compartilhe sua fé; ouça os outros. Busque as pessoas. Quando a igreja primitiva tinha a casa aberta, “acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que indo sendo salvos” (At 2.47).
Para abordar as necessidades do campo missionário, oferece-se ao cristão uma escolha entre três opções: orar, ir ou contribuir. Mas a Bíblia não coloca essa divisão; somos chamados a fazer as três coisas, e uma não exclui as outras! Se o nosso coração estiver em missões, nossos joelhos estarão dobrados, nosso testemunho alcançará pessoas e nosso bolso estará investindo no que é eterno! (Mt 6.19-21). Nossa cultura tem o costume de dar para missões aquilo que não serve mais. Com muita tristeza, missionários recebem roupas rasgadas e completamente fora de moda, medicamentos vencidos, brinquedos quebrados, livros rasgados e por aí afora. A obra missionária não deve ser feita com nossos restos, mas com aquilo que revela o amor do Pai. Em 1 Crônicas 21.23-34, Davi se recusa a dar ao Senhor algo que não lhe custasse nada. Ele queria pagar o preço, investir! Davi era generoso com as coisas de Deus, e o povo seguiu seu exemplo, dando voluntariamente e liberalmente ao Senhor (2 Cr 29.9).
III. As Missões Evangelísticas no Brasil e no Mundo
Nos últimos momentos com os discípulos, Cristo fez questão de enfatizar a necessidade de o Seu rebanho permanecer anunciando as boas-novas do Evangelho. Uma determinação explícita na Bíblia. “Jesus se aproximou deles e disse: ‘Toda a autoridade no céu e na terra me foi dada. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinem esses novos discípulos a obedecerem a todas as ordens que eu lhes dei. E lembrem-se disto: estou sempre com vocês, até o fim dos tempos’” (Mt 28.18-20); “Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16.15).
Diz a lei ainda que devemos iniciar esse trabalho pela família. “Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da Igreja de Deus?” (1 Tm 3.5). Embora pareça simples cumprir essa ordenança, é preciso ter motivação, saber lidar de forma diferenciada com as finanças e se deixar ser ferramenta divina. Fato é que, mesmo em meio à nossa família, junto aos vizinhos ou amigos, muitos de nós vêm apresentando dificuldade em expressar o amor a Cristo ou não têm ficado atento à grande missão. Felizmente, há muitos crentes que arregaçaram as mangas e mergulharam de cabeça no desafio do Ide. Além de atuarem em meio à comunidade em que vivem, decidiram levar o conforto da fé a áreas de risco ou a comunidades mais isoladas, de difícil acesso.
“Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam a paz, dos que anunciam coisas boas!” (Rm 10.13-15). Adoniran Judson, missionário americano que atuou na Birmânia (Myanmar) por quase 40 anos, disse que “muitos crentes consagrados jamais atingirão os campos missionários com os seus próprios pés, mas poderão alcançá-los com os seus joelhos”.
A situação missionária atual não é das melhores, pois das 258 tribos indígenas brasileiras apenas 34 possuem o Novo Testamento em sua língua. Isto é, 136 não têm nada da Bíblia traduzido, e 118 não possuem missionários. A janela 10/40, a área mais perigosa do mundo para se pregar o Evangelho, possui os 62 países menos evangelizados do mundo, 97% dos povos não alcançados e 82% da população mais pobre do mundo.
A SITUAÇÃO DO BRASIL, SEGUNDO O IBGE (2000):
⦁ 71 cidades com menos de 1% de evangélicos;
⦁ A média de evangélicos nas regiões brasileiras é de 15,41%. Porém, no Nordeste a média é de 10,26%;
⦁ Em 12 estados brasileiros a taxa está acima de 20%. Porém, no Nordeste não há nenhum estado com mais de 15% de evangélicos. Em 6 estados do Nordeste a população de evangélicos está abaixo de 10% (AL, CE, PB, PI, RN e SE);
⦁ Desses 6 estados, a Paraíba é o que possui a maior concentração de cidades com menos de 5% de evangélicos;
⦁ Alagoas possui a maior concentração de cidades com menos de 1% de evangélicos;
⦁ O Piauí é o que possui a população com o menor percentual de evangélicos do país;
⦁ 11 cidades brasileiras possui o índice de “0” (zero) evangélicos;
⦁ O Rio Grande do Sul é o estado com o maior número de cidades com índice “zero” de evangélicos (9 cidades);
⦁ Existem 11 cidades no Brasil sem nenhuma presença evangélica: Queluzito (MG), Carrapateira (PB), Boa Vista do Sul (RS), Nova Alvorada (RS), Nova Roma do Sul (RS), Protásio Alves (RS), Relvado (RS), Santo Antônio do Palma (RS), São Jorge (RS), União da Serra (RS), Vespasiano Correa (RS);
Conclusão
Além do compromisso com o Senhor, alguns requisitos são necessários. O voluntário ou missionário estarão em culturas diferentes (mesmo dentro do seu país). É preciso ter disposição para se adaptar ao clima, à alimentação, às condições de hospedagem, ao ritmo de trabalho, às estratégias de evangelismo. É importante verificar os cuidados de saúde para a região aonde vai, como vacinas, por exemplo. É necessário respeitar a realidade que encontramos; não diminuir as pessoas; não fazer piadas com as diferenças entre seu contexto e o do outro; estar disposto a demonstrar amor, apesar das diferenças!
O perfil dos voluntários em missões de curto prazo é bem variável. Apesar de todas as orientações, não é raro encontrar aqueles que chegam mais interessados em conhecer novos lugares do que pregar o evangelho. Outros acham que é algo como retiro da igreja, acampamento. Outros ainda acham que são algum tipo de super-herói cristão, um Indiana Jones missionário. As motivações podem ser diferentes, mas é certo que Deus trabalha em todos os lados: nas pessoas que recebem a atenção e nas que se dispõem a servir. Em cada vida Deus tem algo pessoal a fazer, e Ele faz!
É muito comum ser invadido por um sentimento de frustração frente às limitações. Temos a impressão que podemos fazer tão pouco ou quase nada, diante de tantos problemas sociais, econômicos, familiares, espirituais. Nesses momentos, levante os olhos, olhe para o Senhor e creia que Deus pode e usa o seu pouco para alcançar e abençoar o outro. O pouco aos seus olhos, colocado nas mãos do Pai, se transforma em muito.
Recomendação de Leitura da Semana: BARROS, Emanuel. Uma Vida de Frutificação. São Paulo: Evangelho Avivado, 2021.
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