quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Salmo 65 - Coroas o Ano da Tua Bondade

 




Por Leonardo Pereira



A dedicação de Davi à adoração do Senhor é evidente durante toda a sua vida, e especialmente nos últimos anos do seu reinado em Israel. Apesar de Deus não permitir que Davi construísse o templo em Jerusalém, esse servo dedicou seus últimos anos aos preparos para aquele edifício magnífico e trabalhou muito para organizar o culto e compor hinos para os israelitas honrarem ao Senhor. O Salmo 65 é um bom exemplo dessa adoração.

“A ti, ó Deus, confiança e louvor em Sião! E a ti se pagará o voto” (verso 1). Davi inicia esse cântico com o foco unicamente em Deus. Nenhum outro merece a confiança e a adoração dos homens. Todos devem dirigir seu serviço ao soberano Criador. Ele dedica o resto desse Salmo à enumeração de motivos para esse louvor.

Os homens devem louvar a Deus porque ele perdoa seus pecados: “Ó tu que escutas a oração, a ti virão todos os homens, por causa de suas iniquidades. Se prevalecem as nossas transgressões, tu no-las perdoas” (versos 2 e 3). Duas das características que definem Deus são a capacidade de responder às orações e o direito de perdoar pecados (Is 44.17,18; 45.17,22; Mc 2.10). É interessante observar aqui, também, a mensagem universal que Davi anuncia. Ele não vê Deus como unicamente o Salvador de Israel. Davi, como faria Isaías 300 anos depois, sugere a aplicação da misericórdia de Deus para todos os homens (Is 2.1-4).

Devemos valorizar o privilégio da comunhão com Deus: “Bem-aventurado aquele a quem escolhes e aproximas de ti, para que assista nos teus átrios; ficaremos satisfeitos com a bondade de tua casa — o teu santo templo” (verso 4). Davi desejava profundamente a presença de Deus, e sofria muito quando se sentia afastado do Senhor por causa dos seus pecados (Sl 6.1-3; 31.9-10). Se Davi valorizou tanto o privilégio de chegar a um local que representava a presença de Deus, como devemos apreciar mais ainda o privilégio da comunhão com Deus por meio de Jesus! No Novo Testamento, a igreja (o grupo de pessoas que pertence a Deus) e o cristão, individualmente, são descritos como o santuário ou templo do Senhor (1 Co 3.16,17; 6.19,20). Que bênção poder andar na presença de Deus porque ele nos perdoou!

O grande poder de Deus é outro motivo para adorá-lo: “Com tremendos feitos nos respondes em tua justiça, ó Deus, Salvador nosso, esperança de todos os confins da terra e dos mares longínquos; que por tua força consolidas os montes, cingido de poder; que aplacas o rugir dos mares, o ruído das suas ondas e o tumulto das gentes. Os que habitam nos confins da terra temem os teus sinais; os que vêm do Oriente e do Ocidente, tu os fazes exultar de júbilo” (versos 5 a 8). De uma extremidade da terra à outra, o poder de Deus é evidente. Paulo desenvolve esse mesmo tema em dois aspectos: o poder de criar e o poder de julgar (Rm 1.18-20). Não faz sentido resistir ou se rebelar contra o Deus Onipotente!

Deus merece adoração porque ele demonstra sua bondade ao sustentar sua criação: “Tu visitas a terra e a regas; tu a enriqueces copiosamente; os ribeiros de Deus são abundantes de água; preparas o cereal, porque para isso a dispões, regando-lhe os sulcos, aplanando-lhe as leivas. Tu a amoleces com chuviscos e lhe abençoas a produção. Coroas o ano da tua bondade; as tuas pegadas destilam fartura, destilam sobre as pastagens do deserto, e de júbilo se revestem os outeiros. Os campos cobrem-se de rebanhos, e os vales vestem-se de espigas; exultam de alegria e cantam” (versos 9 a 13). O autor de Hebreus começa uma série de argumentos sobre a superioridade de Jesus em relação a todas as suas criaturas afirmando sua posição como Criador e Sustentador do universo (Hb 1.1-3). Jesus até ensinou que devemos amar os inimigos porque Deus demonstra seu amor para todos: “... porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos” (Mt 5.45).

Cada vez que levantamos, respiramos e começamos um novo dia, devemos demonstrar a atitude de Davi em adoração e profunda reverência para com Deus. Como disse o apóstolo Paulo, mil anos depois de Davi escrever esse Salmo, “pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos...” (At 17.28). Temos muitos motivos para servir e adorar ao Senhor!


sábado, 25 de dezembro de 2021

Comentário Bíblico Mensal: Dezembro/2021 - Capítulo 5 - A Família Bíblica na Pós-Modernidade

 




Comentarista: Maxwell Barbosa



Texto Bíblico Base Semanal: Efésios 5.17-30

17. Portanto digo isto, e testifico no Senhor, para que não mais andeis como andam os gentios, na verdade da sua mente, 

18 entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração; 

19 os quais, tendo-se tornado insensíveis, entregaram-se  lascívia para cometerem com avidez toda sorte de impureza. 

20 Mas vós não aprendestes assim a Cristo. 

21 se é que o ouvistes, e nele fostes instruídos, conforme é a verdade em Jesus, 

22 a despojar-vos, quanto ao procedimento anterior, do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; 

23 a vos renovar no espírito da vossa mente; 

24 e a vos revestir do novo homem, que segundo Deus foi criado em verdadeira justiça e santidade. 

25 Pelo que deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo, pois somos membros uns dos outros. 

26 Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira; 

27 nem deis lugar ao Diabo. 

28 Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tem necessidade. 

29 Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que seja boa para a necessária edificação, a fim de que ministre graça aos que a ouvem. 

30 E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção. 

Momento Interação

Cuidar da família é um dever de todo cristão. O estudo bíblico mostra claramente que a família é uma unidade social instituída pelo próprio Deus. É absolutamente correta aquela conhecida frase que diz que a família é projeto de Deus. Muitos cristãos caem no terrível erro de negligenciar suas responsabilidades familiares; e com isso falham em perceber que Deus também os chamou para cuidarem de suas famílias. Se há um tema que merece toda atenção por parte da Igreja, esse tema é a família. O cuidado com a família precisa ser uma disciplina constantemente tratada nas comunidades cristãs. 

É preciso estudar e entender o que é a família à luz da Bíblia; é preciso que haja mais pregações sobre a família de acordo com os princípios de Deus; é preciso que os cristãos sejam ensinados e treinados sobre como ser bons mordomos de suas famílias. Ter famílias equilibradas e bem estruturas não é apenas essencial para que se tenha uma sociedade geral mais consistente; mas também para que se tenham igrejas mais sadias e sólidas. Esse conceito é essencial diante da verdade de que a unidade familiar sempre é o principal alvo do pecado – com imoralidade, fornicação, adultério etc. Além do mais, estamos vivendo num tempo em que a família parece uma instituição antiquada e fracassada. Ideologias malignas têm, a todo custo, atacado o modelo bíblico para a família.

Introdução

Vivemos num mundo de rápidas e profundas transformações, onde as normas e os princípios básicos da vida são constantemente mudados. Do mesmo modo, a chamada pós-modernidade tem provocado uma vida marcada pelo individualismo, competição e consumismo. A família, bem com todos os demais agrupamentos sociais, tem sofrido impactos dessas mudanças profundas, bem como tem sido afetada, à luz dessa realidade. Cremos que a família não está num processo de dissolução, mas sim de transformação. Compreender e aceitar esse fato, à luz da Palavra de Deus, de sua revelação histórica e à luz da realidade em que vivemos, constitui o grande desafio missionário da Igreja. Por isso, a Bíblia lança importantes desafios, para a renovação da vivência familiar como núcleo de vivência, formação, partilha e testemunho da graça de Deus.

I. Um Período Difícil e Trabalhoso para as Famílias

A família pós-moderna como tantas outras instituições relacionadas à existência humana, enfrentam desafios independentemente do tempo histórico. Há profundas e rápidas transformações com grande impacto na vida da família e da Igreja. Na pós-modernidade parece que tudo está sob discussão, predomina a incerteza, tudo é efêmero e passageiro, descartável, estas são marcas do novo tempo orientado pelos valores do consumo. Predomina o individualismo e o egocentrismo presentes neste cenário afetando grandemente os relacionamentos familiares.

A busca do “prazer” e da “felicidade”, com o foco no individualismo (egoísmo), ressalta-se a indústria do embelezamento físico. Neste cenário o uso das drogas para as diversas variações da vida como, para dormir ou para acordar, para relaxar, para se ter um bom humor, para controlar o apetite alimentar, para um estímulo sexual etc., tem se tornado uma constante. Vivemos numa sociedade acrítica, competitiva, consumista. O mercado é mais importante do que a vida. Os meios de comunicação têm um papel fundamental nessas mudanças gerando necessidades. Pais, mães, filhos, filhas entram num processo exigente de trabalho e estudo que consomem tempo e energia. Informação, conhecimento e novas formas de relacionamentos por meio de novas tecnologias estão cada vez mais acessíveis tanto pelas múltiplas possibilidades das mídias tradicionais como das mídias digitais.

A família como célula-base da sociedade local onde é construído os valores que vão marcar a vida de cada pessoa por meio da convivência tem papel predominante em lidar com essa lógica social. Identificar o que é positivo e o negativo auxilia na formação e na construção dos valores mais humanizados e de uma vida em harmonia na sociedade.

II. A Santidade Cristã na Família

Vivemos na era denominada pós-moderna. Com o termo mesmo diz, se trata do momento que sucede o período moderno. Entretanto, a relação entre um momento histórico (modernidade) e outro (pós-modernidade) não é apenas temporal ou histórica, mas também conceitual e cultural. Ou seja, a pós-modernidade não é apenas um período que segue a modernidade no correr dos anos, mas um período que sucede a modernidade conceitual e culturalmente, rompendo com o modo de pensar, viver e se organizar próprios da modernidade. Nos âmbitos social e comportamental isso gera um grande desafio para sociedade cristã, que vive sua cultura baseada na herança judaico-cristã, em especial no seu conceito de fé, família e trabalho. A pós-modernidade rompe com o que poderíamos chamar de universal, em defesa do particular ou individual, e esta é uma de suas características mais marcantes. O indivíduo passa a ser mais importante do que o coletivo. Na modernidade se pensava na história humana de modo geral, em termos de uma história universal, mas hoje não se costuma falar mais em uma história da humanidade.

Na modernidade se falava também em uma verdade universal e absoluta. Em nossos dias, no entanto, falar nestes termos é algo quase que inaceitável. Isto não significa que a modernidade tenha sido de fato cristã, mas apenas que ela teve em comum com a visão de mundo cristã o fato de assumir o universal e absoluto. Por isto, em nossos dias, crer na Bíblia como Palavra de Deus, algo absoluto, é considerado ultrapassado. No passado, não crer na Bíblia como Escritura Sagrada era uma opção, hoje, crer chega a ser ofensivo. Esse relativismo contemporâneo se aplica a três elementos: história, conhecimento e ética. A pós-modernidade questiona, em primeiro lugar, a existência de uma história comum que possa, de certo modo, identificar os homens de modo universal. Em segundo lugar, no âmbito do conhecimento, questiona a existência de uma verdade que seja universal e absoluta. Questiona finalmente a possibilidade de se estabelecer princípios morais que devam reger a conduta de todas as pessoas universalmente. Nosso tempo rejeita qualquer critério universalmente aceito para se medir valores.

Esta teoria pode ser notada nas palavras e ações do dia a dia das pessoas hoje em dia, embora seja um tanto complexa, e caminha junto ao hedonismo humano, no qual o prazer, o sentimento pessoal, torna-se mais importante do que a ética de valores do coletivo. Provavelmente muitos dos leitores deste texto já tiveram uma discussão encerrada pela seguinte frase: “não vale a pena discutir, você tem a sua verdade e eu tenho a minha”. Ou, quem nunca foi perguntado, e de certa forma afrontado, depois de ter emitido um juízo de valor sobre algo ou alguém: “quem é você para julgar?”. Tais palavras e ações revelam como o relativismo tomou conta de nossos dias e como será difícil para os que acreditam em um único Deus e na sua Palavra revelada viver em um mundo cada vez mais agnóstico, panteísta e relativista.

Como viver neste tempo? Seja ético, coerente e real, viva a verdade, seja uma referência nesses tempos onde os valores éticos e morais estão se tornando cada vez mais vulneráveis. Ensine a verdade da fé cristã, coragem, persistência, esperança e amor. Não tenha medo e nem viva acuado. Ainda que isto custe a você um alto preço, lembre-se do que está Escrito: “Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio” (2 Tm 1.7).

III. Promovendo Edificação Bíblica e Espiritual na Família

A questão básica e fundamental é saber como estamos lendo a Bíblia e interpretando à luz dos acontecimentos. A Bíblia pode ajudar por meio dos valores do Evangelho. É indispensável relembrar os valores do Evangelho diante da pós-modernidade, como por exemplo: justiça, solidariedade, perseverança, esperança, amor, respeito etc. Outros parecem estar na contra mão da pós-modernidade.

A família solidária é um dos grandes focos apregoados no Evangelho. A família de Marta, Maria e Lázaro, que foge ao padrão nuclear e extensivo de ser família, porém, conviveu com os seus dilemas, mas dialogou e solicitou a presença de Jesus para direcionar suas vidas. A Bíblia nos mostra o alvo, os verdadeiros valores, o que realmente importa. Ensina a compartilhar o pão. Ela nos apresenta a vida e a historia de famílias, não perfeitas, mas sujeitas à perfeição pelo poder de Deus. A Bíblia trabalha, não apenas como livro histórico e teológico sobre o tema, mas didático, pois orienta, no tema familiar, desde a sua construção, administração de crises, relação conjugal, educação de filhos/as, estimulando a vida comunitária de interdependência e não individualista.

A Bíblia oferece muitos caminhos, porém o primordial é o amor (1 Co 13.13). O amor é o afeto em ação. Através do amor desenvolve-se uma forte espiritualidade que dá forma nas interações mais íntimas e cotidianas. Transmitimos a nossa família (filhos e filhas) muito mais pelas atitudes, modos de comunicação interpessoal, respeito no trato a todos os membros da família, atenção às necessidades de cada faixa etária dos familiares do que através de "lições de moral" ou "autoritarismo". A Bíblia focaliza no evangelho a presença da fé, do amor, da solidariedade, da empatia à luz do que Cristo realizou. A Palavra de Deus enfatiza o amor ao próximo como fundamental. A vivência desse amor leva a pessoa a considerar a outra com afeto, carinho, respeito e misericórdia. Paulo ensina que precisamos “levar os fardos uns dos outros” e acolher uns aos outros conforme Cristo nos acolheu” (Rm 15.7).

Sendo elemento norteador de valores e princípios. Deus ama a família e se preocupa com ela. Tem um papel importante no resgate da vida devocional familiar. Inspira o carácter cristão  aos integrantes da família. A Bíblia precisa ser o centro da base da fé cristã. Podemos dizer como ela não pode ajudar se procurarmos orientações de organização e composição nela. A Bíblia não dá conta como regra de organização social pois foi escrita em contexto cultural muito diferente. Nela temos o modelo de família patriarcal e poligâmico que de forma alguma pode orientar o nosso tempo. Os casamentos eram arranjados e as mulheres eram, sempre, exclusivamente do lar; quando viúvas, eram herdadas pôr cunhados ou parentes mais velhos; maridos eram vistos como a cabeça e mulheres submissas à vontade deles; filhos não tinham voz e deviam apenas obediência.

Conclusão

Nossa sociedade, orgulhosa, tão sábia e inteligente, está sendo gradativamente moldada em massa, como um produto, em prisões da linguagem e máscaras de poder. Estas ideias estão nas escolas, universidades, livros, televisão, filmes, jornais e revistas. Então passando para o cidadão comum, não mais de forma sutil, mas de forma aberta, no que chamamos de “janela de Overton”, e assim, desafiam e minam a fé cristã. Fomos chamados para viver e transformar esta época, como nos ensinou o Mestre Jesus, sendo Sal e Luz no mundo, em todos os períodos da história.


Sugestão de Leitura da Semana: LINHARES, Gustavo. Tempos Trabalhosos. São Paulo: Evangelho Avivado, 2020.


Comentário Bíblico Mensal: Dezembro/2021 - Capítulo 4 - Os Desafios da Família

 




Comentarista: Maxwell Barbosa



Texto Bíblico Base Semanal: Lucas 12.49-57


49. Vim lançar fogo  terra; e que mais quero, se já está aceso? 

50. Há um batismo em que hei de ser batizado; e como me angustio até que venha a cumprir-se! 

51. Cuidais vós que vim trazer paz  terra? Não, eu vos digo, mas antes dissensão: 

52. pois daqui em diante estarão cinco pessoas numa casa divididas, três contra duas, e duas contra três; 

53. estarão divididos: pai contra filho, e filho contra pai; mãe contra filha, e filha contra mãe; sogra contra nora, e nora contra sogra. 

54. Dizia também às multidões: Quando vedes subir uma nuvem do ocidente, logo dizeis: Lá vem chuva; e assim sucede; 

55. e quando vedes soprar o vento sul dizeis; Haverá calor; e assim sucede. 

56. Hipócritas, sabeis discernir a face da terra e do céu; como não sabeis então discernir este tempo? 

57. E por que não julgais também por vós mesmos o que é justo? 

Momento Interação

A família é projeto de Deus porque foi Ele próprio quem a instituiu. Isso significa que a origem da família não se deu através de um projeto humano, mas através do projeto divino. Então qualquer ideologia que diga que a família é uma instituição ultrapassada e antiquada ao nosso tempo, é maligna. O propósito de Deus para a família não mudou! Infelizmente estamos vivendo dias em que os valores estão sendo invertidos. Aquilo que é correto está se tornando sinônimo de inadequado; enquanto que aquilo que é errado está sendo cada vez mais admirado como o padrão a ser seguido por uma sociedade corrupta. Todavia, as verdades bíblicas sobre a família são irrevogáveis e permanecem válidas independentemente do comportamento pecaminoso do homem. A família é um projeto de Deus e continuará sendo.

A Bíblia não deixa qualquer dúvida de que a família é projeto de Deus. O estudo bíblico sobre a família revela que Deus criou o homem e logo lhe deu a mulher como companheira. A Escritura afirma que Deus declarou que não era bom que o homem estivesse só, e por isso lhe preparou uma auxiliadora idônea (Gn 2.18). Então depois de ter criado o homem e a mulher, Deus juntou-lhes como um casal e os abençoou para que fossem férteis e se multiplicassem sobre a terra (Gn 1.28). Portanto, a unidade familiar nasce a partir do casamento. A Bíblia é clara quando a isso: “Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma só carne” (Gn 2.24). Assim, o próprio Deus foi quem instituiu a família sobre a base do casamento, onde o homem e a mulher se unem tornando-se uma só carne, para que vivam juntos em plena comunhão.

Introdução

Os conflitos familiares são tão antigos quanto a própria raça humana. Eles começaram a partir do Éden, com a Queda, atingindo Adão e Eva e, posteriormente, Caim e Abel. Desde muito cedo, o homem natural é inclinado a pecar, o que pode ser visto já nas crianças de tenra idade, que são inclinadas ao egoísmo. Esse é o grande problema da humanidade. Na narrativa bíblica, os grandes homens de Deus enfrentaram sérios conflitos em suas famílias, como é o caso dos patriarcas Abraão, Isaque, Jacó, Davi... O único remédio para solucionar conflitos é o amor de Deus que foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (Rm 5.5). 

Familiares são presentes de Deus. São indivíduos que foram feitos para sofrerem, amarem e viverem juntos. Foi o Eterno quem criou o sentimento de amor na família, de consideração não fingida. O Senhor Jesus amou sua família, apesar das incompreensões dos seus irmãos, como cada um deve amar também a sua. Ele tinha tempo para eles, embora, às vezes, a conversa não fosse agradável. Isso não importava, pois era sua família.

Há pessoas, porém, que dizem que os relacionamentos humanos, inclusive na família, são calcados, sempre, em interesses mesquinhos, como se fosse uma troca, porém nunca em amor sincero. Quando alguém envereda por esse pensamento satânico "do comércio", nunca terá uma família feliz e acabará enxergando maldade em tudo e em todos. Com olhos sujos, a visão sempre será embaçada. O Amor, porém, “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha” (1 Co 13.7,8). Ele é o remédio para todos os dramas familiares e foi administrado pelo Espírito Santo nos casos de José e seus irmãos, Moisés e seus irmãos, Jesus e seus irmãos, etc. Se for pago mal com mal, o mal sempre prevalecerá e não haverá vencedores. Se for pago, na família, olho por olho, é possível que, em breve, acabem-se os olhos de todos.

I. As Divisões Familiares

A sensação de estar perdido é uma das mais angustiantes. As coisas ao redor não têm sentido. Tudo é igual. Tristeza pelo erro do caminho. Ansiedade pela incerteza do futuro. Estar perdido é para quem não tem familiaridade com o lugar em que se encontra. O que dizer, porém, de dois filhos que se perderam dentro da sua própria casa? Essa foi uma história magnífica contada por Jesus (Lc 15.11-32) e que tem tudo a ver com os conflitos familiares.

Era uma vez um pai que tinha dois filhos. Esses filhos representam todos os membros das famílias. Um decidiu ir embora para uma terra longínqua, levando consigo sua herança. Isso mostra que ele já estava perdido na sua casa. Sua saída fez somente aprofundar o desnorteamento e a distância. Ele já havia perdido os referenciais, os princípios, a intimidade com o pai. O outro filho, que permaneceu em casa, igualmente estava perdido na mesma intensidade do caçula. Acontece que o mais novo reconheceu seu pecado e retornou para casa arrependido. O filho mais velho, porém, “reconheceu” o erro do seu genitor e não quis retornar dos campos para casa. Ele sabia o caminho para a sala do banquete, mas não quis voltar. Está escrito: “Mas ele se indignou e não queria entrar. E, saindo o pai, instava com ele” (Lc 15.28).

O primogênito ouviu os sons da celebração ruidosa e alegre que seu pai patrocinou, pelo retorno de seu irmão caçula, mas isso o indignou. Ele não entrou na casa, apesar de no Oriente haver o costume de que, em caso de festa, o primogênito deveria ficar descalço, à porta, cumprimentando os convidados. Neste caso, o mínimo que se esperava dele era que honrasse o pai, pelo menos saudando as pessoas, e somente depois reclamasse. Mas ele preferiu humilhar seu pai publicamente, discutindo na presença dos convidados. Um insulto, principalmente num banquete. Esse filho estava profundamente perdido.

Entretanto, o pai se humilhou publicamente, saindo de casa e instando com o filho mais velho para que participasse da celebração — um gesto de amor inesperado. Aquele pai falou ternamente ao filho rebelde sobre a importância de eles sempre estarem juntos e também falou da comunhão patrimonial entre ambos, mas o primogênito desprezou o arrazoado paterno. Ele queria dinheiro, destaque, e isso tudo bem distante das pessoas de casa. O filho mais velho, na verdade, odiava o pai que, por sua vez, sem levar em consideração a amargura do coração, a arrogância das palavras, o insulto dos gestos, a distorção dos fatos e as acusações injustas de seu filho mais velho, queria tocar seu coração. Aquele pai não condenou, nem criticou, muito menos rejeitou, da mesma forma como fez com o filho caçula. Houve, com isso, um novo derramamento de amor.

Em flagrante contraste, o pai o chamou de "filho”, um título afetivo. “Não há dor maior do que perder um filho”, pensava o pai, que insistiu: “Filho, entre na festa. Precisamos de você ao nosso lado”. A reação do pai para com cada um de seus filhos foi essencialmente idêntica, já as condutas dos filhos foram bem diferentes. O caçula teve tudo de volta, mas nada se sabe acerca do primogênito. Uma coisa é certa: se ele não se encontrou com a Vida naquele dia, o pai sempre o estará esperando... de braços abertos.

O filho mais jovem era egoísta, pois pensava apenas em si e estava enjoado da vida em família. Ele não precisava de mais ninguém para viver e, por isso, viajou para longe do aconchego do lar e desperdiçou toda sua herança. Quando, por fim, chegou ao fundo do poço, ele, em desespero, se lembrou da casa do seu pai. Essa é a história de muitos filhos que, mesmo sem partirem geograficamente, abandonaram o ideário familiar, buscando construir sua história, relativizando os valores morais com independência emocional e sem compartilhamento de vida. 

O fim sempre será a solidão, pois não há melhor lugar para estar do que na companhia daqueles que o Eterno estabeleceu como família.  Ainda dá tempo para voltar! O outro filho, o orgulhoso, não perdoava ninguém. Ele era aparentemente envolvido com a família, mas seu coração estava muito longe. E o pior: ele, que tanto errava, não admitia o erro de ninguém. Insensível, ele cumpria os rituais familiares, mas era tão ou mais egoísta que seu irmão. Este filho (mais experiente), que sempre está em conflito consigo e com os outros, também precisa cair em si, reconhecer seu erro e voltar à boa convivência da vida familiar.

II. As Inversões de Valores

A ética cristã envolve a forma como você conduzirá sua vida. A base para a nossa ética cristã é a Palavra de Deus, ou seja, a Bíblia. Ela sempre foi considerada como princípio de regras de fé e conduta dos cristãos. Ela é um livro que não importa quando for o estudar, é atual e te envolve como um todo. Quando resolvemos que este livro não determina mais nossa vida encontramos com a inversão de valores. Passo a dar lugares a outras regras de fé e conduta, sendo elas ditados pelo Senhor deste século – Satanás. Enveredo pelo caminho do relativismo (O relativismo é uma doutrina que prega que algo é relativo, contrário de uma idéia absoluta, categórica. Atitude ou doutrina que afirma que as verdades (morais, religiosas, políticas, científicas, etc,) variam conforme a época, o lugar, o grupo social e os indivíduos de cada lugar.

O que a Bílbia nos orienta passou a ser ultrapssado, sem razão em um mundo globalizado e não me deixa viver como preciso, aproveitando cada oportunidade de “ser feliz” ao meu modo. Segundo vemos o relativismo não nos deixa aceitar uma verdade absoluta, podem haver várias verdades em um mesmo contexo. Isso leva nossa mente a um vaguear de opinioes sem chegar a uma exata conclusão. O pensamento atual é que podemos ter nosso coração voltado ao Deus supremo e nosso exterior tortalmente ligados ao mundo. Como se fossemos pessoas fragmentadas. Não só os jovens tem sido afetados por estas idéias, mas até cristãos maduros e experientes tem encontrado nesse lance a forma de expressar desejos mais ocultos.

Basta olharmos dentro das nossas igrejas e veremos a mudança de valores. Antes os cristãos eram conhecidos pela forma exemplar de vestir, falar, tratar o próximo e a linguagem. E hoje? Hoje não conhecemos mais desta forma, as pessoas estão dentro do chamado padrão comum. Cantam nos púlpitos com roupas chamativas, extravagantes, nao importando se estão defraudando os irmãos ou não. Qurem se mostrar a todo custo como se isso fosse lhes garantior serem modernas e atuais. Os homens em sequência resolveram que serão também modernos, dois brincos em cada orelha, cabelos longos e uma guitarra para tirar aquele som atual e sem unçaõ de Deus. Estamos correndo para a total descaracterização do cristão. Não somos mais conhecidos como um povo diferente. De face brilhante e rosto aliviado. Pois estamos em meio a correria, ao barulho que todos fazem ao mesmo tempo.

III. A Família sob Ataque do Inimigo

A vida familiar é um campo de guerra mais do que um parque de diversões. Há uma orquestração do mal contra a família. Torpedos mortíferos são lançados sobre a família. A família é o campo das batalhas mais rehidas que travamos. Muitos casais têm sido espoliados, roubados e saqueados: 1) Do primeiro amor; 2) Diálogo – comunicação; 3) Romantismo; 4) Harmonia.

Basta observar as propagandas contra o conceito tradicional de família nos anúncios espalhados pela cidade e as conversas com pessoas ao redor para confirmar que a família está sob ataque. A pornografia pela internet, a pressão dos ativistas homossexuais, a banalização do divórcio e a imoralidade geral, tudo atenta para a desconstrução da noção bíblica de família. De fato, “pela primeira vez na História, a civilização ocidental é confrontada com a necessidade de definir o significado dos termos ‘casamento’ e ‘família’”. Isso revela uma crise cultural sem precedentes. Esse impasse moral possui fundamentos espirituais, pois “o mundo jaz no Maligno” (1Jo 5.19). A primeira investida de Satanás foi contra o primeiro casal e os efeitos daquela investida foram nocivos à família: a transferência de culpa entre os cônjuges (Gn 3.11,12), o primeiro fratricídio (Gn 4.8-10), o surgimento da poligamia (Gn 4.19), etc. A família realmente está sob ataque cultural e também espiritual, ou seja, o próprio Maligno quer destruí-la.

Por que Satanás odeia tanto a família? Certamente porque ela é importante. A família é fundamental para a criação e educação da próxima geração, mas não apenas por isso. Segundo as Escrituras, a família é fundamental para instruir e capacitar a pessoa para os diferentes aspectos da vida. Há vários aspectos da vida cristã sobre os quais Deus decidiu nos instruir usando a família. Essa é uma das metáforas mais utilizadas na Bíblia, pois há lições que só podem ser aprendidas mediante uma compreensão correta da família, conforme instituída por ele. A relação entre os membros de uma família estabelece um vislumbre do relacionamento existente entre as Pessoas da Trindade. O convívio familiar deve refletir a natureza relacional de Deus. Por essa razão, o objetivo de Satanás é destruir qualquer relacionamento pacífico na família, pois assim ele criará confusão quanto à natureza relacional do próprio Deus.

Quando Deus justifica alguém em Cristo, essa pessoa é adotada como seu filho. Dessa maneira, aprendemos que o relacionamento entre pais e filhos não é sem importância. Além do mais, a adoção acaba espelhando a misericórdia de Deus conosco. Assim, o evangelho da graça pode ser experimentado diariamente pelos filhos de Deus. Todavia, se Satanás destruir os relacionamentos entre pais e filhos, ele distorcerá a mensagem do evangelho para as pessoas. Pedro chama a igreja de a “casa de Deus” (1Pe 4.17) e Paulo diz que os crentes são a “família de Deus” (Ef 2.19; 3.15). Desde que os cristãos são unidos sob a paternidade do Pai pela adoção em Cristo, eles constituem a família de Deus e devem se relacionar como “irmãos” e “irmãs” em Cristo. Assim, a vida familiar ajuda a compreender o tipo de comunidade a ser desenvolvido na igreja. Por essa razão o Inimigo procura destruir a família, pois isso acabará distorcendo nossa compreensão sobre a igreja.

Desse modo, para se compreender a virtude relacional de Deus, o seu evangelho e a sua igreja, é necessário primeiro compreender a natureza da família. Quando um cônjuge abandona o outro, quando pais e filhos não se relacionam bem, quando se defende um conceito “diferente” de família com dois pais, duas mães, ou sem a fidelidade exigida no relacionamento, etc., a metáfora é distorcida. Sempre que isso ocorre, Satanás consegue destruir o centro de instrução teológica no lar.

Conclusão

O relativismo moral é mais facilmente compreendido quando comparado com o absolutismo moral. O absolutismo afirma que a moralidade depende de princípios universais (lei natural, consciência). Os absolutistas Cristãos acreditam que Deus seja o recurso principal da nossa moralidade comum, e que essa moralidade é tão imutável quanto Ele. O relativismo moral afirma que moralidade não é baseada em qualquer padrão absoluto. Ao contrário, “verdades éticas” dependem da situação, cultura, sentimentos, etc. O relativismo moral está ficando cada vez mais popular nos dias de hoje.

Muitas coisas podem ser ditas sobre os argumentos para o relativismo que demonstram a sua natureza duvidosa. Primeiro, embora muitos dos argumentos usados na tentativa de sustentar essas afirmações até pareçam bons de primeira, há uma contradição lógica inerente em todos eles, pois todos propõem um esquema moral “correto” – o esquema que todos nós devemos seguir. Entretanto, isso em si é absolutismo. Segundo, mesmo os tão chamados relativistas rejeitam o relativismo na maioria dos casos – eles não diriam que um assassino ou estuprador não são culpados contanto que não tenham violado os seus próprios padrões. Terceiro, o fato de que temos palavras como "certo", "errado", "deve", “melhor", etc., mostra que essas coisas existem. Se a moralidade fosse realmente relativa, essas palavras não teriam qualquer significado, diríamos: - “isso me faz sentir mal”, e não “isso é errado”.

Vivemos a era do mundo moderno, do Ter e não do Ser; valores invertidos, extinção da ética. Vida moderna onde a sociedade idealiza estereótipos de beleza, onde os corruptos são heróis no ambiente que deveria ser ético. Se você não se encaixar nesse meio, será discriminado pela própria sociedade, extinto do mesmo. A que ponto chegamos? No seio familiar damos e recebemos amor, construímos vínculos, ensinamos valores morais e éticos, mas será que isso vem acontecendo? As prioridades estão invertidas e a família fica em segundo plano. Vigiemos quanto à nossa família e a prioridade com o Senhor.

Sugestão de Leitura da Semana: VAGNER, Carlos. O Sermão Profético. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.


sábado, 18 de dezembro de 2021

Comentário Bíblico Mensal: Dezembro/2021 - Capítulo 3 - A Conduta da Família Bíblica

 




Comentarista: Maxwell Barbosa



Texto Bíblico Base Semanal: Efésios 5.22-33; 6.1-6


Efésios 5.22-33

22. Vós, mulheres, submetei-vos a vossos maridos, como ao Senhor; 

23 porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o Salvador do corpo. 

24 Mas, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres o sejam em tudo a seus maridos. 

25 Vós, maridos, amai a vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, 

26 a fim de a santificar, tendo-a purificado com a lavagem da água, pela palavra, 

27 para apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem qualquer coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. 

28 Assim devem os maridos amar a suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. 

29 Pois nunca ninguém aborreceu a sua própria carne, antes a nutre e preza, como também Cristo à igreja; 

30 porque somos membros do seu corpo. 

31 Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e se unirá à sua mulher, e serão os dois uma só carne. 

32 Grande é este mistério, mas eu falo em referência a Cristo e à igreja. 

33 Todavia também vós, cada um de per si, assim ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie a seu marido.

Efésios 6.1-6

1 Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo. 

2 Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa), 

3 para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra. 

4 E vós, pais, não provoqueis à ira vossos filhos, mas criai-os na disciplina e admoestação do Senhor. 

5 Vós, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo, 

6 não servindo somente à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus,

Momento Interação

A Bíblia apresenta a estrutura familiar organizada de modo que o marido é o líder social e espiritual da família que conduz a esposa, e, juntos, eles conduzem os filhos. Isso significa que a estrutura da família de acordo com a Bíblia deve obedecer aos princípios divinos para o matrimônio. O propósito de Deus para o casamento é que ele seja uma união indissolúvel entre um homem e uma mulher. Assim, unidos em uma só carne, marido e mulher são incentivados a se reproduzirem, expandindo seu lar. Mas por causa do pecado, muitas vezes a família é deformada. Nos tempos bíblicos, por exemplo, era comum a prática da poligamia – um tipo de pecado que afrontava diretamente o propósito monogâmico do casamento instituído por Deus. Também era frequente o exercício da autoridade familiar de forma tirânica pelo líder da família.

Deus deu ao homem a responsabilidade de liderar a família, mas essa liderança deve sempre ser exercida em amor. O mandamento bíblico é que a esposa deve ser sujeita ao marido; mas o marido também deve amar e cuidar da esposa como a si mesmo. Os filhos devem obedecer, respeitar e honrar os pais; mas também os pais não devem causar a ira em seus filhos. Na verdade os pais devem orientar os filhos e treiná-los para que eles sejam pessoas maduras e de caráter. Além disso, os pais têm a responsabilidade de conduzir seus filhos ao conhecimento do caminho do Senhor; eles instruí-los de acordo com os preceitos da Palavra de Deus; e devem servir de exemplos para eles de uma vida em obediência, temor e adoração a Deus.

Introdução

Um casamento cristão, fundamental para uma família cristã, segue as instruções bíblicas relativas ao sexo. A Bíblia contradiz a opinião em muitas culturas de que o divórcio, a convivência sem o casamento e o casamento entre pessoas do mesmo sexo são aceitáveis aos olhos de Deus. A sexualidade expressa de acordo com os padrões bíblicos é uma bela expressão de amor e compromisso. Fora do casamento, é pecado. As crianças têm duas responsabilidades principais na família cristã: obedecer aos pais e honrá-los (Ef 6.1–3). Obedecer aos pais é dever das crianças até que atinjam a idade adulta, mas honrar os pais é sua responsabilidade por toda a vida. Deus promete Suas bênçãos para aqueles que honram seus pais. Idealmente, uma família cristã terá todos os membros comprometidos com Cristo e Seu serviço. Quando o marido, a esposa e os filhos cumprem todos os papéis designados por Deus, a paz e a harmonia reinam no lar. No entanto, se tentarmos ter uma família cristã sem Cristo como Cabeça ou sem aderir aos princípios bíblicos que o Senhor nos providenciou amorosamente, o lar sofrerá.

I. A Conduta do Marido na Família

A Bíblia diz tanto sobre ser um marido cristão que um livro poderia ser escrito sobre o assunto. De fato, vários livros têm sido escritos sobre isso. Este artigo fornece apenas uma breve visão geral. A imagem mais clara de um marido cristão é apresentada em Efésios 5.15–33. Esta é a parte central da aplicação do apóstolo Paulo do que significa estar em Cristo, isto é, estar em um relacionamento correto com Deus. As instruções de Paulo para a esposa cristã, começando no versículo 23, explicam que ela deve reconhecer em seu marido o tipo de líder que Cristo é para a Sua amada igreja. Duas sentenças depois (versículo 25), Paulo diz a mesma coisa diretamente ao marido cristão. Então, o modelo cristão para a conduta do marido é o próprio Jesus Cristo. Em outras palavras, Deus espera que os maridos cristãos amem suas esposas de modo sacrificial, pleno e incondicional, da mesma forma que nosso Salvador nos ama.

Espera-se que o marido cristão esteja disposto a dar tudo, inclusive seu sangue, se necessário, pelo benefício e bem-estar de sua esposa. O plano de Deus é que o marido e a esposa se tornem um (Mc 10.8), então o que o marido possui pertence à esposa. Não há egoísmo no amor (1 Co 13.5); há apenas dar de si mesmo. O sentimento do marido cristão por sua esposa vai além da paixão, do romance ou do desejo sexual. O relacionamento é baseado no amor verdadeiro - o espírito de sacrifício que reflete o próprio Deus e é dado por Ele. O marido cristão está mais interessado no bem-estar de sua esposa do que no seu próprio. Ele promove o seu bem-estar espiritual como coerdeira da vida eterna (1 Pe 3.7). Ele não pergunta o que pode obter dela, mas pensa no que pode ser e fazer por ela.

Efésios 5 descreve como um marido cristão amoroso é o instrumento do amor de Cristo por sua esposa e é, ao mesmo tempo, um modelo do amor de Cristo por Sua igreja. Que tamanha honra é essa! E que responsabilidade. Somente submetendo-se à força viva de Jesus Cristo pode qualquer homem realizar tal desafio. É por isso que ele deve confiar no poder da habitação do Espírito Santo (Ef 5.18) e, em reverência por Cristo, submeter-se ao serviço de sua esposa (versículo 21 e o restante da passagem).

Muitas vezes um marido cristão também é pai. Os papéis de marido e de pai estão entrelaçados. Deus criou o homem e a mulher como pessoas sexuais para vários propósitos. Um deles é dar-nos a alegria de perpetuar a raça, de povoar a terra com gerações de pessoas que levam o nome de Deus e refletem a Sua imagem (cf. Gn 1.27,28 e 2.20–25; Dt 6.1–9; Ef 6.4). A família – a família cristã - está no centro do plano de Deus para a humanidade e é o próprio fundamento da sociedade humana. O marido é o chefe dessa família. Assim como um marido cristão não pode amar e liderar sua esposa sem o poder do Espírito Santo, ele não pode amar e educar seus filhos na admoestação do Senhor à parte do poder do Espírito Santo. Maridos e pais têm uma profunda responsabilidade e privilégio. Quando buscam a Deus e seguem a Sua liderança, eles servem bem às suas famílias e trazem honra ao nome de Cristo.

II. A Conduta da Esposa na Família

Uma esposa cristã é uma crente em Jesus Cristo, uma mulher casada que tem suas prioridades retas. Ela escolheu a piedade como o foco de sua vida, e traz esse foco em todos os relacionamentos, inclusive o seu casamento. Uma esposa piedosa decidiu que agradar e obedecer a Deus é mais importante do que sua felicidade ou prazer temporário, e está disposta a fazer todos os sacrifícios necessários para honrar o Senhor em seu papel de esposa. O primeiro passo para se tornar uma esposa cristã é render-se ao senhorio de Jesus. Somente com o poder capacitante do Espírito Santo pode qualquer um de nós viver como um povo piedoso (Gl 2.20; Tt 2.12). O momento em que colocamos a nossa fé em Jesus Cristo como nosso Salvador e Senhor (Jo 3.3) é semelhante ao dia do casamento. Toda a direção de nossas vidas mudou (2 Co 5.17). Começamos a ver a vida a partir da perspectiva de Deus, em vez de perseguir nossas próprias agendas. Isso significa que uma mulher cristã abordará o casamento com uma mentalidade diferente da de uma mulher mundana. Ela deseja não apenas ser uma boa esposa para o marido, mas também uma mulher piedosa para o seu Senhor.

Ser uma esposa cristã envolve viver o princípio encontrado em Filipenses 2.3,4: “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros.” Se seguido de perto, este princípio eliminaria a maioria dos argumentos conjugais. Já que somos por natureza egoístas, devemos confiar no Senhor para crucificar esse impulso egoísta e nos ajudar a buscar o melhor interesse de nossos cônjuges. Para uma esposa, isso significa permanecer consciente de que seu marido não é uma mulher e não pensa como uma mulher. Suas necessidades são diferentes de suas necessidades, e é sua responsabilidade entender essas necessidades e procurar satisfazê-las sempre que possível.

Uma das áreas mais frequentes de conflito no casamento é o sexo. Os homens, em geral, desejam sexo com mais frequência do que suas esposas. Os homens também valorizam mais a relação sexual, e sua autoestima pode se sentir ameaçada quando suas esposas se recusam a cooperar. Embora nem sempre seja o caso, a maioria das esposas perde o nível de interesse pelo sexo que tinham no início do relacionamento e encontram satisfação emocional através de outros relacionamentos, como filhos e amigos. Isso pode levar ao ressentimento e hostilidade do marido quando sua esposa não entende sua verdadeira necessidade de expressão sexual. Uma esposa cristã procura satisfazer essa necessidade, mesmo quando está cansada ou não interessada. 1 Coríntios 7.1-5 explica que maridos e esposas não têm controle total sobre seus próprios corpos, mas têm se entregado um ao outro. Uma esposa cristã percebe que, ao submeter o seu corpo ao marido, ela está, de fato, se rendendo ao plano do Senhor para ela.

Efésios 5.22-24 aborda a questão da submissão, que infelizmente tem sido maltratada por muitos. As esposas são instruídas a se submeterem aos seus maridos como fazem ao Senhor. Muitas mulheres ficam atemorizadas com a palavra submissão porque tem sido usada como uma desculpa para tratá-las como escravas. Quando esses três versículos são arrancados de seu contexto e aplicados somente às mulheres, tornam-se uma ferramenta nas mãos de Satanás. Satanás frequentemente distorce as Escrituras para realizar seus propósitos malignos, e usou isso para corromper o plano de Deus para o casamento. O comando sobre a submissão realmente começa no versículo 18, que diz que todos os cristãos devem se submeter uns aos outros. Aplica-se então àquelas esposas no matrimônio, mas a maior parte da responsabilidade é colocada sobre o marido para amar a sua esposa da maneira que Cristo ama a igreja (Ef 5.25-32). Quando um marido vive em obediência ao que Deus espera dele, uma esposa cristã tem pouca dificuldade em se submeter à sua liderança.

Embora existam esposas cristãs sem filhos, a maioria das mulheres casadas se tornará mães em algum momento. Durante essa transição, é natural que ela dê todo o seu esforço e atenção às crianças. Pode levar algum tempo para se ajustar às novas responsabilidades familiares, mas uma esposa cristã lembra que seu marido é a sua primeira prioridade. Suas necessidades ainda importam. Ela pode sentir, às vezes, que não tem mais nada para dar a ele no final de um dia frustrante, mas pode correr para o Senhor e encontrar força e energia para continuar sendo esposa primeiro e mãe em segundo lugar (Pv 18.10; Sl 18.2). 

A comunicação é fundamental durante os primeiros anos de criação dos filhos, e uma esposa cristã iniciará conversas sem julgamentos com o marido, explicando como ele pode ajudar e o que ela precisa dele para ser mais sensível às suas necessidades. Casais que permanecem conectados e reservam momentos intencionais para passarem juntos acabam se fortalecendo e construindo laços mais profundos que manterão seu casamento saudável. Uma esposa cristã também percebe que ter tempo para si mesma não é egoísmo. Ela é honesta com o marido sobre suas próprias necessidades emocionais e psicológicas. Esposas que negligenciam ou deixam de expressar suas próprias necessidades por medo de parecerem egoístas estão apenas se preparando para ressentimentos e esgotamentos posteriores. Antes que uma esposa e mãe possa cuidar das necessidades da família, ela deve cuidar de si mesma.

III. A Conduta dos Filhos na Família

Os filhos são uma "herança do Senhor" (Sl 127.3). Ele os coloca nas famílias e dá orientação aos pais sobre como devem ser criados. O objetivo da boa educação é produzir filhos sábios que conhecem e honram a Deus com suas vidas. Provérbios 23:24 mostra o resultado final de criar os filhos de acordo com o plano de Deus: “Grandemente se regozijará o pai do justo, e quem gerar a um sábio nele se alegrará”. Ele também disciplina os Seus filhos (Pv 3.11; Hb 12.5) e espera que os pais terrenos façam o mesmo (Pv 23.13). O Salmo 94.12 diz: “Bem-aventurado o homem, SENHOR, a quem tu repreendes, a quem ensinas a tua lei”. A palavra disciplina vem da raiz da palavra discípulo. 

Disciplinar alguém significa fazer dele um discípulo. A disciplina de Deus é designada para “nos conformar à imagem de Cristo” (Rm 8.29). Os pais podem fazer discípulos de seus filhos quando instila valores e lições de vida que aprenderam. À medida que os pais praticam a vida piedosa e tomam decisões controladas pelo Espírito (Gl 5.16, 25), eles podem incentivar seus filhos a seguirem o seu exemplo. A disciplina correta e consistente traz um “fruto de justiça” (Hb 12.11). A falta de disciplina resulta em desonra para pais e filhos (Pv 10.1). Provérbios 15.32 diz que aquele que ignora a disciplina “menospreza a sua alma”. O Senhor trouxe julgamento sobre Eli, o sacerdote, por ter permitido que seus filhos O desonrassem e porque “os não repreendeu” (1 Sm 3:13).

O tempo devocional em família é vital para mover nossa vida espiritual além das paredes da igreja e a uma fé ativa e próspera. No entanto, o que significa ter um tempo devocional em família? O tempo devocional em família é um tempo definido quando marido e mulher, ou pais e filhos, se sentam, leem a Bíblia e oram juntos. É um tempo projetado para encorajar cada indivíduo e estabelecer um senso de unidade e direção dentro das famílias. Ser intencional sobre um tempo devocional e desenvolver uma cultura familiar em torno desse hábito são muito importantes. Esse tempo devocional pode iniciar relacionamentos profundos com as crianças e expandir as oportunidades de orar com e por elas. Embora possa exigir uma mudança na forma como a família gasta seu tempo, programar um tempo devocional em família pode render dividendos eternos no crescimento e legado espiritual de uma família.

A menos que nós como pais tenhamos estabelecido uma disciplina devocional em nossas vidas pessoais primeiro, ter esse tempo em família pode parecer estranho ou difícil. No entanto, o desejo de começar a ter um tempo devocional pessoal pode se tornar um modelo para nossos filhos enquanto buscamos ativamente um relacionamento com o Deus vivo. Nosso próprio compromisso com a leitura da Bíblia e a oração fala muito sobre a importância que nós, como pais, colocamos em nosso próprio desenvolvimento espiritual. Se é algo em que crescemos com nossos filhos, então há uma jornada maravilhosa pela frente. Transparência e perseverança são fundamentais!

O objetivo é criar filhos que permanecem devotos a Deus como adultos. Nosso desejo é criar filhos que usam a oração, a Palavra de Deus e o núcleo sólido da família, amigos e comunidade da igreja para orientar suas decisões, suas metas de vida e seus relacionamentos. Deus instruiu a nação de Israel: “Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te” (Dt 6.6,7). Efésios 6.4 diz aos cristãos: "E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor". Essas passagens deixam claro que os pais devem ensinar seus filhos sobre Deus e Seus caminhos. Engajar com Deus juntos como uma família, através da oração e da leitura da Bíblia, é uma ótima maneira de fazer isso. Ao ter esse tempo juntos, não apenas instruímos nossos filhos, mas modelamos comportamentos que apoiam o crescimento espiritual. Muitas vezes, ao ensinar as crianças, nós mesmos somos desafiados em nossa fé. O tempo devocional em família é muito bom para o crescimento espiritual de todos na família.

Conclusão

A Bíblia não traça em apenas uma passagem uma ordem que devemos seguir passo a passo para as prioridades nos nossos relacionamentos. No entanto, ainda podemos depender das Escrituras para aprender os princípios gerais de como dar prioridade aos relacionamentos corretos, na ordem correta. Deus obviamente deve ser o primeiro: Deuteronômio 6:5: "Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força". Deus é a prioridade número um se todo o coração, alma e força de alguém está comprometido a amá-lo. Se você é casado, seu cônjuge deve ser a sua próxima prioridade. Um homem casado deve amar sua esposa como Cristo amou a igreja (Ef 5.25). A primeira prioridade de Cristo – depois da prioridade de obedecer e glorificar ao Pai – foi a Igreja. Aqui está um exemplo que os maridos devem seguir: Deus primeiro, então a sua esposa. Da mesma forma, as esposas devem submeter-se aos seus maridos “como ao Senhor” (Ef 5.22). Podemos aprender desse princípio que seu marido deve estar em segundo lugar apenas para Deus em sua ordem de prioridades.

Se maridos e esposas estão em segundo lugar apenas para Deus em nossas prioridades, e levando em consideração que o marido e sua esposa são uma só carne (Ef 5.31), aparenta ser a lógica que o resultado desse relacionamento matrimonial – filhos- deve ser a nossa próxima prioridade. Os pais devem criar filhos que temem a Deus e que vão ser a próxima geração daqueles que amam a Deus de todo o seu coração (Pv 22.6; Ef 6.4), mostrando mais uma vez que Deus deve ser o primeiro em nossa lista de prioridades e que todos os outros relacionamentos devem refletir essa verdade. Apesar do fato de que o homem e a mulher são iguais em seu relacionamento com Cristo, as Escrituras listam funções específicas para cada um no casamento. O marido deve assumir a liderança no lar (1 Co 11.3; Ef 5.23). Essa liderança não deve ser ditatorial, condescendente ou uma liderança que trate sua esposa com ares de superioridade, mas deve ser de acordo com o exemplo de como Cristo lidera a Igreja. “Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra” (Ef 5.25,26). Cristo amou a Igreja (Seu povo) com compaixão, misericórdia, perdão, respeito e abnegação; assim também devem os maridos amar suas esposas.

Conflitos sobre a divisão do trabalho no casamento provavelmente vão surgir, mas se o marido e a esposa são submissos a Cristo, esses conflitos vão ser poucos. Se um casal percebe que discussões sobre esse assunto são frequentes e rancorosos, ou se já se tornaram um padrão no casamento, o problema é um problema espiritual, e os dois devem se resubmeter à oração e submissão a Cristo primeiro, e então um ao outro, com uma atitude de amor e respeito.

Sugestão de Leitura da Semana: LINHARES, Gustavo. Tempos Trabalhosos. São Paulo: Evangelho Avivado, 2020.


sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

O que significa ter o nome no Livro da Vida?

 




Por Leonardo Pereira



O "Livro da Vida" é mencionado várias vezes na Bíblia (Fp 4.3; Ap 3.5; 13.8; 17.8; 20.12,15; 21.27). Paulo disse que as pessoas que cooperavam com ele no evangelho tinham seus nomes escritos no Livro da Vida (Fp 4.3). Jesus disse que os nomes dos vencedores que se mantêm puros não seriam apagados deste livro (Ap 3.5). Em contraste, os que rejeitam a palavra de Deus e servem falsos mestres não têm seus nomes escritos no Livro da Vida (Ap 13.7-8; 17.8).No julgamento descrito em Apocalipse 20.11-15, esses são condenados ao lago de fogo. Por outro lado, na cidade iluminada pela glória de Deus, somente entram aqueles cujos nomes são inscritos no Livro da Vida (Ap 21.27). Outras passagens não falam especificamente do Livro da Vida, mas claramente mostram a mesma idéia. Hebreus 12.22-24 descreve o povo de Deus como a "igreja dos primogênitos arrolados nos céus". Assim, os servos de Deus têm sua pátria nos céus (Fp 3.20).

Não devemos imaginar que Deus precisa, literalmente, de um livro para escrever ou apagar os nomes de pessoas. Deus sustenta as aves do céu, e certamente cuida de cada um de seus servos (Mt 6.26). Jesus, o bom pastor, conhece suas ovelhas por nome (Jo 10.1-15, especialmente versículo 14). A figura de um livro serve para comunicar para cada pessoa a importância de seguir ao Senhor nesta vida. Deus é a fonte da vida, e ele mantém a lista das pessoas que continuarão vivas. Aqui, devemos observar dois fatos importantes:

1. Deus julga todos na sua justiça. Muitos procuram maneiras de negar a justiça de Deus e seu direito de nos julgar. Mas ele é o nosso Criador. Ele nos revelou a sua vontade, e ele nos julgará por ela. Jesus disse: "A própria palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia" (Jo 12.48). O julgamento dele não é arbitrário ou segundo capricho. Ele nos julga retamente, "para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo" (2 Co 5.10).

2. A vida está em Cristo. Jesus proclamou a palavra de Deus, que nos julgará, e afirmou: "E sei que o seu mandamento é a vida eterna" (Jo 12.50). Deus "ressuscita e vivifica os mortos" (Jo 5.21) através de Jesus, que é "a ressurreição e a vida" (Jo 11.25). Quando servimos a Jesus, temos a confiança da vida eterna, porque ele é o caminho, a verdade e a vida, e o único acesso ao Pai e à vida eterna (Jo 14.6; At 4.12). Se continuarmos fiéis a ele, temos a certeza que os nossos nomes serão encontrados no Livro da Vida!


quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Serão salvos todos os que têm zelo religioso e boa moral?

 




Por Leonardo Pereira



Frequentemente, nas discussões religiosas, quando se acusa alguma prática religiosa ou grupo de violar as Escrituras, alguém responderá que essas pessoas são zelosamente religiosas e de boa moral. Aparentemente, o ponto a destacar é que ter boa moral e ser religioso zeloso já basta para salvá-los, apesar do fato que eles continuam desobedecendo a Deus, sem arrependimento. Desse modo, as pessoas que estão preocupadas com o erro nas práticas são aconselhadas a se calarem. A Bíblia ensina claramente que as pessoas devem ser religiosas, zelosas com a religião, e ter boa conduta moral. A questão é saber se isto é suficiente para as pessoas receberem a vida eterna. Só para ilustrar, concordemos em que uma pessoa precisa ser um homem, para ser um esposo. Mas seria essa pessoa um esposo apenas porque é um homem, ou algo mais é necessário? Da mesma forma, uma pessoa precisa ter zelo religioso e boa moral para ser salvo, mas é isto suficiente para ele ser salvo ou algo mais é exigido além disto? Consideremos diversas áreas do ensinamento da Bíblia relacionadas com este assunto.

1. Consideremos exemplos de pessoas zelosamente religiosas e de boa moral que não foram salvas

Será verdade que todas as pessoas que são dedicadas à sua religião e têm boa conduta moral em sua vida são também agradáveis a Deus? Ou haverá exemplos de pessoas com devoção religiosa que perderam sua salvação? Consideremos vários exemplos bíblicos.

O tesoureiro etíope (Atos 8.26-39)

Este homem era dedicado à sua religião antes mesmo de ter ouvido o evangelho. Ele tinha vindo da distante Etiópia a Jerusalém, de carroça, para adorar (v. 27). Enquanto viajava, estava lendo as Escrituras (v. 28) e desejava entender melhor as coisas que lia (v. 30-34). Mas estava ele salvo e destinado à vida eterna nesse tempo? Notem que ele nem sequer sabia de Jesus. Filipe teve que ensinar isto a ele (v. 35). Pode alguém que não crê em Jesus ser salvo? Não há salvação em nenhum outro nome, a não ser o de Jesus (At 4.12). Aqueles que não crêem nele morrerão em pecado (Jo 8.24). Como poderia, então, ter sido salvo o tesoureiro antes de ter crido? (Jo 14.6; Mc 16.16). E mais, o tesoureiro ainda não havia sido batizado. Filipe teve que batizá-lo (v. 36-39). Pode uma pessoa ter a salvação antes de ter sido batizada? Marcos 16:16 diz que devemos crer e ser batizados para sermos salvos. Atos 2:38 diz que temos que arrepender-nos e sermos batizados para termos a remissão dos pecados (veja também Atos 22.16; Romanos 6.3-4; Gálatas 3.27; 1 Pedro 3.21). Este tesoureiro é um exemplo de um homem dedicado a sua religião, mas isto por si só não o salvou. Ele não estava salvo enquanto não ouviu o evangelho de Jesus, creu nele e foi batizado.

Saulo de Tarso (Atos 22.3-16)

Saulo era zeloso em sua religião, mesmo antes de se tornar um cristão. Ele era um judeu rigoroso, zeloso para com Deus (22.3). Sendo um judeu, ele vivia em paz com sua consciência (23:1). Ele tinha sido "hebreu dos hebreus", sem culpa, de acordo com a lei (Fp 3.5-6). Paulo se destacava na religião dos judeus acima dos outros judeus da mesma idade que ele, porque era zeloso pelas tradições de seus pais (Gl 1.13-14). Mas estava Paulo salvo, nesta condição? Ele não cria que Jesus fosse o Cristo, o Salvador. De fato, ele perseguia os discípulos de Jesus (At 8.1-3; 9.1-2; 22.4-5) e fazia muitas coisas contrárias ao nome de Jesus (At 26.9). Ele era um blasfemador de Jesus, um perseguidor, um injuriador (1 Tm 1.13). Nesta condição, ele tinha sido o "principal dos pecadores" (1 Tm 1.15). Ele permaneceu no seu pecado até que obedeceu a ordem: "levanta-te, recebe o batismo e lava os teus pecados" (At 22.16). Saulo é outro exemplo de uma pessoa de zelo religioso, que não estava salva até que creu em Jesus e obedeceu a ele, sendo batizado.

Cornélio (Atos 10 e 11)

Cornélio era dedicado na sua religião e homem de boa moral mesmo antes de ter ouvido o evangelho. Ele era piedoso, temia a Deus, dava esmolas, e orava a Deus (10.2). Ele era um homem reto, temia a Deus e era respeitado pelos judeus (10.22). Se ser apenas religioso e ter boa moral salvasse um homem, Cornélio teria sido salvo muito antes de ter ouvido o evangelho pregado por Pedro. Mas Cornélio estava salvo antes de ouvir e obedecer ao evangelho? Deus lhe disse para buscar a Pedro, que lhe diria palavras mediante as quais ele poderia ser salvo (11.14). Pedro veio, ensinou-lhe a respeito de Jesus e ordenou-lhe que fosse batizado nas águas (10.47-48). Assim, Cornélio é um terceiro caso de homem de boa moral, ativo e dedicado à religião, entretanto não salvo até que ouviu e obedeceu ao evangelho.

Atenienses (Atos 17.16-31)

Estas pessoas, também, eram pessoas zelosamente religiosas. Sua cidade estava cheia de ídolos, que eram, certamente, adorados religiosamente (17.16). O grau do seu zelo é demonstrado pelo fato que eles erigiram um ídolo ao "deus desconhecido", para o caso em que eles estivessem esquecendo de algum (17.23). Mas estariam estes adoradores de ídolos salvos em tal condição? Paulo ensinou que a adoração de ídolos era inaceitável por Deus, e que as pessoas teriam que se arrepender de modo a serem aceitáveis no julgamento (17.29-31). Os idólatras não herdarão o reino de Deus (1 Co 6.9-11; Gl 5.19-21). Em vez disso, estarão no lago de fogo, a segunda morte (Ap 21.8; 22.15).

Judeus (Romanos 10.1-3)

Estes judeus eram zelosos em sua religião. Eles tinham zelo por Deus (10.2). Ainda que o seu sistema de justiça fosse humano em sua origem, eles seguiam um sistema religioso (10.3). Ainda hoje há judeus com grande devoção a sua religião. Mas era o seu zelo suficiente para salvá-los? Eles não conheciam o modo de Deus de tornar os homens justos (o evangelho de Jesus), assim eles não se submetiam à justiça de Deus (10.3). Portanto, eles precisavam ser salvos (10.1). Os judeus, por certo não crêem em Jesus nem obedecem a ele. Nós já estuda-mos muitos versículos mostrando que esta fé obediente é necessária à salvação. Certamente, deveria ficar claro por esta explicação que não é verdade que uma pessoa é salva somente porque ela é devota em algum sistema religioso ou somente porque ela tem boa moral. Outras coisas são necessárias, inclusive o conhecimento, a fé e a obediência ao evangelho de Jesus Cristo (Romanos 1:16).

2. Consideremos a importância da verdade e o perigo do erro na religião

Se uma pessoa é salva simplesmente porque ela é praticante ativa de uma fé religiosa e vive de acordo com a boa moral, qualquer que seja o conteúdo de suas práticas religiosas, então não haveria preocupação com a verdade religiosa e o erro religioso. Poderíamos ser salvos só por sermos religiosos sem que essa religião fosse harmonizada com as verdades da Bíblia? Mas consideremos o ensino da Bíblia a respeito disto.

A importância da verdade religiosa

Provérbios 23.23 S Compre a verdade e não a venda. Pague qualquer preço para obter a verdade. Ela vale. Uma vez que você tem a verdade, não a largue, não importa o que você ganharia por largá-la. Mas, se ser religiosamente zeloso é só o que importa, porque ser tão interessado na verdade?

João 8.31-32 S Para estarmos livres do pecado, precisamos conhecer e permanecer na verdade. Mas, se pensarmos que a verdade não é importante, desde que sejamos ativos em alguma fé religiosa, estaremos ainda libertados do pecado?  João 4.23-24 S Deus quer que o adoremos em espírito. Isto exigiria zelo e dedicação. Mas em espírito somente não é suficiente. Nossa adoração deve ser em espírito e em verdade. 2 João 9-11 S Se desejamos estar com o Pai e o Filho, temos que permanecer no ensinamento de Jesus. Não é suficiente ser religioso. E se formos religiosos, mas nossa religião não estiver em harmonia com o ensinamento de Jesus? Então, não teremos Deus! 1 Pedro 1:22-23 S Para nos livrar do pecado e renascermos, temos que obedecer à verdade, que está na palavra de Deus. E, se formos religiosos e não tivermos obedecido à verdade? Nosso zelo religioso sozinho nos salvaria? Se você é religioso, isto é bom. Mas você possui, também, a verdade?

O perigo do erro religioso

Mateus 7.15,21-23 S Cuidado com os falsos mestres que enganam as pessoas. Muitos deles chamam Jesus de "Senhor", ensinam em seu nome, e fazem muitos trabalhos espantosos em seu nome. Eles são pessoas de zelo religioso, ainda assim estão perdidos. Como poderia acontecer isto se a única coisa necessária é o zelo religioso? A resposta é, que alguma coisa a mais é necessária. O quê? Temos que "fazer a vontade do Pai". 2 Coríntios 11.13-15 S Satanás e seus ministros querem passar por ministros da luz e apóstolos de Cristo. Eles parecem ser religiosamente devotos. Se formos enganados por eles, seremos religiosos, mas estaremos seguindo Satanás. Seríamos religiosamente justos? É possível ser religioso e, ainda assim, estar seguindo Satanás, porque ele é um enganador. Gálatas 1.6-9 S As pessoas que ensinam um evangelho diferente são amaldiçoadas, e aquelas que aceitam esse evangelho estão se separando daquele que os chamou. Os Gálatas ainda eram pessoas religiosas. De fato, eles eram crentes em Jesus Cristo. Eles seguiam um "evangelho". Mas eles eram amaldiçoados porque era um evangelho diferente. Alguém estava ensinando as pessoas a crer em Cristo, mas ainda obedecendo à circuncisão do Velho Testamento. Tais doutrinas fazem com que até mesmo filhos de Deus (3.26,27) decaiam da graça (5.4).

1 Timóteo 4.1-3. Alguns se desviam, seguindo doutrinas de demônios, falando mentiras, incluindo as doutrinas falsas relatadas. Entretanto, estas não são pessoas sem religião. Elas estão seguindo mandamentos religiosos, ainda assim elas estão perdidas porque seguem falsos mandamentos, que não foram dados por Deus. 1 João 4.1. Muitos falsos profetas estão no mundo, portanto não creia em todos os mestres, porém prove-os. Que diferença faria se seguíssemos ensinamentos falsos ou verdadeiros, se a única coisa que importa é sermos religiosos? Mateus 15.9. As pessoas podem estar adorando a Deus (portanto, são religiosas), entretanto sua adoração é inútil se for baseada em práticas originadas dos homens. Estas pessoas podem até mesmo estar adorando o Deus verdadeiro, porém não de acordo com as verdadeiras práticas. Sim, o zelo religioso é necessário. Porém, ele não é suficiente, por si só. Uma razão pela qual isto é verdade é que é possível, mesmo para os crentes em Jesus Cristo, serem enganados para seguirem o erro e o falso ensinamento. Isto pode ser comparado a tomar remédio para curar uma doença. Podemos tomar o remédio com muita dedicação, porém ele não curará, se for o remédio errado. Então, grande zelo e dedicação não ajudam religiosamente se as práticas às quais estamos dedicados são falsas.

3. Consideremos a necessidade da unidade e o perigo da divisão. É possível para as pessoas serem religiosamente zelosas e de boa moral, mas ainda assim, estarem religiosamente divididas. Se o zelo religioso e a boa moral são tudo o que necessitamos, então as pessoas que causam, incentivam e justificam a divisão, serão salvas.  De fato, esta é a razão principal pela qual temos que estudar assuntos como estes que estamos considerando: as pessoas querem crer que é possível serem salvas em qualquer denominação, mesmo que as denominações estejam divididas na prática, na adoração, na organização, no plano de salvação, etc. Quando estas divisões (e as doutrinas que as produzem) são recusadas, as pessoas dizem que as diferenças não importam muito, porque todas as pessoas são pelo menos religiosas, têm boa moral, etc. O que diz a Bíblia?

A Importância da Unidade

João 17.20-23. Jesus orou para que todos fossem unidos, como ele e o Pai são unidos. Se o zelo religioso e a boa moral são tudo o que necessitamos para sermos salvos, porque Jesus orou pela unidade religiosa?  Efésios 4.3-6. Devemos esforçar-nos pela unidade de acordo com o Espírito, no vínculo da paz. Isto requer unidade em cada uma das sete áreas relatadas, incluindo um só corpo e uma só fé. Se religião zelosa é tudo o que necessitamos para sermos salvos, a unidade não importaria. Mas de acordo com esta passagem bíblica, a unidade importa, sim. Nós necessitamos, sim, de zelo religioso, mas também precisamos de unidade religiosa.

O Perigo da Divisão

1 Coríntios 1.10-13. Os seguidores de Jesus não deveriam ser divididos, por-que Jesus não é dividido. Não deveria haver divisões entre nós, tais como as que estavam começando em Corinto. Divisão maior ainda existe hoje entre as deno-minações, e as pessoas querem nos fazer pensar que Deus vai tolerá-la. Se o zelo religioso é tudo o que necessitamos, porque esta passagem reprova a divi-são? Se Paulo fosse como algumas pessoas de hoje em dia, ele teria dito aos Coríntios que suas divisões não tinham importância, desde que eles fossem zelosos! Gálatas 5:19-21. Aqueles que causam a divisão não herdarão o reino de Deus, justamente como acontecerá com os imorais. Mas ser causador da divisão e justificar a divisão é tão ruim como ser imoral. Mesmo assim, há pessoas que justificam a divisão e dizem que ela não importa desde que as pessoas sejam moralmente boas e religiosamente zelosas.

Conclusão

Se você for uma pessoa moralmente boa e zelosa de suas práticas religiosas, estas são boas qualidades. Deus aprova o zelo e a boa moral, como tais. Mas, por favor, entenda que, por si mesmas, estas qualidades são inadequadas para você vir a receber a bênção de Deus da vida eterna, mesmo que você creia que Jesus Cristo é o filho de Deus e o Salvador dos homens. Precisamos certificar-nos de que possuímos a verdade, estamos obedecendo ao evangelho e permanecemos unidos a outros fiéis cristãos. De outro modo, nossa condição será como a do homem que deseja viajar para algum lugar que fica ao leste de onde ele está, porém ele continua andando em direção ao norte. Não importa se ele seja muito zeloso e dedicado, ele nunca chegará ao seu destino enquanto ele não mudar de direção. Portanto, precisamos ser religiosamente ativos e moralmente bons. Mas nossa atividade tem que ser de acordo com a vontade de Deus. Temos que andar na direção certa, crendo que o evangelho é a mensagem da salvação, sendo batizados com o propósito de receber o perdão pelos pecados e, então, servir a Deus fielmente, de acordo com a verdade de sua palavra.


segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Todas as coisas são lícitas?

 




Por Leonardo Pereira



Quatro vezes em dois versículos diferentes, Paulo disse que "todas as coisas são lícitas" (1 Co 6.12; 10.23). Estas afirmações são um prato cheio para as pessoas que querem justificar coisas que não são aprovadas por Deus. Se alguém levantar objeção, a pessoa replica: "Mas, todas as coisas são lícitas" e pronto! Não precisa provar mais nada! O problema com essa abordagem é que o contexto de 1 Coríntios dá outro sentido às palavras de Paulo. Quando ele respondeu às perguntas dos coríntios, usou ironia para chamar atenção dos leitores e para destacar as idéias absurdas deles. Vejamos alguns outros exemplos do mesmo livro antes de voltar para esses dois versículos.

Falando sobre a autoridade apostólica, ele disse em 4.9: "...parece que Deus nos pôs a nós, os apóstolos, em último lugar" . Mas Paulo e os coríntios  sabiam que não era bem assim. Em 12.28, o mesmo autor disse: "A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente, apóstolos...." Tratando de problemas relacionados ao amor e a liberdade, ele disse em 8.1 "reconhecemos que todos somos senhores do saber". Será que somos mesmo? É claro que não. Paulo chamou atenção dos leitores imitando a arrogância deles. No próximo versículo ele nega essa afirmação, dizendo: "Se alguém julga saber alguma coisa, com efeito, não aprendeu ainda como convém saber". Em 8.7, ele disse: "...não há esse conheci-mento em todos..."  Todos nós somos senhores do saber? Absolutamente não!

Paulo usa a mesma ironia em 6.12 quando diz: "Todas as coisas me são lícitas...." Será que não há limite na vida do cristão? É claro que há. Ele acabou de dizer, em 6.9,10, que as pessoas que praticam pecado não herdarão o reino de Deus. Acrescenta em 6.18 que devemos fugir da imoralidade, pois é pecado. Todas as coisas são lícitas? Absolutamente não! (veja 6.15). Em 10.23, falando sobre carne sacrificada aos ídolos, ele diz de novo: "Todas as coisas são lícitas". Algumas pessoas pervertem o sentido desse versículo para anular a proibição absoluta de Atos 15.20 e 29, onde o Espírito Santo proibiu o comer carne sacrificada aos ídolos e o comer sangue. Mas, em 1 Coríntios 10.20-22, Paulo afirma que a pessoa que come carne sacrificada aos ídolos está em comunhão com demônios, e não com Cristo! Em Apocalipse 2.14 e 20, Jesus condenou cristãos que praticaram esse pecado. Todas as coisas são lícitas? Absolutamente não! Continuemos debaixo da lei de Cristo (1 Co 9.21).