quarta-feira, 20 de maio de 2020



TRISTEZA X DEPRESSÃO 

Tristeza e depressão, falta de Deus?


Quem nunca se auto diagnosticou como uma pessoa triste e depressiva? Na sociedade em que vivemos, procurar ajuda psicológica é um tanto que “vergonhoso”, seja por causa do que os amigos irão dizer, pelo próprio preconceito ou mesmo por conta de uma frustação religiosa.  Muitos se falam sobre tristeza e depressão, mas, será que sabemos diferenciá-las? 

Um conceito simples para diferenciar tristeza normal e depressão é a autoestima da pessoa. A doutora Ana Beatriz Barbosa Silva em seu livro: “Mentes depressivas”, nos esclarece de forma simples e objetiva a forma com uma se diferencia da outra: “Quando as pessoas estão vivenciando uma tristeza norma ou “fisiológica”, apresentam pensamentos negativos sobre a sua perda, mas não se veem incapazes de tocar a vida no presente nem no futuro”. Para definir a depressão ela nos diz:“ (...) as pessoas com depressão de fato são dominadas completamente por pensamentos negativos que englobam sua autoimagem, todos os aspectos do presente e suas possibilidades para o futuro.”   

É importante ressaltar que é normal e podemos sim ficarmos tristes, principalmente nos dias quando tudo parece estar dando errado ou quando vivemos por perdas de pessoas próximas e não conseguimos alcançar algum objetivo. Não existe nenhum ser humano inseto de passar por dias difíceis e cansativos, todos nós passamos e ainda passaremos por eles, mas é algo passageiro.  

O que diferencia uma pessoa triste para uma pessoa depressiva é conseguir seguir em frente. Alguém triste pode ficar por um tempo desfrutando da sua tristeza, mas não deixará de seguir sua vida após o período (é um sentimento normal), já alguém com depressão, interrompe sua vida presente e futura por pensamentos negativos e duradouros, podendo cometer suicídio. 




DEPRESSÃO NA ANTIGUIDADE 
O autor Táki Athanássios Cordás, que é médico e professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina (FMUSP) da USP e o historiador Matheus Schumaker Emilio, formado na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, nos mostram através do livro: “O livro A história da Melancolia (Editora Artmed, 2016), o avanço do conceito de depressão que até os dias de hoje. Destaco aqui dois conceitos: Modelo Mágico religioso ( Xamanístico) e Teoria dos Humores. 

No modelo mágico religioso a questão da doença era vista como um resultado de transgressões de natureza individual ou coletiva, ou seja, era resultado de uma punição divina pelos pecados e transgressões. A cura só era realizada através de pessoas consideradas “sacerdotes “do povo.  

Hipócrates (considerado pai da medicina), relaciona homem/ ambiente com o processo de saúde em sua Teoria dos Humores (Água= fleuma, terra= bile negra fogo= bile amarela e ar= sangue).  O equilíbrio desses elementos era considerado o estado de saúde e o desequilíbrio era a causa da doença. Com o avanço da filosofia e medicina os concepções sobre doenças sofreram grandes modificações até chegarem à definição racional 

Hoje o  Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5, na sigla em inglês), criado pela Associação Americana de Psiquiatria para definir como é feito o diagnóstico de transtornos mentais, diagnostica e classifica a depressão como “presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e cognitivas que afetam significativamente a capacidade de funcionamento do indivíduo” 




DEPRESSÃO:  UMA EPIDEMIA MODERNA 
O caso de depressão pelo mundo tem cada dia mais se aumentado. E mostra que a depressão está permanecendo por tempo cada vez maior e se iniciando em idades mais jovens. O que agravou e agrava o quadro de tristeza resultando na maioria das vezes a depressão, ainda é o preconceito. Em um contexto de pessoas cada vez mais auto suficientes e auto independentes, torna- se “difícil” reconhecer as fraquezas, expor os fracassos e inquietações, fazendo cada vez mais pessoas engavetarem seus medos.  

A depressão é uma doença clínica que muitas vezes, pode ser fatal. Em um artigo denominado: “Um custo crescente da modernidade: depressão”, o psicólogo norte americano Daniel Golemam  conclui  que a cada geração, a depressão tende a se agravar em idades mais precoces e os níveis serão cada vez mais elevados.  

Estudos realizados pela Escola de Saúde Pública de Harvard e pela OMS, destacam que a depressão ocupa o primeiro lugar em termos de impacto econômico (perde apenas para doenças cardíacas e aids) 




O QUE CAUSA AFINAL A DEPRESSÃO? 
Estudos do Ministério da Saúde indicam que as causas podem ser consideradas: 

Genética: estudos com famílias, gêmeos e adotados indicam a existência de um componente genético.  

Bioquímica cerebral: há evidencias de deficiência de substancias cerebrais, chamadas neurotransmissores. São eles Noradrenalina, Serotonina e Dopamina que estão envolvidos na regulação da atividade motora, do apetite, do sono e do humor; 

Eventos vitais: eventos estressantes podem desencadear episódios depressivos naqueles que tem uma predisposição genética a desenvolver a doença. 


PRINCIPAIS SINTOMAS 
Os sintomas mais comuns são: Humor deprimido, perda de interesse, prazer , energia reduzida, levando a uma diminuição das atividades em geral (por pelo menos duas semanas), ansiedade, distúrbios do sono e de apetite e podem ter sentimentos de culpa ou baixa autoestima. Falta de concentração, humor exaltado ou irritado, excesso de atividades, pressão de fala, autoestima inflada e uma menor necessidade de sono, bem como a aceleração do pensamento 




TRATAMENTO 
Os principais tratamentos são realizados por meio de terapias psicológicas individuais ou coletivas e medicamentos antidepressivos (que só deve ser prescrito por um psiquiatra). 




BIBLIOGRAFIA  

Silva, Ana Beatriz Barbosa - Mentes depressivas- as três dimensões da doença do século/ Ana Beatriz Barbosa Silva - 1 ed. - São Paulo : Pricipium, 

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