domingo, 24 de maio de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Maio/2020 - Capítulo 3 - O Ministério Profético no Novo Testamento




Comentarista: Oliveira Silva



Texto Bíblico Base Semanal: 1 Coríntios 14.1-6

1. Segui o amor, e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar.
2. Porque o que fala em língua desconhecida não fala aos homens, senão a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala mistérios.
3. Mas o que profetiza fala aos homens, para edificação, exortação e consolação.
4. O que fala em língua desconhecida edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja.
5. E eu quero que todos vós faleis em línguas, mas muito mais que profetizeis; porque o que profetiza é maior do que o que fala em línguas, a não ser que também interprete para que a igreja receba edificação.
6. E agora, irmãos, se eu for ter convosco falando em línguas, que vos aproveitaria, se não vos falasse ou por meio da revelação, ou da ciência, ou da profecia, ou da doutrina?

Momento Interação

Há muita diferença entre profeta do Antigo Testamento e profeta da graça. No Antigo Testamento profeta era oficio (profissão), no Novo Testamento é dom: “Pelo que diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro e deu dons aos homens. E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profeta, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores” (Ef 4.8-11). No Antigo Testamento era Deus sobre o homem, no Novo Testamento é Deus dentro do homem. No Velho Testamento o oficio de profeta terminou em João Batista. “A lei e os profetas duraram até João…” (Lc 16.16). No Novo Testamento começou no dia de pentecoste. No Antigo Testamento o profeta era para a nação de Israel, no Novo Testamento o profeta é para a igreja em cada localidade. Houve uma pausa: por espaço de trezentos anos não tinha Deus falado aos homens. Mas no fim desse tempo, João, filho de Zacarias, cognominado o Batista, que foi “profeta”, e “mais de que profeta” (Mt 11.9), apareceu, revelando às multidões a vontade de Deus a respeito delas, e dizendo-lhes que estava chegado o tempo em que as profecias sobre a vinda do Libertador deviam ser cumpridas. E chegou esse tempo do Profeta ideal, em quem tiveram realização, no maior grau. as palavras de Moisés (Dt 18.18; At 3.22), revelando Ele nos Seus atos e palavras o Espírito do Pai celestial.

Introdução

O dom de profecia, em seu sentido original no Novo Testamento, é um privilégio especial concedido pelo Espírito Santo a certos membros das igrejas para receber e transmitir mensagens e revelações vindas de Deus. No início da igreja os que recebiam esse dom eram chamados “profetas”, a exemplo dos que aparecem no Velho Testamento. Junto com os apóstolos, eles construíram o fundamento para a edificação dos santos, membros da família de Deus, sendo Cristo Jesus a principal pedra da esquina (Ef 2.19,20). Os profetas falavam sob a imediata autoridade do Espírito de Deus, e transmitiam comunicações divinas concernentes a verdades doutrinárias, e esclarecimentos de eventos futuros, conforme o caso. Seu ministério foi preservado para nós no Novo Testamento. Entre eles contamos Tiago e Judas, sendo que este começou seu livro dizendo: “enquanto eu empregava toda a diligência para escrever-vos acerca da salvação que nos é comum, senti a necessidade de vos escrever, exortando-vos a pelejar pela fé que de uma vez para sempre foi entregue aos santos” (versículo 3).

I. O Profeta no Novo Testamento

Existe muita diferença, muita confusão e falta de informação sobre ministério profético do velho testamento, ministério profético do novo testamento e pessoas com dom de profecia. O profeta do velho testamento era alguém que naturalmente não tinha Bíblia, pois o cânon bíblico ainda não tinha sido fechado, a bíblia estava sendo formada. Este tipo de profeta era alguém que recebia uma capacitação divina para profetizar, ou seja, recebia uma mensagem de Deus, muitas das vezes mensagem quem buscava fazer o povo se arrepender de seus pecados e voltar a servir ao Senhor com integridade. Muitas das mensagens que estes profetas receberam eram canônicas, faziam parte de escritos que iriam compor a Bíblia sagrada.  Este tipo de ministério profético vigorou até João Batista, o que é confirmado em Mateus 11.13.

Já o ministério profético do novo testamento é totalmente diferente, pois ele é formado, gerado, feito por Jesus, após a Sua ressurreição: "E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo" (Ef 4.11,12). A Bíblia contém toda a Palavra de Deus que foi revelada pelo Espírito Santo, primeiro na antiguidade através dos profetas, depois pelo Filho (Hb 1.1,2), em seguida pelos apóstolos e profetas inspirados pelo Espírito Santo (Jo 16.13-15), finalmente mediante a revelação de Jesus Cristo ressuscitado e elevado ao céu, a João o seu apóstolo amado. Assim terminou a Revelação Divina (Ap 28.18-20). Visto que a Bíblia Sagrada está completa, rejeitamos qualquer pessoa que diz ter o dom de revelar mais mensagens proféticas da parte de Deus.  

II. O Ministério Profético no Novo Testamento

Deus, o Todo-Poderoso, sempre procurou comunicar-se de modo pessoal com os homens. No Antigo Testamento, utilizou os profetas para falar com os israelitas. Porém, em o Novo Testamento, observamos o Pai se revelando a toda a humanidade de uma forma sublime e surpreendente, falando através de seu Filho, o maior Profeta de todos os tempos (Hb 1.1). Quando recebemos a Jesus como nosso Salvador, passamos a ter um relacionamento pessoal com Deus. Podemos ouvir a voz do Pai falando diretamente conosco. 

Todavia, Deus não encerrou o ministério profético em o Novo Testamento, Ele continua a utilizar os seus profetas para revelar a sua vontade ao seu povo. É o que estudaremos na lição de hoje. Já vimos reiteradas vezes que o autêntico profeta falava em nome de Deus e por Deus. Suas mensagens contemplavam os elementos mais comuns de uma profecia bíblica, os quais consistem das revelações quanto ao futuro, bem como de mensagens de encorajamento, fortalecimento, advertência e repreensão. Assim, apesar de o Novo Testamento consistir em grande parte de cumprimento profético veterotestamentário, o elemento preditivo também se acha em suas páginas com exceção das epístolas a Filemon e de 3 João.

Muitos foram os profetas do Antigo Testamento quando comparados ao número de apóstolos do Novo Testamento. Em relação ao período profético, o ministério apostólico foi relativamente curto. Assim como o volume da produção profética do Antigo Testamento quando comparada ao do Novo Testamento é muito maior. O importante, porém, é saber que todas as coisas ocorreram segundo o programa de Deus. Não obstante, com o nascimento de Cristo no período do Novo Testamento, deu-se o cumprimento máximo das profecias do Antigo Testamento. A esse evento Paulo denomina de a “plenitude dos tempos” (Gl 4.4).

III. A Excelência do Profetismo do Novo Testamento

Houve uma pausa: por espaço de trezentos anos não tinha Deus falado aos homens. Mas no fim desse tempo, João, filho de Zacarias, cognominado o Batista, que foi “profeta”, e “mais de que profeta” (Mt 11.9), apareceu, revelando às multidões a vontade de Deus a respeito delas, e dizendo-lhes que estava chegado o tempo em que as profecias sobre a vinda do Libertador deviam ser cumpridas. E chegou esse tempo do Profeta ideal, em quem tiveram realização, no maior grau. as palavras de Moisés (Dt 18.18; At 3.22), revelando Ele nos Seus atos e palavras o Espírito do Pai celestial. E compreende-se que a atividade profética não tivesse a sua paragem em Jesus Cristo, continuando duma maneira nova, depois que o Espírito Santo foi derramado no dia de Pentecoste. Então, as palavras de Joel receberam parte do seu cumprimento: “vossos filhos e as vossas filhas profetizarão” (Jl 2.28; At 2.17); e mais uma vez se acostumaram os crentes a ouvir os profetas, que se lhes dirigiam em nome do Senhor.

O Novo Testamento retrata Jesus como um “pregador” e “mestre” (no grego, didaskalos, termo usualmente traduzido por “mestre”, no sentido de mestre-escola), bem como “aquEle que cura” (Mt 9.35). Ele anunciou a salvação aos pobres (Lc 4.18,19). Nos tempos bíblicos, o termo “profeta” não incluía necessariamente a capacidade de olhar para o futuro. Os profetas eram apenas aqueles que falavam por Deus, e se houvesse predição do futuro, seria Deus, e não o profeta, que via o futuro e o revelava. O profeta era apenas boca usada por Deus. Os profetas também eram chamados videntes, porque Deus lhes permitia enxergar a mensagem, algumas vezes em suas mentes, outras, em sonhos e visões. Jesus, entretanto, cumpriu o ministério de profeta no sentido mais elevado. Ele disse: “… a palavra que ouviste não é minha, mas do Pai que me enviou” (Jo 14.24). Particularmente no ano do encerramento de seu ministério público, Jesus muito ensinou a seus discípulos sobre os eventos que ainda aconteceriam. Capítulos inteiros de discurso nos evangelhos – Mateus 24, por exemplo -, são compostos por profecias futuristas [grifo nosso]. É claro que Jesus cumpriu o ofício de profeta.

Conclusão

O cumprimento das profecias da Bíblia Sagrada é uma das evidências de sua origem divina. Nestas escrituras, todas inspiradas pelo Espírito Santo de Deus, temos um seguro guia em nossa jornada para o céu. O seu cumprimento é tão certo quanto à sucessão dos dias e das noites; por isso, todos devemos esperar nas fiéis promessas de Deus feitas por meios de seus profetas e apóstolos. A natureza exata do dom da profecia, como exercido na igreja do século I, é muito debatida. 

Alguns consideram que 13.8 (na versão ARA), “profecias... desaparecerão” significa que, depois de completados os escritos do Novo Testamento, revelações especiais dadas por meio de membros das congregações locais não seriam mais necessárias, e que, sendo assim, o “dom da profecia” original foi transformado em um dom de pregar a Palavra. Outros sustentam que é o dom da revelação. Não que a profecia substitua a Palavra de Deus, mas que, de certa maneira, ela suplementa a Escritura ao mesmo tempo em que se mantém subordinada a ela.



Sugestão de Leitura da Semana: ATAÍDE, Romulo; PEREIRA, Leonardo; MUNIZ, Sidney. ROGÉRIO, Marcos. Comentário Bíblico Mensal Evangelho Avivado Volume 1 - Antigo Testamento. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.

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