quarta-feira, 28 de abril de 2021

Um Legado para o Povo de Deus

 




Por Leonardo Pereira



Uma nova geração de israelitas estava prestes a entrar na Terra Prometida. Esta multidão não havia experimentado do milagre no Mar Vermelho ou escutado a Lei sendo dada no Sinai, e eles estavam prestes a entrar numa nova terra com muitos perigos e tentações. O livro de Deuteronômio foi dado para lembrá-los da Lei de Deus e do Seu poder. Os Israelitas são comandados a se lembrarem de quatro coisas: a fidelidade de Deus, a santidade de Deus, as bênçãos de Deus e as advertências de Deus. Os três primeiros capítulos recapitulam a viagem saindo do Egito para a sua localização atual, Moabe. Capítulo 4 é um chamado à obediência, a ser fiel ao Deus que foi fiel a eles.

O livro de Deuteronômio foi escrito em meados do segundo milênio antes de Cristo. Esse foi o período histórico aproximado em que ocorreu o êxodo dos israelitas do Egito. Não é possível afirmar com mais exatidão em que momento de seu ministério como líder dos israelitas Moisés escreveu o livro de Deuteronômio. Tudo o que se sabe é que a narrativa do livro se posiciona num contexto histórico que aponta para uma data pouco antes da conquista de Cannaã sob a liderança de Josué. Apesar de ser certo que parte do conteúdo de Deuteronômio foi adicionada ou atualizada num tempo depois dos dias de Moisés, nada disso compromete a verdade de que o legislador hebreu foi seu escritor geral. Por isso a tradição judaico-cristã defende que realmente foi Moisés quem escreveu Deuteronômio, de acordo com a revelação e inspiração Divina. 

Resumo

Capítulos 5 a 26 são uma repetição da lei. Os dez mandamentos, assim como leis sobre sacrifícios e dias especiais e o resto da lei são dados à nova geração. Bênçãos são prometidas aos que obedecem (Dt 5.29; 6.17-19, 11.13-15) e fome é prometida àqueles que infringem a lei (Dt 11.16,17). O tema de bênção e maldição continua nos capítulos 27-30. Esta parte do livro termina com uma escolha bem definida que é apresentada a Israel: “... te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição” . O desejo de Deus para o Seu povo encontra-se no que Ele recomenda: “escolhe pois a vida” (Dt 30.19). Nos capítulos finais, Moisés exorta o povo; comissiona aquele que irá substituí-lo, Josué; registra uma canção e dá a bênção final a cada uma das tribos de Israel. Capítulo 34 relata as circunstâncias da morte de Moisés. Ele subiu ao cume de Pisga, onde o Senhor mostrou-lhe a Terra Prometida que ele não poderia entrar. Aos 120 anos, mas ainda com boa visão e força da juventude, Moisés morreu na presença do Senhor. O livro de Deuteronômio termina com um curto obituário sobre este grande profeta.

Prenúncios

Muitos temas do Novo Testamento estão presentes no livro de Deuteronômio. O principal deles é a necessidade de manter perfeitamente a Lei Mosaica e a impossibilidade de fazê-lo. Os sacrifícios infindáveis e necessários para a expiação dos pecados do povo – os quais continuamente transgrediam a lei – encontrariam o seu cumprimento final “de uma vez por todas” no sacrifício de Cristo (Hb 10.10). Por causa de Sua obra expiatória na cruz, não mais precisaríamos oferecer sacrifícios pelo pecado. A escolha de Deus dos israelitas como o Seu povo especial prenuncia a Sua escolha daqueles que viriam a crer em Cristo (1 Pe 2.9). Em Deuteronômio 18.15-19, Moisés profetiza sobre um outro profeta – o maior Profeta de todos, o Messias. Assim como Moisés, Ele iria receber e pregar revelação divina e conduzir o Seu povo (Jo 6.14; 7.40).

Aplicação Prática 

O livro do Deuteronômio ressalta a importância da Palavra de Deus. É uma parte vital da nossa vida. Embora não mais estejamos sob a lei do Velho Testamento, ainda somos responsáveis para nos submeter à vontade de Deus em nossas vidas. Simples obediência traz bênção e pecado tem suas próprias consequências. Nenhum de nós está “acima da lei”. Moisés, o líder e profeta escolhido por Deus, tinha a obrigação de obedecer. A razão pela qual ele não foi permitido entrar na Terra Prometida foi devido à sua desobediência à ordem clara do Senhor (Nm 20.13). Durante o tempo do Seu teste no deserto, Jesus citou o livro do Deuteronômio três vezes (Mt 4). Ao fazê-lo, Jesus ilustrou para nós a necessidade de esconder a Palavra de Deus em nossos corações para que não pequemos contra Ele (Sl 119.11).

Conclusão

Assim como Israel se lembrou da fidelidade de Deus, também devemos fazer o mesmo. A travessia do Mar Vermelho, a presença sagrada no Sinai e a bênção do maná no deserto devem ser um incentivo para nós também. Uma ótima maneira de continuar seguindo adiante é tirar um tempo para olhar para trás e ver o que Deus fez. Temos também uma bela imagem em Deuteronômio de um Deus amoroso que deseja um relacionamento com Seus filhos. O Senhor aponta o amor como o motivo pelo qual Ele tirou Israel do Egito “com mão poderosa” e os remiu (Dt 7.7-9). Que coisa maravilhosa ser livre da escravidão do pecado e amado por um Deus todo-poderoso!



Referências:

Bíblia Sagrada. Almeida Revista e Corrigida. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 200

HOFF, Paul. O Pentateuco. São Paulo: Vida, 2017.

PEREIRA, Leonardo. Panorama Bíblico Volume 1 - O Pentateuco. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.


Nenhum comentário:

Postar um comentário